Liturgia Diária Comentada 31/03/2013
DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Tempo da Páscoa - 1ª Semana do Saltério
Prefácio da Páscoa I - Ofício solene próprio
Glória e Creio Cor: Branco - Ano Litúrgico “C” - São Lucas
Antífona: Salmo 138,18.5-6 - Ressuscitei, ó Pai, e sempre estou contigo:
pousaste sobre mim a tua mão, tua sabedoria é admirável, aleluia!
Oração do Dia: Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes
hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição
do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
LEITURAS:
Primeira Leitura: At 10,34a.37-43
Comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos.
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: “Vós sabeis o que
aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galiléia, depois do batismo pregado
por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com
poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que
estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele. E nós somos
testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém.
Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro
dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que
Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que
ressuscitou dos mortos. E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que
Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos.
Todos os profetas dão testemunho dele: “Todo aquele que crê em Jesus
recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”. - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: O capítulo 10 de Atos dos Apóstolos
constitui uma página de especial importância. Lucas (o mesmo autor do
evangelho) revela uma de suas intenções fundamentais: a salvação trazida por
Jesus Cristo é para todos os povos. Pedro, depois de um processo de relutância
e discernimento, aceita o convite para entrar na casa de um pagão, centurião
romano, chamado Cornélio. É a porta de entrada para o mundo dos gentios, missão
que será assumida integralmente por Paulo.
É significativo o fato de ser Pedro aquele que primeiro rompe a barreira
do judaísmo exclusivo para dialogar com os estrangeiros. É recebido por
Cornélio com muita reverência. Lucas enfatiza a autoridade de Pedro,
representante dos apóstolos. Quer fortalecer a fidelidade à tradição
apostólica. A atitude de Pedro na casa de um romano legitima a abertura para
todos os povos. Jesus é o Salvador universal.
Cornélio revela-se extremamente receptivo à pessoa e à mensagem de
Pedro. De fato, a resistência ao anúncio do evangelho é perceptível muito mais
entre os judeus do que entre os gentios. O próprio Pedro manifesta dificuldade
em desvencilhar-se do exclusivismo judaico e da lei de pureza. Converte-se à
medida que se insere no lugar social dos estrangeiros, a ponto de comer com
eles. É na casa de Cornélio que ele se abre verdadeiramente para o plano divino
de salvação universal: “Dou-me conta de verdade que Deus não faz acepção de
pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça lhe é
agradável” (10,34-35). O critério de pertença ao povo de Deus já não é a raça
ou o cumprimento da Lei, e sim a prática da justiça. Por esse caminho, dá-se a
inclusão de todos os povos, sob a ação do Espírito Santo. As comunidades
cristãs primitivas concretizaram esse ideal. Formadas por pessoas de culturas
diferentes, reuniam-se nas casas, ao redor da mesma mesa e unidas na mesma fé.
O discurso de Pedro constitui um resumo da catequese primitiva. É a
síntese do querigma apostólico. Apresenta Jesus de Nazaré, desde o seu batismo,
passando pela sua missão de resgate da vida e dignidade de todas as pessoas,
pela sua morte de cruz, culminando com a sua ressurreição. O anúncio de Pedro é
fundamentado em seu próprio testemunho e no de várias outras pessoas: “Nós
somos testemunhas de tudo o que Jesus fez” (v. 39); “Nós comemos e bebemos com
ele, após sua ressurreição dentre os mortos” (v. 39). O discurso termina com a
confissão de fé em Jesus como juiz dos vivos e dos mortos, constituído por Deus
e anunciado pelos profetas. E finalmente: “Todo aquele que nele acreditar
receberá a remissão dos pecados” (v. 43). [Celso Lorashi, Mestre em
Teologia Dogmática, Vida Pastoral, n.277, Paulus].
Salmo: 117,1-2.16ab-17.22-23
(R.24)
Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! / “Eterna é a sua misericórdia!”
/ A casa de Israel agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!”
A mão direita do Senhor fez maravilhas, / a mão direita do Senhor me
levantou. / Não morrerei, mas, ao contrário, viverei / para cantar as grandes
obras do Senhor!
A pedra que os pedreiros rejeitaram / tornou-se agora a pedra angular. /
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso; / Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Segunda Leitura: Cl 3,1-4
Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo.
Irmãos, se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as
coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas
celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está
escondida, com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós
aparecereis também com ele, revestidos de glória - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: A comunidade cristã da cidade
de Colossas, na Ásia Menor, manifestava certo distanciamento das verdades
fundamentais da fé. Influenciadas por tendências da época (por exemplo, a
importância dada às forças cósmicas, depositando nelas toda a confiança), havia
pessoas que observavam práticas religiosas, dietas e exercícios de ascese
(2,16-23) levadas por “vãs e enganosas filosofias”. Havia também pessoas
levadas pela “fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir”
(v. 5). O autor da carta preocupa-se com essa situação e, por isso, escreve aos
colossenses no intuito de orientá-los para uma vida coerente com a fé em Jesus
Cristo, único mediador entre Deus e as criaturas.
Nessa pequena leitura deste domingo de Páscoa, encontramos quatro pontos
do querigma cristão que fundamentam a fé das primeiras comunidades: a morte de
Jesus, sua ressurreição, sua exaltação à direita de Deus e sua volta. Cada um
desses pontos é indicativo de atitudes que caracterizam o novo modo de viver
dos cristãos.
A fé na morte de Jesus Cristo implica a morte de nossos maus comportamentos.
Para os cristãos colossenses, implicava morrer para as práticas religiosas que
contradiziam a fé cristã; implicava passar de uma mentalidade idolátrica para o
mergulho na vida divina, seguindo a Jesus Cristo: “Vós morrestes, e a vossa
vida está escondida com Cristo em Deus”.
A fé na ressurreição e na ascensão de Jesus Cristo implica discernir o
que realmente edifica o ser humano em comunidade: “Se, pois, ressuscitastes com
Cristo, procurai as coisas do alto...”. Quem permanece com o pensamento e o
coração mergulhados em Deus vive dignamente. A fé na volta de Jesus nos motiva
a viver na esperança militante, com a certeza de estarmos com ele: “Quando
Cristo, que é vossa vida, se manifestar, então vós também com ele sereis
manifestados em glória”. [Celso Lorashi, Mestre em Teologia Dogmática, Vida
Pastoral, n.277, Paulus].
Evangelho: Jo 20,1-9
Ele devia ressuscitar dos mortos.
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de
madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do
túmulo. Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro
discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: "Tiraram o Senhor do
túmulo, e não sabemos onde o colocaram".
Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Os dois
corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou
primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas
não entrou. Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no
túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre
a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.
Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao
túmulo. Ele viu, e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a
escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. - Palavra
da Salvação.
Comentando o Evangelho: (Antônio Carlos Santini)
Madrugada de domingo. Ainda está “meio escuro”. Mas todos parecem ter pressa...
Depois do silêncio e da imobilidade do Sábado Santo, quando os corações estavam
de luto pela morte do Senhor, os primeiros boatos sobre a Ressurreição injetam
adrenalina e mobilizam os músculos... das pernas! É hora de correr!
De fato, Madalena corre até Simão Pedro para anunciar que o túmulo
estava vazio. Pedro e o outro discípulo (João, que narra a cena) também correm.
Correm juntos, diz o texto do Evangelho: duo simul, traduziu São Jerônimo.
Temos aqui dois tópicos para nossa reflexão. Se nosso cristianismo
estacionou no Cristo morto da Sexta feira Santa, adotaremos todos uma atitude
estática, morna, rotineira. Deixaremos as coisas como estão. Teremos as pernas
pesadas. Mas se ouvimos a boa notícia da Ressurreição do Senhor, de imediato
moveremos as pernas e nos poremos a caminhar. No mínimo, nos moveremos para
“verificar” a boa notícia. E, uma vez verificada, nós seremos os missionários
que o Senhor deseja. Madre Teresa de Calcutá confirma: “Se queremos ser
missionários, precisamos mover as pernas!”
O segundo ponto é que Pedro e João – isto é, a instituição e o carisma –
corriam juntos. E se João, muito mais moço, chega primeiro, tem o cuidado e a
reverência de aguardar por Simão Pedro. Este entrará primeiro no túmulo vazio.
E ambos – juntos – contemplarão vazio o casulo formado pelas bandagens que
antes envolveram o corpo do Senhor. Os 32kg de aromas (mirra em pó e aloés
líquido) com que José de Arimatéia envolvera o cadáver de Jesus, produziram,
após algumas horas, uma crosta sólida que manteve o formato do “casulo” depois
que Jesus, ao ressuscitar, abandonou seu invólucro temporário. Foi isto que
levou o discípulo a ver e crer (v. 8).
Nossa Igreja precisa levar em conta esta lição: a Instituição precisa do
ânimo novo do Carisma e não pode sufocá-lo. Este, por sua vez, depende da
estabilidade e do discernimento da Hierarquia. Como ensina o Concílio Vaticano
II, o Espírito Santo “dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons
hierárquicos e carismáticos”. (Cf. Lumen Gentium, 4.)
Inaugurando um novo tempo pascal, qual o novo trajeto que devemos
caminhar? Como estamos procurando harmonizar nossos carismas com a instituição
eclesial?
INTENÇÕES PARA O MÊS DE MARÇO:
Geral – Respeito à natureza: Que cresça, o respeito à
natureza, obra de Deus confiada a nossa responsabilidade.
Missionária – Bispos, Sacerdotes e Diáconos: que os Bispos,
Padres e Diáconos sejam incansáveis anunciadores do Evangelho até os confins da
Terra.
TEMPO LITÚRGICO:
Tempo Pascal: Os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de
Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia
de festa, ou melhor, “como um grande Domingo” (Santo Atanásio; conforme NALC
22).
Os Domingos deste tempo sejam tidos como Domingos da Páscoa e, depois do
Domingo da Ressurreição, sejam chamados 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º Domingos da
Páscoa. Os oito primeiros dias do Tempo Pascal formam a Oitava da Páscoa e são
celebrados como solenidades do Senhor (NALC 24).
· O Domingo de
Pentecostes encerra este tempo sagrado de cinquenta dias (NALC 23). No Brasil,
celebra-se no 7º Domingo da Páscoa e solenidade da Ascensão do Senhor.
Cor Litúrgica: BRANCO - Simboliza a alegria cristã e o
Cristo vivo. Usada nas missas de Natal, Páscoa, etc... Nas grandes solenidades,
pode ser substituída pelo amarelo ou, mais especificamente, o dourado.
Fonte: CNBB / Missal Cotidiano
Ricardo e Marta - Comunidade São Paulo Apóstolo