DIOCESE DE
LIMEIRA – 5º DOMINGO DA PÁSCOA
03 de maio
de 2015
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós!”
Leituras:
Atos 9, 26-31; Salmo 22; Primeira Carta de João 3, 18-24; João 15, 1-8.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: Aleluia,
irmãos e irmãs! Cristo Ressuscitou! Como o Tempo Pascal deve ser celebrado com
alegria e exultação, como se fosse um só dia de festa, “um grande domingo”,
(cf. Normas Universais do Ano Litúrgico, 22) faremos memória da grande Vigília
Pascal, “mãe de todas as vigílias” (Sto. Agostinho). O fogo que acendeu o círio
pascal fez memória da Bênção do fogo novo. Hoje Jesus é apresentado como a
videira e nós somos os ramos. Permanecer unidos em Cristo é nossa condição para
produzirmos frutos. Separados Dele, perdemos nossa identidade. Que possamos
buscá-lo cada vez mais, para termos uma sociedade mais justa e fraterna.
1. Situando-nos
Tendo celebrado recentemente o dia
de São José Operário, padroeiro de todos os trabalhadores, seguimos nossa
caminhada pascal. Caminhada esta que nunca se encerra, mas sempre se aprofunda.
A liturgia de hoje, centrada no
Evangelho de João, convida-nos a permanecer em Cristo. Somos os ramos da
videira verdadeira, cultivada pelo Pai.
A relação com Deus, contudo, não é
uma relação intimista, fechada. É relação aberta, que resulta em frutos de
amor: nisto meu Pau é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus
discípulos.
Saulo teve dificuldades para ser
incorporado ao corpo eclesial. Precisou conquistar a confiança da comunidade
cristã.
A Primeira Carta de João lembra-nos
que o amor exige ações, acolhida, verdade. A prática dos mandamentos decorre de
um amor autêntico.
Assim como Maria, cujo mês a ela
dedicado hoje iniciamos, peçamos que ela nos conduza nos caminhos de seu Filho
ressuscitado.
2.
Recordando a Palavra
O texto do Evangelho de hoje (Jo
15, 1-8) prosseguirá no próximo domingo (Jo 15, 9-17). “15, 1-17 constitui uma
meditação sobre o amor cristão. O ponto de partida é a alegoria da videira (vv.
1-8); depois a meditação continua aprofundando o mistério do amor de Deus em
Jesus Cristo e nossa missão de frutificar no amor fraterno (vv. 9-17)” (KONINGS, Johan. Evangelho segundo João –
amor e fidelidade. São Paulo: Loyola, 2005, p. 282).
Estamos diante de uma alegoria.
Jesus se apresenta como a videira verdadeira, e o Pai é apresentando como a
agricultor. Há uma ênfase no termo “verdadeira”. Isso denota que há outras
videiras, não verdadeiras. Bem sabemos que a videira foi utilizada como imagem
do povo de Israel, em textos do Antigo Testamento. Jesus assume para si a
identidade de videira de Deus: ele e não mais em Israel, está a fidelidade
verdadeira ao Pai.
Há uma diferença notável: o Pai não
é apenas o dono da vinha, mas é o agricultor, aquele que trabalha na vinha,
para que produza frutos. Um desses trabalhos é poder, limpar os ramos. E Jesus
mostra, no v.3, que é a sua Palavra que “limpa” os discípulos que a ouvem.
Destaque merece também o verbo
“permanecer”. Ele aparece 8 vezes; em 7 vezes fala diretamente da relação entre
Jesus e os fiéis. “’Permanecer em Jesus’ exige da parte do discípulo uma
fidelidade que domina o decorrer do tempo, e o olhar se volta para além, para o
fruto a produzir do qual a união com o Filho é a condição” (LÉON-DUFOUR, Xavier. Leitura do Evangelho segundo João III. São Paulo:
Loyola, 1996, p.119). Fica claro que havia pessoas na comunidade cristã sem
toda a firmeza na profissão de fé em Jesus, a razão dá ênfase no permanecer.
Quem não crê de verdade em Jesus é
um ramo morto, desligado do tronco e que, obviamente, não produzirá frutos.
Quais são os frutos esperados? O amor ao próximo (cf. vv. 16-17).
As palavras de Jesus que permanecem
em nós significam ele mesmo presente em quem crê. Essa é a garantia de podermos
pedir ao Pai, porque seu Filho está em nós, presente em sua palavra que
acolhemos com fé.
A primeira leitura fala da
integração de Paulo ao grupo dos apóstolos, em Jerusalém. E isso acontece não
sem dificuldades. A leitura mostra a transformação ocorrida em Saulo devido ao
seu encontro com o Cristo Ressuscitado. De perseguidor a anunciador do
Evangelho, coloca sua vida em risco, porque agora os judeus de língua grega
queriam matá-lo.
Lucas conclui a narrativa com um
resumo: Paulo afastado de Jerusalém e o retorno da paz. A Igreja cresce e envolve
agora comunidades da Judeia, da Galileia e da Samaria.
A Primeira Carta de João segue no
núcleo central da vida cristã: o amor que se expressa em ações concretas. O ser
humano comparece diante de Deus de maneira transparente. Não há como mentir ou
se ocultar diante dele. Se nós amamos de verdade não há inquietação ou medo.
O princípio motivador do amor é a
fé, que nos vincula a Deus. Como Deus é amor, o fruto da fé é o amor mútuo.
Volta o verbo permanecer, já presente no Evangelho de hoje Deus está conosco
pelo seu Espírito. A nossa união com Deus está garantida. Falta enfatizar a
nossa união mútua, conseqüência da presença de Deus em nós. Cumprir os
mandamentos é amar.
3.
Atualizando a Palavra
O Tempo Pascal aprofunda a
centralidade do Ressuscitado na vida da Igreja. Todos os que crêem estão unidos
a ele. Sem isso não é possível produzir frutos. Há um risco de nós querermos ser
videiras desligadas de Cristo. Atenção para o perigo de colocar alguma pessoa,
grupo ou devoção particular como tronco ao qual nos vinculamos. Não é assim. A
centralidade é de Cristo. É dele que vem a vida.
Outro aspecto da vida eclesial a
ser iluminado por essa palavra pode ser a tão falada e procurada conversão
pastoral. A conversão pastoral da Igreja é deixar-se limpar e podar pelo divino
agricultor. Não somos uma vinha pronta, perfeita. Precisamos de limpeza e de
poda, o que às vezes dói.
A esse respeito nos exortam os
Bispos do Brasil: “A expressão ‘conversão pastoral’ remete, acima de tudo, a
uma renovada conversão a Jesus Cristo, a qual consiste no arrependimento dos
pecados, no perdão e na acolhida do dom de Deus (Cf. At 2,38ss). Trata-se de
uma conversão pessoal e comunitária. Há muitos batizados e até agentes de
pastoral que não fizeram um encontro pessoal com Jesus Cristo, capaz de mudar
sua vida para se configurar cada vez mais ao Senhor” (CNBB. Comunidade Comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral
da paróquia. Brasília Ano 2014. Edições CNBB, n.52).
Como está nossa pertença a Cristo?
Permanecemos nele? Deixamos que sua palavra nos limpe?
A comunidade primitiva não é
perfeita. Vamos no texto dos Atos dos Apóstolos a relutância em aceitar Paulo
no seio da comunidade. Ainda não se estabeleceu uma relação de confiança. Ele,
por outro lado, empenha-se com todo ímpeto no anúncio irrestrito de Cristo,
colocando em perigo a própria vida. Seu caminho se assemelha ao de Cristo, que
Poe a vida em risco. Contudo, Paulo foge do conflito, não por covardia, mas
para ser fiel à missão de continuar o anúncio.
Nossas comunidades recebem como as
pessoas convertidas, que fazem experiências marcantes de encontro com
Ressuscitado? Não há também entre nós desconfiança, resistência, preconceito? É
claro que a fé supõe um amadurecimento, uma inserção comunitária. Contudo, não
podemos deixar de acolher. Cuidemos para não criar oposição entre membros
antigos e membros novos da comunidade.
O critério de verificação para a
autenticidade de nossa fé é o amor fraterno; A primeira Carta de João o
evidencia. O amor cristão está bem presente nas palavras que proferimos, nas
musicas que cantamos, nos textos que escrevemos. Mas não basta! É preciso amar
com ações e de verdade. A Igreja no Brasil fala claramente sobre isso: “O amor
ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever de toda a comunidade eclesial”
(CNBB. Comunidade Comunidades: uma nova
paróquia. A conversão pastoral da paróquia. Brasília Ano 2014. Edições CNBB,
n.282).
E para que não fiquemos com dúvidas
sobre como viver esse amor, as indicações são concretas: “As paróquias precisam
acolher fraternalmente todos, especialmente os que estão caídos à beira do
caminho. Dependentes químicos, migrantes, desempregados, dementes, moradores de
rua, sem terra, soropositivos, doentes e idosos são alguns rostos que clama
para que a comunidade lhes apresente, concretamente, atitudes do Bom
Samaritano” (CNBB. Comunidade
Comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia. Brasília Ano
2014. Edições CNBB, n.283).
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
A Eucaristia é o canal excelente
por onde nos chega a seiva do amor de Deus, que nutre nossa vida e nos permite
produzir bons frutos. A dinâmica profunda da comunhão eucarística nos ajuda a
perceber como a Eucaristia faz com que permaneçamos unidos a Cristo e, assim
produzamos os frutos que Ele espera.
“São
dois corpos colocados aqui em relação: o corpo eucarístico e o corpo eclesial.
Um é direcionado ao outro: o fim próprio do corpo eucarístico é formar o corpo
eclesial, de modo que a verdade do corpo eucarístico é o corpo eclesial” (Boseli, Gofredo. O Sentido Espiritual da
Liturgia. Brasília: Edições CNBB, 2014, p.110).
A Palavra de Deus nos limpa e pode
para que possamos frutificar. A Eucaristia nos nutre com a seiva do amor
divino, para que produzamos os frutos de Deus no mundo. A celebração vivida
autenticamente nos ajuda a permanecer no amor de Cristo, unidos ao Pai.
Preces
dos fiéis:
Presidente: Supliquemos a graça de Deus para viver na intimidade com
Cristo, produzindo frutos de vida nova na comunidade e na sociedade.
1. Senhor, que a Igreja nunca deixe de orientar seus
fiéis segundo a tua Palavra. Peçamos:
Todos: Senhor, ajude-nos a dar muitos
frutos.
2. Senhor, por aqueles que governam este povo sofrido, para que o amor
fraterno faça parte de suas vidas e que sejam ramos ligados à videira que é
Cristo, para promoverem a paz, a justiça e a dignidade a todos. Peçamos:
3. Senhor, que os mais necessitados, os doentes, os sem
esperanças, voltem o coração para a tua Palavra, para que assim suas dores
sejam amenizadas e se aproximem cada vez mais de Ti. Peçamos:
4. Senhor, que nossa comunidade se aproxime de tua luz e
coloque em prática o que é agradável aos teus olhos. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Obrigado, Senhor, porque atendeis nossas preces, ajudai-nos a
acolher e a viver o Evangelho para que nossa vida seja um louvor autêntico a
Ti. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Ó Deus, que, pelo sublime
diálogo deste sacrifício, nos fazeis participar de vossa única e suprema
divindade, concedei que, conhecendo vossa verdade lhe sejamos fiéis por toda a
vida.
Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus de bondade, permanecei
junto ao vosso povo e fazei passar da antiga à nova vida aqueles a quem
concedestes a comunhão nos vossos mistérios. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
AGENDA DO BISPO DIOCESANO:
Dia 01 de maio-
sexta-feira
Missa de reinauguração da Paróquia Santa Rita de Cássia – 18h00
– Pirassununga - Padre Mauro.
Dia 02 de maio- sábado
Crisma na Paróquia São
José Operário – 18h00 – Padre Johnny, Leme, SP.
Dia 03 de maio – domingo
Crisma – São Domingos de
Gusmão – 11h00 – Padre Lázaro – Americana; e Crisma – São Luiz Gonzaga – 19h00
– Padre Júlio – Americana, SP.
Dia 05 de maio –
terça-feira:
Assunto: Reunião –
Conselho Episcopal – 09h00 – residência Episcopal.
Dia 07 de maio –
quinta-feira:
Assunto: Posse – Padre
Casimiro – Pároco – São Francisco de Assis – Pirassununga – 19h30min.
Benção Final
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Aleluia. Aleluia.
Todos: Ele está no meio de
nós. Aleluia. Aleluia.
Presidente: Abençoe-vos o Deus
todo-poderoso + Pai, Filho e Espírito Santo.
Todos: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Presidente: Vamos em paz e que o Senhor
vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus,
Aleluia, Aleluia!