Ora,
a fé nos vem da pregação da palavra de Cristo (Rm 10,17); a
caridade, da vida em um só espírito com o Senhor Jesus (I Cor
6,17); e, finalmente, a esperança, do amor de Cristo que está
largamente difundido em nossos corações (Rm 5,5); pelo qual
conhecemos os bens da herança reservada aos santos, através do
Espírito Santo que nos foi dado (I Cor 2,12; t 3,7). Sempre costumo
dizer que “esperança” é a “espera da herança” reservada
aos santos.
São
Paulo nos diz: “Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai
da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o
conhecimento dele; que ilumine os olhos do vosso coração, para que
compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa
é a herança que ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza
de seu poder para conosco, que abraçamos a fé” (Ef 1,17-19).
O
Salmista nos afirma: “Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos
do teu coração ele atenderá. Confia ao Senhor a tua sorte, espera
nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como
o sol do meio dia o teu direito” (Sl 36,4-6). O profeta Jeremias
confirma nossa esperança: “Bendito o homem que deposita a
confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7).
1.
São quatro os bens da esperança.
a)
A ressurreição:
· “Irmãos,
não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para
que não vos entristeçais, como o os outros homens que não têm
esperança” (I Ts 4,13).
· “Mas
Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era
possível que ela o retivesse em seu poder. Pois dele diz Davi: Eu
via sempre o Senhor perto de mim, pois ele está à minha direita,
para que eu não seja abalado. Alegrou-se por isso o meu coração e
a minha língua exultou. Sim, também a minha carne repousará na
esperança” (At 2,24-25).
b)
A vida eterna:
· “na
esperança da vida eterna prometida em tempos longínquos por Deus
veraz e fiel, que na ocasião escolhida manifestou a sua palavra
mediante a pregação que me foi confiada por ordem de Deus, nosso
Salvador” (Tt 1,2-3).
· “para
que a justificação obtida por sua graça nos torne, em esperança,
herdeiros da vida eterna” (Tr 3,7).
c)
A glória de Deus:
· “Por
ele é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e
nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus”
(Rm 5,2).
· “A
estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério
entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória!” (Cl
1,27).
d)
Herança dos santos:
· “que
ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que
esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que
ele reserva aos santos” (Ef 1,18).
· “Desejamos
apenas que ponhais todo o empenho em guardar intacta a vossa
esperança até o fim, e que, longe de vos tornardes negligentes,
sejais imitadores daqueles que pela fé e paciência se tornam
herdeiros das promessas” (Hb 6,11-12).
2.
A esperança se fundamenta
a)
Na fé em Deus:
· “Exorta
os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua
esperança nas riquezas volúveis, mas em Deus, que nos dá
abundantemente todas as coisas para delas fruirmos” (I Tm 6,17).
b)
No amor de Deus:
· “Nosso
Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu
consolação eterna e boa esperança pela sua graça, consolem os
vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!”
(II Ts 2,16).
c)
No apelo de Deus:
· “Cingi,
portanto, os rins do vosso espírito, sede sóbrios e colocai toda
vossa esperança na graça que vos será dada no dia em que Jesus
Cristo aparecer” (I Pd 1,13).
d)
No poder de Deus:
· “Esperando,
contra toda esperança, Abraão teve fé e se tornou pai de muitas
nações, segundo o que lhe fora dito: Assim será a tua
descendência” (Rm 4,18; Gn 15,5).
· “Porque
a Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc 1,37). Respondeu Jesus:
“O que é impossível aos homens é possível a Deus” (Lc
18,27).
· Olhando
Jesus para eles, disse: “Aos homens isto é impossível, mas não
a Deus; pois a Deus tudo é possível” (Mc 10,27).
· Jesus
olhou para eles e disse: “Aos homens isto é impossível, mas a
Deus tudo é possível” (Mt 19,26).
e)
Na veracidade de Deus:
· “Por
este ato duplamente irrevogável, pelo qual o próprio Deus se
proibia de desdizer-se, encontramos motivo de profunda consolação,
nós que pusemos nossa perspectiva em alcançar a esperança
proposta” (Hb 6,18).
f)
Na fidelidade de Deus:
· “Conservemo-nos
firmemente apegados a nossa esperança, porque é fiel aquele cuja
promessa aguardamos” (Hb 10,23).
3.
Os frutos da esperança.
a)
Atrai a misericórdia:
· “São
muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua
misericórdia o envolve” (Sl 31,10).
· “Seja-nos
manifestada, Senhor, a vossa misericórdia, como a esperamos de vós”
(Sl 32,22).
b)
Dá-nos alegria:
· “O
Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na
vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de
esperança!” (Rm 15,13).
c)
Dá-nos consolação:
· “Nosso
Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu
consolação eterna e boa esperança pela sua graça, consolem os
vossos corações e os confirme para toda boa obra e palavra!” (II
Ts 2,16).
d)
Dá-nos segurança:
· “Em
posse de tal esperança procedemos com tal desassombro” (II Cor
3,12).
e)
Livra-nos dos perigos:
· “Logo
a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por
salvar aqueles que nele põem sua esperança” (Dn 13,60).
f)
Conduz-nos as alegrias eternas:
· “Porque
pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança
já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda
espera?”
Assim,
se alguém vive aqui, neste mundo, sem esperança, por que mais
viver, se sua esperança está em si mesmo naquilo que vê? Na
verdade, já está sepultado e não o sabe, infelizmente!
A
esperança do homem está em Deus, e não há outra!...
Eis
o que diz o Senhor: Maldito o homem que confia em outro homem, que
da carne faz o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor!
(Jr 17,5). Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e
cuja esperança é o Senhor. (Jr 17,7) Curai-me, Senhor, e ficarei
curado; salvai-me, e serei salvo, porque sois a minha glória. (Jr
17,14).
João
C. Porto / Poço de Jacó