Dom
Vilson Dias de Oliveira
Diocese
de Limeira
São
Pedro e São Paulo são colunas da Igreja e referencias
incontestáveis do seguimento de Cristo ressuscitado
Leituras:
At 12,1-11; Sl 33 (34); 2Tm 4, 6-8.17-18; Mt 16,13-19.
Cor
litúrgica: Vermelho
Animador:
Nesta Eucaristia, Celebramos a Solenidade das duas colunas da Igreja:
São Pedro e São Paulo. Pedro: Simão responde pela fé dos seus
irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa sua
vocação de ser “pedra”, rocha,
para que Jesus edifique sobre ele a comunidade daqueles que aderem a
ele na fé. Pedro deverá dar firmeza aos seus irmãos (cf. Lc
22,32).
Esta “nomeação” vai
acompanhada de uma promessa infalível: as “portas”
do
inferno não poderão nada contra a Santa Igreja de Cristo, que é
uma realização do “Reino
do Céu”.
Jesus lhe confia também “o
poder das chaves”, ou
seja, o serviço do administrador de sua casa, de sua família, de
sua comunidade ou cidade. Na medida em que a Igreja é a realização,
provisória, parcial, do Reino de Deus, Pedro e seus sucessores, os
Papas, são administradores dessa parcela do Reino de Deus.
1.
Situando-nos brevemente
Os
Apostolo Pedro e Paulo tem a última responsabilidade do serviço
pastoral. Pedro, sendo aquele que responde “pelos
doze”, administra
ou governa as responsabilidades da evangelização. Pedro recebe,
ainda, o poder de ligar e de desligar, o poder de decisão, de
obrigar ou de deixar livre. Não se trata de um poder ilimitado, mas
da responsabilidade pastoral, que concerne à orientação dos fiéis
para a vida em Deus, no caminho de Cristo.
Dois
perfis totalmente diferentes, duas missões específicas na vida da
Igreja. Como se sabe, a Igreja vive sob o sopro do Espírito. Ele age
em quem quer, como quer, onde quer e quando quer, assim, a solenidade
dos santos apóstolos Pedro e Paulo tem muito a nos ensinar. A
escolha de Cristo por estes dois apóstolos é intrigante.
Sob
a fragilidade de Pedro, por vezes indócil, violento e teimoso,
Cristo vai alicerçar a sua Igreja. Sob um passado de terror, de
perseguições aos cristãos e assassinatos aos mesmos (At 1,13),
Cristo reverte a natureza da situação da vida de Paulo,
transformando-o de perseguidor em grande servo e apóstolo.
A
Igreja no Brasil por motivos pastorais, transfere a solenidade de São
Pedro e São Paulo para o domingo seguinte, caso o dia 29 de junho
caia em dia de semana. Estes dois personagens históricos são
colunas da Igreja e referencias incontestáveis do seguimento de
Cristo ressuscitado. São duas faces da adesão e prática da
mensagem do Evangelho e, hoje, são venerados como alicerces da
Igreja.
2.
Recordando a Palavra
No
Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas procura mostrar como o plano
salvador de Deus para os homens continua a cumprir-se, mesmo depois
da partida de Jesus para junto do Pai. Os discípulos de Jesus são
agora, no meio do mundo, as testemunhas desse projeto de libertação
que Deus ofereceu aos homens através de Jesus Cristo.
Como
é que o mundo acolhe o testemunho dos discípulos? Deus deixa as
testemunhas do seu projeto de salvação entregues à sua sorte, à
mercê da perseguição e da incompreensão do mundo? O texto que nos
é proposto como primeira leitura procura responder a estas questões.
Os
elementos históricos avançados por Lucas sobre a morte de Tiago e a
prisão de Pedro, no contexto da perseguição contra a Igreja
durante o reinado de Herodes Agripa I (12, 1-4), mostram como o
testemunho do projeto libertador de Deus no mundo gera sempre
confronto com as forças da opressão e da morte. Trata-se de uma
realidade que não deve deixar os discípulos surpreendidos, pois o
próprio Jesus teve que percorrer o caminho da cruz (a indicação de
que Pedro foi preso no dia dos Ázimos e, portanto, muito próximo do
dia de Páscoa, pode sugerir uma correspondência com a Páscoa de
Jesus: o caminho que Pedro está a seguir é o mesmo caminho do
Mestre). Por outro lado, a oposição do mundo não pode nem deve
calar o testemunho que os discípulos são chamados a dar.
Enquanto
Pedro estava na prisão, a Igreja orava por ele (12,5). A indicação
mostra uma comunidade cristã unida, em que os crentes estão
próximos e solidários, apesar da distância e das grades da prisão.
Por outro lado, o fato da libertação de Pedro acontecer enquanto a
Igreja “orava insistentemente a Deus por ele” mostra como Deus
escuta a oração da comunidade.
A
maravilhosa história da libertação de Pedro (12, 6-11) mostra a
presença efetiva de Deus na caminhada da sua Igreja e a solicitude
com que Deus cuida daqueles que dão testemunho do seu projeto de
salvação no meio dos homens.
O
relato está construído com elementos maravilhosos e prodigiosos que
não são, certamente, de carácter histórico (o aparecimento do
“anjo do Senhor”, a luz que iluminou a cela da cadeia, a passagem
pelos guardas sem que nenhum deles tivesse percebido a fuga do
prisioneiro, a abertura milagrosa da porta da prisão); mas pretendem
sublinhar a presença de Deus e por no testemunho dos apóstolos o
“selo de garantia” de Deus. Não há dúvida: Deus está com os
apóstolos e, diante da oposição do mundo, garante a autenticidade
da proposta apresentada por eles.
3.
Atualizando a Palavra
Como
cenário de fundo da nossa primeira leitura, está o fato da
comunidade cristã (aqui representada por Pedro) ser uma comunidade
que tem como missão dar testemunho do projeto libertador de Deus no
meio dos homens. A Igreja que nasce de Jesus não é uma comunidade
fechada em si própria, ou que vive apenas de olhos postos no céu à
espera que Deus, de forma mágica, renove o mundo; mas é uma
comunidade comprometida com a transformação do mundo, que
testemunha – com palavras e com gestos concretos – os valores de
Jesus, do Evangelho e do mundo novo.
O
nosso texto mostra que o anúncio da proposta de salvação que Deus
faz aos homens gera sempre oposição. Essa oposição vem,
especialmente, daqueles que querem perpetuar os mecanismos de
exploração, de injustiça, de morte; mas também pode vir de quem
está comodamente instalado na escravidão e não tem a coragem de
questionar as cadeias que o prendem… Em qualquer caso, a oposição
traduz-se sempre em atitudes de incompreensão, de desrespeito, ou
mesmo de perseguição declarada. Uma Igreja que procura ser fiel ao
mandato de Jesus e testemunhar a libertação de Deus ver-se-á
sempre confrontada com esta realidade.
Todos
nós, discípulos de Jesus, chamados a testemunhar a vida de Deus na
sociedade, no nosso local de trabalho, na nossa família, conhecemos
a oposição, as calúnias, os sarcasmos, a dificuldade em que levem
a sério o nosso testemunho… Tal fato não deve preocupar-nos
demasiado: é a reação lógica do mundo quando se sente questionado
pelos valores de Jesus. Para nós, o que é importante é afirmar,
com sinceridade e verticalidade, os valores em que acreditamos.
A
história de Pedro que hoje nos é proposta garante-nos que, nos
momentos de perseguição e de oposição, o nosso Deus não nos
abandona. Ele será sempre uma presença reconfortante e libertadora
ao nosso lado, dando-nos a coragem para continuarmos a nossa missão
e para darmos testemunho dos valores do Reino. O cristão não tem
medo porque sabe que Deus está com ele e que, por isso, nenhum mal
lhe acontecerá.
A
nossa história sugere também a importância da união e da
solidariedade da comunidade, sobretudo para com os irmãos que estão
longe ou que estão em situações dramáticas de sofrimento. A
oração é uma forma de manifestar essa solidariedade e a comunhão
que deve unir todos os irmãos, membros da mesma família de fé.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
Paulo
foi uma das figuras que marcou, de forma decisiva, a história do
cristianismo. Ao olharmos para o seu exemplo, impressiona-nos como o
encontro com Cristo marcou a sua vida de forma tão decisiva;
espanta-nos como ele se identificou totalmente com Cristo;
interpela-nos a forma entusiasmada e convicta como ele anunciou o
Evangelho em todo o mundo antigo, sem nunca vacilar perante as
dificuldades, os perigos, a tortura, a prisão, a morte;
questiona-nos a forma como ele quis viver ao jeito de Cristo, num dom
total aos irmãos, ao serviço da libertação de todos os homens.
Paulo é, verdadeiramente, um modelo e um testemunho que deve
interpelar, desafiar e inspirar cada crente.
O
caminho que Paulo percorreu continua a não ser um caminho fácil.
Hoje, como ontem, descobrir Jesus e viver de forma coerente o
compromisso cristão implica percorrer um caminho de renúncia a
valores a que os homens dos nossos dias dão uma importância
fundamental; implica ser incompreendido e, algumas vezes, maltratado;
implica ser olhado com desconfiança e, algumas vezes, com
comiseração… Contudo, à luz do testemunho de Paulo, o caminho
cristão vivido com radicalidade é um caminho que vale a pena, pois
conduz à vida plena.
Concordo?
É este o caminho que eu me esforço por percorrer? Convém ter
sempre presente esse dado fundamental que deu sentido às apostas de
Paulo: aquele que escolhe Cristo não está só, ainda que tenha sido
abandonado e traído por amigos e conhecidos; o Senhor está a seu
lado, dá-lhe força, anima-o e livra-o de todo o mal. Animados por
esta certeza, temos medo de quê?
Oração
dos fiéis
Presidente:
Celebrando a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, pedras
fundamentais da igreja, supliquemos ao Senhor:
Todos:
Senhor, escutai a nossa prece.
1.
Senhor, pedimos pela tua Igreja para que possa conduzir seus fiéis
conforme os desígnios de Cristo. Peçamos:
2.
Senhor, que os governantes olhem com carinho os mais necessitados,
para que eles possam ter uma vida mais justa e digna. Peçamos:
3.
Senhor, por todos que perderam a esperança, possam sentir o seu
poder transformador. Peçamos:
4.
Senhor, por todos nós aqui reunidos, que possamos ser verdadeiros
agentes transformadores para a comunidade. Peçamos:
Presidente:
Considerai, ó Pai, as dificuldades pelas quais passamos em nossas
vidas pessoais e na vida comunitária, e considerai com carinho
nossos pedidos, para que possamos navegar seguros com teu Filho e
nosso Senhor no mar da vida. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
Oração
sobre as oferendas:
Presidente:
Acolhei, ó Deus, este sacrifício de reconciliação e louvor, e
fazei, que purificados por ele, possamos oferecer-vos um coração
que vos agrade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
Oração
após a comunhão:
Presidente:
Renovados pelo Corpo e Sangue do vosso Filho, nós vos pedimos, ó
Deus, que possamos receber um dia, resgatados para sempre, a salvação
que devotamente estamos celebrando. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
Bênção
e despedida:
Presidente:
O Senhor esteja convosco.
Todos:
Ele está no meio de nós.
Presidente:
Deus,
que vos firmou na fé apostólica, vos abençoe pelos méritos e a
intercessão dos Santos apóstolos Pedro e Paulo.
Todos:
Amém.
Presidente:
Aquele que vos quis instruir pela doutrina e exemplo dos apóstolos
vos torne, por sua proteção, testemunha da verdade para todos.
Todos:
Amém.
Presidente:
Pela intercessão dos apóstolos, que vos deram por sua doutrina e
firmeza da fé, possais chegar à pátria eterna.
Todos:
Amém.
Presidente:
Abençoe-vos
o Deus todo-poderoso, +
Pai e Filho e Espírito Santo.
Todos:
Amém.
Presidente:
Ide
em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Todos:
Graças a Deus.