CATEQUESE DE ADULTO
Estrutura
Pe. José Erinaldo
I. encontrando Jesus: vinde e vede. Quem é ele?
Títulos: Profeta, Sacerdote, Filho do Homem, Senhor, Messias, Filho de Deus e Verbo
Estas, e muitas outras perguntas sobre Jesus, requerem respostas claras e precisas de nós, catequistas, porque a “finalidade definitiva da catequese é a de fazer com que alguém se ponha, não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo” (1). E a intimidade, o amor nasce e se fortalece no conhecimento profundo de quem é o alvo de nosso amor.
A primeira questão nos indaga sobre a pessoa de Jesus. Ele próprio, segundo a narrativa de João, se nos apresenta como: “pão da vida, luz do mundo, a ressurreição e a vida, o bom pastor, o caminho, a verdade e a vida, o pão de Deus que desceu do céu e dá vida ao mundo” (2).
Na nossa profissão de fé, afirmamos que cremos em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor. Aqui se revelam quatro dimensões de Jesus, analisados a seguir:
1) “Creio em Jesus”. Vamos refletir um pouco sobre essa sentença do credo apostólico, ou melhor, sobre o nome Jesus que, “em hebraico, significa ‘Deus salva’. Este nome lhe é dado pelo anjo Gabriel, no momento da Anunciação e que revela sua identidade e missão” (3), portanto a divindade de Jesus está presente no seu próprio nome. O nome de Jesus tem poder de salvação, e Pedro o proclama diante dos sacerdotes de Jerusalém: “Em nenhum outro nome há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devemos ser salvos” (4). Também os conterrâneos de Jesus, principalmente os fariseus, mestres da lei e escribas, sinalizam para a sua divindade ao demonstrarem incredulidade e surpresa ao verem Jesus perdoar pecados e curar os doentes. Fica isso evidenciado na cura do paralítico, quando Jesus diz “Filho, perdoado te são os pecados” e os escribas, vendo isto, murmuram entre si: “Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?” (5).
Pelo nome Jesus, Deus indica que quer salvar o povo do pecado, pois este é sempre uma ofensa feita a Deus e só ele pode perdoá-lo. No Antigo Testamento, o nome do Deus Salvador era invocado uma só vez por ano, pelo sumo sacerdote, para a expiação dos pecados de Israel, após aspergir o propiciatório com o sangue do sacrifício.
São Paulo ensina Deus destinou Jesus como “instrumento de propiciação, por seu próprio sangue” (6), que significa que “Deus, em Cristo, reconciliava consigo o mundo” (7).
Por isso, na nossa fé católica “o nome de Jesus” está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas finalizam com a fórmula “Por nosso Senhor Jesus Cristo” (8).
2) “Creio em Jesus Cristo”, dizemos nós. O nome Cristo é uma tradução grega do termo hebraico “Messias” que significa ungido. Em Israel eram ungidos em nome de Deus os que lhe eram consagrados para uma missão vinda Dele: reis, sacerdotes e profetas. “Jesus realizou a esperança messiânica de Israel em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei” (1).
O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como o do Messias prometido a Israel: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Cristo Senhor” (2). E é Pedro que revela ao povo de Deus “que toda casa de Israel saiba com certeza: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus que vós crucificastes” (3).
O evangelista João encerra seu evangelho que Jesus fez muito milagres na presença de seus discípulos e alguns foram escritos para que “creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (4).
3) Jesus é o Filho único e eterno do Pai, que o revela no Batismo “Eis meu filho muito amado em quem ponho minha afeição” (5) e na Transfiguração “Este é o meu filho amado, que muito me agrada. Escutem o que Ele diz” (6).
Além desses dois momentos solenes, a filiação divina de Jesus é-nos revelada em outros momentos da Sagrada Escritura, a saber:
a. Na Anunciação à Virgem Maria, quando o anjo Gabriel lhe comunica “Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo...” (7);
b.Na tentação no deserto, quando o demônio o desafia,por três vezes,, a revelar-se como filho de Deus, usando a expressão “Se é filho de Deus” (8);
c. Na revelação do Espírito Santo, através de Pedro, quando este diz a Jesus “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo” (9);
d.Na ida ao templo, quando Maria angustiada com sua ausência na caravana e emocionada pelo reencontro, pergunta-lhe o motivo de sua atitude e Ele lhe responde: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa de meu Pai?” (10);
e.No pedido de perdão a Deus pelos homens, quando Jesus diz “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que estão fazendo!” (11) e, também, na hora de sua expiração, ao dizer “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (12).
O título de Filho de Deus, no Antigo Testamento era atribuído “aos anjos, ao povo da Eleição, aos filhos de Israel e aos seus reis”, numa filiação adotiva entre Deus e suas criaturas, não ultrapassando o nível humano. Em Jesus, esse título transcende esse nível, professada primeiro por Pedro como fundamento da Igreja, e o mesmo Jesus lhe responde “Não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, e sim meu Pai que está nos céus” (14) e confirma “diante do Sinédrio, à pergunta de seus acusadores “Tu és então o Filho de Deus?” e Ele diz “Vós dizeis que eu sou” (15).
4) Jesus Cristo, Nosso Senhor
O nome Senhor designa a própria divindade de Cristo. Ao usar este nome em nossas orações, reconhecemos Jesus como Deus, pois é assim que Deus Pai se revela a Moisés, no Antigo Testamento, ao anunciar-se como Javé (Iahweh), em grego traduzido como Kyrios (Senhor): “Deus disse ainda a Moisés ‘Assim falarás israelitas = É Javé, o Deus de Vossos pais...” (1).
O próprio Jesus atribui-se este título: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou” (2). As ações de Jesus durante sua vida pública (milagres, domínio sobre a natureza e os demônios...) atestam sua divindade.
Muitas outras pessoas (apóstolos, seguidores) dirigem-se a Ele usando este nome. Pedro, fundamento da Igreja, o faz em mais de uma ocasião: “Senhor, para onde vais” (3); “Sim, senhor, tu sabes que te amo” (4). A samaritana é outro exemplo de uso deste nome: “Senhor, dá-me dessa água para eu já não ter sede” (5).
Desde o início que a Igreja Católica, nas suas primeiras confissões de fé e nas suas orações atesta que a honra, o poder e a glória devidos ao Pai são também atribuídos a Jesus, por sua natureza divina (6).
5) Jesus profeta
O termo profeta designa aquele(a) que anuncia os desígnios divinos, que prediz acontecimentos por inspiração de Deus. Nas alianças feitas com a humanidade, Deus usou os profetas (Elias, Isaías, Jeremias, Daniel...) para revelar a si e aos seus desígnios de salvação. Mas, devido à própria infidelidade e descumprimento das promessas das alianças, faz com que o povo judeu acredite estar o profetismo ausente de si, à espera do profeta escatológico anunciado por Moisés: “O Senhor teu Deus mandará a ti um profeta que será semelhante a ti”.
Essa profecia realiza-se em Jesus, que assume e supera a dimensão profética: Ele não é apenas o porta-voz da palavra de Deus; é a própria Palavra divina.
Assim, o povo de sua época dizia de Jesus: “Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo” (7), diante dos milagres e prodígios realizados por Cristo. O próprio Jesus indica sua condição de profeta: “É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém” (8), e também “nenhum profeta é bem aceito na sua pátria” (9).
Assim, podemos dizer que Jesus é o profeta absoluto, aquele que revela e cumpre o desígnio de Deus de modo total, intransponível e, portanto, universal para a história da salvação.
No Antigo Testamento, o sacerdote tinha a função de exercer o culto, de oferecer sacrifícios a Deus pela purificação dos pecados do povo. Uma vez por ano, o sumo sacerdote – ápice da função sacerdotal – no dia da Expiação, entrava no Santo dos Santos para aspergi-lo com o sangue purificador dos animais oferecidos em sacrifício (10). Além disso, o sacerdote era também anunciador da Palavra e proclamador da Lei.
Jesus realiza, em si, todas essas funções, pois os evangelhos dão diversos testemunhos dele anunciando e proclamando o Reino, por exemplo, a sua permanência no templo, aos doze anos, no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os (1), ou quando inicia sua pregação e diz ao povo “Fazei penitÊncia, pois o Reino dos céus está próximo” (2).
O sacerdócio de Jesus é superior ao dos levíticos, pois ele não oferece sacrifícios exteriores, que precisavam ser renovados anualmente. Ele oferece a si mesmo, de uma vez por todos, oferecendo o próprio sangue, “Cristo se oferece uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão” (3).
O sangue derramado por nossa causa significa a própria vida de Jesus, entregue livre e amorosamente pela humanidade. Por essa nova aliança, o homem é chamado a exercer um sacerdócio santo, a oferecer um culto espiritual, agradável a Deus, por Jesus Cristo. Esse culto é certamente, uma vida entregue pelos outros na fé e caridade, uma vez que somos “uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus” (4).
7) Jesus, Filho do Homem
Este título remete a dois significados: um, da humanidade, da fraqueza do homem. Deus assim se refere a Ezequiel, quando lhe confia a missão de anunciar a Israel a necessidade da renovação interior para entrar em comunhão com Javé: “Filho do Homem, estabeleço-te como sentinela na casa de Israel” (5). Outro significado é o do ser que recebe uma missão transcendental, muito além da fragilidade humana, detentor de “um poder eterno que desconhece ocaso” (6).
Os evangelhos atribuem esse sentido a Jesus, visto que encontramos este título sempre e somente na boca de Jesus: “Então verão o Filho do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória”, “E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu” (7). A exceção do uso desse título é feita em Atos, quando da morte de Estevão”, “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus” (8).
Por outro lado, esse título revela, também, a condição de fraqueza assumida por Jesus na sua natureza humana: “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”, “O Filho do Homem vem, come e bebe, e dizem: é um comilão, um bebarrão, amigo dos publicanos e devassos” (9).
No Novo Testamento, a expressão “Filho do Homem” evoca uma profunda solidariedade entre o Filho do Homem (Jesus) e todo filho do homem, uma vez que Ele voltará para julgar o mundo, não apenas como representante de Deus, mas de todos os homens (10).
8) Jesus, verbo de Deus
É João, o discípulo que Jesus amava, que nos apresenta, no início do seu evangelho, esse título de Jesus: “No princípio era o verbo, e o verbo estava junto com Deus e o verbo era Deus (...) E o verbo se fez carne e habitou entre nós”. Por que o Filho de Deus se fez homem? O catecismo nos oferece quatro respostas a essa questão:
1º) O verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus: “O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo”;
2º) O verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus: “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho único, a fim de que todo o que crer nele não pereça, mas tenha a Vida Eterna”;
3º) O verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”;
4º) O verbo se fez carne para tornar-nos participantes da natureza divina: “Pela glória e virtude de Jesus temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-nos participantes da natureza divina” (1).
Então, o verbo se fez carne e veio semear entre os homens a sua semente de amor, ansiando em nos transformar em uma terra boa, que ouve e faz ecoar na própria vida os ensinamentos, frutificando-a em cem por um, sessenta por um, trinta. O verbo se fez carne para que possamos, junto com Pedro, dizer-lhe nas dificuldades: “Senhor, para onde iremos? Só Tu tens palavras de vida eterna”.
ii. a quem ele ama?
Jesus tinha dois grandes amores: o Pai e a Humanidade. Ao Pai se entregou totalmente para ser todo salvação do ser humano. Deu-nos de modo total sua vida, a fim de que vivêssemos segundo o desejo do Pai.
iii. o que ele ensina?
Ensina sobre o amor, a verdade e a vida. Tudo isso como expressão do seu próprio ser. É próprio dele também o desejo de que o busquemos de modo absoluto se quisermos conquistar o Reino dos Céus. Aderir a Jesus Cristo é o único caminho seguro de Salvação. Ser para sempre seu discípulo é o meio mais eficaz de podermos realizar a missão a nós confiada: ser sal da terra e luz das nações.
iv. qual a sua missão?
Sua missão é a implantação do Reino de Deus. Reino de paz, amor, verdade, vida, fé, solidariedade, confiança, fraternidade, justiça, libertação, entre outras coisas. O Reino, em primeiro lugar, é o próprio Jesus Cristo que se faz presente no meio de nós; somente depois é que o reino se identifica com a ação de Jesus para nós já no presente e tende para o futuro que Deus nos prepara.
v. como ele forma seus discípulos? E quem são eles?
Os discípulos são formados na companhia de Jesus Cristo, sendo alguns pontos essenciais para sua vida de discípulos: adesão a Jesus Cristo, desapego total, amor absoluto a Deus e, por causa de Deus, ao próximo e contínua vida missionária.
São estes os apóstolos (Mt 10,2-4: Simão (Pedro), André (irmão de Pedro), Tiago (filho de Zebedeu), João (irmão de Tiago), Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus (publicano), Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão (zelota), Judas Iscariotes.
vi. mistérios que envolvem Jesus cristo:
1. Encarnação
2. Morte - Redenção
3. Ressurreição
4. Ascensão
5. Trindade
6. Igreja
7. Eucaristia
vii. a igreja
@ Definição
Segundo o Concílio Vaticano II, a Igreja é o Povo de Deus, o Corpo Místico de Cristo e o Templo do Espírito Santo, a qual se manifesta como sacramento da salvação, como sinal e instrumento da Comunhão de Deus e dos homens.
@ Origem, Fundação e Missão da Igreja
1. Quanto à origem, a Igreja apresenta os seguintes aspectos:
a. ela é um projeto nascido no coração do Pai;
b. ela foi prefigurada desde a origem do mundo (lugar do acontecimento salvífico);
c. ela foi preparada no Antigo Testamento (Antiga Aliança)
Como?
a. Deus chamou Abraão;
b. Por meio de Moisés, Deus escolheu Israel como seu povo. Israel rompe a aliança;
c. Os profetas anunciam uma Nova e Eterna Aliança;
d. Jesus Cristo institui a Nova e Eterna Aliança prefigurada no A.T.
2. Quanto à fundação: a Igreja foi instituída por Jesus Cristo.
3. Quanto à sua missão, eis alguns aspectos:
a. No dia de Pentecostes, a Igreja recebe o Espírito Santo;
b. Após o Pentecostes, a Igreja é enviada a todas as nações para torná-las discípulas.
@ O mistério da Igreja
A Igreja é:
1. ao mesmo tempo visível e espiritual;
2. mistério da união dos homens com Deus;
3. sacramento universal da salvação- enquanto instrumento de Cristo.
@ O que significa dizer que a Igreja é Povo de Deus?
Significa que a Igreja é a raça eleita, escolhida por Deus para si através do seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo.
Características importantes:
a. A pessoa torna-se membro deste povo pela fé em Cristo e pelo Batismo.
b. Este povo tem por Cabeça Jesus Cristo.
c. A condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus.
d. A lei deste povo é o mandamento de amar como Cristo nos amou.
e. A missão deste povo é ser sal da terra e a luz do mundo.
f. A finalidade deste povo é o “Reino de Deus”.
@ Que significa dizer que a Igreja é Corpo de Cristo?
a. Que a Igreja é a unidade de todos os membros entre si pela sua união com Cristo;
b. Que Cristo é a Cabeça do Corpo (Cl 1,18). A Igreja vive de Cristo, existe nele e por ele. E Cristo vive com ela e nela.
c. Que a Igreja é a Esposa de Cristo (Mc 2,19; Ef 5,26). Jesus Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela. Purificou-a com seu sangue e fez dela a Mãe fecunda de todos os filhos de Deus.
@ Que significa dizer que a Igreja é Templo do Espírito Santo?
Significa que o Espírito Santo é a Alma da Igreja (Corpo Místico), é o princípio da sua vida, da unidade na diferença e da riqueza dos seus dons e carismas.
@ Quais são os atributos (a palavra atributo indica o que é próprio de um ser- suas qualidades essenciais) ou traços essenciais da Igreja?
1. A Igreja é UNA
a. pela sua fonte: a unidade de um só Deus em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Sto.
b. pelo seu fundador: unidade no Corpo Místico
c. pela sua alma: o Espírito Santo é o Princípio de Unidade da Igreja.
Vínculos visíveis de comunhão da Igreja:
a. profissão de uma única fé, recebida dos apóstolos;
b. celebração comum do culto divino, sobretudo dos Sacramentos;
c. sucessão apostólica através do Sacramento da Ordem.
2. A Igreja é SANTA
a. O Pai Santíssimo é o seu autor, pelo Filho, no Espírito Santo;
b. Cristo, seu Esposo e Cabeça, se entregou por ela para santificá-la;
c. O Espírito de Santidade a vivifica.
Nos santos brilha a santidade da Igreja; em Maria esta já é toda santa.
3. A Igreja é CATÓLICA
a. anuncia a totalidade da fé;
b. traz em si e administra a plenitude dos meios de salvação;
c. é enviada a todos os povos;
d. dirige-se a todos os homens;
e. abarca todos os tempos;
f. “ela é, por natureza, missionária”;
g. ela é Universal.
4. A Igreja é APOSTÓLICA
a. Está construída sobre fundamentos duradouros: os Apóstolos;
b. Ela é indestrutível;
c. É infalivelmente mantida na verdade;
d. Cristo a governa através de Pedro e dos demais Apóstolos presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos.
Toda a Igreja é apostólica na medida em que, através dos sucessores de S. Pedro e dos Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem. “A vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado”. Denomina-se “apostolado” toda a atividade do Corpo Místico que tende a estender o Reino de Cristo a toda terra.
@ Como estão classificados, segundo o chamado de Deus, os fiéis de Cristo?
1. Hierarquia
a. Os Bispos – Entre eles, o Papa (Bispo de Roma sucessor de S. Pedro) que é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis. Com efeito, o Pontífice Romano (Papa), em virtude do seu exercício de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na mesma Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode sempre livremente exercer este seu poder. Os Bispos, por sua vez, individualmente são o visível princípio e fundamento da unidade nas suas igrejas particulares. São eles sucessores legítimos dos Apóstolos.
b. Os Presbíteros – Cooperadores dos seus bispos.
c. Os Diáconos – Servidores, ligados aos bispos, nas igrejas particulares.
2. Os fiéis Leigos
a. Participam do sacerdócio real de Cristo – Cada vez mais unidos a ele, desenvolvem a graça do Batismo e da Confirmação em todas as dimensões da vida pessoal, familiar, social e eclesial, e realizam assim o chamado à santidade, dirigido a todos os batizados.
b. Graças à sua missão profética, “são chamados a serem testemunhas de Cristo em tudo, no meio da comunidade humana”.
c. Graças à sua missão régia, têm o poder de vencer o império do pecado sobre si mesmos e sobre o mundo, pela sua abnegação e pela santidade da sua vida.
3. A vida consagrada
a. Vida eremita
- separação mais rígida do mundo;
- vida de silêncio e solidão;
- oração e penitência;
- consagração da vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo.
b. Virgens e Viúvas Consagradas – Procuram seguir a Cristo de forma total.
c. Vida Religiosa
- vida fraterna em comum;
- testemunho da união de Cristo com a Igreja;
- profissão pública dos conselhos evangélicos (castidade, pobreza e obediência)
d. Institutos Seculares – Os fiéis, vivendo no mundo, tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do mundo, principalmente a partir de dentro.
e. Sociedade de vida apostólica – Seus membros sem os votos religiosos, buscam a finalidade apostólica própria da sua sociedade e, levando vida fraterna em comum, segundo o próprio modo de vida, tendem à perfeição da caridade pela observância das constituições.
@ O que significa comunhão dos santos?
1. Comunhão nas coisas santas
a. comunhão na fé;
b. comunhão dos sacramentos;
c. comunhão dos carismas;
d. comunhão da caridade.
2. Comunhão entre as pessoas santas
a. intercessão dos santos;
b. comunhão com os santos;
c. comunhão com os falecidos;
d. comunhão na única família de Deus.
“Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre à escuta das nossas orações”.
@ O que dizer de Maria?
Ao pronunciar o “Fiat” (faça-se) da Anunciação e ao dar o seu consentimento ao Mistério da Encarnação, Maria já colabora para toda a obra que o seu filho deverá realizar. Ela é mãe em todos os domínios em que Ele é Salvador e Cabeça do Corpo Místico (a Igreja).
Depois de encerrar o curso da sua vida terrestre, a Santíssima Virgem Maria foi elevada em corpo e alma à glória do Céu, onde já participa da glória da ressurreição de seu filho, antecipando a ressurreição de todos os membros de seu corpo.
Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, Nova-Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu sua função materna em relação aos membros de Cristo.
Dogmas
1. Imaculada Conceição de Maria;
2. Mãe de Deus;
3. Assunção;
4. Virgindade
viii. profissão de fé
Símbolo dos Apóstolos
Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
e na vida eterna. Amen
Credo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós homens e para nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.
ix. sacramentos
1. Liturgia como obra trinitária
Na liturgia da Igreja, Deus Pai é bendito e adorado como a fonte de todas as bênçãos da criação e da salvação, com os quais nos abençoou em seu Filho, para dar-nos o Espírito da adoção filial. A obra de Cristo na liturgia é sacramental porque o seu mistério de salvação se torna presente nela mediante o poder do seu Espírito Santo; porque o seu Corpo, que é a Igreja, é como que o sacramento (sinal e instrumento) no qual o Espírito Santo dispensa o mistério da salvação; porque através das suas ações litúrgicas, a Igreja peregrina já participa, em antegozo, da liturgia celeste. A missão do Espírito Santo na liturgia da Igreja é preparar a assembléia para encontrar-se com Cristo; recordar e manifestar Cristo à fé da assembléia; tornar presente e atualizar a obra salvífica de Cristo pelo seu poder transformador e fazer frutificar o dom da comunhão na Igreja.
2. Objetivo dos sacramentos
Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, através dos quais nos é dispensada a vida divina; produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas. O Espírito Santo prepara para a recepção dos sacramentos através da Palavra de Deus e da fé que acolhe a Palavra nos corações bem dispostos.
3. Santa Missa
A celebração litúrgica comporta sinais e símbolos cujos significados se tornam portadores da ação salvadora e santificadora de Cristo. A Liturgia da Palavra é parte integrante da celebração; o canto e a música expressam a beleza da oração, a participação da assembléia e o caráter sagrado da celebração; as imagens, as quais veneramos, destinam-se a despertar e a alimentar nossa fé no mistério de Cristo. O domingo é o dia da celebração eucarística por ser o dia da ressurreição do Senhor. A Igreja desdobra todo o mistério de Cristo durante o ano, nos ciclos de Natal e Páscoa; celebrando a memória dos santos em dias fixos durante o ano litúrgico, a Igreja manifesta que está unida à Liturgia Celeste. O culto público deve ser celebrado em igrejas.
4. Liturgia
A liturgia deve exprimir a cultura do povo ao mesmo tempo em que deve gerar e formar cultura. As diversas tradições litúrgicas (ritos), legitimamente reconhecidos, manifestam a catolicidade da Igreja. O critério que garante a unidade na pluralidade das tradições litúrgicas é a fidelidade à Tradição Apostólica, ou seja, a comunhão na fé e nos sacramentos recebidos dos Apóstolos, comunhão esta assegurada pela sucessão apostólica.
Os sacramentos são sete:
1. Batismo;
2. Confirmação;
3. Eucaristia;
4. Confissão;
5. Unção dos Enfermos;
6. Ordem;
7. Matrimônio.
O Batismo
O Batismo constitui o nascimento para a vida nova em cristo, sendo necessário para a salvação e para introduzir o fiel como membro da Igreja. O rito essencial consiste em mergulhar na água ou derramar água sobre a cabeça do fiel, invocando a Santíssima Trindade ("em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"). O Batismo confere as seguintes graças: recebimento do Espírito Santo, remissão dos pecados, inclusive o pecado original; nascimento para uma vida nova, tornando-nos filhos adotivos do Pai e participantes da natureza divina; incorporação à Igreja, tornando-nos participantes do sacerdócio de Cristo. Por imprimir na alma um sinal espiritual permanente que consagra o batizado ao culto da religião cristã, torna-se impraticável e impossível o rebatismo. Aqueles que morrem em defesa da fé, os catecúmenos e os homens que cumprem a vontade de Deus mesmo sem conhecer a Igreja, podem se salvar mesmo não tendo sido batizados. Desde os primórdios da Igreja, o Batismo é administrado às crianças por ser graça e dom de Deus que não supõe méritos humanos; quando uma criança morre sem ser batizada, devemos orar e confiar na misericórdia divina. Qualquer pessoa pode batizar em caso de necessidade, desde que tenha reta intenção de fazer o que faz a Igreja e que derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo: (nome), eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
A Confirmação
A Confirmação, conforme At 8,14-17, aperfeiçoa a graça batismal, sendo o sacramento que nos dá o Espírito Santo e, assim, permita que nos enraizemos mais profundamente na filiação divina, apegando-nos mais a Cristo e à sua Igreja, ajudando-nos a testemunhar a fé cristã pela palavra e pelas obras. Da mesma que Batismo, a Confirmação só pode ser administrada uma única vez já que imprime na alma do cristão um sinal espiritual ou caráter indelével. Para que um candidato recebe a Confirmação, deve ter atingido a idade da razão, professar a fé, estar em estado de graça, ter intenção de receber esse sacramento e estar devidamente preparado para ser testemunha e discípulo de Cristo, na comunidade e na vida social. O rito essencial consiste na unção com o óleo da crisma sobre os órgãos dos sentidos, com a imposição das mãos do bispo e as palavras "Recebe o selo do dom do Espírito Santo". Nas Igrejas Orientais, costuma a ser administrado imediatamente após o Batismo, seguido da participação na Eucaristia, demonstrando a estrita unidade entre esses três sacramentos.
A Eucaristia
A Eucaristia é o centro e o ponto mais alto da vida da Igreja, já que nesse sacramento Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças oferecido de uma vez por todas na cruz, nesse sacrifício que derrama as graças da salvação sobre toda a Igreja. Através do ministério dos sacerdotes, o próprio Cristo, sumo-sacerdote, oferece o sacrifício eucarístico, estando Ele próprio presente sob as espécies do pão e do vinho, que são as oferendas do Sacrifício Eucarístico e sobre as quais é invocada a bênção do Espírito Santo, pelo pronunciamento das seguintes palavras por um sacerdote validamente ordenado: "Isto é o meu Corpo entregue por vós... Isto é o cálice do meu Sangue...". Durante a consagração, dá-se a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus, isto é, sob as espécie consagradas do pão e do vinho está presente o próprio Cristo, vivo, glorioso, de maneira real, verdadeira e substancial, com sua alma e divindade. Todos os fiéis devem comungar pelo menos uma vez ao ano. Ninguém que tenha consciência de ter cometido pecado mortal poderá comungar sem antes confessar seus pecados. Logo, para receber esse sacramento, é necessário estar em estado de graça. Uma vez que o próprio Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, recebe, por direito, culto de adoração, como prova de amor e gratidão para com Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Penitência
Pelo sacramento da Penitência, recebemos o perdão dos pecados cometidos após o batismo. Quem peca, fere a honra e o amor de Deus, atingindo sua dignidade de filho de Deus e a saúde da Igreja. Nenhum mal é mais grave que o pecado, pois traz consequências para o pecador, para a Igreja e para todo o mundo. Pela graça do Deus misericordioso, quer quer a nossa salvação, é necessário pedirmos esse sacramento de reconciliação, que demonstra nossa conversão e arrependimento pelos pecados cometidos. Para se alcançar a reconciliação com Deus e sua Igreja, o pecador deve confessar ao sacerdate todos os seus pecados graves ainda não confessados após prévio e cuidadoso exame de consciência. A penitência imposta ao pecador visa reparar os males causados pelo pecado, restabelecendo os nobres atos que se espera do autêntico discípulo de Cristo. Somente o sacerdote tem autoridade para absolver os pecados em nome de Cristo. Através das indulgências, os fiéis podem alcançar para si ou para as almas do Purgatório (comunhão dos santos) a remissão das penas temporais.
A Unção dos Enfermos
Pela unção dos enfêrmos, o cristão que passa por dificuldades inerentes ao estado de saúde ou velhice recebe uma graça especial, principalmente quando está em perigo de morte. É um sacramento que pode ser recebido várias vezes pelo cristão e é administrado com óleo consagrado por presbíteros ou bispos, com a unção da fronte e das mãos do doente. Por esse sacramento, o doente entra em comunhão com Cristo e sua Igreja, obtém conforto, paz e coragem para enfrentar os sofrimentos da doença ou velhice e o perdão dos pecados, caso o doente não puder recebê-lo pelo sacramento da Penitência.
A Ordem
Todos os fiéis são chamados a participar do sacerdócio de Cristo, no entanto, apenas algumas pessoas têm vocação e são chamadas para se dedicar exclusivamente ao serviço do Reino de Deus, junto a seu Povo, através do ensinamento, do culto divino e do governo pastoral. O sacramento da ordem é conferido pela imposição das mãos, seguida de solene oração consecratória que pede a Deus as graças do Espírito Santos para que o ordinando possa exercer seu ministério, motivo pelo qual, imprime um caráter indelével, significando que o sacramento somente pode ser conferido uma única vez. Desde as origens, existem três graus de ministros ordenados: os diáconos, os presbíteros e os bispos. Os diáconos não recebem o sacerdócio ministerial, mas podem exercer importantes funções no culto divino, do governo pastoral, do ministério da Palavra e do serviço da caridade. Os presbíteros estão unidos aos bispos e administram comunidades paroquiais ou outras funções eclesiais. Além disso, administram os sacramentos, com exceção da ordem e da confirmação. Os bispos, além de poderem administrar todos os sacramentos, recebem o governo de certa Igreja particular (diocese).
O Matrimônio
Pelo matrimônio, um homem e uma mulher constituem entre si uma comunidade de vida e amor, ordenado ao bem dos cônjuges, além da geração e educação dos filhos. Como sacramento, concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja. São essenciais no matrimônio a unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, motivo pelo qual a poligamia é totalmente incompatível com o sacramento. O lar cristão é o primeiro lugar em que os filhos recebem o anúncio da fé, razão pela qual também é chamado de "Igreja doméstica".
Os sacramentais
Os sacramentais são sinais sagrados instituídos pela Igreja, para preparar nos homens o recebimento dos frutos dos sacramentos e também santificar as diferentes circunstâncias da vida. Existem diversos sacramentais, mas os mais importantes são as bênçãos (que louvam a Deus por suas obras e dons) e a intercessão da Igreja, para que os homens possam usar os dons de acordo com o Evangelho. Além da liturgia, a vida cristã se nutre de formas variadas da piedade popular, enraizadas em suas diferentes culturas; a religiosidade popular é favorecida pela Igreja desde que exprima um instinto evangélico, tenha sabedoria humana e enriqueça a vida cristã.
x. mandamentos
1. Vida Moral
A vocação do ser humano é viver segundo o Espírito Santo de Deus, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. A vida no Espírito é uma dádiva, é dom gratuito, é salvação para a pessoa humana.
Na vida em Deus, o homem encontra sua dignidade: ser imagem de Deus no cumprimento das Bem-aventuranças. Nestas existe o chamado ao Reino, à visão de Deus, à participação na natureza divina, à vida eterna, à filiação divina, ao repouso em Deus. Existe a iniciativa de Deus que vem, pelas bem-aventuranças nos oferecer a plena comunhão com ele. Por outro lado, existe a nossa resposta.
A liberdade para dizer sim a Deus constitui o nosso ser, a nossa vida para a plenitude. O não que damos fere-nos no mais íntimo da nossa dignidade. O não nos lança nas paixões desordenadas, que nos arrastam para distantes de Deus, nossa única felicidade.
Se bem que para julgarmos bem os nossos atos, a fim de saber se eles são desordenados ou não precisamos analisar as fontes da moralidade. A moralidade dos nossos atos depende de três coisas: do objeto escolhido, do fim visado ou da intenção e das circunstâncias da ação. O objeto escolhido é um bem para o qual se dirige deliberadamente a vontade. A intenção é um movimento da vontade em direção ao objetivo; é o que se deseja com a ação praticada; é o que desejamos quando vamos fazer alguma coisa. Aqui não funciona dizer que os fins justificam os meios. Um ato moralmente bom supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias. As circunstâncias constituem a situação que favorece aquela determinada ação, com aquele objetivo. Elas contribuem para agravar ou diminuir a bondade ou maldade moral dos atos humanos.
Quanto às paixões, elas, como movimento da sensibilidade, não podem ser consideradas boas ou más. Mas, enquanto dependem da razão e da vontade, podem ser classificadas como boas ou más. O termo “paixões” design a afeições ou os sentimentos. Por meio de suas emoções, o homem pressente o bem e suspeita da presença do mal. As principais paixões são o amor, o ódio, o desejo, o medo, a alegria, a tristeza e a cólera. As emoções e os sentimentos podem ser assumidos em virtudes ou pervertidos em vícios. A perfeição do bem moral consiste em que o homem não seja movido ao bem exclusivamente pela vontade, mas também pelo “coração’, mediante uma reta consciência.
“A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz”. Pela consciência, a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto. Na consciência, o homem consegue conquistar um penhor de conversão e de esperança. De acordo com a Lei divina, a consciência julgará sempre de modo correto. O meio adequado de iluminação da consciência é a Palavra de Deus. Mediante a meditação da Palavra de Deus, a assimilação da fé e uma profunda vida de oração, o ser humano será capaz de formar uma excelente consciência moral, que, por meio de um hábito constante na prática do bem, edificará a virtude.
A virtude é uma disposição habitual e firme de fazer o bem. Elas podem ser humanas e teológicas. As virtudes humanas são disposições estáveis da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. São elas: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. Tais virtudes também chamadas morais crescem pela educação, pelos atos deliberados e pela perseverança no esforço. As virtudes teologais, por sua vez, dispõem os cristãos a viver em relação com a Santíssima Trindade. Têm a Deus por origem, motivo e objeto, Deus conhecido pela fé, esperado e amado por causa de si mesmo. São elas: a fé, a esperança e a caridade. Estas informam e vivificam todas as virtudes morais. As virtudes, de modo geral, nos dão força e coragem para combatermos o pecado.
Por pecado entendemos “uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna”; um não a Deus; uma ofensa a Ele. É um colocar-se contra Deus numa desobediência contrária à obediência de Cristo. É também um ato contrário à razão. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. No coração da humanidade se encontra a raiz do pecado. As espécies e a gravidade dos mesmos medem-se principalmente segundo seu objeto. Escolher deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à lei divina e ao fim último do homem é cometer pecado mortal. Este destrói a caridade, sem a qual é impossível a bem-aventurança eterna. Caso não haja arrependimento, o pecado mortal acarreta a morte eterna. Pecados veniais são desordem reparáveis pela prática da caridade, mas sua repetição produz os vícios, entre os quais avultam os pecados capitais.
Quanto à pessoa e a sociedade, convém lembrar que toda comunidade humana necessita de uma autoridade para se manter e desenvolver. Mas para isso é também necessário que tal autoridade tenha como objetivo o bem comum, que comporta três elementos essenciais:
1. o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa;
2. a prosperidade ou o desenvolvimento dos bens espirituais e temporais;
3. a paz e a segurança do grupo e de seus membros.
Além disso, a autoridade deve colocar em prática o exercício da liberdade por parte de todos os membros da sociedade, respeitando o bem comum dentro de princípios morais aceitáveis de acordo com a lei divina.
Convém ressaltar que a justiça social só será possível quando existir o respeito pela pessoa humana, considerando-a por ela mesma; quando se levar necessariamente em conta os direitos fundamentais do ser humano, os quais decorrem da dignidade intrínseca da pessoa.
O homem ferido pelo pecado necessita da salvação de Deus. O socorro divino lhe é dado, em Cristo, pela lei que o dirige e na graça que o sustenta. A lei que o direciona para Deus é obra da Sabedoria divina. Pode-se definir tal lei (lei moral), no sentido bíblico, como uma instrução paterna, uma pedagogia divina. Ela prescreve ao homem os caminhos, as regras de comportamento que levam à felicidade prometida; proscreve os caminhos do mal, que desviam de Deus e de seu amor.
“A lei é uma ordenação da razão para o bem comum, promulgada por aquele a quem cabe o governo da comunidade” (Santo Tomás de Aquino). Cristo é a finalidade da lei. Somente Ele ensina e concede a justiça de Deus.
A lei natural é uma participação na sabedoria e na bondade de Deus, pelo homem formado à imagem de seu criador. A lei natural exprime a dignidade da pessoa humana e constitui a base de seus direitos e deveres fundamentais. A lei natural é imutável.
A Antiga Lei é o primeiro estágio da Lei revelada, resumida nos Dez Mandamentos. É também uma preparação para o Evangelho.
A Nova Lei é a graça do Espírito Santo, recebida pela fé em Cristo, operando pela caridade. A Lei evangélica leva a pleno cumprimento, ultrapassa e conduz à perfeição a Antiga Lei: suas promessas, por meio das bem-aventuranças do Reino dos Céus. A Nova Lei é uma lei de amor, uma lei de graça, uma lei de liberdade. É a Lei da santificação, da divinização da pessoa humana em Cristo Jesus. Somos justificados em Cristo, por ação do Espírito Santo que nos redime dos pecados, nos santifica, renovando-nos interiormente e nos moldando à imagem do Cristo Ressuscitado.
A vida moral se liga à vida litúrgica e dela se alimenta. A vida de fé encontra na liturgia seu lugar de aprofundamento, contemplação e incentivo ao anúncio da Palavra divina. Na Igreja, o magistério (o Papa e os bispos) prega ao povo de Deus a fé que deve ser crida e praticada nos costumes. A fé e a moral são infalíveis na vida de perfeição dos que abraçam o Evangelho de Jesus Cristo e vivem dele mediante os Sacramentos.
2. Mandamentos da Lei de Deus
No Pai Nosso, oração ensinada por Jesus, nós dizemos: “Seja feita a vossa vontade”. Qual à vontade do Pai e como podemos realizá-la?
A vontade do Pai é que “todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. Realizamos sua vontade quando absorvemos e fazemos ecoar em nossas vidas o maior dos mandamentos: o amor. E Jesus ao se despedir dos seus, pois se aproximava a hora de voltar ao Pai, expressa claramente ao mundo esse desejo: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Deus, em sua bondade infinita, revelou aos homens, ao longo da história, o que era necessário fazer para salvação. O dom dos mandamentos é dom do próprio Deus e de sua santa vontade. São indicativos de um correto agir moral do homem para que não ofenda o seu Criador e Pai amoroso.
O decálogo – cujo significado literal é “dez palavras” reúnem e proclamam a lei de Deus. Deve ser entendido no contexto do êxodo, acontecimento libertador de Deus no centro da Antiga Aliança. São “dez palavras” indicadoras das condições para uma vida liberta da escravidão e do pecado. O decálogo é um caminho de vida e é formulado como mandamentos negativos formulado como mandamentos negativos (proibições) ou mandamentos positivos (exortações). A tradição da Igreja reconhece no decálogo uma importância e um significado primordiais e, desde Sto. Agostinho, têm lugar preponderante na catequese dos futuros batizados e dos fiéis. No séc. XV, adoto-se o costume de exprimir os preceitos do Decálogo em formulas rimadas fáceis de memorizar, e posição e numeração dos mandamentos têm variado no decorrer da historia. O catecismo segue a divisão dos mandamentos estabelecida por Sto. Agostinho e que se tornou tradicional na Igreja Católica. Os dez mandamentos enunciam as exigências do amor de Deus e do próximo. Os três primeiros se referem mais ao amor de Deus, e os outros sete ao amor do próximo.
O decálogo forma um todo inseparável .Transgredir um mandamento é infligir todos os outros: “Pois quem guardar os preceitos da Lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela”. Eis os dez (10) Mandamentos:
1. Amar a Deus sobre todas as coisas;
2. Não tomar seu Santo nome em vão;
3. Guardar domingos e festas de guarda;
4. Honrar pai e mãe;
5. Não matar;
6. Não pecar contra a castidade;
7. Não furtar;
8. Não levantar falso testemunho;
9. Não desejar a mulher do próximo;
10. Não cobiçar as coisas alheias.
1º mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas
O 1º mandamento convida o homem a crer em Deus, a esperar nele e amá-lo acima de tudo. Deus nos convida a amá-lo porque Ele nos amou primeiro. Os mandamentos explicitam a resposta de amor que o homem é chamado a dar a seu Deus.
O 1º mandamento abrange a fé, a esperança e a caridade. É relativo à fé porque nossa vida moral encontra sua fonte na fé em Deus e é dever nosso alimentar e guardar com prudência e vigilância a nossa fé. Há diversas maneiras de pecar contra fé:
a) dúvida voluntária = recusa em aceitar como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer;
b) dúvida involuntária = hesitação em crer e a dificuldade em separar as objeções ligadas à fé;
c) incredulidade = recusa voluntária de dar o próprio assentimento às verdades de fé;
d) heresia = negação persistente, após o Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica;
e) apostasia = o repúdio total da fé cristã;
f) cisma = a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice, ou da comunhão c/os membros da Igreja a ele sujeito.
É relativo à esperança porque o homem, sozinho, não pode responder plenamente ao amor divino. Ter esperança é ter confiança na bênção divina e possuir o temor de ofender o amor de Deus. Os pecados contra a esperança são:
a) o desespero = o homem deixar de esperar de Deus ama salvação pessoal e o perdão de seus pecados;
b)ingratidão = recusa em reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor;
c) tibieza = hesitação, fraqueza em responder ao amor divino. Pouco dinamismo na caridade;
d)acídia = ou preguiça espiritual. Recusa a alegria que vem de Deus e tem horror ao bem divino;
e)ódio a Deus = vem do orgulho. Opõe-se e nega o amor de Deus, atrevendo-se a maldizê-lo.
A observância das virtudes teologais formam e nutrem as virtudes morais no homem, cujo florescimento, certamente, são agradáveis a Deus.
O primeiro mandamento dispõe que só a Deus prestaremos culto, e a virtude da religião nos dispõe a atitudes de:
a) adoração- adorar a Deus é reconhecê-lo como Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo que existe, o Amor infinito e misericordioso. Jesus nos diz: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto”. A adoração a Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo; b) oração – é condição indispensável para obedecer aos mandamentos de Deus, pois “é preciso orar sempre, sem jamais esmorecer”; c) sacrifício – é justo oferecer a Deus algum sacrifício em sinal de reconhecimento, de súplica e de comunhão. “È verdadeiro sacrifício toda ação feita para se unir a Deus em santa comunhão e ser feliz”; d) promessas e votos – os sacramentos do Batismo, Confirmação e Ordenação contêm, em si, promessas feitas a Deus como manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor ara com o Deus fiel. O voto é um ato de devoção no qual o cristão se consagra a Deus ou lhe promete uma obra boa.
O primeiro mandamento proíbe prestar honra a outros, afora o único Senhor que se revelou a seu povo. Desrespeitamos esse mandamento quando aceitamos:
a) a superstição – é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Mostra-se particularmente na:
# idolatria – apoiada no politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses. É condenado porque consiste em divinizar o que não é Deus, prestar honras e veneração uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses, demônios, poder, prazer, raça, dinheiro... A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus. É, portanto, incompatível com a comunhão divina;
# adivinhação e magia – Deus pode revelar o futuro a seus profetas ou a outros santos. Mas, uma correta atitude cristã é abandonar-se confiantemente às mãos de Deus e rejeitar todas as formas de adivinhação e magia, pois são gravemente contrárias à virtude da religião;
b) irreligião - pecamos quando tentamos Deus em palavras ou atos, em sacrilégio ou em simonia:
#tentar a Deus – representa dúvidas a respeito do amor, providência e poder de Deus. Jesus dá-nos o exemplo quando resiste às tentações do demônio e diz-lhe: “Não tentarás o Senhor teu Deus”; # o sacrilégio – consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. É um pecado grave, especialmente quando cometido contra a Eucaristia, o próprio Cristo;
# a simonia – compra ou venda de realidades espirituais. Os bens espirituais são dons gratuitos de Deus e ninguém pode comportar-se como donos deles, e Pedro ensina: “De graça recebeste, daí de graça”; # o ateísmo – recusa à existência de Deus, fundada numa falsa concepção da autonomia humana, chega a recusar toda a dependência em relação a Deus;
# o agnosticismo – não nega Deus, mas não se pronuncia a seu respeito, pois afirma que é impossível provar, afirmar ou negar a existência de um ser transcendente.
O culto às imagens sagradas não contraria o primeiro mandamento, uma vez que desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, como a serpente de bronze, a Arca da Aliança e os querubins. A honra prestada às santas imagens é uma valoração respeitosa, e não uma adoração, que só compete a Deus.
2º Mandamento: Não tomar seu santo nome em vão
O segundo mandamento pertence ao âmbito da virtude da religião e regula mais particularmente o uso que fazemos da palavra nas coisas santas. O nome do Senhor é santo e, por isso, o homem não pode abusar dele: deve guardá-lo na memória num silêncio de adoração amoroso. Respeitar o nome de Deus é respeitar o mistério do próprio Deus e de toda a realidade sagrada que ele evoca.
O segundo mandamento proíbe o abuso do nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os anjos; manda cumprir as promessas feitas a outrem em nome de Deus, pois o não-cumprimento é abusar do seu santo nome; repele a blasfêmia, já que ela consiste em proferir contra Deus (interior ou exteriormente) palavras de ódio, de ofensa, de desafio, em falar mal de Deus. A proibição contra as blasfêmias se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas, encobrir práticas criminosas, reduzir povos à servidão, torturar ou matar, o que constitui pecado grave; proíbe as pragas e o uso mágico do nome de Deus; proíbe o juramento falso, pois invoca Deus para ser testemunha de uma mentira.
O nome de Deus é santo lá onde for proferido com veneração e com temor de ofendê-lo.
3º Mandamento: Guardar domingos e festas
No Antigo Testamento, o terceiro mandamento lembra a santidade do sábado porque:
a) faz memória da criação “Em seis dias o Senhor fez o céu e a terá, o mar e tudo o que eles contêm,mas repousou no sétimo dia. Por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou”; b) faz memorial da libertação de Israel da escravidão do Egito: “Recorda que foste escravo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com a mão forte o braço estendido. É por isso que o Senhor, teu Deus te ordenou guardar o dia de sábado”. O sábado, que representava o término da primeira criação, é substituído pelo domingo, que lembra a criação nova, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Para os cristãos, ele se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor.
O domingo deve ser guardado como dia de festa de preceito por excelência e, aqueles que faltam a esta obrigação cometem pecado grave. Outros dias de festas de preceito são: Natal, Epifania, Ascensão, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), Santa Maria,mãe de Deus, Imaculada Conceição e Assunção, São José, Santos Apóstolos Pedro e Paulo e Todos os Santos.
4º Mandamento: Honrar pai e mãe
Este mandamento inicia a segunda tábua, ou seja, as exigências do amor do próximo. Anuncia os mandamentos que seguem e que se referem a um respeito particular pela vida, pelo casamento, pelos bens terrestres, pela palavra dada. Constitui um dos fundamentos da Doutrina Social da Igreja.
O quarto mandamento dirige-se expressamente aos filhos em suas relações com os pais, porque esta é a relação mais universal. Entretanto, abrange também as relações de parentesco com os membros do grupo familiar: avós, tios, primos...Aplica-se, ainda, a todos que exercem autoridade sobre os outros ou sobre a comunidade: tutores, professores, chefes, magistrados, governantes...
A observância do quarto mandamento acarreta recompensa, frutos temporais de paz e prosperidade; “Honra teu pai e tua mãe para teres uma longa vida na terra que o Senhor teu Deus te dá”. No plano de Deus, a família é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, Filho e Espírito Santo e sua atividade procriadora e educativa é o reflexo da obra criadora do Pai.A família cristã é evangelizadora e missionária. É a igreja doméstica, porque nela deve se iniciar a prática dos bens espirituais. A paternidade divina é a fonte da paternidade humana, é o fundamento da honra devida aos pais.O respeito pelos pais é o produto do reconhecimento para com aqueles que puseram seus filhos no mundo; o respeito filial se revela pela docilidade e pela obediências verdadeiras: “Meu filho, guarda os preceitos de teu pai, não rejeites a instrução de tua mãe... Um filho sábio ama a correção do pai, e o zombador não escuta a reprimenda”. O quarto mandamento lembra aos filhos adultos suas responsabilidades para com os pais. Enquanto puderem, devem dar-lhes ajuda material e moral nos anos da velhice e durante o tempo da doença, da solidão e da angústia.
Os pais são responsáveis pela assistência material, moral e espiritual dos seus filhos. Devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas. Devem educar os filhos no cumprimento da Lei de Deus, mostrando-se eles mesmos obedientes à vontade do Pai dos céus.
A educação para a fé por parte dos pais deve começar desde a mais tenra infância. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamento da fé. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a orar e a descobrir sua vocação de filhos de Deus. Os filhos contribuem para o crescimento de seus pais em santidade.
5º Mandamento: Não matar
Toda vida humana, desde o momento da concepção até a morte, é sagrada, porque a pessoa humana foi querida por si mesma à imagem e à semelhança do Deus vivo e santo. O assassinato de um ser humano é gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador.
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, há uma preocupação com o dom divino da vida humana: “Pedirei contas do sangue de cada um de vós... Quem derramar o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem de Deus o homem foi feito”. Cristo vai além e acrescenta a necessidade de amar os inimigos, de oferecer a outra face, num correto agir cristão: “Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás. Aquele que matar terá que responder ao tribunal. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no tribunal”. A legítima defesa não é uma exceção ao quinto mandamento, porque, neste ato, a pessoa busca conservar a própria vida, não quer, voluntariamente, a morte do agressor. Isso se compreende porque o amor a si mesmo é princípio fundamental da moralidade, portanto há legitimidade em fazer respeitar seu próprio direito à vida. Algumas ações humanas atentam contra o quinto mandamento:
a) o homicídio direto e voluntário – é um pecado gravíssimo, pois este clama ao céu por vingança;
b) o homicídio involuntário – a lei moral proíbe expor alguém a um risco mortal sem razão grave, bem como recusar ajuda a uma pessoa em perigo. É uma falta grave.
Três pontos importantes:
1. O respeito à vida humana
a. legítima defesa;
b. homicídio voluntário;
c. aborto;
d. eutanásia;
e. suicídio.
2. O respeito à dignidade das pessoas
a. respeito à alma do outro: o escândalo;
b. respeito à saúde;
c. respeito à pessoa e à pesquisa científica;
d. respeito à integridade corporal;
e. respeito aos mortos.
3. A salvaguarda da paz
a. a paz: combate à cólera e ao ódio;
b. evitar a guerra.
6º mandamento: não pecar contra a castidade
Deus criou o homem e a mulher iguais em dignidade, ambos criados à imagem e semelhança do Deus Criador, inscrevendo na sua humanidade a vocação e a responsabilidade do amor e da comunhão. Para atender a essa vocação, o homem é dotado de sexualidade que, em sentido amplo, “afeta todos os aspectos da pessoa humana em sua unidade de corpo e alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e procriar e à aptidão a criar vínculos de comunhão com os outros”.
As diferenças físicas entre os seres permitem-lhes uma complementaridade desejada por Deus para que, no casamento, imitem na carne a generosidade e a fecundidade do Criador.
Ser casto é direcionar corretamente , com pureza moral e corporal, a sexualidade presente em cada pessoa. Para viver na castidade, o homem necessita dominar a si, suas paixões, como forma de liberdade humana, de forma opcional, consciente e livre, não sob coação externa.
“A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo”. Todo batizado é convidado à castidade: os casados, pela fidelidade recíproca; os solteiros, pela continência. Algumas atitudes humanas são ofensivas à castidade:
1) a luxúria – busca desordenada do prazer sexual, isolado das finalidades de procriação e de união;
2) a masturbação – excitação voluntária dos órgãos genitais a fim de conseguir prazer sexual;
3) a fornicação – união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres;
4) a pornografia- exibição intencional, a terceiros, de atos sexuais reais ou simulados;
5) a prostituição – pecado grave tanto para quem faz do seu corpo objeto de compra e venda, quanto para quem usa desse “comércio”, pois o corpo humano é templo do Espírito Santo. É a redução do ser humano a um mero objeto de prazer venéreo, carnal;
6) estupro – é uma violência à intimidade sexual da pessoa. É contrário à justiça e caridade porque fere profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral;
7) o homossexualismo – a Sagrada Escritura o apresenta como depravação grave: “são contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida”.
O matrimônio e a castidade
Pelo casamento, o homem e a mulher são convidados a testemunharem a fidelidade recíproca e a fecundidade proveniente de uma íntima doação de si.
A fidelidade exprime a constância em manter a palavra dada, porque está associada à fidelidade de Cristo à Igreja.Pela castidade, conjugal, o casal testemunha este mistério perante o mundo. A fecundidade é um dom, uma finalidade do matrimônio, porque qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da vida. No ato procriador, “os esposos Participam do poder criador e da paternidade de Deus, são cooperadores do amor de Deus Criador e como que seus intérpretes”. O casal pode, por razões justas, querer regular, controlar a procriação, desde que, para isso, usem critérios morais e não-ofensivos ao corpo dos esposos: a continência periódica, os métodos de regulação baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos. Um filho é um sinal de benção divina e a Igreja não se posiciona contrária às pesquisas “que visam diminuir a esterilidade humana, estimulando-as até, desde que postas a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus” Alguns atos humanos são ofensivos à dignidade do matrimônio e, portanto, devem ser evitados:
1) o adultério – é a infidelidade conjugal e Cristo o condena até mesmo no mais simples desejo: “Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração”; Quem o comete,falta aos seus compromissos, fere o sinal da Aliança, lesa o direito do outro e compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais;
2) o divórcio – Jesus recomenda que não haja separação entre homem e mulher abençoados pelo sacramento do matrimônio: “Não separe o homem o que Deus uniu”. Logo, “entre batizados, o matrimônio ratificado e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder humano, nem por nenhuma causa, exceto a morte”. A separação entre os esposos pode ser legítima em alguns casos previsto pelo Direito Canônico. Se não, o divórcio é uma ofensa grave à lei natural e, caso haja nova união, esta toma o caráter de adultério;
3) a poligamia – é imoral porque ofende à lei de Deus, uma vez que o Criador determina que “o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne”;
4) o incesto – é falta grave, pois corrompe as relações familiares e indica uma regressão à animalidade. O termo indica relações sexuais entre parentes e pessoas afins.
Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, a prática do incesto é contrária à santificação, desejada por Deus para todos os homens.
Em Levítico, Deus fala a Moisés e, através dele, recomenda ao povo: “Nenhum de vós se achegará àquela que lhe é próxima por sangue, para descobrir sua nudez”, indicando-lhes uma série de recomendações a partir daí. São Paulo, na 1Cor. Indigna-se contra atos de luxúria cometidos pela comunidade: “há entre vós quem vive com a mulher de seu pai” e condena severamente tal ato: “seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus”.
5) união livre – quando não há uma forma jurídica e pública numa ligação que implica intimidade sexual. O ato sexual deve ocorrer exclusivamente no casamento; fora dele, é sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental.
7º Mandamento: Não furtar
Este mandamento proíbe tomar, reter ou lesar alguém em seus bens materiais. Quem tem uma vida cristã, procura ordenar para Deus e para a caridade fraterna os bens deste mundo.
O sétimo mandamento prescreve a prática da justiça e da caridade na administração dos bens terrenos e dos frutos do trabalho do homem. Quem o fere, nega-se o direito de possuir o Reino de Deus:”Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus”.
8º Mandamento: Não levantar falso testemunho
Deus é fonte de toda verdade e sua Palavra é verdade. Em decorrência disso, os membros do seu povo são chamados a viver na verdade.
Jesus se define como “o Caminho, a Verdade e a Vida” e quem O segue, encontra “a Verdade que liberta”. A verdade ou veracidade é a “virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia”. Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade”, por isso devem “rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência”. Assim, devem ser cuidadosamente evitados:
a) falso testemunho e perjúrio – essa forma de agir pode contribuir para condenar um inocente, inocentar um culpado ou aumentar a sanção de um acusado.Quando faltamos com a verdade diante de um tribunal, é um falso testemunho; quando se está sob juramento, é um perjúrio;
b) interpretação desfavorável aos pensamentos,palavras e ações do próximo, uma vez que o respeito à reputação das pessoas proíbe qualquer atitude e palavra capazes de causar um prejuízo injusto. Quem não observa essa recomendação, torna-se culpado de:
# juízo temerário, quando se admite como verdadeiro, sem fundamento suficiente, um defeito moral no próximo;
# maledicência, quando se revela, sem razões objetivamente válidas, defeitos e faltas de pessoas a quem não os sabe;
# calúnia, quando se prejudica a reputação dos outros e se dá ocasião a falsos juízos a respeito deles.
Outras atitudes são, também, consideradas ofensivas à verdade:
# bajulação, adulação ou complacência, através de palavras ou atitudes pode-se encorajar e confirmar o outro na malícia e na perversidade. É falta grave, nesse caso. Quando se deseja apenas ser agradável, evitar um mal, obter vantagens legítimas, é um pecado venial;
# a jactância ou fanfarronice, ocorre quando se pretende demonstrar, por palavras falsas, virtudes de bravura, superioridade, arrogância;
# ironia, atos ou palavras que visem depreciar alguém, caricaturando, de modo malévolo, um ou outro aspecto do seu comportamento;
# mentira, ofensa mais direta à verdade. Jesus denuncia na mentira uma obra diabólica: “Vós sois do diabo, vosso pai,... nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. A mentira é condenável porque é uma verdadeira violência feita ao outro, já que o fere em sua capacidade de conhecer, que é condição de todo juízo e decisão.
9º Mandamento: Não desejar a mulher do próximo
Este mandamento adverte contra a concupiscência carnal. São João distingue três espécies de cobiça: da carne, dos olhos e a soberba da vida. A luta contra a cobiça carnal passa pela purificação do coração e prática da temperança, isto é, virtude de quem é comedido, sóbrio. O coração é a sede da personalidade moral: é dele que “procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações”. Àqueles que conseguem a pureza do coração, é-lhes prometido ver Deus face a face. A purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza da intenção e do olhar.
10º Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias
Este mandamento refere-se à concupiscência dos olhos e proíbe a ambição desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e do seu poder.
A prática desse mandamento exige banir a inveja do coração humano, pois é um vício capital. O batizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas mãos da Providência Divina.
Àqueles que desapegam o coração das riquezas terrestres, verão a Deus pela pureza do coração.
MANDAMENTOS DA IGREJA
A Igreja está sempre preocupada com a vida moral do ser humano, haja vista ser a salvação humana sua preocupação primordial. Para isso, oferece ao homem mandamentos “promulgados pelas autoridades pastorais que garantam aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo”. O primeiro mandamento – Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho – ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor e festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da Santíssima Vigem participando da celebração eucarística e abstendo-se de atividades que possam impedir a santificação desses dias;
O segundo mandamento – Confessar-se ao menos uma vez por ano – assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo;
O terceiro mandamento – Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição – garante um mínimo na recepção do Corpo e Sangue de Cristo em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristo;
O quarto mandamento – Jejuar a abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja- determina o tempo de ascese e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração;
O quinto mandamento – Ajudar a Igreja em suas necessidades ou Pagar o Dízimo segundo o costume - recorda aos fiéis que deve ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades.
xi. vida em oração
1. O que é oração?
A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles (CIC).
2. Quem ensinou a rezar?
Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita (CIC).
3. Quando Jesus rezava?
O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão, mesmo de noite. Jesus reza antes dos momentos decisivos da sua missão ou da missão dos Apóstolos. De facto, toda a sua vida é oração, porque Ele existe numa comunhão constante de amor com o Pai (CIC).
4. Como Jesus nos ensina a rezar?
Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com a sua própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no Nome de Jesus, nosso Mediador junto do Pai (CIC).
xii. ide e anunciai
Para a evangelização, necessitamos de três coisas essenciais:
1. A Sagrada Escritura;
2. A Tradição da Igreja;
3. O Magistério da Igreja.
Na Sagrada Escritura e na Tradição, o Magistério encontra o fundamento de toda a fé. O Magistério tem a missão de guardar, interpretar e transmitir o sagrado depósito da fé (a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja). O Magistério é formado pelo Papa em comunhão com todos os bispos, e é o autêntico interprete da Palavra de Deus. É dele a legítima missão no entendimento total do Depósitum fidei.
CH, p.10;Jo 6, 35; 8, 12; 11, 25; 10, 11; 25, 6; 6, 13; CIC 430; At 4, 12; Mc 2, 5 – 7; Rm 3, 25; 2 Cor 5, 19; CIC 435 CIC 436; Lc 2, 11; At 2, 36; Jo 20 ,31; Mt 3, 17; Mt 17, 5; Lc 1, 31 – 32; Mt 4, 3; Mt 16, 15; Lc 2, 49; Lc 23, 34; Lc 23, 46; CIC 441; Mt 16, 17; CIC 443 Ex 3,15; Jo 13, 13; Jo 13, 36; Jo 21,16; Jo 4, 15; CIC 449-451; Jo 6, 14; Lc 13, 33; Lc 4, 24; Lv 16 (1) Lc 2, 46; Mt 4, 17; Hb 9, 28; 1 Pd 2, 9; Ez 2, 17; Dn 7, 14; Mc 13, 26- 14, 62; At 7, 56; Mc 7, 20 – 11, 19; Mc 13, 24 – 30 –Mt 25, 31- 46; Jo 1, 1 – 14