Experimentar a misericórdia de Deus muitas vezes na Confissão é uma graça maravilhosa, que nos ajuda a levantar para voltar a começar.
Como disse o Papa Francisco, “A Confissão não é uma sessão de tortura nem uma lavanderia. Jesus, no confessionário, não é um produto de limpeza a seco. A possibilidade de envergonhar-se é uma verdadeira virtude cristã e inclusive humana. Bendita vergonha. É assim que chegamos a ser conscientes do mal realizado. Mas e se amanhã eu fizer de novo? Então vá de novo. Ele sempre nos espera. O confessionário é o lugar no qual Deus nos convida a experimentar sua ternura”.
A Quaresma e a Semana Santa são oportunidades para transformar a própria vida, para pedir perdão e recomeçar um caminho de santidade do qual havíamos nos afastado pelo pecado, ao ceder à tentação, ao deixar-nos seduzir por aquilo que tanto nos atraía.
Estamos vivendo um tempo especial de conversão, no qual recebemos a misericórdia de Deus em nossas vidas quando somos capazes de acolhê-la com coração humilde e simples, com mansidão e muita paz diante de Deus, porque Ele sempre nos perdoa.
Queremos pedir a Deus que purifique o nosso coração, que arranque dele o rancor, o ódio, a inveja, a preguiça, o desprezo, a mentira, o desejo de vingança, a soberba, o orgulho.
Dentro de nós, há sentimentos que não são os de Jesus, não são puros. Sentimentos que nos afastam de Deus. Queremos que Cristo tome forma em nós. Queremos ter seus sentimentos.
A melhor pergunta que podemos nos fazer na vida cotidiana é: “O que Jesus ou Maria fariam no meu lugar?”. Porque não a fazemos, o pecado nos afasta de Deus e enfraquece os nossos vínculos.
Mas a realidade é que não podemos deixar de pecar. Nossa fraqueza é muito real e precisamos aceitá-la. Podemos pecar inclusive ao não fazer nada, quando omitimos o amor, quando deixamos de dar alegria e esperança, quando nos fechamos em nós mesmos e não nos abrimos à misericórdia. Quantos pecados de omissão!
Quando Jesus nos perdoa por meio da Confissão, Ele não nos pede explicações, não espera que mudemos imediatamente de vida. Ele simplesmente pergunta: “Você me ama?”.
Há perguntas que não se esquecem. Pedro guardou aquela pergunta gravada em seu coração para sempre. O mesmo Pedro que falhou com Jesus quando Ele mais precisava dele, na escuridão daquela noite.
Jesus estava precisando do seu olhar, da sua fidelidade, ou simplesmente da sua oração para ter mais forças. Ele queria ter visto Pedro ao lado de Maria, buscando respostas e algo de esperança.
Não sabemos bem tudo o que Jesus esperava naquela noite. Talvez não esperasse nada e ao mesmo tempo esperasse tudo, porque oamor é assim.
Mas essa sua tristeza não estava cheia de amargura. Simplesmente refletia um desejo sem cumprir, um sonho destruído. Aquele que tanto o amava e que disse estar disposto a dar a vida por Ele continuava com medo, escondido na noite, negando conhecer o Nazareno. Que duro!
Jesus talvez tenha chorando tanto quanto Pedro. Quem sentiu mais dor quando seus olhares se cruzaram? Jesus lhe perguntava, com seu olhar, se Pedro o amava, e o sustentava com ternura em sua vergonha por ter caído. Pedro fugiu oculto entre as sombras, chorou amargamente.
Jesus não queria reprovar nada, só queria saber se Pedro o amava. E queria que Pedro soubesse que Cristo o amava. O reencontro não foi possível naquela noite. Com certeza, Pedro ainda não estava preparado.
Os dois tiveram de esperar e no final de encontraram. Junto ao lago, o lugar comum onde já não era preciso se esconder. Lá, Pedro era Pedro e já não temia a morte. Lá, diante de Jesus, ele podia retomar o diálogo interrompido pelo canto de um galo. E Jesus perguntou três vezes a Pedro: “Tu me amas?”. No final, Pedro abriu seu coração: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo”.
É claro que Jesus já sabia disso. Ele conhecia seu coração, sabia que Pedro o havia negado naquela noite por medo, porque não queria morrer. Mas agora Pedro afirmou seguro o que já não temia confessar. Sua fé cresceu. Ele já não tinha mais medo. Sabia que poderia morrer como o Mestre, mas estava preparado, confiava na luz e na vida. Acreditava e amava. Sem medo, sem temer esconder nada.
Jesus nos pergunta a mesma coisa cada vez que nos confessamos e pedimos perdão. Ele não quer que estejamos continuamente olhando para o dano causado, sentindo culpa e dor, criticando-nos pelo que fizemos. Não. Jesus nos pergunta com muito carinho: “Você me ama?”.
O que podemos responder? Que sim, que o amamos, que daríamos a vida por Ele; que, sem Ele ao nosso lado, a vida não tem sentido; que, se Ele não nos preenche, nada poderá fazê-lo. Sim, este é o caminho e por isso nos alegramos sempre que escutamos sua voz: “Você me ama?”.
Fonte:http://www.aleteia.org/pt/estilo-de-vida/artigo/nao-tenha-medo-da-confissao-5886766565294080