Liturgia Diária Comentada 25/03/2013
Semana Santa - 2ª Semana do Saltério
Prefácio da Paixão II - Ofício próprio
Cor: Roxo - Ano Litúrgico “C” - São Lucas
Antífona: Salmo 34,1-2; Salmo 139,8 Acusai, Senhor, meus acusadores;
combatei aqueles que me combatem! Tomai escudo e armadura, levantai-vos, vinde
em meu socorro! Senhor, meu Deus, força que me salva!
Oração do Dia: Concedei, ó Deus, ao vosso povo, que desfalece por sua fraqueza,
recobrar novo alento pela paixão do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
LEITURAS:
Primeira Leitura: Is 42,1-7
Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas.
“Eis o meu servo - eu o recebo; eis o meu eleito - nele se compraz
minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações.
Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma
cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento
para obter a verdade. Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não
estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos”.
Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e
tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da
vida ao que nela se move: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei
pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das
nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do
cárcere os que vivem nas trevas. - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: Nesta semana privilegiada a
liturgia nos oferece a possibilidade de meditarmos sobre a figura do servo de
Javé, a mais idônea para nos preparar para a contemplação do Calvário. Sua
imagem prenuncia a de Cristo. O servo procederá com firmeza inabalável, com uma
energia que não se detém enquanto não realizar a tarefa que lhe foi demarcada.
A cruz assinalou a inversão de toda lógica humana. Com ela Jesus
atingiu o fundo, não só da humilhação, mas da derrota, da qual não se teria
podido nunca levantar. Entretanto da sua morte saiu a vida, do aviltamento, a
suprema glorificação.
A salvação não será nunca obra nossa, mas dom, gratuito para nós e
sofrido por quem no-lo mereceu. Por força da vocação, o servo é destinado a
conciliar em sua ação qualidades que se mostram inconciliáveis.
Salmo: 26, 1. 2. 3. 13-14 (R.
1a)
O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? / O Senhor é a
proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei?
Quando avançam os malvados contra mim, / querendo devorar-me, / são
eles, inimigos e opressores, / que tropeçam e sucumbem.
Se contra mim um exército se armar, / não temerá meu coração; / se
contra mim uma batalha estourar, / mesmo assim confiarei.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. /
Espera no Senhor e tem coragem, / Espera no Senhor.
Evangelho: Jo 12,1-11
Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que
ele havia ressuscitado dos mortos. Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia
e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Maria, tomando quase meio litro
de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com
seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o
havia de entregar: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de
prata, para dá-las aos pobres?” Judas falou assim, não porque se preocupasse
com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava
o que se depositava nela. Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista
do dia da minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim,
nem sempre me tereis”.
Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá,
não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara
dos mortos. Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque
por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus. - Palavra da Salvação.
Comentando o Evangelho (Antônio Carlos Santini / Com. Católica Nova
Aliança): Que cena! Em pleno jantar - reunião judaica da qual só
participavam os homens, - a irmã de Lázaro, ao qual Jesus acabara de
ressuscitar no capítulo 11 do mesmo Evangelho, invade literalmente o espaço do
convívio para realizar um ato simbólico. Maria traz um frasco de nardo puro,
isto é, sem estar diluído em outro óleo, para com ele ungir os pés do Mestre.
De quebra, ainda os enxuga com seus próprios cabelos.
Que cena! E que reações subterrâneas terá provocado nos convidados! A
presença feminina imprópria, segundo os padrões daquela época. A ousadia de
soltar os cabelos em público - a mulher judaica os trazia presos e cobertos por
um véu; só diante do esposo, no recesso da alcova nupcial, é que ela soltava os
cabelos. - E o que mais incomodou ao economista Judas Iscariotes – o
desperdício de dinheiro... Segundo a opinião de um entendido em finanças (o
próprio Judas), aquele aroma valeria no mínimo 300 denários, isto é, o salário
de um operário que trabalhasse 300 dias! Afinal, o nardo era substância rara, importada
da Ásia...
O texto original grego traz a expressão nárdon pistikes [νάρδον
πιστικης], onde o segundo termo se associa à palavra “fé” [em grego, πίστις]. O
humilde gesto de adoração feito por Maria de Betânia sinalizava a sua fé na
natureza divina do Senhor. Uma fé que se irradiava em torno, tal qual a
fragrância do perfume. Algo que nos recorda o óleo do crisma, também ele
perfumado, para indicar que, ao receber a confirmação de seu batismo, o fiel
assume o compromisso de testemunhar!
Insatisfeito, Judas propõe uma espécie de opção obrigatória entre a
adoração a Deus e o serviço aos pobres. Nada mais falso! Essa conhecida
“economia de bálsamo” redunda em péssima teologia! Aliás, o serviço ao pobre só
tem valor se significa uma forma de adoração a Deus, que é o Pai dos pobres...
Ainda hoje, entre nós, há quem reclame dos gastos com o culto divino,
com a construção de templos dignos de Deus. Coisa de burguês. Os pobres são os
primeiros a exigir dignidade para as coisas de Deus. Se, no Carnaval, os
moradores da favela não querem saber de economia para celebrar sua alegria,
investindo como perdulários nas alegorias das escolas de samba, quanto mais
devemos nós investir para que o culto divino tenha brilho e solenidade!
Maria ainda hoje é lembrada por seu amoroso “desperdício”. Estamos
economizando para Deus?
INTENÇÕES PARA O MÊS DE MARÇO:
Geral – Respeito à natureza: Que cresça, o respeito à
natureza, obra de Deus confiada a nossa responsabilidade.
Missionária – Bispos, Sacerdotes e Diáconos: que os Bispos,
Padres e Diáconos sejam incansáveis anunciadores do Evangelho até os confins da
Terra.
TEMPO LITÚRGICO:
Tempo da Quaresma (CNBB-DL/2011): Vai da quarta-feira de Cinzas até
a missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da
Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a
dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou
preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais
frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração
do mistério pascal” (SC 109).
· Durante este tempo, é
proibido ornar o altar com flores, o toque de instrumentos musicais só é
permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4º
Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.
· A cor do tempo é
roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar cor-de-rosa. (IGMR nº308f)
· Em todas as Missas e
Ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.
· Nas solenidades e
festas somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deume o
Glória.
· As memórias
obrigatórias que ocorrem neste dia podem ser celebradas como memórias
facultativas. Não são permitidas missas votivas (devoção particular).
· Na celebração do
Matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, deve-se sempre dar a bênção nupcial;
mas admoestem-se os esposos que se abstenham de demasia pompa.
Cor Litúrgica: ROXO - Simboliza a preparação, penitência ou
conversão. Usada nas missas da Quaresma e do Advento.
Fonte: CNBB / Missal Cotidiano
Ricardo e Marta - Comunidade São Paulo Apóstolo