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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM


DIOCESE DE LIMEIRA - 15/02/2015
HOMILIA DO 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Bom final de semana e bom feriado de carnaval a todos/as. Abraços.
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Eu quero: fica curado”

Leituras: Levítico 13, 1-2.44-46 ou Segundo Livro de Reis 5, 9-14; Salmo 31 (32), 1-2.5.11 (R/.7); Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 10, 31; 11,1; Marcos 1,40-45.-37.

COR LITÚRGICA: VERDE

Animador: Nesta Eucaristia vemos Jesus mais uma vez estendendo a sua mão a um doente: um leproso. Jesus considerando a vida humana mais importante que o conceito formulado pela sociedade do seu tempo, acolhe aquele homem, livra-o da lepra e possibilita sua inclusão social.

1. Situando-nos brevemente
Estamos vivendo o espírito do carnaval, que toma conta do povo brasileiro. Faz o país parar para divertir-se e ao seu modo, curtir a vida numa festa pascal de fraternidade e amizade. Como celebrar a memória da Páscoa de Jesus num clima de carnaval que domina a sociedade? A resposta deverá ser encontrada em cada comunidade pelas equipes que preparam as liturgias.

É clima de alegria. Festa longamente preparada e esperada. Festa onde o povo vive e celebra sua identidade, sua cultura e suas tradições. Grande festa de integração nacional e libertação de tantos preconceitos, tristezas e discriminações.

A liturgia da Igreja traz para a nossa reflexão a cura do leproso. A cura se insere na manifestação do Filho de Deus, proclamado no tempo do Natal, e que se prolonga ao longo do ano: “um grande profeta surgiu entre nós e se mostrou” (aclamação ao Evangelho). Testemunhamos aqui a compaixão do Senhor que se manifesta na cura de um leproso e sua reintegração à comunidade.

Muitos aspectos se mostram neste Evangelho, revelando sua riqueza, mas, sobretudo, mostrando “a que veio” o Filho de Deus. O pedido pela cura já trazia a afirmação do poder de Jesus.

A fé do homem enfermo já o leva a confessar o poder de Jesus: “Se queres, tens o poder de purificar-me!” (Mc 1,40).
O encontro tem por trás a dura situação das pessoas enfermas no tempo de Jesus, sobretudo em relação à religião. Elas eram consideradas impuras e, portanto, inaptas para prestar culto a Deus. De fato, a lei mosaica determina a exclusão de tais pessoas (primeira leitura). Elas por sua vez, deviam se declarar assim, demonstrando com roupas rasgadas, cabelos desgrenhados, avisando aos demais, com gritos, a sua impureza.

2. Recordando a Palavra
O Levítico, no capítulo 13, trata das doenças de pele a serem diagnosticadas pelos sacerdotes. Entre essas doenças aparecia a lepra. Não existe nesse livro preocupação alguma com a cura. Simplesmente, traçam-se normas higiênicas. A única preocupação era com a pureza da comunidade.

Na verdade, a lepra, constituía a mais grave forma de impureza ritual. Os sacerdotes eram os responsáveis pelo diagnóstico da lepra. Isso leva a crer que a lepra estava intimamente ligada com a impureza ritual. O aspecto religioso era mais importante do que o aspecto médico-sanitário.

O leproso era uma espécie de excomungado e banido da sociedade. Logo, essa pessoa não tinha acesso a Deus. Quem fechava ou abria a porta do acesso a Deus eram os sacerdotes, mediante o diagnóstico puro/impuro.

O complicado e misterioso sacrifício previsto para as pessoas que eventualmente sarassem da lepra demonstra que ela era vista como sinal do pecado contra Deus. É a partir disso que o leproso se torna símbolo da maior marginalização possível: castigado por Deus por causa do pecado.

O modo como o leproso deve se comportar demonstra que ela se tornou uma perigosa fonte de contaminação: roupas rasgadas, cabelos soltos, “verdadeiro espantalho vivo”! E ainda devia viver gritando a todos sua marginalidade e periculosidade.

O Salmo 31/32 conta a historia de um homem enfermo ou infeliz que confessa sua culpa diante de Deus e consegue obter o perdão e a cura. Aliviado, agradece a paz que o perdão lhe trouxe.

Na carta aos Coríntios, Paulo dá uma orientação: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (10,31). Deixa claro que Deus precisa se manifestar e se tornar presente em todos os gestos e ações da comunidade. Portanto, a ação de cada pessoa deverá ser uma ação responsável.

Os cristãos de Corinto não podem ser motivo de escândalo para os judeus, para os pagãos e muito menos para a Igreja de Deus. E aconselha: “Como também eu me esforço por agradar em tudo a todos, buscando não o que é vantajoso para mim, mas o que é vantajoso para o maior número de pessoas, a fim de que sejam salvas” (11,33). E o interesse de todos significa o encontro de toda a humanidade com Deus, em Jesus Cristo. Essa é a glória de Deus. É isso que Paulo busca sem descanso. É para isso que a comunidade é chamada: “Sejam meus imitadores, como eu também o sou de Cristo”.

No Evangelho, Marcos vai mostrando sempre mais quem é Jesus. O leproso conhecia muito bem o código de pureza. Sabia também que nem o Templo nem os sacerdotes poderiam libertá-lo da lepra. Eles apenas constatavam a doença e nada mais.

Diante disso o leproso toma uma decisão radical: não vai ao sacerdote e sim a Jesus. Ajoelha-se e pede: “Se queres, tens o poder de purificar-me” (1,40). Reconhece que o poder de cura não vem da religião dos sacerdotes, mas sim de Jesus. O leproso aproxima-se e manifesta sua adesão a Jesus enquanto fonte de libertação.

Jesus quer curar e sente compaixão, indigna-se com a lei e todas as prescrições de pureza. Transgride o sistema religioso e também se torna impuro, por isso, não pode entrar nas cidades. Está impuro por causa do contato com o leproso. De fato, se acreditava que a lepra fosse contagiosa. Jesus quebra o código de pureza, tocando o leproso.

Com isso, além de se tornar impuro, precisa oferecer um sacrifício de purificação. Com isso, o Filho de Deus foi morar com os marginalizados. Assim, Marcos mostra quem é Jesus: é aquele que rompe os esquemas fechados de uma religião segregadora, indo habitar entre os banidos do convívio social.

Jesus dá uma ordem ao curado: “Não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-se ao sacerdote e apresenta, por tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho” (1,44), significava, ao que parece, em não relatar a cura, mas colaborar para que o código de pureza fosse abolido.

Ele deve mostrar-se ao sacerdote para que este constate sua cura. Sinal de que a cura não depende do código de pureza nem da religião do Templo.

A expressão “isso lhes servirá de testemunho” significa: o sacrifício serve como testemunho contra o sistema que o declarava um punido por Deus e banido do convívio social. O sacrifício tem, pois, caráter de denúncia e abolição do código de pureza.

Marcos atesta que de toda a parte o povo vai procurá-lo, sinal de que está aberto um novo acesso a Deus. Deus, em seu Filho, pode ser encontrado fora, na clandestinidade, entre os que o sistema religioso e social discriminou.

3. Atualizando a Palavra
No tempo de Jesus não existiam tratamentos nem cura para lepra e outras enfermidades. Nem muita distinção se fazia entre os vários tipos de doença de pele, sendo todas praticamente qualificadas como lepra. O medo do contagio era maior que o conhecimento que se tinha a respeito. A religião funcionava então como “órgão regulador” que impunha medidas profiláticas, um tanto estranhas para nós, mas por eles consideradas necessárias para a proteção da comunidade.

Jesus quebrou o rígido código do puro/impuro e foi morar entre os marginalizados. Esse mesmo Jesus é o centro em torno do qual, os que creem nele se reúnem para celebrar a sua fé. Ele não marginaliza ninguém nem discrimina. E os que se reúnem ao redor dele para celebrar, o que fazem? Como agem?

Na celebração da comunidade devem estar presentes todos os marginalizados e banidos da sociedade. Só assim nossas celebrações serão verdadeira comunhão com a Palavra e com o Corpo de Cristo.

Nós hoje, podemos nos escandalizar com o modo como os leprosos eram tratados. Mas hoje, em nossa sociedade, há igual discriminação e marginalizados, não só em relação aos portadores de hanseníase, mas sobretudo, em relação aos aidéticos e doentes de modo geral. Então, hoje, escandalizar-se seria simplesmente acobertar nossa hipocrisia.

A comunidade será tanto mais de Cristo, tanto mais unida a Ele, quanto mais se fizer aberta e atenta aos desvalidos da nossa sociedade, presente nos ambientes e lugares onde há a suspeita e o temor de “contaminação”. O Bom Pastor vai em busca da ovelha que se perdeu e veio para salvar o que estava perdido.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Na celebração fazemos memória da Páscoa de Jesus solidário, oramos na fé do homem leproso, curado da lepra, que acreditou em Jesus, apesar dos sentimentos de culpa e da baixa estima que a sociedade lhe impôs.

Com ele e com todos os que sofrem, nós dizemos com toda a confiança: “se queres, tens o poder de purificar-me”.

A celebração sempre é um momento forte de encontro com o Cristo, na sua Palavra e na partilha do pão: um momento de estabelecer o equilíbrio físico e espiritual, renovar o compromisso, de anunciar o seu nome por estilo de vida baseado no amor e doação.

A homilia, na celebração de hoje, tem um papel fundamental: ajudar-nos a acolher a ação litúrgica (serviço) de Jesus junto ao leproso e colocá-la em nossas vidas para lutar contra a discriminação e os preconceitos.

O pão e o vinho colocados sobre ao altar simbolizam a nossa disposição e solidariedade de oferecer tudo o que podemos para libertar as pessoas de todas as maldições, isolamentos, escravidões e marginalização. Essa solidariedade na Oração Eucarística junta-se à solidariedade de Jesus na glorificação do nosso Deus e Pai.

Oração dos fiéis:
Presidente: Diante de Deus, reconheçamos nossas fragilidades e peçamos sua força para que Ele recupere em nós o vigor perdido em nosso corpo ou em nosso coração.
1. Senhor, que a Igreja nunca se deixe vencer na defesa dos marginalizados e sempre promova meios para acolhê-los e restituir-lhes a dignidade da vida. Peçamos:
Todos: Acolha, Senhor, nosso pedido e nossa gratidão!

2. Senhor, que os governantes promovam políticas públicas que possam sempre ir ao encontro dos sofredores. Peçamos:

3. Senhor, que nossa vida cristã não seja apenas uma busca de milagres e de fatos extraordinários, mas uma autêntica imitação das atitudes de Jesus para com os mais pobres e necessitados. Peçamos:

4. Senhor, que nossa comunidade se dedique a ajudar os mais pobres, acolhendo aqueles que precisam de ajuda e compaixão. Peçamos:
(Outras intenções)

Presidente: Acolha Senhor, nossas preces, fazendo de cada um de nós pessoas comprometidas com a justiça que promove a dignidade humana. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Ó Deus, que este sacrifício nos purifique e renove, e seja fonte de eterna recompensa para os que fazem a vossa vontade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus, que nos fizestes provar as alegrias do céu, dai-nos desejar sempre o alimento que nos traz a verdadeira vida. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

COMUNICADOS:
Dia 13 de fevereiro – sexta-feira: Posse do Administrador Paroquial do padre Anderson – Quase Paróquia Santa Luzia – 19h00 – Cordeirópolis, SP.

Dia 15 de fevereiro – domingo: Missa – convento Santa Madalena Postel – 10h00 – 60 anos e 50 anos de vida consagrada das Irmãs Alzira; Irma Maria Lourenço e Irma Leila – Leme.

Dia 16/17 de fevereiro – carnaval.

Dia 18 de fevereiro – quarta-feira: Missa – Celebração das Cinzas – Catedral – Limeira – 19h30min.

Dia 19 de fevereiro – quinta-feira: Reunião do Conselho de presbíteros – Nossa Senhora da Assunção – Cordeirópolis – 09h00 – Padre Alexander. Missa – de posse do padre Marcelo Fagundes – Nossa Senhora de Fátima – Araras – 19h30min.

Dia 20 de fevereiro – sexta-feira: atendimento na residência episcopal – 09h00; Missa – posse do Padre José Antonio - Santa Rita de Cássia – Artur Nogueira – 19h30min.

Dia 21 de fevereiro – sábado: Padre Ismael Avi – São Francisco de Assis – Araras – 18h00.

Dia 22 de fevereiro –domingo: Posse – Padre Elcio – Nossa Senhora do Belém – Descalvado – 09h30min; Posse – Padre Paulo Henrique – Nossa Senhora da Rosa Mística – 19h00 –Porto Ferreira.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.

Presidente: Concedei, ó Deus, aos vossos filhos e filhas, vossa assistência e vossa graça: dai-lhes saúde de corpo e espírito, fazei que se amem como irmãos e irmãs e estejam sempre a vosso serviço. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém.

Presidente: (dá a bênção e despede a todos).