DIOCESE
DE LIMEIRA
2º DOMINGO DA PÁSCOA - 12
de abril de 2015
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Vimos o Senhor!”
Leituras: Atos dos
Apóstolos 4, 32-35; Salmo 117 (118); Primeira Carta de João 5, 1-6; e João 20,
19-31.
COR
LITÚRGICA: BRANCO OU
DOURADO
RITOS INICIAIS
(Que o Círio Pascal seja o grande sinal
deste Tempo Pascal)
Animador: Aleluia, irmãos e irmãs! Cristo Ressuscitou!
Como o Tempo Pascal deve ser celebrado com alegria e exultação,
como se fosse um só dia de festa, “um grande domingo”, (cf. Normas Universais
do Ano Litúrgico, 22) faremos memória da grande Vigília Pascal, “mãe de todas
as vigílias” (Sto. Agostinho). O fogo que acendeu o círio pascal fez memória da
“Bênção do fogo novo”. Na celebração de hoje somos chamados a reconhecer que a
misericórdia divina é o dom pascal que a Igreja recebe de Cristo Ressuscitado e
oferece à humanidade. A presença de Cristo ao lado dos discípulos é sempre
renovadora e transformadora, onde nos faz homens e mulheres, capazes de amar
até o fim do jeito de Jesus.
1. Situando-nos
A Liturgia da Igreja, nestes dias de Páscoa, não se cansa de
falar-nos da Ressurreição de Cristo. Toda a Palavra de Deus da Missa e da
Liturgia das Horas está organizada para celebrar este mistério. Com isso a
Igreja continua a missão dos apóstolos: “davam testemunho da Ressurreição do
Senhor Jesus” (primeira leitura).
Ressuscitando dos mortos, passando da morte para a vida, Jesus
transformou-se em fonte e meta de nossa caminhada missionária. Fonte de todos
os bens que Ele anunciou em sua pregação. Neste domingo, indo ao encontro e
manifestando-se vivo à comunidade dos discípulos, Ele retoma o sopro original
da criação e transmite-lhe a reconciliação e a paz, dons de sua Páscoa.
Mensagem muito oportuna para o Ano da Paz, instituído pela CNBB para este ano
de 2015. Ilumina também o Domingo da Misericórdia, instituído por São João
Paulo II.
Na celebração deste domingo, acontece para nós a mesma efusão do
Espírito cujo relato ouviremos no Evangelho. Jesus se torna presente no meio de
nossa assembléia como esteve presente no meio dos Onze reunidos oito dias
depois da Páscoa; chega com as portas fechadas, porque não vem do exterior, mas
do interior; sua presença nasce aqui no meio de nós, no sinal do pão e do vinho
que se tornam o Corpo e o Sangue do Ressuscitado. Ele nos repete: a paz esteja
convosco! Recebei o Espírito Santo.
2. Recordando a Palavra
No primeiro dia da semana, logo após o pôr-do-sol, a comunidade
dos discípulos estava reunida num ambiente bem protegido, por medo das
autoridades dos judeus. No ar, pairavam temor e insegurança. Talvez a notícia
de Maria Madalena tivesse chegado aos seus ouvidos, mas assim mesmo, estavam
atemorizados.
Somente a presença de Jesus poderia restituir alegria e garantir
segurança. Superando os limites do espaço, o Ressuscitado coloca-se no meio
deles, desejando a todos a paz e mostrando-lhes os sinais de seu amor e de sua
vitória.
No reencontro, o temor cede lugar à alegria. Superado o medo, o
Senhor o saúda novamente, enviando-os à missão. Sua paz os acompanhará no
presente e no futuro, em meio às provações do mundo. Para que dêem continuidade
à sua missão, Jesus confere aos seus escolhidos o alento de vida, o seu
Espírito, que os capacita para a missão.
O resultado será constituir comunidades libertas e
reconciliadoras, como testemunhas vivas do amor gratuito e generoso do Pai.
Todavia, haverá os que manifestarão sua adesão a Jesus e outros que se
refugiarão numa atitude de hostilidade.
Tomé, que era um dos doze, não participa do encontro comunitário
com o Ressuscitado. Ele ouve o testemunho unânime de todos: “Vimos o Senhor!”.
Mas não acolhe o testemunho como prova suficiente para acreditar que Jesus
esteja vivo. Ao contrário, exige prova individual e extraordinária.
Alguém poderia ver nisto uma atitude de teimosia. Ocorre que o
encontro com o Ressuscitado, que fundamenta a fé, realiza-se mediante a
experiência do amor na comunidade. Tomé estava ausente! Entretanto, oito dias
depois, a comunidade volta a se reunir e, agora, Tomé está presente.
O Senhor reaparece para a alegria da comunidade e em seguida,
dirige-se a Tomé revelando-lhe seu amor nos sinais que traz nas mãos e no lado.
O discípulo, sem apelativos, reconhece o Ressuscitado e aceita-O, expressando
sua adesão total: “Meu Senhor e Meu Deus!”. É, porém, censurado por não crer no
testemunho da comunidade e exigir uma experiência individual.
Na verdade, Tomé invertera a ordem, sem escutar os discípulos e
sem perceber a nova realidade criada pelo Espírito, queria encontra-se com o
Jesus que conhecera na caminhada. Todavia, encontra-se com o Senhor na
experiência vivenciada pela comunidade de fé. Tomé reconhece em Jesus o servo
glorificado, acredita e proclama: “Meu Senhor, e meu Deus”. Porém, felizes
serão os discípulos que acreditarão, sem terem visto (Evangelho).
A experiência de amor da comunidade de fé no Senhor ressuscitado
manifesta-se no espírito de comunhão fraterna e na partilha dos bens. “Ninguém
considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em
comum”. Além disso, “Entre eles ninguém passava necessidade”.
O encontro com o Ressuscitado requer ruptura com as práticas
egoístas e concentradoras, que geram a exclusão, a fome e todo tipo de
necessidades. A comunidade alicerçada no amor fraterno e na partilha dos bens,
constitui-se em testemunho palpável da presença do Ressuscitado entre os seus
discípulos ao longo dos tempos (primeira leitura).
João sublinha que, pela fé em Cristo, os batizados tornam-se
filhos de Deus e, portanto, irmãos uns dos outros. Não se pode querer amar a
Deus, sem amar aqueles de quem ele é Pai. O sinal que atesta a caridade
fraterna (o amor aos irmãos) é a observância dos mandamentos de Deus (segunda
leitura).
3. Atualizando a Palavra
A exemplo das primeiras comunidades cristãs, reunimo-nos para
escutar a Palavra, rezar, participar da ceia do Senhor. É a comunidade que tem
como centro Jesus Cristo vivo e presente, crucificado e ressuscitado.
Sua presença suscita confiança e segurança. Desta presença, emerge
a força de vida que anima à missão de comunidade reconciliadora, libertando as
pessoas de tudo quando as mantém subjugadas às forças que geram medo e
insegurança.
Como no passado, hoje muitas pessoas vivem de “portas
trancadas”. Dominadas pelo medo e pela insegurança, aguardam por melhores dias
de justiça e de paz. “A paz esteja com vocês!”. Assim como a saudação do
Ressuscitado restaurou a paz e a alegria na comunidade dos discípulos, Ele,
hoje, nos torna protagonistas da paz. “Eu também envio vocês!”, assim a paz
precisa ser conquistada, construída pelo empenho de todos, no dia a dia, para
que ela aconteça.
A comunidade que acolhe e manifesta sua adesão ao Senhor é
enviada pelo Espírito do Ressuscitado a testemunhar o amor do Pai, isto é, a
prolongar, no curso dos tempos, a oferta de vida que, em Jesus, Deus fez à
humanidade. O Reino de vida que Cristo veio trazer é incomparável com as
situações desumanas de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria
e dor.
Se pretendemos fechar os olhos diante dessas realidades, não
somos defensores da vida do Reino e nos situamos no caminho da morte: “Nós
sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Quem não
ama, permanece na morte” (1Jo 3,14; cf. DAp, n.358). A aceitação ou rejeição
deste amor é, para a comunidade cristã, critério de discernimento de seu
empenho no serviço, na missão recebida de Jesus, para que todos tenham vida e
vida em plenitude.
Neste aspecto, a comunidade reunida contempla a glória do
Ressuscitado e o esplendor de seu amor. “Tocar suas mãos e seu lado” é estar em
comunhão com Ele e d’Ele receber o espírito de vida nova. A contemplação dos
sinais da vitória de Cristo ressuscitado e do amor fiel pelos seus até o fim,
impulsiona a comunidade à missão.
As inúmeras iniciativas na perspectiva da promoção humana, da
solidariedade e da busca de soluções face à realidade desumana em que vivem
milhões de nossos irmãos e irmãs, devem ser animadas pelo amor do Pai que nos
fez todos seus filhos e irmãos, em Jesus Cristo sob a ação do Espírito Santo.
A comunidade eclesial é, portanto, o lugar primordial onde, na
fé, se acolhe e se reconhece a presença e a atuação do Ressuscitado, onde se
manifesta e se irradia seu amor. Tomé é o protótipo daqueles que não valorizam
o testemunho comunitário e são insensíveis aos sinais da presença do novo, pois
estão surdos e indiferentes aos apelos de vida que se revelam na sociedade.
Pensam apenas em si mesmos e exigem demonstrações particulares.
Tomé é um exemplo contra o qual é preciso precaver-se. O mais importante,
porém, é que ele supera esta dificuldade e é capaz de professar a fé no
ressuscitado.
Jesus alerta que a fé nos liberta do isolamento do eu, porque
nos conduz à comunhão. Ser cristão, hoje, requer e significa pertencer a uma
comunidade concreta na qual se pode viver uma experiência permanente de
discipulado e de comunhão.
A figura de Tomé é eloqüente para os nossos dias, pois diante da
tentação, muito presente na cultura atual, de ser cristão sem Igreja e das
novas buscas espirituais individualistas, afirmamos que a fé em Jesus Cristo
nos chegou pela comunidade eclesial. Não há portanto, discipulado sem comunhão
(cf. DAp, n.156).
O Ressuscitado nos assegura que são “Bem-aventurados os que não
viram, e creram” (Jo 20,29). Felizes são aqueles que aderem à pessoa de Jesus
no cotidiano da vida e empenham-se totalmente na esperança de um novo mundo.
Crer na perspectiva do quarto Evangelho, é mais do que uma
atividade intelectual. Crer é entregar-se ao outro e empenhar-se por inteiro à
sua causa. Crer é ir até as últimas conseqüências com Aquele por quem se optou.
Crer é estabelecer com Ele uma relação pessoal que se transforma em amor. Crer
é abrir os olhos para reconhecer no Ressuscitado o sentido a vida: “Meu Senhor
e meu Deus!”.
Ter fé é vida, é amar, é agir de forma concreta na história a
partir de Jesus Cristo ressuscitado a quem se aderiu como discípulo. Nessa
profunda e viva adesão a Cristo, é que seremos discípulos felizes. Não vimos,
mas cremos! São Tomé, rogai por nós.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
“Era o primeiro dia da semana”. “A multidão dos fiéis era um só
coração e uma só alma”. O domingo é o dia da reunião da comunidade. Os
cristãos, ao longo dos séculos, sempre sentiram esse dia como o “primeiro da
semana”, porque nele se faz memória da novidade radical trazida por Cristo.
Por isso, o domingo é o dia em que o cristão reencontra a forma
eucarística própria da sua existência, segundo a qual é chamado a viver
constantemente: viver segundo o domingo, significa viver consciente da
libertação trazida por Cristo e realizá-la como oferta de si mesmo, para que a
sua vitória se manifeste plenamente a todos através de uma conduta intimamente
renovada (cf. SC, n.72).
A comunidade de fé edifica-se pela participação daqueles que
crêem na presença e aderem ao novo inaugurado pelo Ressuscitado. A Eucaristia é
o lugar privilegiado do encontro dos discípulos com Jesus Cristo. O
Ressuscitado nos atrai para si e nos faz entrar no dinamismo das relações com
Deus e com o próximo.
Em cada Eucaristia, os cristãos celebram e assumem o mistério
pascal. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério
pascal de Cristo através da Eucaristia, de maneira que toda a sua vida seja
cada vez mais eucarística.
A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação cristã, é, ao mesmo tempo,
fonte inextinguível do impulso missionário (cf. DAp, n.251). Ela ainda, “impele
todo o que acredita em Jesus ressuscitado a fazer-se ‘pão repartido’ para os
outros e, consequentemente, empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno”
(SC, n. 88).
“Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum entre
eles... e não havia necessitados entre eles” (At 4, 32.34). A Igreja como
comunidade de amor, nutrida com o pão da Palavra e com o pão do Corpo de
Cristo, além de testemunhar e promover a caridade, deve denunciar as situações
indignas em que vivem milhões de pessoas, as quais morrem à míngua de alimento
por causa da injustiça e da exploração (cf. SC, n. 90).
Oração da Assembléia
Presidente: Na alegria que nos envolve nesta festa
pascal, elevemos ao Pai nossas preces, a fim de que possamos levar vida nova e
renovada.
1.
Senhor, iluminai a Igreja, para que dia e noite cante o teu louvor. Peçamos:
Todos: Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé!
2.
Senhor, iluminai nossos governantes, para que tenham olhos para os mais necessitados.
Peçamos:
3.
Senhor, iluminai os que sofrem para que não percam a esperança de uma vida melhor.
Peçamos:
4.
Senhor, iluminai nossa comunidade, que está sempre na luta pela evangelização.
Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente: Aumentai em nós a fé e a misericórdia,
Senhor, para que possamos evangelizar, promovendo a vida nova que vem da
Ressurreição do teu Filho. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém!
III. LITURGIA
EUCARÍSTICA
Oração sobre as oferendas:
Acolhei, ó Deus, as oferendas do vosso povo (e dos que
renasceram nesta Páscoa), para que, renovados pela profissão de fé e pelo
batismo, consigamos a eterna felicidade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todo: Amém.
Oração depois da comunhão.
Concedei, ó Deus onipotente, que conservemos em nossa vida o
sacramento pascal que recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO
Dia 10 de abril –
sexta-feira: Crisma –
Santa Rita de Cássia – Leme – 20h – Padre Wellington Silva.
Dia 11 de abril – sábado: Crisma – Comunidade São José – Sagrado
Coração de Jesus – Conchal – 19h30min – Padre Denisar Cirilo.
Dia 12 de abril- domingo: Crisma – São Manoel – Leme – 10h00 –
padre João Delmiglio; Crisma – São Pedro – Engenheiro Coelho – 19h00 – Padre
Odirlei Marangoni; Encontro do Pastoral Missionária da Sub-Região Campinas, o
dia todo, na Paróquia São José, Pe. Jaime, Limeira, SP.
Dia 14 de abril-
terça-feira: Reunião –
Conselho Episcopal – casa do bispo – 09h00; Missa - Tríduo – Santo Expedito –
Araras – 19h30min – Padre Marcos Vieira.
Dia 15 a 24 de abril: 53ª Assembleia Geral da CNBB –
Aparecida, SP.
Dia 19 de abril – domingo: “Ressuscitou” em Araras.
Dia 23 de abril –
quinta-feira: Encontro
com atendentes paroquiais.
Dia 26 de abril – domingo: Encontro de formação da Pastoral
Familiar – Sub-Região Campinas – 08h00 ate 18h00 – Centro de Eventos Lival – Limeira
-Oração de abertura com o Bispo Vilson – Diocese de Limeira – 08h ate 09h00;
Dia 26 de abril – domingo: Dedicação da Igreja Matriz São José
Operário – Leme – Padre Johnny – 16h00.
IV. RITOS FINAIS
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Pres.: O Senhor esteja convosco. Aleluia.
Aleluia.
T.: Ele está no meio de
nós. Aleluia. Aleluia.
Pres.: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso nesta
solenidade da Páscoa, cheio de misericórdia vos defenda de todo o perigo do
pecado. Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Pres.: E aquele que na ressurreição do seu
Unigênito vos restaura para a vida eterna vos cumule com os prêmios da
imortalidade. Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia. Aleluia.
Pres.: A benção de Deus todo-poderoso Pai e
Filho + e
Espírito Santo desça sobre vós e permaneça para sempre. Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Pres.: Levai a todos a alegria de Jesus
Ressuscitado, ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
T.: Graças a Deus,
Aleluia. Aleluia.
(Despede a assembléia)