Meus queridos irmãos,
Quarenta dias depois da Páscoa, a Santa Mãe Igreja celebra a Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Celebramos hoje toda a realidade da glorificação de Jesus, aquilo que a cristologia das origens chamou de “estar sentado à direita do Pai”. Assim, a última aparição de Jesus aos apóstolos aponta para uma realidade que ultrapassa o quadro da narração.
Estimados Irmãos,
A festa da Ascensão é repleta de significado para a vida cristã: Cristo reassume triunfante todo o seu poder. E, na glorificação de sua carne, glorifica-se toda a carne humana. No início da história, houve a expulsão do paraíso. As criaturas sempre sentiram saudades do paraíso perdido, da vida junto de Deus. Hoje, reentrando no Paraíso, Jesus reabre as portas para os homens e para as mulheres. O paraíso, que podíamos sonhar apenas “em saudades”, se torna lugar novamente acessível à criatura humana, porque, na pessoa de Jesus de Nazaré, a humanidade reentrou na posse dos céus. Daqui da terra, enquanto aqui peregrinamos, podemos erguer os olhos esperançosos para o Cristo nos céus, fundamentados na sua promessa de onde Ele estiver, o Cristo quer que todos estejam também, ou seja, no céu.
A Ascensão é a festa do envio dos apóstolos. Os apóstolos devem continuar a missão de Jesus: construir o Reino de Deus. Uma missão que não é só do Cristo, mas de todos nós que devemos, com nossas alegrias e nossas esperanças, e mesmo com nossas fraquezas e nossas dificuldades, anunciar o Evangelho para todo o mundo. A missão que é de todos nós: fazer todos os seus discípulos, não só discípulos, mas discípulos-missionários no jeito novo de ser seguidor de Cristo ensinado pela V Conferência de Aparecida, batizar as pessoas e levá-los a observar os mandamentos e o Evangelho.
Estimados Amigos,
Somos convidados a acreditar e crer que Jesus ressuscitou verdadeiramente. Mateus faz a Ascensão acontecer sobre um monte da Galiléia. Mais do que lugar geográfico, o monte aqui é símbolo. Na Galiléia Jesus começara a vida pública. Na Galiléia Jesus a termina. Falar do alto de um monte, rezar no alto de um monte tinha sempre qualquer coisa de divino. Mateus, que tantas vezes usara a figura do monte para significar a autoridade divina de Jesus, não podia escolher outro lugar mais sugestivo que um monte na Galiléia, para declarar solenemente que era Senhor dos céus e da terra, para transmitir aos apóstolos, como Senhor, a missão de continuar sua obra na terra, e “subir aos céus e assentar-se à direita do Pai”,como professamos no Credo de cada missa que rezamos!
Amados e amados irmãos,
Jesus nos promete hoje que vai permanecer conosco até o fim dos tempos. Isso porque alguns discípulos tinham medo, duvidavam, não sabiam o que fazer nem imaginavam o que poderia acontecer. Sentiam-se seguros e felizes na presença do Cristo; mas confusos e tristes sem Ele. O outro Evangelista, aquele que Ele amava, demora-se nesse problema na última Ceia, no discurso de despedida de Jesus. Mas o próprio Cristo anuncia que “Não se perturbem, não tenham medo de nada!”(Cf. Jo 14,1). E o Cristo promete que tanto Ele, quanto o Espírito Santo, acompanhariam os apóstolos em todos os momentos e circunstâncias. E que nos acompanhariam também, todos os batizados.
Jesus é o companheiro de caminhada. E isso está representado no Círio Pascal que, no dia de Pentecostes, deixa o lugar no presbitério e é levado ao Batistério, ao lugar onde os cristãos começam seu itinerário na comunidade cristã. O neobatizado recebe em suas mãos a luz tirada do Círio Pascal, símbolo do Cristo Ressuscitado. Esta luz como que firma um pacto: o cristão, tornado filho de Deus pela graça divina, enquanto aguarda a herança do céu, se obriga a professar a fé no mistério do Senhor e Jesus e a testemunhá-lo diante de todos através da missão e da evangelização, na busca da santidade.
Irmãos e Irmãs,
A Ascensão é um santo mistério. Ao celebrarmos a Ascensão celebramos a glorificação do Cristo, por isso temos que tomar consciência de nossa própria vocação à glória, como exprime a Segunda Leitura de Efésios. Assim somos chamados a contemplar a nossa vocação em Cristo ressuscitado: a esperança que o seu chamado encerra, a riqueza da glória da sua herança entre os santos e a extraordinária grandeza de seu poder para nós.
Com esta Solenidade celebramos o 42º. Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem como tema: “Os meios: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para compartilhá-la”. Assim, a Mãe Igreja nos convida a refletir sobre o autêntico papel dos meios de comunicação social na sociedade hodierna, tendo em consideração o crescente risco de que estes MCS se tornem referência de si mesmos, e não mais instrumentos a serviço da verdade, que deve ser buscada e compartilhada no Redentor. Em Cristo, elevado aos céus e presente na comunidade e na Eucaristia, já vivemos, na esperança, o que nos espera para sempre na glória, Aleluia!