BATISMO DO SENHOR - 10 de janeiro de 2016
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Tu
és meu Filho amado; eu hoje te gerei!” (Sl 2,7)
Leituras: Isaías 42, 1-4.6-7; Salmo
29 (28); Atos dos Apóstolos 10, 34-38; Lucas 3, 15-16.21-22.
COR
LITÚRGICA: BRANCA
Animador: Concluindo as comemorações da
manifestação do Senhor do ciclo do Natal, celebramos hoje a festa do Batismo do
Senhor. A partir do Batismo Jesus inicia a sua missão, assim como todos nós que
somos a igreja. Nos lembra o Papa Francisco, em sua Bula sobre a Misericórdia
Divina: “A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante
do evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada
pessoa” (MV 12).
1. Situando-nos
A festa do Batismo do Senhor, prolongamento da Epifania, conclui
o Tempo de Natal e abre o Tempo Comum. Recordamos, neste domingo do Batismo de
Jesus, a manifestação pública de sua adesão ao Pai e a missão que lhe foi
confiada, como Filho amado e fiel.
O povo que já não suportava o peso da dominação, viva na
expectativa pelo Messias libertador. O ungido que haveria de libertar o povo
das opressões e estabelecer novas relações.
O “banho de Jesus” nas aguas do Jordao encerra todo o itinerário
que o Filho amado do Pai, deverá percorrer, como Servo, como o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo. Expressa toda sua “simpatia”, sua disposição de
mergulhar, assumindo profundamente nossa humanidade, num acreditável ato de
solidariedade que o leva até a cruz. É o sinal profético da caminhada em
direção à Páscoa: revelação plena e definitiva de Deus e de seu Espírito, no
serviço à justiça, dando a vida plena libertação da humanidade.
Abramos os ouvidos do coração para acolher a voz do Pai, que
ressoa dentro de nós, e que declara nossa missão: “tu és minha filha muita
amada, tu és meu filho muito amado.
2. Recordando a Palavra
O Batismo de Jesus é tido como uma segunda epifania aos judeus e
à comunidade dos cristãos.
E Evangelho de Lucas lembra que o povo estava na expectativa e
se perguntava se João seria o Messias, João toma a palavra dizendo que ele
batiza com águam as viria o mais forte e ele não se considera digno de desatar
as correias de sua sandália. O Messias vem revestido de toda autoridade. Ele
batizará com fogo e com o Espírito Santo. O Batismo de João (com agua) era a
preparação para uma realidade maior e definitiva. Jesus cumprirá as profecias
inaugurando a plenitude dos bens messiânicos.
Jesus vem ao Jordão para ser batizado juntamente e no meio com o
povo. Identificou-se com seu povo Israel. Jesus se faz batizar como um pecador
comum. O Salvador se solidariza com quem deve ser salvo. Jesus, depois de
batizado, colocou-se em oração, o céu se abriu, o Espírito desceu sobre ele em
forma de pomba e do céu veio uma voz dizendo: “Tu és o meu Filho amado; eu hoje
te gerei!”. Este filho também “o servo, o eleito ao qual o Pai dá toda a sua
afeição”. Jesus recebe o duplo testemunho: do Pai e do Espírito. O Espírito se
manifesta em imagem; o Pai, na voz que vem do céu proclamando Jesus como Filho,
Messias e Servo amado. Ele dá novo sentido ao rito do batismo: o que era sinal
de preparação para a achegada de um novo tempo, para Jesus é plenitude de
justiça – é enfrentar sua missão.
Depois de mergulhar nas aguas, Jesus permanece em oração.
Enquanto rezava: “O céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma
visível, como pomba”. Exatamente neste momento de intensa solidariedade com os
pecadores, acontece a grandiosa epifania Trinitária. A voz do Pai trovejou do
céu, anunciando: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado’”
(CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório
Homilético. Brasília: Edições CNBB, 2015, n.133).
A primeira leitura nos apresenta o “servo” de Deus que alimentou
a esperança do povo durante o exílio babilônico. O cântico faz ressoar a
eleição desse predileto para levar aos povos o verdadeiro conhecimento do Deus
de misericórdia e fidelidade. O “servo” receber a missão de anunciar a todos a
misericórdia e a fidelidade de Deus. Para isso recebe o Espírito do Senhor.
O Salmo 28 (29) é um hino de louvor que proclama Deus como o
Senhor do universo, mais poderoso que os elementos da natureza. Deus é aliado
que abençoa o seu povo com a paz. Sete vezes se repete a expressão “voz do Senhor”:
Jesus Cristo é a voz de Deus, que se rebela a toda humanidade!
A segunda leitura ala do início da pregação do apostolo Pedro
que representa o anúncio do Evangelho nos primeiros tempos do cristianismo.
Pedro fala de Jesus de Nazaré como acontecimento que trouxe a Boa-Nova da paz e
como “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele
andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos”. Por meio de ações
salvadoras, Cristo anunciou o amor misericordioso de Deus aos mais
necessitados.
3. Atualizando a Palavra
Há quem se pergunte: Jesus precisava ser batizado? se ele era o
Filho de Deus, porque foi pedir para ser batizado por João Batista?
João Batista, vindo do deserto, estava pregando o Batismo de
penitencia às margens do rio Jordão. Jesus se aproxima e pede para ser batizado
a exemplo de muitos que acorriam ao profeta. O Batista tenta impedi-lo, mas
Jesus insiste em ser batizado junto com o povo. A insistência revela a sua
intenção: ser solidário com os pecadores. Ele veio para solidarizar-se com a
humanidade. Pretende estar onde eles estão. Paulo apóstolo afirma: “aquele que
não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós” (2Cor 5,21).
Um elemento que não deve passar despercebido é o fato de que o
Espírito desce sobre Jesus enquanto ele estava sendo batizado. Jesus é aquele
que reza. Na oração ele procura mergulhar na vontade do Pai. O Pai, por sua
vez, concede o Espírito àqueles que pedirem. No Evangelho de Lucas é intensa a
atuação do Espírito. Jesus inicia sua missão sob a ação do Espírito (cf. Lc
4,1.18). “Portanto, podemos afirmar que o Espírito Santo é a grande reposta de
Deus à oração do povo e de Jesus”. No Filho amado de Deus, “a esperança orante
do povo tem sua resposta definitiva. E a resposta de Deus é tão forte e
sentida, que o Espírito desce sobre Jesus em forma visível, como pomba”
(BORTOLINI, Op. Cit., p.521).
“Tu és meu Filho amado; eu, hoje te gerei!”. Isto é para nós
palavra confortadora que só podemos ouvir quando estamos em profunda oração! Em
Cristo somos filhas muito amadas e filhos muito amados, gerados a cada dia pela
misericórdia e bondade do Pai!
O mergulho nas aguas do Jordão consagra a Jesus na missão de
Servo do Senhor (cf. Is 42,1). Jesus assume a missão de ser o servo que,
investido pelo Espírito de Deus, promoverá o direito entre as nações. Em Jesus,
o Pai reafirma a aliança com toda a humanidade.
“O Batismo de Jesus é modelo também para o nosso. No Batismo,
descemos com Cristo nas águas da morte, onde são lavados os nossos pecados. E,
depois de sermos imersos com Ele subiremos das águas e ouviremos – com força e
potência – a voz do Pai, que dirigida também a nós, nas profundezas dos nossos
corações, pronuncia um novo nome para cada um de nós. ‘Amado! EM quem ponho,
meu agrado’. Percebemos este nome como nosso não em virtude das boas obras por
nós realizadas, mas porque Cristo, no seu amor sem limites, desejou
intensamente compartilhar conosco a sua relação com o Pai” (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório
Homiléticos: Edições CNBB, 2015, n.137).
4. Ligando a Palavra com a ação eucarística
Mergulhados nas águas que comunicam o Espírito, revivemos hoje
nossa consagração batismal, pela qual fomos incorporados a Cristo “para sermos
interiormente transformados por Ele” é o que pedimos na oração do dia.
Como povo sacerdotal, assembleia de batizados, proclamamos pela
Eucaristia as maravilhas daquele que nos chamou das trevas à sua luz e
aceitamos ser mergulhados com Cristo no mistério de sua entrega filial ao Pai.
Acolhemos em oração o Espírito que nos é entregue e, na voz do
Pai, recebemos a confirmação de sermos seus filhos amados com a missão de
sermos luz para as nações e alegres anunciadoras da Boa-Nova do Reino.
Celebrando a Eucaristia, vivemos o núcleo da vida batismal,
entrando em comunhão com Deus, com os nossos irmãos, com os cosmos, dando
sentido pascal à vida. Ouvindo Jesus, o Filho amado, prolongamos no mundo sua
missão, de serviço à justiça com suavidade e mansidão, “fazendo o bem e curando
a todos” para que todos vivam de fato, como filhos amados de Deus, concluímos
na oração após a comunhão.
PRECES DOS FIÉIS
Presidente: A gratidão é o primeiro sentimento que deve nascer em
nós da graça batismal. Vamos louvar e agradecer a Deus pelo nosso Batismo.
1. Renovando nossas promessas batismais,
Senhor, pedimos tua graça para testemunhar, com a força da voz e sem medo, a
boa nova da salvação que Jesus Cristo nos trouxe e da qual participamos desde o
dia de nosso Batismo. Peçamos:
Todos: Ajudai-nos sempre a fazer o bem, Senhor.
2. Renovando nossas promessas batismais,
Senhor, nós vos suplicamos reconhecer que a criação é obra de tua bondade e
sabedoria e que só Tu és o Deus único e verdadeiro. Peçamos:
3. Renovando nossas promessas batismais,
Senhor, nós vos pedimos a graça de viver neste mundo com equilíbrio, promovendo
a justiça e a piedade e nossa sociedade. Peçamos:
4. Renovando nossas promessas batismais,
Senhor, nós vos suplicamos a graça de viver na mesma identidade de Jesus
Cristo, como teus filhos amados e deixando-nos conduzir pelo Espírito que mora
em nós. Peçamos:
5. Renovando nossas promessas batismais,
Senhor, nós vos pedimos a graça de formar uma comunidade que vive autenticamente
o Evangelho e promove os valores do teu Reino. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Ó Deus, ouvi as preces de teus filhos e filhas, que batizados
na água em nome da Trindade, foram imersos em tua graça. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Recebei, ó Pai, as oferendas que vos apresentamos no dia
em que revelastes vosso Filho, para que se tornem o sacrifício do Cordeiro que
lavou em sua misericórdia os pecados do mundo. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Nutridos pelo vosso sacramento, dai-nos, ó Pai, a graça
de ouvir fielmente o vosso Filho amado, para que, chamados filhos de Deus, nós
o sejamos de fato. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
V. RITOS FINAIS
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: Deus, que vos concedeu a graça de
celebrar o Batismo de seu Filho Jesus Cristo, derrame sobre vós a paz e a alegria.
Todos: Amém.
Presidente: Cristo, que depois do seu batismo
iniciou sua obra evangelizadora, vos conceda a graça de serem evangelizadores
em nossa comunidade.
Todos: Amém.
Presidente: O Espírito Santo, que ungiu Jesus
Cristo neste dia do Batismo do Senhor, ilumine vossos passos e vos faça dignos
da filiação divina.
Todos: Amém.
Presidente: (Dá a bênção e despede
a todos com carinho)