Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“O
Filho do Homem veio para dar a vida em resgate por muitos”.
(Mc
10,45)
Leituras: Isaías 53,10-11; Salmo 33(32),
4-5.18-19.20.22; Hebreus 4,14-16; Marcos 10,35-45 (mais longo) ou Marcos 10,
42-54 (Mais breve).
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: “Entre vós não seja assim” (Mc 10,
43). Esta é frase básica do Evangelho para compreender a novidade trazida por
Jesus nos relacionamentos dentro do grupo dos discípulos e extensivo a todos
nós, seus discípulos de hoje. Um relacionamento marcado pelo serviço em favor
da vida. Hoje, quando lembramos o Dia Mundial das Missões, peçamos que a luz do
Evangelho brilhe no mundo em vista da fraternidade universal. Hoje em todo o
mundo católico faz-se a coleta em prol das missões.
1. Situando-nos
Vivemos num mundo enlouquecido pela ambição de poder, grandeza,
privilégios. Como diz o ditador: “Quem pode mais chora menos”. E aí entra a
competividade estressante e, na competividade os confrontos e, dos confrontos
resultam as agressividades, as brigas, a guerra, a opressão, a tirania dos mais
fortes, o sofrimento e a morte. E quem leva a pior são os pobres e excluídos do
esquema e, pior ainda, quando, iludidos e adestrados pela iniquidade do
sistema, também estes acabam entrando no mesmo jogo insano e degradante.
No tempo de Jesus não era diferente. O padrão mental de um
messianismo político imperialista era tão arraigado no inconsciente coletivo do
povo religioso de então, que se tornava quase impossível escapar desta
armadilha. Por mais que o Mestre tivesse já falado, ensinado, insistido, que
seu messianismo era o do Servo sofredor, da cruz, do ser “menor” e da
ressurreição – como vimos nos domingos passados -, estes continuavam a não
entender a lição. Lá dentro, na sua mente, continuavam ainda embalados por
outro jogo: o jogo do ser “maior”.
2. Recordando a Palavra
Entende-se, pois, a ambição dos
dois discípulos, Tiago e João, irmãos entre si. Com jeitinho educado de
político interesseiro, fizeram a Jesus um pedido: sentar-se um à sua direita e
outro à sua esquerda quando ele estiver no auge de sal glória (cf. Mc
10,35-45). Sonho de marajás! Ambição por altos escalões no Reino! Totalmente,
equivocados no que pedem!
O caminho de Jesus, que deverá ser
também o deles, é outro. Por isso ele os inicia à reflexão com uma pergunta:
“por acaso podem vocês beber do cálice que eu vou beber, e serem batizados com
o batismo com que devo ser batizado?” (v.38). Jesus falava de sua paixão e
morte: Cálice do seu sofrimento e mergulho (batismo) no abismo da morte. Esse é
o caminho, o destino do Mestre e, consequentemente, do discípulo. Mas a ambição
deles era tamanha que, de imediato e espontaneamente, meio sem muito pensar,
responderam: “Podemos, sim”. E Jesus então avança na reflexão um pouco mais:
“Está bem, já que vocês estão a fim, também desistam do que vocês me pediram.
Isso não depende de mim. É para quem já foi reservado. Apenas me sigam
entregues comigo nas mãos do Pai. Quanto ao futuro, portanto, desapeguem-se,
deixem acontecer” (cf. v.39-40).
Os outros “dez discípulos”, ao
ouvirem isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus, por sua vez, aproveita a
situação para avançar ainda mais na reflexão: “Vocês sabem muito bem como os
chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Entre vocês [discípulos
meus que são], no entanto, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja o
servo de vocês; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (v.
41-44). Por quê? “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a vida em resgate por muitos” (v.45).
É o que já fora intuído pelo
profeta Isaías (cf. Is 53, 10-11), como ouvimos na primeira leitura,
especialmente quando a afirmam a respeito do “justo Servo”: “oferecendo sua
vida em expiação, ele terá descendência duradoura” (v.10). Em outras palavras,
esse projeto tem futuro! E é deste Servo, Jesus, que hoje aprendemos a só em
Deus confiar, também na dor. Por isso cantamos o Salmo 333, cujo refrão soa
assim: “Senhor, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos”
(v.22).
Sendo assim porque temos na pessoa
do Servo Jesus, o Filho de Deus, um sumo-sacerdote eminente que entrou no céu
provado em tudo como nós, como ouvimos na segunda leitura, podemos então nos
aproximar com toda a confiança do trono da graça (cf. Hb 4,14-16). Podemos
confiar! Neste Messias dá para confiar!
3. Atualizando a Palavra
“O Evangelho de hoje é provocador.
Os melhores alunos de Jesus solicitaram uma coisa totalmente contrária ao que
Ele tentou ensinar. Pedem para sentar nos lugares de honra no seu reino, à sua
direita e à sua esquerda. Não compreenderam nem a pessoa, nem o modo de agir de
Jesus.
Devemos situar esse episódio no seu
contexto. Mc 8,31-10,45 é a grande instrução de Jesus a caminho, batizada pelos
três anúncios da Paixão. O evangelho de hoje é a continuação do 3º anúncio a Paixão,
e parece que até os melhores alunos ainda não aprenderam nada. De fato, só
aprenderão depois da morte e ressurreição de Jesus. Por enquanto, em contraste
com a incompreensão dos alunos, eleva-se a grandeza da lição final: o dom da
própria vida” (KONINGS, J. Liturgia
dominical. Mistério de Cristo e formação os fiéis. Op. Cit., p. 336-337).
A questão não está no nível das
honras mundanas e do poder opressor que, na verdade, hoje existem e amanhã
viram pó. A questão é entender o que significa ser discípulo do verdadeiro
Messias que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate
por muitos” (Mc 10,45).
Ele veio para “servir e dar a vida
em resgate por muitos”. Que resgate? Resgate de uma escravidão. De que
escravidão? Da escravidão de um tipo de mentalidade diabólica dominante no
inconsciente coletivo, representado pela imagem do poder opressor como
“salvação”. Em vez disso, Jesus nos mostra que, no pensamento de Deus, o que
salva mesmo é uma “comunidade-sem-poder”, isto é, como pura e simplesmente
“poder-serviço”, inclusive pela doação da própria vida. Ser cristão e ser
Igreja é por aí. Esta é a vacina libertadora que o agir de Jesus veio injetar
no corpo da sociedade humana. Felizes os que se dispõe a se deixar curar por
esta salvadora Boa-Nova de liberdade e vida para todos.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Daí tem sentido o que pedimos logo
no início desta celebração: “Deus eterno todo-poderoso, dai-nos a graça de
estar sempre ao vosso dispor e servir-vos de todo o coração” (Oração do dia).
Em outras palavras, que estejamos sempre à disposição e plenamente a serviço do
projeto de Deus concretizado em Cristo.
Inclusive se encaixa dentro do
espírito da celebração a oração feita após a preparação das oferendas para o
sacrifício: “Dai-nos, ó Deus, usar os vossos dons servindo-vos com liberdade,
para que, purificados pela vossa graça, sejamos renovados pelos vossos
mistérios que celebramos em vossa honra” (Oração sobre as oferendas). Em outras
palavras, que a Eucaristia que celebramos nos torne livres, purificados e
renovados para de fato servir como Jesus serviu.
“A Eucaristia é o mais eloquente
sinal do serviço de Cristo. Celebrá-la é fazer memória de sua entrega, Ele que
veio não para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate por muitos
(Evangelho). Seus sofrimentos, tortura, morte e ressurreição desautorizam toda
e qualquer forma de manipulação, opressão ou marginalização dos seres humanos.
E abrem caminho para que os marginalizados se organizem, vençam e construam uma
sociedade justa, igualitária e plenamente fraterna (primeira leitura), porque
Jesus, sumo sacerdote fiel ao projeto do Pai e solidário com as pessoas,
acompanha e coroa de êxito as lutas do povo oprimido. A vitória de Cristo sobre
a morte, celebrada na Eucaristia, é já nossa vitória e certeza de um mundo
melhor para todos!” (BORTOLINI, José.
Roteiro Homiléticos. Anos A, B, C Festa e Solenidades. Op. cit., p. 466-467).
Por isso que, uma vez alimentados
pelo Corpo entregue e pelo Sangue derramado do Cristo, fazemos enfim este
conclusivo pedido: “Dai-nos, ó Deus, colher os frutos da nossa participação na
Eucaristia para que, auxiliados pelos bens terrenos, possamos conhecer os
valores eternos” (Oração depois da comunhão). EM outras palavras, que desta Ceia,
da qual participamos, possamos compreender os valores do Reino revelado por
Jesus em sua Páscoa. Amém!
Oração dos fiéis:
Presidente: Oremos ao Senhor pela Igreja, por
todos os povos do mundo, e de um modo especial pelos missionários e
missionárias.
1. Lembrai-vos, Senhor, da vossa
Igreja, e fazei que possamos assumir nossa missão de missionários, que
recebemos no batismo.
Todos: Senhor, ajude-nos na missão.
2. Amparai, Senhor, todos nós que
somos missionários e missionárias dentro da nossa comunidade, e fazei que
possamos viver cada vez mais a graça do Batismo que nos faz teus mensageiros.
3. Ajudai, Senhor, os missionários
e missionárias que trabalham no Brasil e no exterior, que sejam testemunhas
vivas do Evangelho e através do serviço conduzam as pessoas e os povos a Jesus
Cristo, o sumo e eterno sacerdote.
4. Senhor, que a nossa coleta de
hoje possa ajudar as missões, levando a evangelização a todos os lugares da
terra, para que o nome de Jesus seja conhecido e amado por todos.
(Momento de silêncio)
(Outras intenções)
Presidente: Escuta, Senhor, nossas orações. Faça com que
perseveremos na fé e a manifestemos em nossa vida comprometida. Que todos os
povos Te conheçam e possamos chegar, todos juntos, ao Reino que anunciastes. Tu
que vives e reinas pelos séculos dos séculos.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Presidente Dai-nos, ó Deus, usar os vossos dons servindo-vos com
liberdade, para que, purificados pela vossa graça, sejamos renovados pelos
mistérios que celebramos em vossa honra. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Dai-nos, ó Deus, colher os frutos da nossa participação
na Eucaristia para que, auxiliados pelos bens terrenos, possamos conhecer os
valores eternos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO
Dia 16, 17 e 18 de outubro: Assembleia das
Igrejas (Itaici).
Dia 18 de outubro, domingo, às 17h00, a Basílica Santuário Santo
Antônio de Pádua, em Americana, recebe as relíquias (fragmentos do corpo) de São João
Paulo II e São Frei Galvão. Chegada pelo Portal de Americana e serão conduzidas
por uma carreata até a Basílica, onde acontecerá a Santa Missa, presidida por
Dom Vilson.
Dia 19 de outubro – segunda-feira: Reunião
– Comissão Pastoral da Comunicação – Regional Sul 1 – na Residência Episcopal
de Limeira, SP - 08h30 Café e 09h00 Reunião.
Dias 19/ 20 / 21 / 22 de outubro: Atualização
do clero, em São Pedro, SP.
Dia 23 de outubro – sexta-feira: atendimento – 09h
até 11h00; Crisma – Senhor Bom Jesus
– Leme – Padre Antônio Marcos Venezian – 19h30min.
Dia 24 de outubro – sábado: Missa N. Senhora
de Loreto – Pe. Paulo, às 19h30.
Dia 25 de outubro – domingo: 11h00 natalício
do padre Anderson Ribeiro - almoço: Santa Luzia Cordeirópolis; e Ordenação Diaconal
dos seminaristas Davi e Arlindo, às 15h00 – Catedral N. Senhora das Dores –
Limeira, SP.
BÊNÇÃO E
DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: O Deus Pai, que em Jesus manifestou a solidariedade e a
caridade, os faça mensageiros do evangelho e testemunhas do seu amor no mundo.
Todos: Amém.
Presidente: O Senhor Jesus, que prometeu à sua Igreja estar a seu
lado até o fim dos tempos, dirija os seus passos e confirme suas palavras.
Todos: Amém.
Presidente: O Espírito Santo esteja sobre vocês, para que,
percorrendo os caminhos do mundo possam evangelizar os pobres, dar vista aos
cegos e curar os corações humilhados e contritos.
Todos: Amém.
Presidente: (Dá a bênção).