Deus nos ama profundamente e quer estar em comunhão íntima conosco. Ele tem sede da nossa alma, de morar nela. Foi por isso que Jesus quis ficar na Eucaristia, não para ficar numa Âmbula no Sacrário – disse Santa Teresinha – mas para vir ao nosso coração. Os santos dizem que Ele tem sede de estar conosco porque nos criou para Ele. Somos a Sua glória maior, dizia Santo Irineu. Pense bem!
Mas Deus não pode habitar um coração que não o deseja e não o procura. O profeta disse que “Deus se deixa encontrar por aqueles que O procuram”. Ele não é um oferecido que se entrega a qualquer um e de qualquer jeito. Tudo que é precioso deve ficar bem guardado, escondido, como Jesus no Sacrário, como a joia no cofre. Precisamos buscá-lo.
Quando abrimos o coração para Ele, Ele abre o Seu para nós. Santa Teresa dizia que “Quando Deus nos toca e nos fala sentimos um frio na coluna”. E a melhor hora para isso acontecer é depois da Comunhão. Não há outra ocasião mais propicia para encontrá-Lo e fazer comunhão com Ele; pois é Ele quem quis isso, estar conosco na Eucaristia. Aceitou se aniquilar, se fazer pão e vinho para estar em nosso corpo e em nossa alma. Santa Teresinha, depois da Comunhão, disse para Jesus: “Agora o Senhor é meu! Se deu todo a mim!”
Se soubermos cultivar Jesus na alma, Ele nos vai falar, vai nos corrigir com a docilidade de uma mãe, sem rancor, sem mágoa, sem ferir. Vai nos mostrar quem somos, nos fará ver a nossa miséria para que nos conheçamos e não nos iludamos, mas também, nos fará sentir a Sua doce e eterna misericórdia que nos acolhe e acalenta. Nessa hora, as lágrimas podem até rolar de nossos olhos, pois as lágrimas e os risos são as expressões da linguagem da alma -Santa Catarina de Sena dizia que toda lágrima brota do coração. E então, a alma conversará com o Senhor, sem precisar de palavras, apenas com os sentimentos do coração. Ele nos fará sentir o que precisamos.
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Quando meditamos profundamente, no que Jesus fez por nós, ficamos constrangidos, como dizia São Paulo – “o amor de Cristo me constrange”. A pregação de Jesus, mais do que com palavras, foi com a própria vida. A Carta aos hebreus diz que: “tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,18). Para nos ensinar a vencer a tentação, e nos fortalecer, Ele aceitou ser tentado, mesmo sendo Deus. E mais: “Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2,4). Ele aceitou passar pela morte terrível de Cruz para destruir a nossa morte, arrancando-nos das mãos do demônio.
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Meditando essas palavras, com a devida concentração, experimentamos o imenso amor de Jesus por nós. Ele nos mostrou que não é fácil vencer o mal, mas é possível com a Sua graça, com a força Dele em nossa alma. Isto é o mistério de nossa Redenção! Faz a gente se sentir pequeno; um mistério que não cabe em nossa cabeça, porque é ação de Deus em nós. E não podemos compreender bem as ações de Deus em nós. É a misericórdia de Jesus para conosco. Sua misericórdia é infinita, mas a nossa é muito pequena, por causa do mistério do pecado original em nós.
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Ao olhar para dentro nós nos sentimos tão vulneráveis, tão fracos, tão indignos, que muitas vezes, até faltamos com misericórdia para conosco mesmos. Mas, não podemos desanimar: Deus nos ajuda com Sua graça! É preciso saber se ver, se aceitar, e, com o auxílio da graça ir vencendo nossa miséria. É uma tarefa que cabe a Deus realizar em nós. A nós cabe se entregar em Suas mãos. Jesus disse que quem perseverar até o fim, vai ser salvo. É essa misericórdia de Deus para conosco que nos sustenta e consola.
Não percamos mais tempo. Vamos ao encontro de nosso Divino Amigo. Abramos o nosso coração para recebê-lo e com Ele fazer uma experiência de Sua Misericórdia!
Prof. Felipe Aquino
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