Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Será
uma ocasião para dardes testemunho”
(Lc 21,13)
Leituras: Malaquias 3, 19-20a;
Salmo 97; Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 3, 7-12; Lucas 21,
5-19.
COR
LITÚRGICA: VERDE
Animador:
Nesta Eucaristia, Jesus nos diz
claramente que é pela constância e persistência que alcançaremos a salvação,
pois precisamos permanecer fiéis aos seus ensinamentos. Ninguém alcança a
salvação por si só, ela só é possível por meio de Jesus. Permanecendo firmes é
que iremos ganhar a vida futura.
1. Situando-nos brevemente
Estamos nos aproximando do final deste ano litúrgico. A Palavra
de Deus, que neste domingo ouvimos, nos faz pensar sobre a história do mundo e
a história de Salvação. Muitas vezes, desanimamos, dizemos que está tudo
perdido, que este mundo não tem mais jeito. Essa não é uma atitude cristã.
O cristão, e já antes dele o judeu, considera a história como
uma trajetória horizontal, em que o tempo tem desenvolvimento linear, a
história caminha sob a guia de Deus, para um ponto bem definido: o Reino de
Deus.
É este Reino, ponto de chegada da história da humanidade, que
nos é anunciado na Liturgia da Palavra deste 33º domingo do Tempo Comum, já nos
preparando para as festas de Cristo Rei no próximo domingo.
2. Recordando a Palavra
Olhando para o texto do profeta Malaquias (século V a.C.),
sabemos que esta perícope de hoje é parte de uma unidade literária maior: o
sexto oráculo deste profeta. Este oráculo nos fala do triunfo da justiça divina.
O israelita fiel objeta e interroga, pondo em questão o valor de
suas boas ações: não vale a pena servir a Deus e observar os mandamentos; o
justo sofre neste mundo enquanto o malvado prospera, tentando a Deus
impunemente.
Malaquias responde a esta objeção assegurando que Deus não
abandona ao que serve e teme. Isso se observará no “Dia que há de vir”. “Eis
que virá um dia” é uma expressão tipicamente profética para chamar a atenção
dos ouvintes para o futuro, despertando neles a expectativa de um tempo melhor.
A imagem do fogo (dia abrasador como fornalha) que abrasa e
consome o arrogante é clássica, na literatura profética, para indicar o juízo
de Deus ao malvado: será completamente aniquilado. Para o justo, ao contrário,
começa então uma era de paz e de prosperidade. Como o sol matinal rompe a
obscuridade da noite, assim a próxima manifestação do Senhor iluminará este
mundo de trevas em que lutam e se debatem os justos.
O Salmo 97 canta a alegria da vinda do Senhor como juiz da terra
inteira, que julgará com justiça. “Exultem as montanhas diante do Senhor, pois
ele vem julgar a terra”. Só pode exultar quem viveu conforme a justiça de Deus.
Para estes, sua vinda será motivo de júbilo, para os outros, de terror e de
aniquilamento total.
Paulo escreve aos tessalonicenses, porque alguns deles, devido à
espera da parusia iminente, isto é, o pensamento de que o mundo duraria pouco,
descuidam-se das ocupações humanas normais, sobretudo do trabalho, e vivem às
custas dos outros.
Chegamos ao Evangelho. O texto de hoje confirma que a parusia –
segunda vinda de Cristo – não será imediata. As perseguições não estão fora do
que Cristo anunciou. Não há como fixar a data do fim dos tempos. Os discípulos
do Senhor não estão abandonados.
Jesus anuncia a destruição do templo. O primeiro templo (de
Salomão) foi destruído em 586 a.C. Diz que também o segundo templo (construído
em 515 a.C.) seria destruído como anuncio do fim do mundo. Ele não dá uma
resposta direta, mas falta das catástrofes que fazem pensar no fim; entre
estas, a ruína do templo. Porém, ‘o fim não vem em seguida’ (no tempo de Lucas
o templo já estava em ruínas).
Não se deve ir atrás de qualquer fanático se dizendo o Messias.
As catástrofes são apenas lembretes, sinais. Significam que Deus julga a
História. Ele tem a última palavra, para a qual nos preparamos, com o coração
desperto e sóbrio, na fidelidade no dia-a-dia, como também na perseguição (Johan Konings. Liturgia Dominical.
Petrópolis, Vozes, 2003, p.475).
Apesar de sua linhagem apocalíptica, há que ter em conta que
nosso texto não é nenhuma descrição do fim do mundo. O centro do relato está no
início do versículo 12: “Antes disso tudo, porém [...]”. Lucas quer explicar
que não se sabe quando ocorrerá o fim do mundo.
Quando os discípulos perguntavam a Jesus Cristo quando virá o
dia, a resposta consiste em dizer que devem suceder muitas coisas que parecerão
indícios do fim, sem o ser ainda. O que importa, pois, não é conhecer a data da
segunda vinda de Cristo, mas ter claro que, antes de tudo isso, os discípulos
serão perseguidos por causa do Evangelho.
Jesus quer agora inspirar confiança e dar ânimo a seus discípulos.
Se eles serão levados aos tribunais por sua causa, é lógico que Jesus não os
abandonará nesta ocasião. Por isso lhes
promete ser ele mesmo o advogado e dar-lhes aquela sabedoria de que vão
necessitar.
Sua causa, que é a mesma causa de Jesus, chegará a uma vitória:
o Evangelho se propagará a todo o mundo. Também Jesus foi levado ante os
tribunais, padeceu e morreu sob Pôncio Pilatos, mas ressuscitou e seus
apóstolos pregaram o Evangelho por força da Ressurreição.
Mesmo que sejamos mortos por causa do Evangelho, nossa vida
permanece intacta pela ação de Deus, que nos livra da morte eterna.
O importante é que o cristão perseguido está nas mãos de Deus.
Ele o salvará. A seu modo. Por seus caminhos. Vale notar que a perseguição é
ocasião de um testemunho mais firme, glorioso, irresistível. Jesus foi o
primeiro perseguido, e ele é quem é perseguido nos discípulos. Com o testemunho
de doação da própria vida, os cristãos mostram a grandeza daquele que seguem:
nem a morte os pode separar dele.
A fé possui a certeza de que Deus não abandona o mundo às forças
do mal. O sofrimento que vemos deve ser encarado como as dores de um pastor,
não como abandono e absurdo.
3. Atualizando a Palavra
Como estamos por finalizar o ano litúrgico e nos dispomos, desde
já, a começar em breve o Advento, é oportuna a recomendação que nos faz o
apostolo Paulo para que não pensemos que a vida espiritual do cristão se aliena
ao mundo e só se mantém pela esperança da vinda do Senhor. Olhamos para os
sofrimentos do tempo presente, que todos nós enfrentamos e assumimos, com o
horizonte da esperança: a justiça divina.
No entanto não entendemos essa justiça como vingança de um Deus
que vai cobrar daqueles que não lhe obedeceram e retribuir aos bons. A justiça
de Deus é a fidelidade à sua própria palavra: levará a criação à plenitude.
Toda morte, dor, sofrimento, divisão e fome será superada. Mesmo
que passemos por dificuldades, somos homens e mulheres de esperança. Nossa
esperança é a vitória de Jesus Cristo sobre a morte, já manifestada a nós por
sua ressurreição.
Mas atenção: a vitória de Cristo sobre o pecado não é como o
final feliz de uma novela, em que no último capítulo tudo dá certo. A vitória
de Cristo – da qual poderemos participar – consiste no cumprimento de suas
promessas. Ninguém viveu enganado, iludido por Deus. O que ele prometeu,
naquele dia o cumprirá.
O cristão sabe que anuncia e trabalha pelo Reino de Deus. Sua
missão é anunciar Jesus Cristo, vencedor do mal. Nesse sentido, vale lembrar
que o mal existe. Sua pior e mais terrível manifestação é o pecado humano: ao
pecar, aderimos voluntariamente ao mal. Ser cristão é buscar a santidade e
irradiar essa santidade a todo o mundo.
O Evangelho nos conclama a vivermos uma vida pascal: nada de
Jesus está perdido com a Páscoa; nada do cristão pode se perder no caminho de
sua cruz e seu fracasso, pois a vida da Páscoa lhe devolve tudo vitoriosamente
transformado. Assim como a morte de Jesus parecia um fracasso total, muitas
vezes podemos nos pensar vencidos, mas com Cristo nunca perdemos.
Temos que descobrir, neste período da história – que é o nosso
período -, a Palavra de Deus que nos chama para adiante.
Não podemos almejar um cristianismo da tranqüilidade em um mundo
estruturalmente injusto. Muitos cristãos se encontram perplexos e com a
sensação de angústia porque tudo está sendo derrubado. Não é assim! Anteriores
épocas de nossa história nos provam que a Igreja desprotegida, com dificuldades
e perseguições, teve maior fortaleza, mais liberdade, mais criatividade, maior
credibilidade e melhor encarnação nas realidades que trata de evangelizar.
Tudo o que fazemos, enfrentamos e realizamos deve estar ancorado
em Cristo: ele nos enviou, o Espírito nos acompanha na missão e é para Deus que
caminhamos.
Conta-se sobre S. João Berchmann (+1621) que ele estava
brincando, numa hora de recreio, quando lhe perguntaram que faria se um anjo o
avisasse que iria morrer de imediato. Ele respondeu: “continuar brincando”. Eis
uma bela atitude que pode nos servir de exemplo.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
“Concedei, Senhor nosso Deus, que a oferenda colocada sob o
vosso olhar nos alcance a graça de vos servir e a recompensa de uma eternidade
feliz” (oração sobre as oferendas).
A liturgia da missa tem uma série de alusões à eternidade. Ou
melhor: a eternidade está no horizonte da celebração eucarística: o sacramento
da Eucaristia é uma antecipação do grande banquete do céu.
Na aclamação memorial sempre pedimos: “vinde, Senhor Jesus!”.
Estamos vivendo num tempo intermediário. A plenitude dos tempos aconteceu com a
vinda de nosso Senhor, sua encarnação, vida e Mistério Pascal.
Após sua ascensão, caminhamos sob a guia do Espírito Santo,
esperando que se realize, em nós e no universo inteiro, o que em Cristo já é
uma realidade: a glorificação. A glória de Deus é a coroa, o ponto alto de toda
a Criação de Deus.
A Palavra nos orienta e a Eucaristia nos sustenta para que não
desanimemos nem nos desviemos da meta que temos.
O domingo é o dia da celebração do Mistério Pascal. É, pois, o
principal dia de festa. É o dia em que a família de Deus se reúne para “escutar
a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a ressurreição do Senhor na
esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade inteira repousar diante
do Pai”.
A Eucaristia é o sacramento do amor. Este título de uma
exortação apostólica de Bento XVI. Santo Agostinho assim comenta o amor em sua
relação com a fé e com a esperança, que é o tema deste domingo.
“Queres chegar e não queres caminhar? A visão é a posse; a fé é
o caminho. Quem recusa a fadiga do caminho, como pode querer a alegria da
posse? A fé não desfalece porque a esperança a sustenta. Elimina a esperança e
desfalecerá a fé. Se, ao contrário, à fé e à esperança tirares o amor, de que
serve crer, de que serve o esperar, se não há amor? Quem não ama, não pode
esperar” (S. Agostinho, Sermão 359A, 1-4.
Citado por htpp://mercaba.org./diesdomini).
Que a Eucaristia que celebramos nos torne repletos do amor de
Deus para que nossa fé, sustentada pela esperança, nos faça caminhar, sem
esmorecer, para Deus.
PRECES DA ASSEMBLÉIA
Presidente: Rezemos
ao Pai, para que saibamos distinguir a sua voz que nos chama, em diversos
momentos em nossa vida.
1. Senhor, por tua Igreja que permanecendo fiel à tua Palavra,
tenha cada vez mais coragem, força e ânimo para anunciar teu reino. Peçamos:
Todos: Senhor, dai-nos a
perseverança e a confiança.
2. Senhor, que os governantes saibam discernir o caminho da
justiça e da fraternidade para o bem-estar do nosso povo. Peçamos:
3. Senhor, que nossa comunidade saiba respeitar os mais pobres e
fracos, mostrando e ensinando que o amor fraternal nos leva a Ti. Peçamos:
4. Senhor, olhai por todos nós aqui reunidos, que sejamos
solidários uns com os outros, buscando sempre o bem comum. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Fortalecei Senhor, nossa confiança em vós no momento
da perseguição, para que permaneçamos firmes e tenhamos a graça de alcançar a
vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Concedei, Senhor nosso Deus, que a oferenda colocada sob
o vosso altar nos alcance a graça de vos servir e a recompensa de uma
eternidade feliz. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Tendo recebido em comunhão o Corpo e o Sangue de vosso
Filho, concedei, ó Deus, possa esta Eucaristia que ele mandou celebrar em sua
memória fazer-nos crescer em caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
AGENDA DO
BISPO DIOCESANO:
Dia 11 de novembro – sexta-feira: Atendimento na residência episcopal-09h00; Crisma -
Paróquia N. Sra. de Fátima – Araras – 19h30min.
Dia 12 de novembro – sábado: Crisma – Paróquia Santa Josefina Bakhita – Nova Odessa –
19h00;
Aniversário mãe do padre Pedro Leandro – jantar em Americana.
Dia 13
de novembro - domingo: Missa –
Encerramento do Ano da Misericórdia – Basílica Santo Antônio – Americana –
07h00; Crisma – Menino Jesus (padre Alexander presidirá) – 10h00 – Limeira; Missa
– Encerramento do Ano da Misericórdia – Basílica N. Senhora do Patrocínio –
Araras – 10h00; Crisma – Nossa Senhora das Graças – Araras- 19h00 – Padre
Deivison.
Dia 17
de novembro – quinta-feira: Crisma – São Sebastiao – Leme – 19h30min – Padre Isael.
Dia 18
de novembro – sexta-feira: Atendimento
residência episcopal – período da manhã.
Crisma – N. Sra. de Fátima - Limeira – Padre Marcio
Marcelo – 19h30min.
Dias 19
de novembro – sábado: Assembleia
eletiva – Pastoral da Criança – N. Sra. Aparecida – Porto Ferreira – 08h00 até
16h00; Criação da Paróquia Nossa Senhora das Graças – 19h00 – Araras – Pe.
Deivison do Amaral.
Dias 20
de novembro – domingo: Missa –
Encerramento do Ano da Misericórdia – Santuário São Sebastião -07h00 - Porto
Ferreira; Crisma – São Manoel (Pe. João Luiz presidirá) – 10h00 – Leme; Missa –
Encerramento do Ano da Misericórdia – Catedral – Limeira – 10h00; Crisma –
Jesus Cristo Bom Pastor – Limeira – 18h00 – Pe. Vitor Minuti.
BÊNÇÃO E
DESPEDIDA
Presidente:
O Senhor esteja convosco.
Todos:
Ele está no meio de nós.
Presidente: Que o Senhor os abençoe e dê a todos
vocês a coragem de suportar os problemas do dia-a-dia. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
Presidente:
(Dá a benção
despede a todos).