25 de abril de 2010
Frei Faustino Paludo, OFMCap
O Ritual da Penitência, além do Rito de reconciliação individual, do Rito para a reconciliação de vários penitentes com confissão e absolvição individual e do Rito com confissão e absolvição geral, apresenta as celebrações penitenciais.
São definidas como “reuniões do povo de Deus para ouvir sua palavra que o convida à conversão e à renovação de vida, proclamando também nossa libertação do pecado pela morte e ressurreição de Cristo {...} Sua estrutura é a mesma das celebrações da Palavra de Deus, proposta no Rito para a reconciliação de vários penitentes” (RP, 36). São consideradas “verdadeiras ações litúrgicas”, previstas no Ritual da Penitência, normatizadas, incentivadas e consideradas de grande utilidade pastoral e espiritual pela hierarquia da Igreja (cf. RP 37).
Vejamos o esquema e os elementos destas celebrações: I - Ritos iniciais – canto, saudação com introdução sobre o sentido da celebração e oração. II - Liturgia da Palavra – leituras do AT ou do NT, Salmo, aclamação ao Evangelho ou outro canto, proclamação do Evangelho, homilia, exame de consciência com momentos de silêncio, preces; III - Ato penitencial (preparado em conformidade ao tempo litúrgico e, ou adaptado à categoria de pessoas presentes), confissão genérica dos pecados, alguma expressão simbólica (aspersão da água benta ou introduzir e tocar na cruz de Cristo ...), oração do Pai nosso, ação de graças, bênção e convite a um cordial abraço de paz.
As celebrações penitenciais destinam-se a todos os seguidores de Jesus Cristo, mais especificamente àqueles que caíram em pecado depois do batismo. Quem delas participa, pela escuta da Palavra de Deus, pela meditação e oração, reconhece as faltas cometidas contra Deus e os irmãos. Sente-se motivado a buscar uma verdadeira penitência pela celebração do sacramento da Reconciliação. Embora estas celebrações não devam ser confundidas com o sacramento da Penitência, elas são “sumamente úteis para levar à conversão e renovação interior”. Fomentam o espírito de penitência na comunidade cristã; educa a consciência sobre o senso de pecado (suas dimensões) e da libertação do mesmo por Cristo; preparam para o sacramento da Reconciliação; sublinham a ação de graças e louvor à misericórdia do Senhor; impulsionam o cristão à conversão contínua e renovada, respondendo aos apelos do Espírito Santo. “Além disso, onde não houver nenhum sacerdote disponível para conceder a absolvição sacramental, as celebrações penitenciais são utilíssimas para despertar nos fiéis uma conversão perfeita nascida da caridade, pela qual, com o desejo de receber mais tarde o sacramento da penitência, possam conseguir a graça de Deus” (cf. RP 37). Como podemos ver, as celebrações penitenciais têm valor em si mesmas, incentivam o verdadeiro espírito de conversão e à busca do perdão não apenas no sacramento, mas na oração da Igreja, máxime na vivência renovada da caridade (CNBB, doc. 6, Pastoral da Penitência, n.4.5.2).
As celebrações penitenciais ajudam a compreender a penitencia e a reconciliação como um longo processo, um caminho, que dura a vida inteira e que tem como objetivo formar e aperfeiçoar o “homem novo”, a pessoa renovada, em ambiente comunitário, no encontro com Jesus Cristo, anunciado no evangelho e nos demais textos bíblicos, proclamados e meditados. Observemos que a Palavra de Deus não só convida à conversão e à renovação de vida, mas proclama que o pecador arrependido é liberto do pecado pelo mistério pascal de Jesus Cristo. A comunidade que ouve a Palavra e a acolhe, deixa-se transformar por ela. Os irmãos (as) constituem-se uns para os outros sinal de reconciliação da parte de Deus.
As celebrações penitenciais podem ser realizadas em qualquer tempo do ano litúrgico. Os momentos privilegiados para tais celebrações são a quaresma, o advento, a preparação para as festas de padroeiros, as romarias e em situações singulares em que uma comunidade cristã busca a reconciliação e a paz entre seus membros. Delas são convidados a participar todos os fiéis. O Ritual da Penitência, além de oferecer modelos de celebrações para os diferentes tempos do ano litúrgico, lembra que elas podem ser adaptadas para as várias categorias do povo de Deus, adultos, jovens, crianças, enfermos ... O ministério da presidência poderá ser exercido por um bispo, presbítero, ou diácono e, “podem ser celebradas também sob a direção de outros ministros que não sejam presbíteros” (CNBB, doc. 6, n.4.5.2).
A experiência pastoral tem demonstrado a utilidade e o grande proveito espiritual das celebrações penitenciais. As pessoas, à luz da Palavra de Deus, dialogam, partilham e expressam o que desejam mudar em sua vida para corresponder à Boa Nova de Jesus, nas preces, nas súplicas de perdão, nas expressões simbólicas e no abraço de paz.
Sugerimos aqui o estudo do capítulo IV do Subsídio “Deixai-vos reconciliar”, coleção Estudos da CNBB, no. 96. Temos aí uma bela e profunda explicação das Celebrações Penitenciais, elaborada pela liturgista Ione Buyst, apresentando detalhadamente a sua estrutura, sentido, espiritualidade e aplicação pastoral.
Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:
1. Sua comunidade tem o costume de realizar celebrações penitenciais? Você já participou de alguma celebração penitencial?
2. O que mais sensibiliza e toca as pessoas numa celebração penitencial?
3. Por que as celebrações penitenciais são recomendadas pela Igreja e muito úteis às pessoas e às comunidades cristãs?