Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
23 de dezembro de 2018
“Bendita és tu entre as mulheres” Lc 1, 42b
Leituras:
Miquéias 5, 1-4a; Salmo 79 (80); Carta aos Hebreus 10,5-10; Lucas 1, 39-45.
COR LITÚRGICA: ROXA
Animador: Nesta Eucaristia, lembramos a visita que Maria fez a Isabel.
Isso é um ato de amor e mostra quanto ela viveu o dom da fé. O Papa Francisco
em sua Bula “Misericordiae Vultus” –
sobre a Misericórdia diz: “Escolhida para ser Mãe do Filho de Deus, Maria foi
preparada desde sempre, pelo amor do Pai, para ser Arca da Aliança entre Deus e
os homens. Guardou, no seu coração, a misericórdia divina em perfeita sintonia
com o seu Filho Jesus. O seu cântico de louvor, no limiar da casa de Isabel,
foi dedicado à misericórdia que se estende ‘de geração em geração’ (Lc 1, 50).
Também nós estávamos presentes naquelas palavras proféticas da Virgem Maria.
(MV 24).
Oração do
Dia: Derramai, ó Deus, a vossa graça em
nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do
vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por N.
S. J. C. ...
T.: Amém.
1. Situando-nos
Neste quarto domingo abre-se para nós o clarão do
amanhecer, anunciando a chegada do Sol nascente na figura de duas mulheres
grávidas e na expectativa de um novo parto da salvação de Deus.
Neste domingo, nosso pensamento volta-se para a Mãe da
Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para
podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus (cf. Misericordiae
Vultus).
Irrompe em nossa humanidade de modo fascinante a atuação
definitiva do amor compassivo de Deus. O acendimento das quatro velas nos
confirma a achegada plena da luz no seio bendito de Maria, a cheia de graça.
Maria torna-se habitação viva de Deus entre nós. Como
portadora da salvação, põe-se a caminho e, no encontro serviçal e gratuito com
Isabel, experimenta a alegria da realização das promessas de Deus.
A antífona da entrada: “Céus, deixai cair orvalho das
alturas, e que as nuvens façam chover justiça: abra-se a terra e germine a
salvação” (Is 45,8) nos introduz na alegre certeza da vinda da salvação que
marca a liturgia deste domingo.
Mesmo na alucinação das compras natalinas, atordoados
pelos anúncios de um Natal esvaziado pelo consumismo, a humanidade e o cosmos chamam esperançosos pelo Reino e
se enternecem diante da simplicidade, da gratuidade e do serviço desinteressado,
expressão de amor e da fidelidade de Deus que conduz a nossa história.
2. Recordando a
Palavra
Isabel, cujo nome significa “Deus é plenitude”, ficou por
cinco meses em retiro respeitoso, conforme nos diz Lucas 1,24, diante da sua
gravidez: ação de Deus retirando-lhe a humilhação. Seu silêncio foi quebrado
pela jovem prima Maria, no sexto mês de gestação e Isabel abre-se para esse
encontro: duas mulheres, duas crianças, primeira e segunda aliança se abraçam e
se entrelaçam. Encontro misterioso entre João e Jesus que provoca ação de
graças cantada por Maria. João antes de nascer, cheio do Espírito Santo, é
chamado para ser profeta.
Abraão e Maria – pai e mãe da fé. Pela fé de Abraão
inicia-se uma caminhada de promessas e de fidelidade. Pela fé e fidelidade de
Maria cumprem-se as promessas. Maria apressadamente põe-se a caminho nas
montanhas de Judá, cenário do projeto tribal, entra na casa de Zacarias e
Isabel, saudando-a. Isabel ouve a saudação e a resposta vem de suas entranhas,
ficando plena do Espírito Santo. E aquela senhora idosa grita com a vivacidade
de uma criança, abençoando Maria; “Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”!
Isabel profetiza unindo três elementos presentes em Maria:
a fé, a maternidade e o Messias. Crendo, Maria tornou possível o cumprimento da
promessa de Deus através dela.
Maria louva a Deus que cumpre suas promessas aliando
pessoas como Isabel, Zacarias e ela mesma, a “Serva do Senhor”. “A minha alma proclama a grandeza do Senhor,
meu espírito festeja a Deus, meu salvador, porque olhou a humilhação de sua
escrava”. Maria reconhece que este é o estilo de Deus: onde há pequenez,
fraqueza, impossibilidade humana, Ele realiza seu projeto, tão longamente
esperado e preparado.
A primeira leitura, do livro de Miquéias, fala do rebento
da casa de Davi, o pastor messiânico, que virá de Belém (Casa do pão) de Éfata,
terra de Judá. Belém é cidade pequena, sem importância, mas é de onde virá o
Messias.
O mundo novo que Jesus vem propor é um dom de amor de Deus.
O nome de Jesus é “a Paz”: Ele vem apresentar uma proposta de um “reino” de paz
e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos
corações humanos mais simples e pobres.
O Salmo 79 (80) é uma súplica coletiva: “convertei-nos, ó
Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para
nós, seremos salvos!” O povo clama a Deus, chamando-o de Pastor de Israel,
pedindo que cuide de seu rebanho, que é o Reino do Norte. Pede que o Senhor
visite a vinha, mas reconhece que não foi Deus que abandonou a vinha, mas o
rebanho que se afastou do Pastor.
A carta aos Hebreus apresenta Jesus como quem supera a
instituição cultual do Antigo Testamento. O único fato salvador que obtém o
perdão de uma vez por todas é o sacrifício de Jesus, que entregou totalmente
sua vida, seu corpo e seu sangue. É necessário que os homens acolham esta
proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num
“sim” total ao projeto de Deus.
3. Atualizando
a Palavra
Deus se encarna em lugar social concreto para reconstruir
a humanidade, a sociedade e o mundo. É em um pequeno resto de Israel, no meio
dos pobres, dos marginalizados e excluídos, como Maria, Isabel, Zacarias e João
que Deus faz sua morada. A salvação nasce dos pobres e os primeiros cristãos
vibravam com essa boa notícia. A Trindade entra na casa dos pobres humilhados
que esperam a libertação.
Os nomes das personagens envolvidas nesta cena são
reveladores: Jesus = Deus salva; João = Deus é misericórdia; Isabel = Deus é
plenitude; Zacarias = Deus se lembrou; Maria = a amada. Os pobres proclamam a
misericórdia de Deus que se lembra deles. Deus vem morar com eles, porque os
ama, trazendo-lhes a plenitude da salvação.
É nos pequenos e pobres das periferias, das roças, nos
indígenas, nos ribeirinhos, nos marginalizados e nos desprezados de hoje que
Jesus se encarna, devolvendo-lhes a esperança e a paz. Em nossas pequenas
comunidades, é que faz coisas grandes, em lugares pouco importantes, é que Deus
realiza coisas extraordinárias.
Conforme anunciado por Miquéias, a salvação não vem da
capital, do lugar do poder dos grandes, mas vem da graça. O poder de Deus
manifestada através dos pequenos trará a plenitude dos bens, a paz para todos
os povos.
A figura modelar deste quarto domingo do Advento é Maria.
Ela nos ajuda a contemplar o mistério do Natal – do Deus que se faz servo – à
luz do seu “sim”. Sigamos o exemplo de Maria, fazendo do nosso coração um
“presépio acolhedor”, descobrindo que o Natal é obra gratuita da bondade
divina, e procurando ser fiéis aos projetos de Deus revelados pelos
acontecimentos de nossa história.
Maria acreditou e pela sua fé nas palavras do anjo dá o
consentimento para que seja realizada nela a Vontade de Deus. É
uma Palavra Criadora! Nos preparamos para celebrar o Natal e somos
convidados como comunidade cristã a acreditar na Palavra de Deus como Palavra
Criadora.
Podemos perguntar-nos onde está surgindo essa vida
nova que o Espírito está gerando no nosso mundo hoje? Há muitas situações
que no seu interior levam uma esperança de vida, onde o sofrimento e a
injustiça não são aquilo que está triunfando. É uma vida que se engendra
em segredo e não é possível percebê-la de imediato. A Palavra é criadora e
expande-se pelos rincões do mundo inteiro. Só há uma condição: acreditar
nela assim como Maria e comunicar sua alegre presença “depressa”, sem
fronteiras.
4. Ligando a
Palavra com a ação eucarística
Nesta celebração, somos visitados pela presença amorosa do
Senhor que nos faz exaltar de alegria pela salvação. A Palavra reacende em nós
o desejo de ajustar nossos projetos ao projeto de Deus.
Exultamos de alegria, reconhecendo a semente bendita da
compaixão de Deus presente em nossa vida, na luta dos pequenos, e na condução
de nossa história.
Por isso, em ação de graças, expressamos comunitariamente
nossa adesão ao Senhor. A exemplo de Maria, apresentemos amorosamente ao Pai
nossa vida, nossos sonhos, como oferenda espiritual, a serviço da salvação. Ao
comungar, recebemos o alimento que nos fortalece para “prepararmos com maior
empenho os caminhos para o novo Natal do Senhor”, pedimos na oração depois da
comunhão.
Tendo participado da “Eucaristia
e pelo poder do Espírito Santo, os fiéis levarão no seu próprio corpo aquilo
que Maria carregou no seu ventre. Como ela, deverão ‘apressadamente’ fazer o
bem ao próximo. As suas boas ações, realizadas a exemplo de Maria,
surpreenderão, então, os outros com a presença de Cristo, fazendo com que
dentro deles exista um estremecer de alegria” (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO
DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório Homilético. Edições CNBB,
2015, n. 109).
“Escolhida
para ser a Mãe do Filho de Deus, Maria foi preparada desde sempre, pelo amor do
Pai, para ser Arca da Aliança entre Deus e os homens. Guardou, no seu coração,
a misericórdia divina em perfeita sintonia com o seu Filho Jesus. O seu cântico
de louvor, no limiar da casa de Isabel, foi dedicado à misericórdia que se
estende ‘de geração em geração’ (Lc 1,50)” - (Misericordiae Vultus, n. 24).
PRECES DOS
FIÉIS
Presidente: Certamente na caminhada que Maria fez até chegar à casa de
Isabel muito rezou e louvou a Deus. Imitando Maria é que vamos também elevar a
Deus nossas preces e orações.
1. Vem Senhor e proteja a Igreja,
mantendo-a unida no caminho da salvação. Peçamos:
T.: Cantado - Ó vem Senhor, não tardes mais,
vem saciar nossa sede de paz.
2. Vem Senhor e converta os
governantes para que possam dar exemplos de amor e de responsabilidade.
Peçamos:
3. Vem Senhor e faça reinar o amor e
o respeito nesta cultura tão marcada pela falta de ética e pela violência.
Peçamos:
4. Vem, Senhor e ajude a transformar
nosso modo de agir, levando-nos a uma verdadeira conversão. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente: Acolhei nossos pedidos, ó Pai, neste dia que a alegria cresce
em nós por causa da proximidade do Natal de Jesus. Favorecei-nos com o dom da
alegria e da paz para que o Natal seja um encontro com Jesus realizado na
fraternidade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presid.: Ó Deus, que o mesmo Espírito Santo, que trouxe a vida ao seio
de Maria, santifique essas oferendas colocadas sobre o vosso altar. Por Cristo,
nosso Senhor.
T.: Amém.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO:
Presid.: Ó Deus todo-poderoso, tendo nós recebido o penhor da eterna
redenção, fazei que, ao aproximar-se a festa da salvação, nos preparemos com maior
empenho para celebrar dignamente o mistério do vosso filho. Que vive e reina
para sempre.
T.: Amém.
Bênção Final para o Advento:
PR: O Senhor esteja convosco.
AS: Ele
está no meio de nós.
PR: Que o
Deus onipotente e misericordioso vos ilumine com o advento de seu Filho, em
cuja vinda credes e cuja volta esperais, e derrame sobre vos as suas bênçãos.
AS: Amém!
PR: Que durante esta vida ele vos torne firmes na fé, alegres na
esperança e solícitos na caridade.
AS: Amém!
PR: Alegrai-vos agora pela vinda do salvador feito homem, sejais
recompensados com a vida eterna, quando vier de novo em sua glória.
AS: Amém!
PR: Abençoe-vos Deus
todo-poderoso, Pai e Filho + e
Espírito Santo.
AS: Amém.
PR: A alegria do Senhor seja a vossa força. Ide em paz, e que o
Senhor vos acompanhe.
AS: Graças
a Deus.