Não podemos falar em Sacramentos sem antes falar em Jesus Cristo. É Ele a
centralidade de todos os sacramentos porque de seu coração brotam “rios de água
viva que jorram até à vida eterna” (Jo 7, 38).
O próprio Jesus se apresenta como aquele que pode estancar as muitas sedes que
o ser humano deseja saciar. “Se alguém tem sede venha a mim, e aquele que
acreditar em mim, beba” (Jo 7, 37-38).
Mas, o incrível é que o próprio Deus chama, atrai para esta fonte e quer que
toda criatura se abasteça de seus dons, de sua vida.
Desde o Antigo Testamento, Deus se aproxima de seu povo através de muitos
encontros. São encontros onde perpassa sua compaixão e misericórdia, sobretudo
onde há sofrimento (Ex 3, 7-11).
Há encontros de encorajamento (Js 1, 6-9), de intimidade (1Rs 19, 9-14), de
exigência (Jr 1, 4-10), de realização, alegria... (Is 65, 17-25).
Mas, Deus se aproxima de forma radical junto de seu povo, mandando seu próprio
Filho Jesus. Ele se encarna, se faz pequeno, se fez um de nós e assume, assim,
as dores, as alegrias de cada ser humano.
JESUS, O SACRAMENTO DO ENCONTRO
Por sua vida, gestos, e ações, Jesus apresenta-se como o sacramento vivo de
Deus em unidade com todos os homens e mulheres.
Ao olharmos o evangelho vemos Jesus encontrando-se com uma variedade de rostos.
Sua proximidade é com os mais sofridos, pobres, marginalizados e pecadores.
Junto deles Jesus se torna o sacramento do amor, da gratuidade, da ternura, da
acolhida, do perdão, sempre através dos gestos concretos.
VEJAMOS:
• Aproximou-se de doentes, leprosos e possessos (Mt 8, 16-17; Mc 1, 32-34).
Toda enfermidade era considerada um castigo de Deus. Jesus quebrou esta maneira
de pensar e vai ao encontro dos atormentados em suas dores.Criticou as muitas
leis da pureza legal (Mt 23, 23-25).
• Acolheu pecadores, prostitutas, mulheres, crianças. A todos, achegou-se sem
preconceito. Partilhou sua vida apesar de censurado e mal visto pelas
autoridades (Lc 19, 1-10). Chega a fazer uma refeição de confraternização com
os pecadores (Mc 2, 15-17; Mt 9, 11-13).
• Saciou uma multidão de famintos, marginalizados, pelo sistema dominante (Mc
6, 34-44).
• Conviveu com o povo pobre da terra, despojado do poder (Mt 5, 3; Lc 6, 20; Mt
11, 25-26).
• Chamou seus colaboradores, não a partir do templo, mas do meio da comunidade
de sua convivência. A exigência máxima era o amor (Mc 1, 16-20; Lc 5, 1-11; Jo
1, 35-49; Mt 9, 9-10).
A missão de Jesus é construir o Reino de Deus. Este Reino se concretiza no
combate às divisões injustas, que geram escravidão e na superação de todos os
males que estragam a vida: fome, doença, pecado, morte, medo, discriminação,
abandono, leis opressoras, tristeza... Ao colocar-se do lado dos crucificados
ele se apresenta como o maior sinal de vida. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida” (Jo 14, 6).
Como seguidores de Jesus, não podemos deixar de nos comprometer diante de tanta
injustiça que produz a cada dia uma multidão de excluídos. De nada adianta
comungar o Cristo da celebração litúrgica, se a fila dos famintos aumenta a
cada dia.
DINÂMICA:
1 - Leitura de um dos texto em grupo: Mc 8, 22-26; Mc 7, 31-37; Mc 6, 34-39; Jo
8, 1-11; Mc 5, 21-43; Mt 14, 25-32.
2 - Completar o esquema:
• Tipo de encontro
• Personagens
• Gestos de Jesus
• Palavras de Jesus
• Exigências de Jesus
• Coisas que Jesus usa
• respostas dos tocados e curados por Jesus.
SACRAMENTOS E SEGUIMENTO DE JESUS
Certamente, também em nós ressoam as palavras de Jesus: “Vem e segue-me” (Lc
18,22). O nosso chamado pode ter sido feito em meio a tantos recuos, avanços,
resistências... O fato é que decidimos responder ao seu chamado e aqui estamos
nos passos do Mestre. Sabemos que somos seus discípulos e discípulas, e
queremos nos comprometer com Ele, ter sua vida dentro de nós, anunciar o seu
Reino e, em seu nome, libertar as pessoas de tudo o que as escravizam.
Para segui-lo, Jesus nos coloca uma grande exigência: Amar como ele amou.
Seguimento e sacramentos adquirem sentido cristão e se convertem em fonte de
vida.
Os sacramentos, sem o seguimento, seriam atos, ritos, símbolos vazios, palavras
sem efeito que chamaríamos de sacramentalismo, pois não insidem na
transformação plena de cada pessoa e da comunidade.
Sacramentos e seguimento são dinâmicos, provocam mudança e crescimento nas pessoas.
A celebração dos sacramentos e o seguimento de Jesus apontam para um mesmo fim,
o Reino de Deus, que é “Vida abundante para todos” (Jo 10, 10).
A Palavra de Deus nos apresenta um único Deus presente no meio de seu povo, o
Emanuel. Este mesmo Deus se esconde também nos símbolos sacramentais.
“Esse Deus que escuta os pobres, que desce e luta por eles e com eles, é o
Senhor da História. Esse Deus que se esconde por trás da água do Batismo, das
pobres mãos de seu ministro, por trás de um pouco de azeite bento, do pão e do
vinho, do “sim” que um homem e uma mulher se dão em sua presença, esse “pobre
Deus” é o mesmo que ressuscitou o Crucificado e nos fará participar com Ele da
“Vida em abundância” pela graça e força de seu Espírito” (Pobres Sacramento?!
Juan Fernando López, pág. 114).
“Os Sacramentos são símbolos, gestos e palavras que, pela ação do Espírito,
fazem presente, em meio da comunidade, a Jesus Cristo, seus sinais, seus gestos
e suas palavras, sua prática e sua vida toda.
Os Sacramentos atualizam a Vida de Jesus na comunidade cristã, a Igreja” (Idem,
pág. 119).
Para todo cristão e cristã conhecer e seguir a Jesus Cristo é de suma
importância para fazer um processo permanente de caminhada na fé.
Os sacramentos ajudam a revitalizar, alimentar a vida e a fé diante das
fraquezas, desânimos, lutas e desafios que o cotidiano nos apresenta.
Precisamos assumir com garra e entusiasmo o seguimento de Jesus e nos abastecer
nas fontes que jorram de seu coração: os Sacramentos.
Ir. Marlene Bertoldi
Jornal - "MISSÃO JOVEM