DIOCESE DE LIMEIRA
4º
DOMINGO DO TEMPO COMUM – 01/02/2015
+Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Um ensinamento novo,
dado com autoridade”
Leituras: Deuteronômio 18,
15-20; Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R/.8); Primeira Carta de São Paulo Apóstolo aos
Coríntios 7, 32-35; Marcos 1, 21-28.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: Nesta páscoa
semanal vemos Jesus caminhando em sua vida pública e como Mestre nos ensinando
com autoridade. Autoridade suscita responsabilidade. Jesus deixa claro seu
lugar divino, sendo responsável por revelar a vontade do Pai às pessoas; por
isso o evangelista diz que ele ensinava “como quem tem autoridade.
1. Situando-nos
brevemente
Entramos com Jesus na sinagoga de Cafarnaum,
testemunhamos a expulsão de um espírito imundo e reconhecemos que Jesus é
portador de um ensinamento cheio de autoridade, sinal da sua fidelidade ao projeto
do Pai.
O Evangelho narra o início das atividades de Jesus
depois do chamado dos discípulos. Seu ensinamento ressoa de modo diferenciado
aos seus contemporâneos que o reconhecem com admiração e espanto. O próprio
espírito impuro reconhece Jesus como “o santo de deus” que veio para
destruí-los.
Mas sobressai a autoridade com que Jesus ensina,
expressa pelos seus admiradores ao fim e ao início desse trecho. A autoridade
de Jesus é colocada em contraste com a autoridade dos mestres da lei,
identificada como ensinamento novo que não repete as coisas do passado, ao modo
dos outros mestres.
Também a figura do homem possuído por um espírito mau,
sobressai ao relato. É aí que se demonstra a autoridade de Jesus, pois até ele
obedece Jesus, sito é, Jesus tem poder sobre ele. Seu ensinamento produz a
libertação do homem e decreta o final do reinado do mal. Não é um ensino
inócuo, vazio, sem frutos, mas um ensino que se demonstra totalmente novo,
realizando a novidade messiânica.
De fato, o messias, segundo a esperança judaica, teria
atribuições especiais. A inauguração desse novo tempo se realiza em Jesus e o
reconhecimento de Jesus por parte do povo se espalha. Contudo, Jesus rejeita o
falso testemunho do espírito impuro, ordenando que ele se cale.
2. Recordando a
Palavra
O Deuteronômio nos apresenta o projeto de uma nova
sociedade. Inclui leis referentes à pessoa do rei e também leis que
regulamentam a vida dos levitas. E é dentro desse contexto que Deus promete um
profeta com as seguintes características: não ter nenhum compromisso com o
poder político e religioso e ser para o povo porta-voz e intérprete do projeto
de Deus, que visa a construção de história e sociedade novas.
As religiões vizinhas a Israel tinham seus profetas. Mas
a função deles era sustentar o sistema que concentrava a vida na mão de poucos
em detrimento da maioria sofrida. Por isso, Deus proíbe a existência de
adivinhos, astrólogos e magos que eram consultados pelas autoridades pelas
autoridades, quando se tratava de questões que diziam respeito ao bem do povo.
É claro que sempre se colocavam ao lado das autoridades ou da classe dominante.
O profeta do povo de Deus é diferente. É suscitado pelo
Deus libertador e se assemelha a Moisés, líder que organizou e conduziu o povo
rumo à libertação e posse da terra por Deus prometida. O povo, então, deve
ouvir o que o profeta diz, pois o próprio Deus vai pedir contas a quem não
escutar as palavras que o profeta pronuncia. E o profeta que tiver a ousadia de
dizer em nome de Deus alguma coisa que o Senhor não lhe ordenou, ele deverá
morrer.
O Salmo 94 (95) nos convida a louvar a Deus, Salvador e
grande Rei que criou a terra e o mar, em cujas mãos tudo se encontra. Pede
ainda para adorar o Senhor por ter criado os homens e por ser Ele mesmo o
Pastor do seu povo. Enfim, o Senhor recorda a dureza de coração de Israel e as
provocações e desgostos que o povo escolhido lhe causou no deserto e convidá-lo
a ouvir hoje a sua voz para entrar no seu repouso.
Paulo, mais uma vez, procura responder as muitas indagações
das comunidades. Ele não tem respostas, mas analisa tudo na perspectiva da
evangelização. As primeiras comunidades viviam na expectativa do fim do mundo.
A urgência da evangelização e a possibilidade do fim eminente do mundo levaram
alguns líderes à decisão de não casar. Mas para Paulo, virgindade/celibato só
adquire sentido enquanto doação plena e total ao Reino.
O evangelista Marcos está preocupado em mostrar quem é
Jesus. Mas ele não tem explicações abstratas e mostra Jesus agindo. No
Evangelho de hoje, encontramos o primeiro ato público de Jesus. O evangelista
situa no tempo e no espaço o relato do primeiro milagre: é um dia de sábado e
Jesus entra na sinagoga, acompanhado pelos dois discípulos que acabara de
convocar.
O sábado era umas das instituições sagradas no tempo.
Dia para celebrar a vida e a comunhão com Deus. A sinagoga era lugar de estudo
e aprendizagem. Mas o sábado e a sinagoga não estavam favorecendo a vida, E
Jesus começa a ensinar. Marcos não diz o que ensinava. Ao que parece, ensino e
prática são a mesma coisa. O povo se admira, porque ensina como quem tem
autoridade e não como os doutores da lei. E depois, que um homem possuído pelo
demônio foi libertado, o povo fica espantando e todos se perguntam: “Que é
isto? Um ensinamento novo, e com autoridade” (1,27).
O ensinamento de Jesus é novo, porque liberta ao mesmo
tempo que ensina. Aí se situa a diferença entre o seu ensinamento e o dos
doutores da lei. Ao entrar na sinagoga, Jesus se volta para quem não
recebia atenção. Ele faz com que o
possuído pelo demônio se torne o centro das atenções, e sua libertação é, ao
mesmo tempo, prática e ensino.
Marcos quer mostrar quem é Jesus. O espírito mau
reconhece que Jesus veio para destruir todas as raízes do mal e suas
manifestações: “Vieste para nos destruir?” (1,24) Jesus é aquele que veio
destruir o mal que aliena e despersonaliza a pessoa.
O espírito mau já sabe quem é Jesus e diz: “tu és o
santo de Deus” (1,24). O Mestre é a pessoa escolhida pelo Pai para libertar a
todos. Na Bíblia, conhece o nome significa ter o controle sobre a pessoa. Jesus
é o forte. O espírito da alienação não tem poder sobre ele.
3. Atualizando a
Palavra
Um povo de profetas se reúne para celebrar a fé no Deus
vivo e libertador. A Eucaristia é um especo privilegiado para aprendermos quem
é Jesus. É Ele quem nos abre os olhos para vermos que, no meio de nós e ao
nosso redor, há uma multidão de gente despersonalizada oprimida pelos
“espíritos maus” que alienam nosso povo.
Aderir a Jesus tem a vez com o reconhecimento dos sinais
que seu ensinamento produz. A comunidade é continuadora desse anúncio, mas deve
se empenhar para que não seja um anúncio vazio, ou desautorizado. Por isso, a
volta ao Evangelho deverá ser uma atitude constante para definir essa conexão
com o Mestre.
E o empenho deve também estar direcionado para a
realização da libertação e da cessação do mal: tudo o que desfigura a vida
humana, convertendo-a em prisioneira e vitima dos atuais “espíritos impuros”,
deve ser cessado pela força do Evangelho. Ações que minimizem a fome, a
violência, o egoísmo e a indiferença, bem como todos os efeitos do mal, são
ações do Cristo libertador que continua a expulsar de nosso meio o fermento da
maldade. São concretizações de seu ensino, comprovam sua eficácia e revelam a
autoridade o Evangelho.
4. Ligando a Palavra
com ação litúrgica
A oração após a comunhão ajuda a compreender a extensão
do ensinamento autorizado de Jesus: ele nos alcança na celebração por meio dos
sacramentos da redenção, produzindo a fé. De fato, a fé é fruto da escuta da
Palavra de Deus. Mas também os sacramentos são frutos da mesma Palavra. É a
Palavra revestida de sinal, ensinamento em gesto, realização e manifestação do
anúncio da salvação.
O alimento de que fala a oração é o ensinamento autorizado
de Jesus que se converte em pão e vinho, alimento da fé autêntica da comunidade
cristã. Nesse sentido, o Evangelho narrado prolonga-se na Eucaristia, pois o
reconhecimento da autoridade de Jesus demonstra pela libertação do homem
possesso, isto é, ensinamento que se traduz em fato, que produz vida e
liberdade, mais uma vez se converte em salvação, renovação, progresso na fé.
Na celebração da Eucaristia, ouvimos a Palavra de Deus,
que nos ensina por meio do seu Filho. Seu ensinamento é uma prática libertadora
que decreta a destruição de tudo o que não condiz com seu projeto de vida e
liberdade. É a essa prática que hoje queremos nos doar plenamente “ocupando-nos
com as coisas do Senhor”.
Na verdade, toda a ação celebrativa é manifestação do
ensino autorizado de Jesus. Se, por contraste, pensamos que a cultura e a
sociedade atuais promovem o individualismo, a reunião da comunidade demonstra
que esse mal foi banido pelo Evangelho de Jesus.
Foram também banidos: a indiferença, quando na oração
suplicamos pelas necessidades do mundo; o egoísmo, quando partilhamos do mesmo
pão e do mesmo vinho, nos esforçando de tornar nossa vida verdadeiramente
partilhada pela salvação do mundo; a violência e a inimizade vencidas pelo
gesto simples, mas significativo da saudação de paz; a tristeza convertida em
alegria nas aclamações e confissão de nossa fé, no canto e no credo; e a falta
de fé, que é vencida pela reconciliação com Deus em torno do altar da Nova
Aliança na busca sincera de seu amor que se manifesta na celebração da Igreja.
Oração dos fiéis:
Presidente: Que o Senhor nos dê a sua graça de não nos deixar conduzir pela
voz do mal, mas ser sempre abertos à sua Palavra.
1. Senhor, que a Igreja, que foi constituída para ser
uma voz profética no mundo não tenha medo de profetizar, levantando a voz
contra o mal e as maldades que existem no mundo. Peçamos:
Todos: Elevo a ti, Senhor, minhas mãos, meu
coração!
2. Senhor, que os governantes tenham o dom do
discernimento para que a voz do mal não os levem para longe de Ti e dos irmãos
e nem tire deles o amor que devem prestar às pessoas. Peçamos:
3. Senhor, concedei aos que sofrem a alegria de serem
também, apesar de suas enfermidades, promotores do bem e da bondade. Peçamos:
4. Senhor, que nossa comunidade possa ter a fortaleza
para resistir à voz do mal que tantas vezes nos ameaça. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Nós te agradecemos, Pai de todos os dons, e renovamos nossa fé
em Cristo, o Santo de Deus, pois Ele veio até nós para nos ensinar a viver de
acordo com, a tua vontade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS
OFERENDAS:
Presidente: Para vos servir, ó Deus,
depositamos nossas oferendas em vosso altar; acolhei-as com bondade, a fim de
que se tornem o sacramento da nossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A
COMUNHÃO:
Presidente: Renovados pelo sacramento
da nossa redenção, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da salvação
eterna nos faça progredir na verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presid.: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no
meio de nós.
Presidente: Que o Senhor nos torne firmes e corajosos na missão de levar a
Boa-Nova a todos.
Todos: Amém
Presidente:
(despede a todos).