DIOCESE DE LIMEIRA
3º
DOMINGO DO TEMPO COMUM – 25/01/2015
“Eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus”
Leituras: Jonas 3, 1-5; Salmo
24 (25), 4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R/4a.5a); Primeira Carta de São Paulo Apóstolo aos
Coríntios 7, 29-31; Marcos 1, 14-20.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: Na passagem do Ciclo do Natal para o Tempo Comum, o 2º Domingo
deste Tempo, do Ano B, de Marcos, tem como centralidade o encontro com Jesus. A
partir deste encontro as pessoas não são mais as mesmas, assumem uma nova
proposta de vida e transformam-se em apóstolos, discípulos missionários. Deixemos
que o espírito missionário de nossa Igreja também possa guiar nossos passos no
caminho do Mestre!
1. Situando-nos
brevemente
Neste domingo, lembramos o início da missão de Jesus e o
chamado dos primeiros discípulos. Nós, em continuidade a esse chamado,
recebemos o convite para segui-lo. Aqui estamos como convocados para missão de
continuar o anúncio do Reino. Vivemos tempos, áureos, pois, com Jesus Cristo,
chegou à plenitude dos tempos. Estamos vivendo essa plenitude na celebração.
Celebramos a proximidade do Reino que se manifesta nas
ações de Jesus e em nosso compromisso com a transformação da sociedade. No dia
em que celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, também nós
somos convidados a morrer ao pecado e ressurgir para uma vida nova.
2. Recordando a Palavra
O livro de Jonas foi escrito depois do regresso do
exílio da Babilônia (538 a.C). O povo sofrido e desconfiado de tudo começou a
cultivar certo nacionalismo radical e alimentar o desprezo e o ódio por outras
nações. E nessa corrente, Deus acaba sendo envolvido.
O escrito de Jonas vai mudar essa visão fechada e
doentia, mostrando claramente que Deus também se preocupa com o destino de
outras nações.
Nínive representa, de verdade, o que há de mais
detestável e odioso para um judeu, pois é a capital da Assíria, uma nação
opressora. Neste contexto é que se entende porque Jonas quer fugir de Deus.
Jonas não admite a possibilidade de Nínive, símbolo da opressão, receber
atenção de Deus, ou seja,m se os judeus odeiam essa cidade, por que Deus
deveria interessar-se por ela? O texto situa-se logo depois do episódio de
Jonas ter sido vomitado na praia pelo peixe (ou
seja, nem o peixe consegue “digerir” tamanha mesquinhez de Jonas).
Desta vez, o “profeta” obedece à ordem de Deus e vai a
Nínive, a fim de proclamar ai a mensagem de Deus. O texto descreve a cidade
como fantástica e enorme: são necessários três dias para atravessar a cidade.
Exatamente, nesta cidade, Jonas anuncia. “Dentro de quarenta dias Nínive será
destruída!” (3,4). Mas bastou um dia de pregação para que toda a população
acreditasse em Deus, proclamasse um jejum e vestisse roupas de penitencia,
obtendo assim o perdão de Deus.
É preciso colher alguns ensinamentos preciosos do texto:
1) Foi suficiente um terço da atividade de Jonas para que a cidade inteira se
convertesse a Deus. Como é possível isso? 2) A cidade tem prazo de quarenta
dias para se converter, a fim de não ser destruída, mas já no primeiro da do
anúncio todos se convertem.
Na verdade, Israel sempre teve profetas e sacerdotes que
lhe mostravam o projeto de Deus, mas infelizmente, a conversão não aconteceu.
Os nivivitas, ao contrário, mudam rapidamente de atitude ao primeiro anúncio de
um profeta estrangeiro, e crêem em Deus. Eles são mais obedientes a Deus que os
israelitas.
O Salmo 24 (25) pede que sempre cantemos ao Senhor,
pedindo que tenha compaixão de nós e sempre se lembre de sua aliança. Salmo de
confiança na misericórdia do Senhor. Afirma que a misericórdia e compaixão
divinas conduzem o pecador ao bom caminho.
No tempo em que a carta aos Coríntios foi escrita,
acreditava-se que o fim do mundo estaria próximo. Então, o que fazer diante
disso? Havia muitas opiniões. Alguns afirmavam que a única coisa era gozar a
via antes que ela terminasse. Alguns pensavam que o melhor era não casar,
outros queriam casar. Paulo constata que não há nenhum preceito do Senhor a
respeito.
Nos Atos dos Apóstolos, a procriação no casamento era
prioritária: era preciso gerar filhos para o crescimento do povo de Deus, pois
este dependia de uma raça. A partir de Jesus, porém as coisas mudaram. O povo
de Deus não é uma raça, mas a união de muitos povos em torno do projeto de
Deus, anunciado em Jesus. A tarefa prioritária consiste no anúncio de Jesus,
pois é assim que o povo de Deus cresce. Paulo quer que a comunidade se empenhe
com todas as forças para dilatar o Reino antes que o mundo termine, pois assim
ela imprime novo sentido à história.
Em resumo: Paulo pressionado pela crença de que o mundo
está para acabar e pela opinião popular de que é preciso gozar a vida antes que
ela desapareça, ajuda os Coríntios a descobrir nova escala de valores: O Reino
de Deus se impõe como valor absoluto, e isso vale tanto para os que casam como
para quem decidiu não casar.
O Evangelho de Marcos foi escrito para “mostrar quem é
Jesus” aos que se preparavam para receber o Batismo. O Evangelho vai revelando
aos poucos quem é Jesus e, ao mesmo tempo, o que significa ser cristão.
Depois que João Batista, o mensageiro de Jesus, foi
preso. Ele foi para a Galileia. Esse mensageiro mexeu com os interesses e
privilégios dos poderosos. Então o que espera Jesus? Aos poucos, o Evangelho
vai mostrar que Jesus, “o forte”, não se deixa amedrontar pelos poderosos,
vencendo os mecanismos que geram morte para o povo. A Galileia é o lugar onde
Jesus inicia a sua atividade. É uma região muito pobre, lugar onde mora gente
sem valor e impura. É no meio dessa gente e a partir dela que Jesus anuncia seu
programa de vida: “Completou-se o tempo,
e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova”.
O programa de Jesus consta de três momentos:
1.
Anuncia que “o tempo já se
cumprir”. A espera da libertação chegou a fim. Deus está presente em Jesus,
atuando o seu projeto de liberdade e vida. O caminho de Deus e o caminho dos
marginalizados ao uma coisa só. Jesus se faz pobre como eles.
2.
Jesus anunciar que “o Reino de Deus
está próximo” Deus tomou a decisão de reinar. O Reino de Deus está próximo,
porque a realeza de Deus vai tomando corpo através dos atos libertadores que
Jesus realiza ao longo do Evangelho. Está também sempre próximo mediante a
prática dos seus discípulos.
3.
Jesus diz: “convertam-se e creiam
no Evangelho”. Conversão é sinônimo de adesão à prática de Jesus. A libertação
esperada e o céu rasgado de nada adiantariam se as pessoas que anseiam pela
libertação continuassem amarradas aos esquemas que mantêm a sociedade desigual
e discriminadora. O Evangelho é apenas o início da boa notícia trazida por
Jesus. Ela se tornará realidade mediante o compromisso das pessoas e
comunidades que dizem sim apo Mestre.
3. Atualizando a
Palavra
A liturgia deste domingo nos faz pensar que toda ordem
deve ser posta em crise perante o Evangelho. “Todo esquema deve ser posto sob suspeita, a fim de que se verifique se
sua direção está conforme o amor de Deus que, de diversas formas se mostrou na
história e em Jesus se tornou tão obvio que é capaz de modificar nossa vida,
frutificando em boas obras”.
Tendo em conta a primeira leitura em que se reconhece a
acolhida da Palavra de Deus anunciada por Jonas e a conversão dos ninivitas, o
mesmo se espera da comunidade cristã perante a iminência do Reinado de Deus e
da manifestação de sua Palavra salvadora. É uma maneira de afirmar a necessária
relatividade do mundo, que deverá ceder lugar a outro mundo, pautado no governo
de Deus.
Paulo na carta aos Coríntios encaminha o nosso olhar para
a noção do tempo e sua relação com a realização do Reinado de Deus e pede
urgência na conversão. Irmãos, “o tempo
abreviou-se (...). Pois a figura deste mundo passa” (7,29-31). A afirmação
“o tempo abreviou-se” refere-se à proximidade da salvação que exige a
relatividade de todo e qualquer “esquema”
de vida. Nossa atenção recai sobre a expressão – “a figura deste mundo passa”. Precisamos estar preparados.
No Evangelho, o anúncio do Reinado de Deus ao qual se
tem acesso pela conversão, exige a destruição de um tipo de existência para dar
lugar à outra; aquela que o seguimento de Jesus exemplificar e antecipa: os
pescadores deixam as redes, leia-se, abandonam um “esquema” de vida em função
da salvação contempla em Jesus.
4. Ligando a Palavra
com ação litúrgica
A celebração litúrgica como um todo e, hoje, a aclamação
ao Evangelho, nos indicam que a experiência da salvação e da libertação,
situada no passado, é também uma possibilidade para nós estarmos no limiar da
plenitude dos tempos: “O Reino de Deus está perto! Convertei-vos, irmãos, é
preciso! Credes todos no Evangelho” (cf. Mc 1,15).
O Rito Penitencial visa que os fieis tenham em conta a
necessária avaliação de sua existência perante o Mistério Pascal de Cristo.
Favorece que se experimente, ritualmente, o que se anuncia com as narrativas e
profecias bíblicas: por em suspeita os nossos esquemas e atitudes vaidosas
perante aquele que é único em majestade e beleza.
Só se pode celebrar “dignamente” os Mistérios, conforme
nos lembra um dos convites do Ato Penitencial, se vislumbrarmos no horizonte da
celebração a transformação de nós mesmos segundo o Evangelho. Com isto, se
espera a certeza de que “tendo recebido a
graça de uma nova vida, sempre nos gloriemos dos vossos dons” (Oração
depois da comunhão. Missal Cotidiano. Paulus, 2011, p.347).
Oração dos fiéis:
Presidente: Peçamos ao Pai para que possamos viver a graça da conversão e assim
como discípulos-missionários possamos caminhar nos caminhos do Evangelho.
1. Senhor, que tua Igreja possa caminhar nos caminhos do
Evangelho. Peçamos:
Todos: Mostrai, ó Pai, vossos caminhos.
2. Senhor, que os governantes possam valorizar os
relacionamentos comunitários com todas as pessoas. Peçamos:
3. Senhor, encorajai-nos a aceitar o convite para
colaborar na conversão de nossa comunidade. Peçamos:
4. Senhor, que inspirastes Paulo a nos ensinar o
desapego de todas as coisas, inspirai-nos a valorizar cada vez mais as pessoas
e não o apego aos bens materiais. Peçamos
5. Senhor, que Tua presença amorosa e misericordiosa
esteja sempre ao lado de nossos dizimistas, para que sejam sempre protegidos em
todos os momentos da vida. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Ó Pai, convertei o nosso coração e fazei que, abandonando as
vãs preocupações do comodismo, saibamos segui-Lo com generosidade e coragem.
Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS
OFERENDAS:
Presidente: Ó
Deus, acolhei com bondade as oferendas que vos apresentamos para que sejam
santificadas
e nos traga a salvação. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A
COMUNHÃO:
Presidente: Concedei-nos,
Deus todo-poderoso, que, tendo recebido a graça de uma nova vida, sempre nos
gloriemos dos vossos dons. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presid.: O Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no
meio de nós.
Presid.: Que o Senhor os guie no trabalho do anúncio da Palavra de seu
Filho, cobrindo-os com sua bênção.
T.: Amém.
Presid.: Abençoe-vos o Deus todo poderoso: + Pai, Filho e Espírito Santo.
T.: Amém.
Presid.: Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
T.: Graças a Deus.