Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger
Maio amarelo
- SEGUNDA, 11 MAIO 2015 13:05
- CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
A preocupação com o número de mortos e feridos no trânsito não é somente do Brasil – é do mundo todo. Os números surpreendem: a Organização Mundial da Saúde - OMS contabilizou, em 2009, cerca de um milhão e trezentos mil mortes por acidente de trânsito, em 178 países; portanto, diariamente, mais de três mil pessoas morrem em alguma estrada ou rua. Mais ainda: aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram, mas com sequelas. Ainda segundo a OMS, os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes de pessoas na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 40 anos. Diante desses números, a impressão que se tem é que estamos diante de uma guerra. É importante nos perguntarmos o que esses números significam. Quem já perdeu uma pessoa querida no trânsito sabe muito bem que atrás de números há dor, há saudade, há um vazio imenso.
Dez países são responsáveis por 62% das mortes de trânsito – e o Brasil está entre eles, ocupando o nada honroso quinto lugar. Curiosamente, esses países "líderes" possuem menos da metade dos veículos do planeta (48%).
É importante buscar as causas de tanto sofrimento (e de tanto desgaste para a economia de cada país!). As causas são várias: aumento da frota, falta de planejamento, baixo investimento na segurança das vias públicas e por último, mas não em último lugar, o descuido de motoristas. O que as autoridades da ONU diriam, se tivessem que dirigir por um dia em nossa cidade e em nosso Estado?... O que diriam, se visitassem nossos hospitais e tomassem conhecimento do número de pessoas que ali se encontram e do tempo em que ali permanecem, como consequência de algum acidente no trânsito?
As mortes no trânsito não são um fato inexorável. Em 2013, 88 países membros da ONU viram a redução do número de vítimas fatais. Em outros 87 países, contudo, esse número cresceu. Por que isso ocorreu? A resposta é simples : porque os primeiros adotaram leis que inibem os principais fatores de risco: dirigir sob o efeito de álcool; praticar excesso de velocidade; não usar capacete, ao dirigir uma moto; nos carros, não usar cinto de segurança e cadeirinha, quando do transporte de crianças.
Para que o mundo reflita sobre o trânsito, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a adoção de uma "Década de Ações para a Segurança no Trânsito", de 2011 a 2020. Afinal, não se pode ficar indiferente diante da perspectiva de termos um milhão e novecentas mil pessoas "marcadas para morrer" em 2020. Uma das principais iniciativas dessa Década é o Movimento Maio Amarelo. Sua proposta é a de "chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito, em todo o mundo".
A "política" do Movimento consiste na busca de uma ação coordenada entre o Poder Público e a sociedade civil. Afinal, ninguém resolverá os problemas do trânsito sozinho. Consciente da necessidade de oferecer uma colaboração decisiva a esse Movimento, estive, no dia 7 de maio passado, reunido com um significativo número de pessoas que representavam importantes entidades de nossa comunidade, na sede do DETRAN-BA. Ali assinamos o "Compromisso com o Movimento", em que são elencadas as principais medidas que o grupo entendeu como necessárias para reduzir essas ocorrências tão funestas às nossas famílias e às nossas comunidades. Impossibilitado de reproduzir aqui todo o conteúdo desse documento, registro o endereço eletrônico da Campanha: www.maioamarelo.com, pelo qual os interessados podem dele tomar conhecimento.
Há momentos em nossa vida e na História em que calar ou ficar indiferente é ser cúmplice. Junte-se, pois, a nós!
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