Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Tu és Messias, o Cristo, Filho do Deus
Vivo!”
Leituras: Atos dos Apóstolos 12,
1-11; Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R/ cf. 5b); Segunda Carta de São Paulo a Timóteo
4, 6-8.17-18; Mateus 16, 13-19.
COR
LITÚRGICA: VERMELHO
Animador: Celebramos nesta Eucaristia a vida, o ministério e o martírio de
Pedro e Paulo, apóstolos e testemunhas de Jesus. Diferentes no temperamento, na
formação religiosa, exercendo atividades diferentes e em campos diferentes,
chegaram várias vezes ao desentendimento. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo
seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida
e no martírio. Hoje rezamos especialmente pelo Papa. Sua missão é zelar para
que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo. Ele é para nós exemplo de
evangelizador incansável.
1. Situando-nos brevemente
Celebramos hoje a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo. Dois
seguidores de Cristo, dois apóstolos dois mártires, com diferenças claras como
relata a escritura (cf. At 15,; Gl 2,11-14), porém unidos pelo Evangelho de
Jesus Cristo. Eles viveram o que pregaram, seguiram a justiça, e morreram pela
verdade. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo
testemunho. Pedro foi à frente, Paulo o seguiu.
A fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as
pregações destes dois apóstolos sejam estimulo para nós. Hoje, com o coração
agradecido louvemos ao Senhor por estas duas colunas da Igreja que lavaram as
vestes no sangue do Cordeiro. Lembramos hoje do Bispo da Igreja de Roma, nosso
Papa Francisco, de todos os batizados que, com espírito ardoroso, colocam-se a
serviço, pregando o Evangelho a todos, dos pastores das Igrejas cristãs e de
todos os servidores das comunidades.
2. Recordando a Palavra
Na solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, o Evangelho proposto
pela liturgia pertence a um bloco maior (13,53-17,27). Jesus dedica-se a seus
discípulos e vai formando comunidade. No texto de hoje, Jesus está em Cesareia
de Filipe, no norte da Palestina. O diálogo com os seus e a profissão de fé de
Pedro marcam a etapa inicial da caminhada que conduzira à paixão e morte de
Jesus em Jerusalém. Ele interroga os discípulos a respeito de sua identidade:
“Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (16,13). Eles respondem com
algumas opiniões populares. As palavras e as ações de Jesus, o Filho do Homem,
lembram a atuação profética de Joao Batista, Elias, Jeremias.
Aos discípulos, que já haviam feito uma experiência mais
profunda de comunhão, Jesus pergunta: “e vós, quem dizeis que eu sou?” (16,15).
Então, como porta-voz do grupo, Pedro faz a grande profissão de fé em Jesus:
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (16,16). Por meio de palavras e ações,
Jesus revela sua missão aos discípulos e discípulas (cf. 11,1-5), como o Ungido
de Is 61,1-2.
Após ser reconhecido como Messias, Jesus manifesta que seu
ministério se concretiza no serviço. Sua ação libertadora culmina no
sofrimento, na rejeição e na morte humilhante na cruz (cf. 16, 21-23). Mas a
morte do Messias Servo é vencida pela ressurreição, fortalecendo assim a
caminhada dos que continuam seu projeto de amor e salvação. Messias ou Cristo e
Filho de Deus são dois títulos essenciais que resume a fé da comunidade de
Mateus (cf. 1,1.16; 3,17; 14,33; 27,54).
As pessoas que reconhecem Jesus como o Cristo e Filho de Deus
são bem-aventuradas, felizes. Deus é o único alicerce da vida humana, a rocha
(cf. Is 17,10; 44,8). A Carta aos Efésios apresenta Cristo Jesus como a pedra
angular do edifício construído sobre o alicerce dos apóstolos e dos profetas
(cf. Ef 2,20). As dificuldades e as forças hostis não podem abalar os
fundamentos da comunidade, da Igreja construída sobre a rocha, que é, Cristo
(cf. 7,24-27). Pedro recebe da adesão a Cristo e ao Evangelho. A ele é confiado
o ministério de conduzir a comunidade, fundamentada na vida, morte e
ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Quem professa a fé, semelhante a Pedro, participa do poder de
vida de Cristo: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus” (16,19). À medida que
as pessoas testemunham Jesus Cristo, permanecem ligadas, fieis ao projeto de
Deus. Comprometidas com a Boa-Nova da salvação, professam, na comunidade, a fé
em Cristo, promovendo a vida e rejeitando todas as formas de opressão e morte.
A primeira leitura pertence ao livro do Atos dos Apóstolos. Como
Jesus, os que permanecem fiéis ao projeto de Deus são perseguidos e até mortos.
Pedro é preso na proximidade da Páscoa, semelhante a Jesus (cf. 12, 1-4; cf Lc
22,1). A intenção do rei Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande, era matar
Pedro após a festa da Páscoa.
Tiago, filho de Zebedeu, já havia sido executado a mando do rei.
A oração é um meio eficaz para a comunidade permanecer unida e solidária diante
de sofrimentos e tribulações (cf. 12,5). Deus, que conduz a história humana,
protege e salva a vida de Pedro. Assim, o autor mostra que o anúncio do
Evangelho não pode ser detido por ações humanas. O Deus da vida, que libertou o
povo do Egito, que ressuscitou Jesus da morte, manifesta sua força de salvação
através do anjo, seu mensageiro.
Pedro, iluminado pela luz do Senhor durante a noite, em meio ao
sofrimento, é impelido a levantar depressa para se libertar das correntes da
opressão (cf. 12, 6-10). Ele reconhece a força da salvação do Senhor, que
ilumina e liberta: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me
libertar do poder de Herodes” (12,11).
Após a libertação, Pedro dirige-se à casa de Maria, mãe de João
Marcos, que foi missionário com Paulo e Barnabé e depois com Barnabé. A
trajetória de Paulo, com sua equipe missionaria, é ressaltada especialmente a
partir do capítulo 13. Em At 16, 25-34, Paulo e Silas são libertados por Deus
do mesmo modo de Pedro.
O Salmo 33 (34) é uma oração de ação de graças com elementos
sapienciais. Com o salmista, somos chamados aprovar e ver como o Senhor é bom.
São felizes as pessoas que se abrigam no Senhor, pois Ele ouve o seu clamor e
as liberta de todas as angústias.
A segunda é da segunda Carta a Timóteo. Apresenta o ensinamento
e o testemunho de Paulo como um testamento deixado às comunidades cristãs. Esse
grande apóstolo cumpriu seu ministério com fidelidade até a morte, interpretada
como oferta a Deus. Sua dedicação total a Deus serve de modelo para todos os
ministros do Evangelho. “Combati o com combate, completei a corrida, guardei a
fé” (4,7).
A vida cristã é como uma competição atlética, uma experiência
árdua de crescimento na fé. O caminho indicado por Cristo, trilhado por Paulo e
tantos outros, é descrito como um alonga maratona, repleta de obstáculos e
dificuldades. Para cruzar a linha de chegada e receber a “coroa da justiça”
(4,8), é necessário viver com amor e esperança, confiando na presença do
Espírito.
Semelhante a Jesus na hora da paixão (cf. Mt 26, 31.56), Paulo
experimentou o abandono em meio aos sofrimentos e perseguições (cf. 4,16), mas
confiou no auxilio e na força constante do Senhor. Mesmo preso e acorrentado,
Paulo continuou evangelizando. Assim, ele completou a proclamação da mensagem,
para que todas as nações pudessem ouvi-la (cf 4,17).
Cheio de gratidão e esperança, Paulo glorifica o Senhor, que
liberta de todos os males, mediante uma doxologia: “A ele glória, pelos séculos
dos séculos! Amém!” (4,18). Motivadas pelo testemunho de Paulo, as comunidades
cristãs perseveravam firmes na fé na esperança no Senhor, apesar das dificuldades
e tribulações.
3. Atualizando a Palavra
A Palavra de Deus dirigida a nós hoje destaca o testemunho de fé
eloquente de Pedro e Paulo. Eles representam duas dimensões diferentes, mas
complementares da missão de quem segue Jesus. Pedro e Paulo nos ensinam a
colocar nossas vidas a serviço da Boa-Nova de Jesus Cristo. Como eles,
necessitamos da presença constante de Jesus Cristo, “pedra angular”, rocha da
comunidade, para conservarmos a fidelidade ao projeto de Deus.
Pedro, antes chamado Simão, pescador de Betsaida (cf. c 5,3; Jo
1,44), estabelecido em Cafarnaum, parecia ter certa dificuldade em assimilar a
proposta de Jesus (cf. Mt 16,23; 17,4;14, 28-31). Após a morte de Jesus, ele
hesita em abrir-se aos gentios sem preconceito (cf. At 15,; Gl 2,11-14). Porém,
pastor do rebanho (cf. Jo 21,15-17) seguiu confirmando os irmãos na fé (cf. Lc
22,32).
Missão esta confiada a ele pelo Senhor e levada até as últimas
consequências, como canta o hino da Liturgia das Horas “Com os pés para o alto
foi Simão levantado sobre a cruz do martírio como o Mestre elevado, recordando
a Palavra que ele tinha falado”.
Paulo, que “perseguia a Igreja de Deus” (Gl 1,13; cf. Fl 3,6),
deixou-se transformar pela graça de Deus. A experiência do Senhor ressuscitado
orientou a vida e a missão de Paulo. Escolhido como instrumento para levar o
nome do Senhor aos povos (cf. At 9,15), ele organizou viagens missionárias,
formou comunidades e as acompanhou com visitas, cartas e enviados especiais
para confirma-las na fé. Transformou-se em ardoroso missionário de Cristo de
Jesus Cristo, apóstolo dos gentios, ou seja, de todos os povos. Anunciando o
Evangelho de forma incansável, Paulo tornou-se digno de ser chamado apóstolo
(cf. Rm 1,1; 1 Cor 9,1ss).
No término de sua vida, ele pode dizer com toda convicção que
combateu o bom combate e conservou a fé/fidelidade (cf. 2Tm 4,7), a sua e a do
povo evangelizado. Paulo testemunhou Jesus Cristo até o fim selando seu
ministério com o martírio. Pedro e Paulo superaram as pequenas divergências
pelo amor de Cristo e pela força do testemunho, que os uniu na vida e no
martírio. Assim, eles são paradigmas do discípulo e da discípula a quem o
Senhor confia a missão de confirmar na fé irmãos e irmãs.
Todo cristão e toda cristã, por força do Batismo, deve ser testemunha
da fé em Jesus Cristo, porém, alguns recebem uma missão particular que é a de
guiar, coordenar e garantir a unidade da Igreja, seja o Papa, o bispo, o
presbítero, os coordenadores em geral, os animadores de comunidades. Em
primeiro lugar, a missão é conduzir as pessoas à rocha firme que abriga, sobre
a qual devemos construir nossa casa.
O mundo de hoje está carente de profetas e apóstolos,
anunciadores da Boa Notícia e denunciadores e todo tipo de mal: a injustiça, a
droga, a violência, o desrespeito pelo meio ambiente, a permissividade, a
cultura da morte, a fome, o poder, a ganância, a falta de ética na política, a
exploração de pessoas no trabalho do campo e da cidade. Que o exemplo de Pedro
e Paulo nos arraste. Tenhamos coragem e sejamos comunidade proféticas e
apostólicas, superando medos, preconceitos e tudo mais que impede o anúncio do
Evangelho e, consequentemente, sua transformação libertadora.
4. Ligando a Palavra com a ação eucarística
É muito bom louvar a Deus hoje pelo testemunho dos apóstolos
Pedro e Paulo – “duas oliveiras diante do Senhor, brilhantes candelabros de
esplendido fulgor” (Hino do Ofício das Leituras). Rezamos no Prefácio: “Hoje,
vós nos concedeis a alegria de festejar Os Apóstolos São Pedro e São Paulo.
Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança
de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da
Salvação. Por diferentes meios os dois congregaram a única família de Cristo e,
unidos pela coroa do martírio, recebam hoje, por toda a terra, igual
veneração”.
Esses santos plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue.
Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus (cf. Antífona de
Entrada). Pedro e Paulo foram como Cristo, “derramados em sacrifício”. Viveram
a entrega da morte e a alegria da libertação e da salvação realizada pelo
Senhor. Cristo morreu pelos irmãos.
Nesta Eucaristia, como Ele mesmo pediu, fazemos memória do
mistério de sua Páscoa. Recordamos também a entrega dos mártires Pedro e Paulo
e dos mártires de todos os tempos. Com Cristo entreguemos também a nossa vida e
a vida de tantos irmãos e irmãs para “ser derramada em sacrifício agradável a
Deus”.
Que a nossa vida seja expressão desta entrega: “Concedei-nos, ó
Deus, por esta Eucaristia viver de tal modo na vossa Igreja que, perseverando
na fração do pão e no ensinamento dos apóstolos, e enraizados no vosso amor,
sejamos um só coração e uma só alma” (Oração Pós-Comunhão). Como Pedro e Paulo,
tenhamos uma vida totalmente disponível a nossos irmãos.
PRECES DOS FIÉIS
Presidente: Diante da coragem apostólica de Pedro e Paulo nos
sentimos encorajados em elevar nossas preces ao Pai.
1. Senhor, que tua Igreja não tenha
medo de continuar a evangelização, mesmo que isto lhe custe a própria vida.
Peçamos:
Todos: Ouvi-nos, ó Pai.
2. Senhor, fortalecei nosso Papa
Francisco, para que continue o serviço de confirmar na fé seus irmãos e dirigir
a Igreja que vós lhe confiastes. Peçamos:
3. Senhor, confortai com coragem os
cristãos perseguidos, para que experimentem a libertação em Jesus Cristo.
Peçamos:
4. Senhor, tirai de nós todos os
medos e temores que nos impedem de assumir o compromisso evangelizador.
Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Senhor, ajude-nos a vencer o mal e a injustiça e nos dê forças para
sermos sempre discípulos missionários. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Ó Deus, que a oração de vossos Apóstolos acompanhe as
oferendas que vos apresentamos para serem consagradas, e nos alcance
celebrarmos este sacrifício com o coração voltado para vós. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Concedei-nos, ó Deus, por esta Eucaristia, viver de
tal modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão e na doutrina dos
Apóstolos, e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
V. RITOS FINAIS
AGENDA DO BISPO DIOCESANO:
DIA 02 – sábado: Encontro vocacional no
propedêutico; Missa – jubileu de ouro
episcopal de Dom Paulo Evaristo Arns – Catedral de São Paulo – 10h00; Crisma –
Nossa Senhora do Perpetuo Socorro – Americana – padre Amarildo – 19h00.
DIA 03 – domingo: Encontro vocacional no
propedêutico; e Crisma - Nossa
Senhora da Assunção – Cordeirópolis- Padre Alexander – 09h30min.
DIA 05 – terça-feira – Reunião do conselho
episcopal – 09h00.
DIA 07 – quinta-feira: Missa – investidura de
ministros – cidade de Descalvado – 19h30min.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco
Todos:
Ele está no meio de nós.
Presidente: Abençoe-os o Deus todo-poderoso, que lhes deu por fundamento
aquela fé proclamada pelo Apóstolo Pedro e sobre a qual se edifica toda a Igreja.
Todos:
Amém
Presidente: Ele, que os instruiu pela incansável pregação de São Paulo, os
ensine a conquistar também nossos irmãos e irmãs para o Cristo.
Todos:
Amém.
Presidente: Que a autoridade de Pedro e a pregação de Paulo os levem à
pátria celeste, onde chegaram um pela cruz e outro pela espada.
Todos:
Amém.
Presidente: (Dá a bênção e despede a comunidade)