DIOCESE DE LIMEIRA
SOLENIDADE DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
23 de junho de 2017
“Coração acolhedor e restaurador”
Leituras: Deuteronômio 7, 6-11; Salmo responsorial 102
(103), 1-2.3-4.6-7.8.10; Primeira de Carta de João 4, 7-16 e Mateus 11, 25-30.
COR
LITÚRGICA: BRANCA
Animador: Nós
somos um povo consagrado, um povo escolhido por Deus, porque temos a alegria de
conhecer e ter em nossos corações os pensamentos do coração de Deus.
Pensamentos de amor, que nos convidam a descansar na paz e na alegria. Peçamos,
pois, a graça de termos um coração semelhante ao Coração de Jesus.
1. Situando-nos
brevemente
Mais uma vez o aspecto litúrgico
desta festa possui uma matriz devocional, onde a Igreja com sua sabedoria e
firmeza doutrinal concentra sua atenção na essência teológica.
A divina humanidade de Cristo
simbolizada pelo seu Coração misericordioso encontra seu respaldo nas
Escrituras. Mas é nas revelações privadas que se encontra um eco mais prático
desta teologia, pois é através dela que o povo de Deus mais se identifica.
A memória devocional do Coração de
Jesus parece germinar nos claustros beneditinos a começar pelos místicos e
teólogos Anselmo de Aosta (+1109) e Bernardo de Claraval (+1153). Seguem neste
caminho místico espiritual as monjas cistercienses Mectilde de Harckborn
(+1229), Lutgarda Awyerte (1246) e Gertrudes de Helfta (+1303). Por incrível
que pareça as experiências místicas destas religiosas de clausura é durante os
atos litúrgicos, fonte permanente da espiritualidade da Igreja.
As revelações de Cristo e por vezes
da Virgem Maria centralizam toda atenção ao simbolismo do Coração de Jesus
cheio de amor e de misericórdia pela humanidade. Mas se destaca ainda no mundo
medieval o cardeal e doutor da Igreja, Boaventura de Bagnoregio (+1274) que na
sua obra Vitis Mysticis dá grande ênfase ao aspecto devocional do Coração de
Cristo. Assim também a célebre mística terciária Catarina de Sena (+1381) que
nos leva a conhecer suas experiências místicas nas quais Cristo oferece o amor
do seu Coração. A grande mística medieval, Gertrudes de Hefta é mais conhecida
por ter suas revelações privadas mais divulgadas pelo monge de cartucho
Landberg (+1539) e o beneditino Luís de Blois (+1566).
Com Francisco de Sales e sua
espiritualidade começa-se a difundir maior profundidade a esta devoção, onde
fez divulgar à nova congregação, juntamente com a co-fundadora Joana de
Chantal. Tal impulso de espiritualidade no período da Escola Francesa foi o
alicerce para que na ordem das Visitandinas surgisse a grandeza desta devoção.
O século XVII estava minado com os
pensamentos renascentistas, humanistas, da pseudo-reforma, do iluminismo, do
jansenismo e da futura Revolução Francesa que distanciavam o homem de Deus. É
dentro da clausura feminina que mais uma vez a devoção ao Coração de Jesus é
motivada a fim de que a humanidade o celebre, o reconheça e que Ele seja
honrado.
É com a religiosa visitandina
francesa Margarida Maria Alacoque (+1690) que esta devoção toma dimensões
universais graças à intervenção do seu confessor e impulsionador o jesuíta
Cláudio de la Colombiere (+1682). Jesus aparece para ela e insiste em que a
Igreja dedique ao seu Coração uma festa especifica logo após a festa de Corpus
Christi. Esta festa só vem a ser reconhecida e estendida a toda a Igreja graças
ao sacerdote Joao Eudes (+1680) que para sua congregação institui uma festa
própria.
A festa foi aprovada primeiramente
na Polônia e na Espanha, pelo Papa Clemente XIII em 1765. E somente em 1856,
Pio IX estendeu a festa do Coração de Jesus a toda a Igreja. Em 1889, foi
elevada à categoria litúrgica por Leão XIII, que também nos deixou o documento Annum sacrum a respeito desta devoção.
Ele consagra o mundo ao Coração de Cristo por iniciativa da bem-aventurada
Maria do Divino Coração de Jesus zu Vichering (+1899), religiosa alemã da
Congregação do Bom Pastor.
No século XX, Pio XI escreve um
documento importante, a carta Miserentissimus
Redemptor sobre a necessidade de “atos de reparação” ao Amor não amado de
Cristo. É, com o Papa Pacelli que temos o documento mais profundo e o sentido
teológico desta devoção com sua carta encíclica Haurietis Aquas, de 1956. Paulo VI a elevou à categoria de
solenidade, e nos convida a aproximar-nos do Coração de Cristo e beber com
alegria da fonte de salvação.
Para a Igreja a festa do Amor
divino, é a continua memória do Deus-Amor evocada nas Escrituras que 8000 vezes
assinala o Coração com o sentido de todo do ser humano em sua plenitude.
2. Recordando
a Palavra
Na Solenidade do Coração de Jesus,
a primeira leitura nos envolve com a beleza da narrativa de Moisés que se
concentra na lembrança do povo de Israel que passa ser um povo eleito,
abençoado. Mas esta escolha de predileção apela a uma condição, a uma
comunidade modelo para outros povos A escolha pela comunidade Israel não é
pelas suas qualidades, mas pelo amor misericordioso de Deus.
Como neste ano não teremos a
celebração da memória do Imaculado Coração de Maria, não podemos não deixar um
espaço a esta memória mariana, intrinsecamente relacionada com o do Coração de
Jesus. Deve-se passar obrigatoriamente por uma porta, o Coração de Maria. A
humanidade de Jesus depende do “sim” de Maria e, por sua vez, de sua humanidade
imaculada.
No livro Missas de Nossa Senhora o
n.28 é dedicado ao Imaculado Coração de Maria. Na introdução explicativa do
formulário encontramos o significado preciso esta memória: “designa a pessoa a
Santíssima Virgem, seu ser íntimo e único, centro e fonte de vida interior, de
entendimento e memória, da vontade e maior, o coração indiviso com que amou a
Deus e aos irmãos, e se doou à obra salvadora do Filho”.
3. Atualizando
a Palavra
A segunda leitura é toda voltada ao
tema do Amor. A carta de São João mostra a essência de Deus-Amor e a essência
do homem, embora pecador. Mas a presença de Deus no pecador é realçada “pelos
dons do Espírito”. Portanto, o Amor é o motor propulsor das relações
Deus-Homens-Deus. Ora, a natureza de Deus, sendo Amor, é a que deve regar a
vida dos homens.
Na liturgia da memória do Imaculado
Coração de Maria, inseparável da solenidade do Coração de Jesus, o livro Missas
de Nossa Senhora, n. 28 nos propõe como opção da leitura do Evangelho Lc 11, 27-28,
quando relata o elogio de uma mulher do povo à maternidade de Jesus. Ele exalta
antes a escuta da Palavra (Lc 2, 19.51) e a sua prática (Lc 1,27) iniciada em
Maria, sua Mãe.
4. Ligando a
Palavra com ação litúrgica
A beleza da mensagem evangélica de
Mateus é de um alcance extraordinário e pouco evidenciado em nossas
assembleias, onde é muito mais levada para o lado sentimental do que o
propriamente realístico da mensagem.
Entrando em contradição com a lei
judaica, tão reprovada por Jesus, onde fardos pesados são impostos ao povo, o
jugo do Senhor Jesus é doce e suave. Mas por quê? Porque a lei é o Amor e não
as normas rígidas em que muitas vezes nos debruçamos e fecham todas as
possibilidades aos (às) irmãos (ãs) que caem. Mas o anúncio é aos pequenos,
simples, humildes, aos que querem crescer aos grandes, arrogantes, prepotentes
a mensagem não encontra feedback.
O que Jesus anunciou foi o que em
resumo a carta de São João nos advertiu anteriormente. Contudo, o convite de
Jesus vai além de qualquer regra estabelecida pelos homens, pois é uma lei
eterna e, se ocorrer o contrário, o que Ele nos deixou não se sustenta.
Mas qual relação entre o Coração de
Jesus e o Coração de Maria que ilumina este Ano Mariano? Ora, Mateus evidencia
que na oração de agradecimento de Jesus ao Pai por ter revelado os mistérios do
Reino aos pequenos vai diretamente à Serva do Senhor. A grandiosidade do
mistério da salvação revelado a Maria na anunciação e todo o seu percurso íntimo
na vida de Jesus Cristo nos mostra que ela é a “cheia de graça” (Lc 1,26).
O evangelista Lucas, em 2, 19.51,
evidencia que o Coração de Maria é um sacrário onde se concentram as revelações
de Deus aos pequenos. Desta escuta ativa e não passiva como poder correr conosco
é encorajada a prática. Mais ainda, no Magnificat, Lucas põe na boca da Virgem
Maria o mesmo que Cristo futuramente vai agradecer ao Pai por ter ocultado aos
sábios e inteligente, mas revelado aos humildes.
Oração da Assembleia
Presidente: Com
nosso coração humano transbordando de fé e de confiança no Deus da vida,
elevemos a Ele nossas preces, clamando:
Todos: Deus de amor, atendei-nos.
1. Deus ama-nos amor infinito! Para
que ninguém viva triste e ferido neste mundo, pois pode contar sempre com o
amor de Deus, rezemos ao Deus de amor:
2. O amor tudo transformai! Para
que sejam transformados o coração e a atitude das pessoas que pensam e praticam
maldades, rezemos ao Deus do amor:
3. O amor une-nos como irmãos! Para
que haja união em nossas comunidades e sejamos de verdade uma Igreja viva,
atuante e presente no mundo, rezemos ao Deus de amor:
4. O Apostolado da Oração tem uma grande
missão! Para que todos os membros do Apostolado da Oração supliquem ao Senhor
pelas necessidades de todos os homens e mulheres, rezemos ao Deus de amor
(Outras intenções)
Presidente: Assisti-nos,
ó Deus, com vossa infinita misericórdia, e dai-nos progredir em vosso amor. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
Oração sobre as oferendas:
Presidente: Considerai,
ó Deus, o indizível amor do Coração do vosso amado Filho, para que nossas
oferendas vos agradem e sirvam de reparação por nossas faltas. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos: Amém.
Oração depois da comunhão
Presidente: Ó Deus,
que este sacramento da caridade nos inflame em vosso amor e, sempre voltados
para o vosso Filho, aprendamos a reconhecê-lo em cada irmão. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
Agenda do Bispo Diocesano:
Dia 22 de
junho – quinta-feira: Missa no Seminário Maior São João Maria Vianney,
às 18h00 em Campinas, encerramento do semestre.
Dia 23 de
junho – sexta-feira: Missa com os restos mortais do Mons. Alberto Veloni, na Par.
Sagrado Coração de Jesus, às 09h30, e colocação em novo local na Igreja matriz,
Conchal, SP.
Dia 24 de
junho – sábado: Crisma – Nossa Senhora Aparecida, Pe. Antônio Ramildo, às 19h30,
na cidade de Cosmópolis, SP.
Dia 25 de
junho – domingo: Missa dos 50 anos das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, às
10h00, Matriz Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Pirassununga, SP; e Missa de
Encerramento da 3ª. Etapa da Escólica no Centro Diocesano de Limeira (CDL), às
16h00, Limeira, SP.
BÊNÇÃO E
DESPEDIDA
Presidente: O
Senhor esteja convosco!
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: Abençoe-vos
Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo!
Todos: Amém.
Presidente: Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus.