Os Bispos Católicos do Regional Sul 1, da CNBB (Estado de São Paulo), no cumprimento de sua missão pastoral, oferecem as seguintes orientações aos seus fiéis para a participação consciente e responsável no processo político-eleitoral deste ano:
A Diocese de São José dos Campos não indicará nomes de candidatos(as) para os cargos políticos, pois “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política...” (Bento XVI, Deus caritas est, 28). Inspirada na Palavra de Deus e no Ensinamento Social, a Igreja procura orientar seus fiéis acerca de momento tão importante para toda a sociedade. Voto é coisa séria e não tem preço, tem consequências! A seguir apresentamos as orientações dos bispos do Estado de São Paulo, definidas em nossa última Assembleia.
Dom Moacir Silva,
bispo diocesano de São José dos Campos
1. O poder político emana do povo.
Votar é um exercício importante de cidadania; por isso, não deixe de participar das eleições e de exercer bem este poder. Lembre- se de que seu voto contribui para definir a vida política do País e do nosso Estado.
2. O exercício do poder é um serviço
ao povo. Verifique se os candidatos estão comprometidos com as grandes questões que requerem ações decididas dos governantes e legisladores: a superação da pobreza, a promoção de uma economia voltada para a criação de postos de trabalho e melhor distribuição da renda, educação de qualidade para todos, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à vida e defesa do meio ambiente.
3. Governar é promover o bem comum.
Veja se os candidatos e seus partidos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social, a segurança pública, a superação da violência, a justiça no campo, a dignidade da pessoa, os direitos humanos, a cultura da paz e o respeito pleno pela vida desde a concepção até a morte natural. São valores fundamentais irrenunciáveis para o convívio social. Isso também supõe o reconhecimento à legítima posse de bens e à dimensão social da propriedade.
4. O bom governante governa para todos.
Observe se os candidatos representam apenas o interesse de um grupo específico ou se pretendem promover políticas que beneficiem a sociedade como um todo, levando em conta, especialmente, as camadas sociais mais frágeis e necessitadas da atenção do Poder público.
5. O homem público deve ter idoneidade moral.
Dê seu voto apenas a candidatos com “ficha limpa”, dignos de confiança, capazes de governar com prudência e equidade e de fazer leis boas e justas para o convívio social.
6. Voto não é mercadoria.
Fique atento à prática da corrupção eleitoral, ao abuso do poder econômico, à compra de votos e ao uso indevido da máquina administrativa na campanha eleitoral. Fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, às autoridades competentes.
Questione também se os candidatos estão dispostos a administrar ou legislar de forma transparente, aceitando mecanismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com um histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber nosso apoio nas eleições.
7. Voto consciente não é troca de favores,
mas uma escolha livre. Procure conhecer os candidatos, sua história pessoal, suas ideias e as propostas defendidas por eles e os partidos aos quais estão filiados. Vote em candidatos que representem e defendam,
depois de eleitos, as convicções que você também defende.
8. A religião pertence à identidade de um povo.
Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé.
9. A Família é um patrimônio da humanidade e um bem insubstituível para a pessoa.
Ajude a promover, com seu voto, a proteção da família contra todas as ameaças à sua missão e identidade natural.
A sociedade que descuida da família, destrói as próprias bases.
10. Votar é importante, mas ainda não é tudo.
Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas dos governantes e parlamentares, para cobrar deles a coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas.
Aparecida, 29 de junho de 2010
Dom Nelson Westrupp, scj
Presidente do CONSER
Dom Benedito Beni dos Santos
Vice-Presidente
Dom Airton José dos Santos
Secretário-Geral