Segue reflexão para a VIGÍLIA PASCAL E DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO
DO SENHOR - 04 E O5 DE ABRIL DE 2015. Feliz Páscoa a todos/as. Abraços. Dom
Vilson.
MENSAGEM DE
PÁSCOA
Cristo
deu-se a reconhecer no partir do pão. Que sejamos comunidades verdadeiramente
eucarísticas, encontrando em sua celebração a plenitude do que somos chamados a
fazer: viver concreta e testemunhalmente o amor, como autênticos discípulos e
missionários do Mestre, para que N´Ele todos tenham vida em abundância. Assim
encontraremos nossa verdadeira vocação, perdida pelo velho Adão, mas restaurada
no Cristo que morreu e verdadeiramente ressuscitou.
Somos
testemunhas de tudo isso. Nunca nos devemos cansar de espalhar por todo o mundo
esta notícia: Cristo venceu o pecado e a morte! Sejamos fiéis, contando com a
intercessão de nossa Excelsa Padroeira Diocesana, Nossa Senhora das Dores. Na
pessoa do discípulo amado, Ele nos entregou a Ela e pediu que a acolhêssemos
como Mãe.
Enfim, que
sejamos, a exemplo de Maria, perseverantes no seguimento de Jesus Cristo até o
fim. Que ela olhe por toda nossa Igreja, pelo Santo Padre o Papa, que me
confiou esta porção do Povo de Deus, que é a diocese de Limeira, por nossos
padres, diáconos, seminaristas, religiosos(as) e por todo o povo, que faz desta
uma diocese viva, dinâmica e unida. Viva Jesus Cristo Ressuscitado, pois Ele é
a nossa paz!
Limeira,
04 de abril de 2015.
+ Dom
Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo
Diocesano de Limeira, SP
DIOCESE
DE LIMEIRA – SÁBADO SANTO
VIGÍLIA PASCAL – MÃE DE TODAS AS
VIGÍLIAS - 04 de abril de 2015
“Ele ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o
puseram” (Mc 16,6)
Leituras: Primeira
Leitura, (Gênesis 1, 1-2,2 ou 1, 1.26-31a) a criação; Salmo Responsorial 104
(103), louvor do Criador/ Sl 33 (32), a Palavra criadora; Oração (I/II) Criação
e Redenção.
Segunda Leitura (Gênesis
22, 1-18 ou 22, 1-2.9a.10-13.15-18) Sacrifício de Isaac; Salmo Responsorial 16
(16), Confiança em Deus; Oração: A promessa feita a Abraão.
Terceira Leitura (Êxodo
14, 15-15,1); Salmo Responsorial (Cant. Êxodo 15, 1-2.3-45-6.17-18) Cântico de
Vitória; Oração (I) Passagem pelas águas do Batismo/ (II) Água da regeneração
Quarta Leitura (Isaías 54,
5-14) Renovação das núpcias de Javé com Israel; Salmo Responsorial 30 (29), Ação
de graças pela salvação; Oração: Batismo e plenitude da Aliança.
Quinta Leitura (Isaías 55,
1-11) ) O banquete messiânico; Salmo Responsorial Isaías 12, 2-3.4b-6) Beber da
fonte da salvação; Oração: Cumprimento das profecias e progresso no caminho do
bem.
Sexta Leitura (Baruc
3,9-15.32-38; 4, 1-4) Israel deve voltar à fonte de sabedoria, Deus; Salmo
Responsorial 19 (18), Alegria na Lei do Senhor; Oração: Vocação batismal,
permanência junto à fonte da Sabedoria.
Sétima leitura (Ezequiel
36,16-17a.18-28) Dispersão, reunião de Israel; o coração novo; Salmo
Responsorial 42 (41), “Como o cervo a procurar a fonte...” / Is 12 (cf acima,
5ª Leitura) / Sl 51 (50) Um coração novo e puro; Oração: O velho se torne novo
(II): Plenificação de nossa vida. Glória; Oração do Dia: Suscitai na Igreja o
espírito da adoção filial, que nos destes no Batismo.
Oitava Leitura (Epístola,
Romanos 6, 3-11) Batismo: morrer e corressuscitar com Cristo; o Homem Novo.
Solene Aleluia + Aclamação
ao Evangelho: (Sl 118 (117), 1-2.16-17.22-23) “aleluia, a Mão direita do Senhor
me levantou...”; Evangelho (Marcos 16, 1-7 – Ide, dizei a seus discípulos e a
Pedro que ele irá à vossa frente, na Galileia.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
ACOLHIDA: A assembleia se reúne fora da Igreja, junto ao
fogo aceso. Enquanto as pessoas vão chegando, a equipe de canto entoa hinos ou refrãos
orantes que falem de luz. A mesa da Palavra, o Círio Pascal, a pia batismal e o
altar devem estar bem ornamentados. O dirigente 1 acolhe a assembleia e dá o
sentido da celebração desta noite.
Presidente: Meus irmãos e minhas irmãs, nesta noite
santa, em que nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja
convida os seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e
oração. Se comemorarmos a Páscoa do Senhor ouvindo a sua Palavra e celebrando
os seus mistérios, poderemos ter a firme esperança de participar do seu triunfo
sobre a morte e de sua vida em Deus.
Animador: Neste momento o Presidente irá benzer o
fogo, que simboliza Cristo, que saindo do sepulcro vai ao encontro de sua
glória. É a luz que ilumina e nos faz ver, sinal de Cristo que disse ser a
verdadeira “luz do mundo”.
BÊNÇÃO DO FOGO
Presidente: Ó Deus, que pelo vosso Filho trouxestes
àqueles que crêem o clarão da vossa luz, santificai + este novo fogo. Concedei
que a festa da Páscoa acenda em nós tal desejo do céu, que possamos chegar
purificados à festa da luz eterna. Por Cristo, nosso Senhor!
Todos: Amém.
O presidente da celebração prepara o Círio conforme o
costume e o acende, dizendo: "A luz de Cristo ressuscitado dissipe as
trevas de nossos corações e de toda a humanidade".
Animador: Agora será preparado o Círio Pascal. O
Círio Pascal representa Cristo vivo e ressuscitado, revestido de luz, aquele
que, na noite do mundo, caminha à frente do seu povo e ilumina a vida do povo e
da comunidade.
Presidente: (traça a cruz e os dias do ano em curso -
2015) Cristo ontem e hoje; Princípio e Fim; A e Z; A Ele o tempo e a
eternidade; a glória e o poder; pelos séculos sem fim. Amém. (coloca
os grãos de incenso na cruz recordando as chagas de Cristo) Por suas santas chagas, suas chagas
gloriosas; o Cristo Senhor; nos proteja; e nos guarde. Amém.
Animador: Agora o Presidente acende o Círio Pascal
no fogo novo que foi abençoado a poucos instantes.
Presente: Irmãos e irmãs, porque nosso Senhor
Jesus Cristo é a luz do mundo, nós somos chamados também a ser luz e a viver na
luz do Círio Pascal. Caminhemos iluminados pela luz de Cristo.
Presidente: EIS A LUZ DE
CRISTO.
Todos: Demos graças a
deus. (bis)
Animador: Vamos seguir a procissão com o Círio
Pascal e nele acender as nossas velas. A celebração do Lucernário é a grande
proclamação da Páscoa Cósmica. Envolvidos na noite de um mundo sem luz, a
Igreja proclama o brilho da Luz divina a todo o universo, fruto da ressurreição
de Jesus. Luz que significa nascimento na vida nova e plenamente envolvida no
amor divino. Envolvidos e iluminados pela luz divina, caminhamos seguindo a luz
de Cristo e, uma vez iluminados pela ressurreição do Senhor, clareamos o mundo
com a luz da vida nova e plena da ressurreição do Senhor. (A
Igreja fica toda apagada e só o Círio Pascal vem aceso do fundo da Igreja)
PROCISSÃO DO CÍRIO
Todos acendem suas velas no Círio e inicia-se a
procissão. O dirigente 1 segue à frente levando o Círio e em três momentos
canta o refrão, que todos repetem.
Pres.: EIS A LUZ DE
CRISTO.
T. Demos graças a Deus.
(bis)
PROCLAMAÇÃO DA PÁSCOA
Animador: (Depois que o Círio Pascal já estiver no
presbitério no pedestal e for incensado):
Iremos agora ouvir a Proclamação da Passagem, que é um canto
proclamativo que anuncia a ressurreição de Jesus.
Chegando ao local da vigília, estando a Igreja com as luzes apagadas, o
Círio é colocado em local preparado e é incensado. Um cantor e uma cantora
entoam a proclamação da Páscoa ("Exulte"). Todos mantêm suas velas
acesas.
REFLEXÃO DA VIGÍLIA PASCAL
1. Situando-nos e Recordando a
Palavra e a Liturgia
A celebração da Vigília Pascal condensa um rico simbolismo. Ela
é o eixo de todo o ano litúrgico. Dela todas as outras expressões celebrativas
da Igreja recebem sua luz. Nesta noite santa, a Igreja celebra exultante, do
modo sacramental mais pleno, a obra da redenção e da perfeita glorificação de
Deus, como memória, presença e esperança.
“Toda a vigília pascal
seja celebrada durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer se
sempre e termine antes da autora de domingo. Esta regra deve ser interpretada
estritamente. Qualquer abuso ou costume contrário, às vezes verificado, de se
antecipar a hora da celebração da vigília pascal para horas em que,
habitualmente, se celebram as missas vespertinas antes dos domingos, deve ser
reprovado.
A vigília pascal, na qual
os judeus esperaram a passagem do Senhor que os libertaria da escravidão do
Faraó, foi por eles observada como memorial a ser celebrado todos os anos; era
a figura da futura e verdadeira Páscoa de Cristo, isto é, da noite da
verdadeira libertação, na qual Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte
vencedor.
Desde o início a Igreja
tem celebrado a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com uma vigília
noturna. Com efeito, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé e da
nossa esperança, e por meio do Batismo e da Confirmação fomos inseridos no
mistério pascal de Cristo: mortos, sepultados e ressuscitados com Ele, com Ele
também havemos de reinar. Esta vigília é também espera da segunda vinda do
Senhor” (Paschalis
Sallemnitatis, Carta Circular da Congregação para o Culto Divino, 1988, n.
78-80).
A liturgia da luz inicia-se fora da igreja, com a benção do fogo
novo e o acendimento do Círio Pascal. O Círio Pascal é o símbolo de Cristo
ressuscitado que vence toda a escuridão. A luz, ao ser introduzida na igreja
pelo ministro, deve ser recebida com o canto: “Eis a Luz de Cristo!” A
assembleia aclama: “Demos graças da Deus”. Os presentes acendem suas velas no
Círio Pascal e a nova luz, qual nuvem luminoso vai se expandindo até iluminar
todo o ambiente.
O canto do Exultet é anúncio feliz da alegria da Páscoa. O céu e
a terra, a humanidade e a assembleia dos cristãos rejubilam-se pela vitoria do
Cristo, luz que venceu as trevas da morte. É hino que proclama a ação de graças
pelas maravilhas de Deus realizadas ao longo da História da Salvação, agora
completadas pela nova criação. À luz desta noite santa e feliz, tudo se reveste
de novo sentido.
Pela liturgia da Palavra, a Igreja refaz a caminhada libertadora
pela escuta, canto dos salmos e orações. Proclamamos nove leituras: sete do
Antigo Testamento e duas do Novo Testamento. Elas, por assim dizer, sintetizam
a milenar caminhada pascal, da criação, do Êxodo, do Filho de Deus e do novo
Povo. É a aliança de Deus com seu povo sendo construída, ao longo da história,
até ser ratificada no sangue do Cordeiro imolado. Se, todavia, por razões
particulares, as circunstâncias o exigirem, o número das leituras pode ser
diminuído. Entretanto, é importante que nunca se moita a leitura do Êxodo sobre
a passagem do Mar Vermelho.
Concluída a liturgia da Palavra, inicia-se a liturgia batismal
composta pelo canto das ladainhas de todos os santos, a benção da fonte
batismal, a renovação das promessas batismais, o Batismo preferencialmente de
adultos. Nesta noite, todos os fiéis renovam o Batismo, com velas acesas nas
mãos. Recordamos, assim, o nascimento para a vida cristã.
A liturgia eucarística, ponto alto da Vigília Pascal, evoca a
ceia pascal judaica, durante a qual o Senhor instituiu a Eucaristia, memorial
de sua entrega total que, por seu sangue derramado, selou a nova e eterna
aliança: “Façam isto em memória de mim!”
2. Atualizando a Palavra
Nas celebrações do Tríduo Pascal ouvimos sempre os mesmos textos
da Sagrada Escritura, independente se estamos no ano A, B ou C. A exceção
acontece apenas para o Evangelho que elido conforme o evangelista do ano. Por
isso, neste dia, partilhamos três reflexões de nossos Papas Bento XVI (homilias proferidas na Vigília Pascal de
2009 e 2012) e Francisco (homilia
proferida em 2013), São reflexões muito profundas e que nos levam ao
coração do Mistério hoje celebrado.
Marcos narra no seu Evangelho que os discípulos, ao descer do
monte da Transfiguração, discutiam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos
mortos” (cf. Mc 9,10). Antes, o Senhor tinha–lhes anunciado a sua paixão e a
ressurreição três dias depois. Pedro tinha protestado contra o anúncio da
morte. Mas agora se interrogavam acerca do que se poderia entender pelo termo
“ressurreição”.
Porventura não acontece o mesmo também a nós? O Natal, o
nascimento do Deus Menino de certo modo é imediatamente compreensível para nós.
Podemos amar o Menino, podemos imaginar a noite de Belém, a alegria de Maria, a
alegria de José e dos pastores e o júbilo dos Anjos. Mas, a ressurreição: o que
é? Não entra no âmbito das nossas experiências, e assim a mensagem frequentemente
acaba, em qualquer medida, incompreendida, algo do passado. A Igreja procura
levar-nos à sua compreensão, traduzindo este acontecimento misterioso na
linguagem dos símbolos pelos quais nos seja possível de algum modo contemplar
este fato impressionante. Na Vigília Pascal, indica-nos o significado deste dia
sobretudo através de três símbolos: a luz, a água e o cântico novo do aleluia.
Temos, em primeiro lugar, a luz. A criação por obra de Deus –
acabamos de ouvir a sua narração bíblica – começa com as palavras: “Faça-se a
luz!” (Gn 1,3). Onde há luz, nasce a vida, o caos pode transformar-se em
cosmos. Na mensagem bíblica, a luz é a imagem mais imediata de Deus: Ele é todo
Resplendor, Vida, Verdade e Luz. Na Vigília Pascal, a Igreja lê a narração da
criação como profecia. Na Ressurreição, verifica-se de modo mais sublime aquilo
que este texto descreve como início de todas as coisas. Deus diz de novo:
“Faça-se a luz”.
A Ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica
superada, o sepulcro escancarado. O próprio Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo.
Com a Ressurreição, o dia de Deus entra nas noites da história. A partir da
Ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história. Faz-se dia.
Somente esta Luz -Jesus Cristo – é a luz verdadeira, mais verdadeira que o
fenômeno físico da luz. Ele é a Luz pura: é o próprio Deus, que faz nascer uma
nova criação no meio da antiga, transforma o caos em cosmos.
Na Vigília Pascal, a Igreja representa o mistério da Luz de
Cristo no sinal do Círio Pascal, cuja chama é simultaneamente luz e calor. O
simbolismo da luz está ligado co o do fogo: resplendor e calor, resplendor e
energia de transformação contida no fogo. Verdade e amor andam juntos. O Círio
Pascal arde e deste modo se consuma: cruz e ressurreição são inseparáveis. Da
cruz, da autodoação do Filho nasce a luz, provém o verdadeiro resplendor sobre
o mundo.
O Círio Pascal, todos acendemos as nossas velas, sobretudo as
dos neobatizados, aos quais, neste sacramento, a luz de Cristo é colocada no
fundo coração. A Igreja Antiga designou o Batismo como sacramento da
iluminação, como uma comunicação de luz e ligou-o inseparavelmente com a
Ressurreição de Cristo. No Batismo, Deus diz ao batizando: “Faça-se a luz”. O
Batizado é introduzido dentro da luz de Cristo. Cristo divide agora as luz das
trevas. N’Ele reconhecemos o que é verdadeiro e o que é falso, o que é o
resplendor e o que é a escuridão. Com Ele, surge em nós a luz da verdade e
começamos a compreender.
Uma vez quando Cristo viu a gente que se congregara para O
escutar d’Ele uma orientação, sentiu compaixão por ela. Por eram como ovelhas
sem pastor (Cf. Mc 6,34). No meio das correntes contrastantes do seu tempo não
sabiam a quem dirigir-se. Quanta compaixão deve Ele sentir também do nosso
tempo, por causa de todos os grandes discursos por trás dos quais, na
realidade, se esconde uma grande desorientação! Para onde devemos ir? Quais são
os valores, segundo os quais podemos regular-nos? Os valores segundo os quais
podemos educar os jovens, sem lhes dar nomes que talvez não subsistam nem
exigir coisas que talvez não lhes devam ser impostas? Ele é a Luz.
A vela batismal é o símbolo da iluminação que nos é concedida no
Batismo. Assim, nesta hora, também Paulo nos fala de modo muito mediato. Na
Carta aos Filipenses, diz que, no meio de uma geração má e perversa, os
cristãos deveriam brilhar como astros no mundo (Cf. Fl 2,15). Peçamos ao Senhor
que a pequena chama da vela, que Ele acendeu em nós, a luz delicada da sua
palavra e do seu amor no meio as confusões deste tempo não se apague em nós,
mas torne-se cada vez mais forte e mais resplendorosa. Para que sejamos com Ele
pessoas do dia, astros para o nosso tempo.
O segundo símbolo da Vigília Pascal – a noite do Batismo – é a
água. Esta aparece, na Sagrada Escritura e consequentemente também na estrutura
íntima do sacramento do Batismo, com dois significados opostos. De um lado,
temos o mar que se apresenta como o poder antagonista da vida sobre a terra,
como a sua continua ameaça, à qual, porém, Deus colocou um limite. Por isso o
Apocalipse, ao falar do mundo novo de Deus, diz que lá o mar já não existirá
(cf. 21,1). É o elemento da morte. E assim torna-se a representação simbólica
da morte, como Israel penetrou no Mar Vermelho. Ressuscitado da morte, Ele
dá-nos a vida. Isto significa que o Batismo não é apenas um banho, mas um novo
nascimento: com Cristo, como que descemos ao mar da morte para dele subirmos
como criaturas novas.
O outro significado com que encontramos a água é como nascente
fresca, que dá a vida, ou também como o grande rio donde provém a vida. Segundo
o ordenamento primitivo da Igreja, o Batismo devia ser administrado com água
fresca de nascente. Sem água, não há vida. Que o digam milhares de pessoas que
enfrentam racionamento de águas em nosso país. Impressiona a grande importância
que têm na Sagrada Escritura os poços. São lugares donde brota a vida. Junto do
poço de Jacó, Cristo anuncia à Samaritana
o poço novo, a água da vida verdadeira. Manifesta-Se a ela como o novo e
definitivo Jacó, que abre à humanidade o poço que esta aguarda: aquela água que
dá a vida que jamais se esgota (Cf. Jo 4,5-15).
3. Ligando a Palavra com a ação
eucarística
João narra que um soldado feriu com uma lança o lado de Jesus e
que, do lado aberto – do seu – coração trespassado – saiu sangue e água (Cf. Jo
19,34). Nisto, a Igreja Antiga viu um símbolo do Batismo e da Eucaristia, que
brotam do coração trespassado de Jesus. Na morte, Jesus mesmo Se tornou a nascente.
Numa visão, o profeta Ezequiel tinha visto o Templo novo, do qual jorra uma
nascente que se torna um grande rio que dá a vida (Cf. Ez 47, 1-12); para uma
Terra que sempre sofria com a seca e a falta de água, esta era uma grande visão
de esperança.
Cristo é o Templo verdadeiro, o Templo vivo de Deus. E é também
a nascente de água viva. D’Ele brota o grande rio que, no Batismo, faz
frutificar e renova o mundo; o grande rio de água viva é o seu Evangelho que
torna fecunda a terra. Mas Jesus profetizou uma coisa ainda maior, diz Ele: “Do
seu interior, correrão rios de água viva” ( Jo 7,38).
No Batismo o Senhor faz de nós não só pessoas de luz, mas também
nascentes das quais brota água viva. Todos nós conhecemos tais pessoas que nos
deixam de algum modo restaurados e renovados; pessoas que são como que uma
fonte de água fresca borbulhante. Não devemos necessariamente pensar a pessoas
grandes côo Agostinho, Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Madre Teresa de
Calcutá e assim por diante, pessoas través das quais verdadeiramente rios de
água viva penetraram na historia.
Graças a Deus, encontramo-las continuamente mesmo no nosso dia a
dia: pessoas que são uma nascente. Com certeza, conhecemos também o contrario:
pessoas das quais emana um odor parecido com o de um charco com água estagnada
ou mesmo envenenada. Peçamos ao Senhor, que nos concedeu a graça do Batismo,
para podermos ser sempre nascentes de água pura, fresca, saltitante da fonte da
sua verdade e do seu amor.
O terceiro grande símbolo da Vigília Pascal é a entoação do
cântico novo: o Aleluia. Quando uma pessoa experimenta uma grande alegria, não
pode guardá-la para si. Deve manifestá-la, transmiti-la. Mas que sucede quando
a pessoa é tocada pela luz da Ressurreição entrando assim em contato com a
própria Vida, com a Verdade e com o Amor? Disto, não pode limita-ser
simplesmente a falar; o falar já não basta. Ela tem de cantar.
Na Bíblia, a primeira menção do ato cantar encontra-se depois da
travessia do Mar Vermelho. Israel libertou-se da escravidão. Subiu das
profundezas ameaçadoras do mar. É como se tivesse renascido. Vive e é livre. A
Bíblia descreve a reação do povo a este grande acontecimento da salvação com a
frase: “O povo temeu o Senhor e teve fé no Senhor e em Moisés, seu servo” (Ex
14,31). Segue-se depois a segunda reação que nasce, por uma espécie de
necessidade interior, da primeira: “Então Moisés e os Israelitas cantaram ao
Senhor este cântico” (Ex 15,1).
Na Vigília Pascal, ano após ano, nós, cristãos, depois da
terceira leitura entoamos este cântico, cantamo-lo como o nosso cântico, porque
também nós, pelo poder de Deus, fomos tirados para fora da água e libertos para
a vida verdadeira. A mão salvadora do Senhor nos sustenta e assim podemos
cantar já agora o cântico dos redimidos, o cântico novo dos ressuscitados:
Aleluia!
Olhando para o Evangelho de hoje, escrito por Marcos,
evangelista do ano B, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao
sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Mc 16,1). Vão
cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito
a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus,
ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até o
fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar
os sentimentos delas enquanto caminham para o tumulo: tanta tristeza, tanta
pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou.
Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas
mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao
sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo novo que
lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a
pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O
caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações. Porventura não se
dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente
novo na cadencia diária das coisas?
Paramos, não entendemos, nãos abemos como enfrentá-la. Frequentemente
mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade
que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes
preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o
pensamento num defunto que, no fim das contas, vive só na memória da história,
como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos
irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa
de nos surpreender! O Senhor é assim (Cf. Papa Francisco, Homilia na Vigília
Pascal 2013).
Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer
à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos,
tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não
nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por
vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não
possa perdoar, se não abrirmos a Ele.
Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que
guardava todos os acontecimentos no seu coração (Cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne
participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma,
às surpresas de Deus, que são tão belas; que nos torne homens e mulheres
capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na
do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente vivo e operante
no meio de nós; que nos ensine, queridos irmãos e irmãs, cada dia a não
procurarmos entre os mortos. Aquele que está vivo. Assim seja.
III. LITURGIA BATISMAL
Animador: A Igreja, desde os
primeiros séculos, ligou a noite pascal com a celebração do Batismo. Toda a
celebração é estruturada sobre o tema do Batismo e nossa vida em Cristo Ressuscitado.
Baseia-se no pensamento de Paulo que o Batismo é uma imersão em Cristo, na sua
morte e o ressurgimento com Cristo na sua ressurreição.
Ladainha de Todos os Santos
Entrada da Água:
Animador: Vamos agora trazer
para a pia batismal a água que será irá representar o nosso batismo.
Mergulhar Círio – benção da água batismal –se
houver
Animador: O Presidente, agora,
irá mergulhar o Círio Pascal aceso na água, pois ela deve ser sinal da luz que
deve guiar a vida daqueles que professam a sua fé em Cristo e aceitam viver
como filhos da Igreja, filhos da Luz.
Presidente: Nós vos pedimos, ó Pai, que por vosso
Filho desça sobre toda esta água a força do Espírito Santo (3 vezes) E todos os
que, pelo batismo, forem sepultados na morte
com Cristo, ressuscitem com ele para a
vida. Por Cristo, nosso Senhor. Todos:
Amém
Renovação das promessas batismais
Animador: Vamos fazer agora a
renovação das nossas promessas batismais. O seu principal motivo é voltar a
assumir os compromissos que são inerentes ao Batismo. Não se trata de uma
simples lembrança do Batismo, mas uma promessa, um empenho de viver de acordo
com as exigências do Batismo cristão, ou seja, comprometer-se em centralizar o
amor, para que a vida seja plena.
Presidente: Meus irmãos e minhas irmãs, pelo
mistério pascal fomos no batismo sepultados com Cristo
para vivermos com ele uma vida nova. Por isso, terminados os
exercícios da Quaresma, renovemos as promessas do nosso batismo, pelas quais já
renunciamos a Satanás e suas obras, e prometemos servir a Deus na Santa Igreja
Católica.
Presid.: Para viver a
liberdade dos filhos de Deus, renunciais ao pecado, fonte de injustiça e
egoísmo?
Todos: Renuncio
Presid.: Para viver como
irmãos, renunciais a tudo o que desune a nossa comunidade?
Todos: Renuncio
Presid.: Para seguir a
Jesus Cristo, renunciais a tudo o que nos impede de viver como verdadeiros
filhos e filhas de Deus?
Todos: Renuncio
Presid.: Vocês creem em
Deus Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra?
Todos: Creio
Presid.: Vocês creem em
Jesus Cristo, seu único Filho e nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria,
morreu e foi sepultado, e que ressuscitou dos mortos e subiu para o céu?
Todos: Creio
Presid.: Vocês creem no
Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, no perdão dos
pecados, na ressurreição dos mortos e na vida eterna?
Todos: Creio
Presid.: O Deus todo-poderoso, Pai de Nosso
Senhor Jesus Cristo,que nos fez renascer pela água e pelo Espírito Santo e nos
concedeu o perdão de todo pecado, guarde-nos em sua graça para a vida eterna.
Todos: Amém.
Aspersão
Animador: Agora o Presidente
irá aspergir a comunidade. Isso lembra o nosso batismo.
Oração da Assembléia
Presidente: Na noite que Deus demonstra sua força
e seu poder com a vitória sobre a morte para nos conceder a vida plena,
elevemos nossas preces aos céus.
1.
Senhor do céu e da terra, vós que sois a fonte de toda a vida;
Todos: fortalecei a Igreja para que nunca se
canse de promover a vida plena no mundo.
(Silêncio)
2. Vós
que ofereceis a vida plena pela ressurreição de vosso Filho Jesus;
Todos: ajudai-nos a dar vida ao nosso planeta,
que geme as dores de parto.
(Silêncio)
3. Vós
que enviastes vosso Filho para nos trazer o dom da fraternidade e da paz;
Todos: olhai nosso mundo que destrói a vida
pelo aborto, pela eutanásia, pelas drogas, pelas guerras e com tantas formas de
violência.
(Silêncio)
4. Vós
que nos concedeis a alegria de celebrar mais uma Páscoa;
Todos: iluminai nossa comunidade com a luz da
ressurreição de Jesus para que possamos ser fiéis ao vosso projeto salvador.
(Silêncio)
(Outras
intenções)
Presidente: Nós vos agradecemos, ó Pai a alegria
de poder participar da vida plena que vós nos ofereceis pela ressurreição de
Jesus. Considerai nossas preces que fazemos com o coração em festa e
atendei-nos em nossas necessidades. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém
IV. LITURGIA EUCARÍSTICA
Animador:
Iremos agora iniciar a quarta parte desta vigília pascal, é o momento
culminante da celebração. A comunidade, reunida em torno da Páscoa, renova o
mistério da imolação e glorificação de Cristo. Batizados em Cristo, ungidos por
seu Espírito, entramos em comunhão total com Ele, fazendo sua a nossa vida,
participando do seu mistério.
ORAÇÃO SOBRE
AS OFERENDAS
Presidente: Acolhei, ó Deus, com estas oferendas as
preces do vosso povo, para que a nova vida, que brota do Mistério Pascal, seja
por vossa graça penhor da eternidade. Por Cristo, nosso Senhor!
Todos: Amém.
ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus, derramai em nós o vosso espírito
de caridade, para que, saciados pelos sacramentos pascais, permanecemos unidos
no vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor!
Todos: Amém.
BÊNÇÃO
Presente: O Senhor esteja convosco. Aleluia.
Aleluia.
Todos: Ele está no meio de
nós. Aleluia. Aleluia.
Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso nesta
solenidade da Páscoa, e cheio de misericórdia vos defenda de todo o perigo do
pecado. Aleluia. Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Presidente: E Aquele que na ressurreição do seu
Unigênito vos restaura para uma vida eterna vos cumule com os prêmios da
imortalidade. Aleluia. Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Presidente: E vós, que terminados os dias da Paixão
do Senhor, celebrais as festas da Páscoa, possais chegar àquele festim que se
soleniza em gozos eternos, com sua ajuda e as almas exultantes. Aleluia.
Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Presidente: Abençoe-vos Deus todo-poderoso PAI + E
FILHO E ESPÍRITO SANTO.
Todos: Amém.
Presidente: Levai a todos a alegria de Jesus
Ressuscitado. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus,
aleluia, aleluia!
AGENDA DO BISPO DIOCESANO:
Dia 04 de abril – Sábado
Santo: Vigília Pascal –
Catedral – às 20h00 – Pe. Benedito Tadeu – Limeira, SP.
Dia 05 de abril – Domingo
de Páscoa: Missa da
Ressurreição – Paróquia Santo Antônio de Pádua – Padre Valdinei – 07h00 –
Cordeirópolis; Missa da Páscoa na Catedral – às 10h00 – Pe. Benedito Tadeu –
Limeira, SP.