Aquela que acreditou
A Virgem Maria realiza da maneira mais perfeita a obediência da fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que “nada é impossível a Deus” (Lc 1,37) e dando seu assentimento: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). É em virtude desta fé que todas as gerações a proclamarão bem-aventurada.
Jesus Cristo encarnado pela ação do Espírito Santo
A Anunciação a Maria inaugura a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará “corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9). A resposta divina à sua pergunta “Como se fará isto, se não conheço homem algum?” (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc 1,35).
O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo. O que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo.
Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida.
Imaculada Conceição
Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX:
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.
Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a “Abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef. 1,3).
Sua Obediência
Ao anúncio de que, sem conhecer homem algum, ela conceberia o Filho do Altíssimo pela virtude do Espírito Santo, Maria respondeu com a “obediência da fé”. Assim, dando à Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de Jesus e, abraçando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina de salvação, entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir, na dependência dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da Redenção.
Sempre Virgem
Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria. Os relatos evangélicos entendem a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa toda compreensão e toda possibilidade humanas: “O que foi gerado nela vem do Espírito Santo”, diz o anjo a José acerca de Maria, sua noiva (Mt 1,20). A Igreja vê aí o cumprimento da promessa divina dada pelo profeta Isaías: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho” (Is 7,14, segundo a tradução grega de Mt 1,23).
Sua Assunção
“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo” (Dogma da Assunção da bem-aventurada Virgem Maria pelo Papa Pio XII em 1950).
O Culto à Santíssima Virgem
“Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). A Santíssima Virgem “é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja. Desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de ‘Mãe de Deus’, sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e necessidades. Este culto, embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente”; este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário, “Resumo de todo o Evangelho”.
Mãe de Deus e Nossa Mãe
Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo de fé e da caridade.
Mas seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora, medianeira.