“Eu sou o Senhor, não há outro: fora de mim não há Deus”
Leituras: Isaías
45, 1.4-6; Salmo 95 (96), 1.2a.3.4-5.7-8.91-a.c; Primeira Carta de São Paulo
aos Tessalonicenses 1, 1-5b; Mateus 22, 15-21.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: A
celebração de hoje fala da “terra missionária”, que compreende a sociedade onde
vivemos, com suas particularidades, complexidades e confrontos a quem se faz
missionário do Reino, enviado em missão para anunciar, semear e cultivar o
Evangelho. A missão é uma atividade eclesial realizada pelo discípulo do
Senhor, na realidade social onde vive. Supliquemos, especialmente nesta
celebração, por tantos missionários e missionárias que, deixando sua Pátria,
abrem-se, na alegria da fé e do compromisso evangélico, para a missão
evangelizadora em tantas partes do mundo.
1. Situando-nos
Por causa da solenidade do domingo anterior, fizemos uma
pausa na sequência do caminho espiritual que o Senhor vem fazendo conosco neste
Tempo Comum. De festa em festa, de cotidiano em cotidiano. Movimento natural da
vida humana. Retomemos então o caminho de conhecimento de Jesus, seu anúncio do
Reino do Pai e a fidelidade à sua missão, para que nos deixemos formar por ele.
O conhecimento da pessoa e da proposta de Jesus é a
nossa garantia e certeza de estarmos no caminho correto, de confrontarmos
nossos projetos, opções pessoais e comunitárias, e assim, rever sempre o nosso
pensar e agir no mundo.
O nosso ser e agir cristãos são no mundo, ou seja, em
meio à adversidades e exigências, alegrias e esperanças que esta nossa condição
terrena nos proporciona e nos impõe. Dentre os desafios, encontra-se a nossa
relação de cristãos (enquanto indivíduos e enquanto Igrejas cristãs) com os
poderes políticos e econômicos.
2. Recordando a Palavra
Da perícope,
o Lecionário apenas não assume o último versículo (22), referente ao assombro
dos fariseus diante da resposta de Jesus. Desta forma permanece a importância
do confronto das autoridades com o Mestre. Após ter contado as parábolas aos
sumos sacerdotes e fariseus, para levar seus interlocutores a um posicionamento
de vida diante do Reino de Deus (Cf. Mt 21, 45-46), Jesus se vê em meio a uma
trama, desta vez armada pelos fariseus.
Na verdade,
são cinco ataques a Jesus. O Lecionário assume apenas dois deles: o primeiro
neste domingo e o terceiro para o próximo. O segundo, que está entre os dois escolhidos
pelo Lecionário, e que não ouviremos na liturgia, foi feito aos saduceus e
versou sobre a ressurreição.
Este primeiro
confronto é realizado de forma velada, pois os fariseus não vão ao encontro de
Jesus. Antes, enviam seus discípulos e partidários de Herodes, pensando que
permaneciam imunes e não se comprometeriam. Eles, secretamente, armam um plano
para pô-lo à prova e apanhá-lo em palavras que o comprometessem diante das
autoridades religiosas e políticas. Desta vez, sobre os impostos: se é lícito
ou não pagá-los.
Se Jesus
dissesse que não era devido recolher os impostos, os herodianos o denunciaram
ao governador ou ao tetrarca e estes, por sua vez, para não terem problemas com
o imperador, sufocariam qualquer tentativa de insubordinação; caso dissesse que
era devido, os próprios fariseus, que tinham grupos militantes anti-romanos o
apanhariam em uma questão teológica, pois acreditavam e esperavam a vinda do
messias para libertá-los do poder romano. Decerto as autoridades religiosas do
Sinédrio e do Templo de Jerusalém – sumos sacerdotes e anciãos – o condenariam.
A atitude de
Jesus é a de solicitar uma moeda com a qual se pagavam os impostos. Algo que
passa muitas vezes despercebido é que Jesus já revela aqui a hipocrisia do
grupo que o interroga. Ele não possui uma moeda, mas as pessoas que o
interrogam, apesar de dentre eles existirem aqueles que não aceitavam o poder
tirano do Império Romano sobre seu povo, traziam consigo uma moeda.
Além desse
dado, Jesus revela a idolatria que existe por trás da confecção das moedas. A
“figura” de César em uma moeda constituía para os hebreus é uma verdadeira
provocação e seus interlocutores sabiam disso. Por causa do primeiro mandamento,
que impedia qualquer reprodução de imagens humanas e de animais, eles
consideravam uma idolatria, pois, como fomos criados à imagem e semelhança de
Deus, quem se refigurasse, colocar-se em lugar de Deus.
Jesus, então,
percebendo a maldades deles, os conduz a refletirem a partir da própria
existência e forma de cunhar uma moeda à época. E com uma pergunta, própria dos
mestres ao ensinarem seus seguidores, põe cada coisa em seu lugar, separando o
que pertence a Deus e o que cabe aos poderes políticos e econômicos.
3. Atualizando a Palavra
A tirania e
enriquecimento ilícito de políticos foi sempre algo presente na historia da
humanidade. E o Brasil conhece muito bem essas histórias, até de fatos bem
recentes no âmbito municipal e federal. A carga tributária (de impostos) no
Brasil está entre as trinta mais elevadas do mundo. O valor desembolsado pelos
brasileiros para impostos equivale a cinco meses de trabalho no ano. Quase a
metade do ano o brasileiro trabalha para pagar/recolher impostos.
Além disso, e
tendo também essas realidades como uma das causadoras do baixo investimento em
políticas públicas a favor do bem comum e do bem viver da população, não
podemos nos esquecer da constante calamidade que vive nosso povo nas áreas da
educação e da saúde, sendo privado das mais básicas condições para se viver.
Para completar o quadro, pesquisas apontam que no Brasil os pobres recolhem
mais impostos que os ricos no custeio dos serviços públicos.
Ora, os
impostos devem ser empregados para o bem comum, para que o estado garanta as
condições básicas para que os “brasileiros e brasileiras” possam se desenvolver
e crescer.
Como
cidadãos, temos o dever de recolher os impostos, pois é a nossa participação
social para o bem comum e para que a vida seja vivida com mais dignidade.
Dominar e, sobretudo, destruir a vida ou decidir sobre ela – quem tem ou não
direito – não cabe aos governantes ou a quem quer que seja. A vida pertence a
Deus! Dessa forma, “dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus” (Mt 22,21b).
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
César Augusto
e, por decorrência, qualquer poder social e político, não são senhores da vida;
não são senhores do seu povo ou da humanidade. “Eu sou o Senhor, não existe
outro: fora de mim não há deus” (Is 45,5), ouvimos de Deus na primeira leitura
deste domingo. Por isso, proclamaremos, respondendo a Deus e conclamando a
todos: “Ó Família das nações, dai ao Senhor poder e glória“ (refrão do Sl 95).
Somente a Ele pertencem o poder e a glória.
Na ação
litúrgica a glória de Deus será proclamada por todos nós na grande oração de
ação de graças: a oração eucarística – centro e ápice de toda a celebração (cf.
IGMR, n.30 e 78). Logo no início quem preside conclama: “Demos graças ao
Senhor, nosso Deus” e toda a assembléia responde: “É nosso dever e nossa
salvação”.
O nosso dever
de render graças a Deus deve-se à grande ação de Deus em agir, constantemente
em favor do seu povo, desde a primeira aliança, culminando em Jesus, seu Filho
e Senhor nosso. É por isso mesmo, que na ação litúrgica e pela ação litúrgica,
o render graças ao Pai nos possibilita o acesso à salvação, oferecida a nós
pelo Senhor, cada vez que celebramos, pois o declaramos único e supremo Senhor.
Não há outro!
Mas não
apenas na ação litúrgica a glória de Deus é proclamada. Realizamos a sua glória
quando trabalhamos para a qualidade de vida para todos, não apenas para alguns
“escolhidos”; quando promovemos a vida acima de tudo e de todos, mesmo quando
os poderes sociais e políticos querem nos impedir ou se mantêm na atitude
idolátrica e de colocarem-se acima de todos, arvorando-se no direito de fazerem
o que querem com o que pertence e deve ser destinado ao bem público; mais
ainda, quando temos uma compreensão e ação crítica diante da realidade, na qual
os césares de hoje ainda teimam em prevalecer, colocando-se no lugar de Deus.
Queremos
servir a Deus acima de tudo. Ele, o nosso único Senhor. Assim proclamaremos na
oração do dia: “Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao
vosso dispor, e vos servir de todo o coração”.
Oração dos fiéis:
Presidente Ao Pai, rico em misericórdia
e bondade e que faz seu Filho vencer todas as armadilhas maldosas, façamos
nossos pedidos:
1. Senhor,
que a Santa Igreja busque antes de tudo o Reino de Deus e não se deixe prender
por compromissos e nem se seduzir por alianças com os poderosos. Peçamos:
Todos: Senhor, atendei-nos.
2. Senhor,
que nossos padres possam sempre dar contribuição expressiva na defesa da
justiça e na busca da paz, na exigência do respeito à dignidade humana.
Peçamos:
3. Senhor,
que nossas comunidades nunca se sintam jardins prediletos de Deus. Peçamos:
4. Senhor,
que os cristãos que se engajam na política não busquem o interesse e o poder,
mas se coloquem a serviço do bem comum. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Ó Deus, nosso refúgio e nossa força, acolhei nossas
orações, pois sois a fonte de nosso fervor, e concedei-nos obter com plenitude
o que vos pedimos com fé. Por Cristo
nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Presidente: Dai-nos, ó Deus, usar os
vossos dons servindo-vos em liberdade, para que, purificados pela vossa graças
sejamos renovados pelos mistérios que celebramos em vossa honra. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Dai-nos, ó Deus, colher os
frutos da nossa participação na Eucaristia para que, auxiliados pelos bens
terrenos, possamos conhecer os valores eternos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO
Dia 17, 18 e 19 de outubro: Assembleia das Igrejas (Itaici).
Dia 18 de outubro – sábado: Missa pela TV Aparecida e Rede Vida da Pastoral dos
Surdos, presidida por Dom Vilson, no Santuário Basílica de Aparecida – 09h00.
Dias 20 a 23 de outubro: Atualização do clero, em São Pedro, SP.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: O Deus Pai, que em Jesus manifestou a solidariedade e a
caridade, os faça mensageiros do evangelho e testemunhas do seu amor no mundo.
Todos: Amém.
Presidente: O Senhor Jesus, que prometeu à sua Igreja estar a seu
lado até o fim dos tempos, dirija os seus passos e confirme suas palavras.
Todos: Amém.
Presidente: O Espírito Santo esteja sobre vocês, para que,
percorrendo os caminhos do mundo possam evangelizar os pobres, dar vista aos
cegos e curar os corações humilhados e contritos.
Todos: Amém.
Presidente: (Dá a bênção).