11 de abril de 2010
Frei Faustino Paludo, OFMCap
Num encontro com casais, falando sobre o sacramento da Penitência e Reconciliação, um casal levantou a seguinte questão: “quer dizer que um pecador só é perdoado de seus pecados mediante o sacramento da Penitência? Não há outro jeito?” Este questionamento, com certeza, é também o de muitas pessoas em busca de resposta.
Em primeiro lugar, é um apena que para a maioria das pessoas este sacramento está vinculado mais ao pecado que ao encontro com o amor misericordioso de Deus. Além do mais, as pessoas que se empenham no cultivo de sua fé e de sua prática cristã não deveriam se acercar do sacramento apenas para se livrar de um fardo pesado (os pecados), mas para celebrar a alegria da paz que brota do encontro com o Senhor Ressuscitado. Quer dizer, a celebração deste sacramento é, primeiro lugar, ação na qual a Igreja proclama sua fé no amor misericordioso do Pai e lhe rende graças (cf RP 7b). A base do sacramento da Penitência é o amor incondicional do Pai. A celebração do sacramento da Reconciliação tem como fundamento a Páscoa de Jesus, seu mistério Pascal, acontecendo hoje, na vida das pessoas e da sociedade que se coloca no caminho do Reino de Deus (cf Conclusões do Seminário sobre a Reconciliação, coleção Estudos da CNBB, n. 96).
Muita gente se interroga sobre que pecados devemos nos confessar. Desde os primeiros séculos até os nossos dias, a Igreja recomenda aos seus fiéis: “Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja, deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência” (CEC 1493, cf. 1456). “Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é recomendada pela Igreja (CEC 1458 e 1493)”.
A Igreja também afirma que a vida cristã se renova e se fortalece pela participação nas celebrações penitenciais da comunidade, tidas como “reuniões do povo de Deus para ouvir a sua Palavra, que convida à conversão e à renovação de vida, proclamando também nossa libertação do pecado e pela morte e ressurreição de Cristo” (RP 36). Estas celebrações são recomendadas e úteis para motivar à conversão e à integridade da vida cristã (cf RP 37).
A virtude da penitência, isto é, a atitude de conversão permanente é sustentada por muitas formas. Conhecemos as três formas clássicas da prática do jejum, da oração e da esmola (cf Mt 6,2-18). Estas exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ainda, a vida cristã como processo conversão se realiza e se alimenta no cotidiano através de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da justiça e do direito, da prática da correção fraterna, da aceitação das provações, da participação ativa na Eucaristia, da leitura da Sagrada Escritura, da oração do Oficio Divino e do Pai-nosso, da observância dos tempos penitenciais e momentos fortes do Ano Litúrgico, das peregrinações e romarias aos santuários, etc. “Todo ato sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e contribui para o perdão dos pecados (CEC 1437)”.
Para concluir a presente reflexão valho-me das palavras do apóstolo Pedro: a sobriedade, a oração e, sobretudo, amor, cobre uma multidão de pecados (cf. 1Pd 4,8).
Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:
1. Só pelo sacramento da Penitência somos reconciliados?
2. Que práticas de vida cristã fortaleceriam relações reconciliadas entre as pessoas?
3. Em que tempos e momentos do Ano Litúrgico as comunidades deveriam promover celebrações penitenciais?