Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Tu és o Messias... O filho do homem deve sofrer muito” (Cf.
Mc 8,29.30)
Leituras: Isaías 50, 5-9a;
Salmo 116 (114+115)102 (103), 1-2.3-4.5-6.8-9 (R/9); Carta de São Tiago 2,
14-18; e Marcos 8,27-35.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador:
A celebração de hoje nos mostra que a fé que reconhece Jesus
como libertador da parte de Deus se concretiza no amor ao próximo, sem qualquer
tipo de discriminação ou de acepção de pessoas. A fé se expressa, não através
de ritos formais ou de palavras vazias, mas através de ações concretas em favor
da vida.
1. Situando-nos
O povo de Israel cultivava no tempo de Jesus a ideia de
um messias salvador, mas segundo critérios dos poderosos reinos deste mundo. E
muita gente desconfia ser Jesus tal messias. Mas as opiniões também se dividem.
Afinal de contas, quem é Jesus? No pensamento de Deus, quem é Ele? Eis a grande
pergunta que aguarda uma correta resposta para os que buscam um mundo em que
todos tenham qualidade de vida plenamente saudável.
Quem é Jesus e como nós o entendemos? Se confessamos ser
Ele o Filho de Deus e nosso Mestre, então, qual é o ensinamento deste Mestre
para que todos tenham vida? Ele mesmo, feito um de nós, vem hoje nos dizer que
seu exemplo e seu destino são a chave e o segredo para a construção desse mundo
novo. Mas que destino é este? Vejamos mais de perto.
2. Recordando a
Palavra
A conversa se trava entre Jesus e seus discípulos a
caminho. E discípulos, somos também nós agora, aqui reunidos, fazendo um
caminho de vida cristã com Jesus.
Neste caminho, Jesus faz uma espécie de sondagem de
opinião sobre sua pessoa e sua missão. Informam-lhe que as opiniões entre o
povo se dividem. Acham que Jesus é algum personagem histórico e famoso que
reapareceu: talvez João Batista, ou Elias, ou outro profeta. “E vocês? O que
vocês dizem?”, pergunta Jesus. Pedro não titubeia: “Com certeza, o Messias”.
Jesus, por sua vez, proíbe “severamente” que fiquem espalhando isso por aí
afora. Isso, o quê? Que Jesus é o Messias. Mas que Messias? Certamente o falso
“messias” que Pedro ainda tinha na cabeça.
A partir das críticas e resistências que vinham já
sofrendo por parte das autoridades religiosas judaicas, Jesus trata logo de
informar os seus discípulos sobre o seu destino e, consequentemente, em que
consiste de fato o seu messianismo: “E começou a ensinar-lhes que era
necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos
sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias ressuscitar” (Mc 8,31).
Pedro, ainda com a ideia triunfalista de um messianismo
poderoso, reage na hora, chama Jesus à parte e começa a censurá-lo (cf. v.32).
Jesus, por sua vez, responde com palavras duras: “Vai para trás de mim,
satanás! Não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos homens”. Não se
trata de um ataque pessoal a Pedro com certeza, mas ao padrão triunfalista de
falso messianismo alojado no seu corpo. Pedro tem que desconstruir essa
perigosa teologia” messiânica que tenta obstaculizar o caminho do Mestre, o
caminho do sofrimento, a rejeição, da cruz, do total desapego e, consequentemente,
da vitória da vida.
Não é Jesus que tem de seguir o pensamento de Pedro, mas
Pedro que deve seguir o exemplo do Mestre! Por isso Jesus completa: “Se alguém
quer vir após mim [ o caminho é este! ], renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me! Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida
por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (v.34-35). Esse é o caminho da
salvação messiânica: desapegar-se de tudo, até da vida!
Interessante que tal destino do Messias Servo Jesus já
fora instruído e anunciado pelo profeta Isaías, a cerca de 500 anos antes, como
vimos na primeira leitura. Ele, o Servo, confiando somente em Deus seu
Auxiliador e, por isso, desapegado de tudo, não se deixa abater, não desanima
com as terríveis torturas sobre seu corpo. Em Deus ele se firma (cf. Is
50,5-9a), certo de que com Ele vai superar toda humilhação. Por isso, hoje
Jesus vem e repte conosco o Salmo 116: “Caminharei na presença do Senhor na
terra dos vivos” (v.9)
Desapegar-se de tudo, até da vida, operando em favor da
saudável qualidade de vida para todos: Isso que é Fé messiânica cristã! Por
isso que hoje, pela carta de São Tiago, na segunda leitura, Deus nos lembra
oportunamente que a fé, se não se traduz em obras, por si só está morta (cf. Tg
2,14-18).
3. Atualizando a
Palavra
Nós cristãos seguimos um Messias diferente. Acreditar em
Jesus é aderir ao Servo, líder rejeitado e morto, mas que é também
ressuscitador por Deus. “Ser cristão é seguir Jesus pelo caminho do sofrimento.
Não existe fé cristã sem via-sacra. E isso, não pelo prazer de sofrer, mas
porque é preciso enfrentar a injustiça e tudo quanto se opõe a Deus no próprio
campo de batalha.
Ser cristão não é compatível com sempre ter sucesso no
mundo; quem não é perseguido provavelmente não está trilhando os passos de
Jesus” (KONINGS, J. Liturgia dominical.
Mistério de Cristo e formação dos fiéis. Op. Cit. P.324).
E aqui tocamos direto na missão da Igreja e dos
movimentos eclesiais: “A Igreja não é para torcedores que pagam para ver o time
ganhar; é para jogadores dispostos a enfrentar sacrifícios. Mas esta comparação
esportiva é perigosa: pode sugerir autoafirmação, e então estaríamos novamente
pensando nas coisas dos homens e não nas de Deus. Não se trata de
autoafirmação, nem de heroísmo para glória própria, mas antes, de ter um ouvido
aberto à voz de Deus, que nos mostra o caminho que por nós mesmos não
suspeitávamos ser o caminho de Deus”.
“Trata-se de ter o coração de discípulo, que saiba
escutar Deus nos seus planos mais misteriosos. Será que Deus não está mostrando
um caminho de ‘mais vida’ quando sugere cuidar de uma criança doente, de
pessoas excluídas, do silêncio de quem não pode falar, do esquecimento de si?
(...) tenhamos o ouvido aberto! Cristo nos deu o exemplo. Nele confiamos. Tendo
em vista sua ‘vitória’, não importa que ‘perdemos nossa vida’ segundo os
critérios deste mundo. Ganharemos Deus”.
4. Ligando a Palavra
com ação litúrgica
Por isso que, logo no início da nossa celebração,
fizemos especial pedido ao Deus criador no sentido de sentirmos de fato a ação
do seu amor por nós, e consequentemente, servi-lo de todo o coração (Cf. Oração
do dia).
Em que momento nos é dada hoje a chance de sentir este
amor? Como na experiência dos discípulos de Emaús, é especialmente no momento
da fração do pão. Pois foi neste momento que eles perceberam que o Messias
morto na cruz estava vivo e fazendo companhia no nosso caminho. E nós podemos
também fazer a mesma experiência.
Por isso que no momento em que o pão começar a ser
partido, todos nós cantamos um tradicional e significativo refrão contemplativo
e suplicante: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de
nós (...) dai-nos a paz!” É o Corpo entregue do Senhor que no rito se parte e
se reparte por todos nós.
O Messias-Servo que no sacramento se dá como Corpo
entregue e Sangue derramado pela nossa salvação. E nós o assimilamos na sagrada
comunhão para sermos, também nós, desapegados de nós mesmos, corpo entregue a
serviço da qualidade saudável de vida dos seres humanos, sobretudo dos mais
pobres e sofridos.
Por isso concluímos a ceia este significativo pedido: “Ó
Deus, que a ação da vossa Eucaristia penetre todo o nosso ser para que não
sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso sacramento”
(Oração depois da comunhão). Isto é, sejamos movidos não por nossos padrões
interesseiros, mas pelo sentido de humildade e gratuidade do Messias libertador
presente nesta ceia pascal! Amém!
Oração dos fiéis
Presidente: Nós que fomos interrogados pela Palavra de Deus, peçamos que o
Espírito divino ilumine nossos corações, para que possamos pensar com os mesmos
pensamentos do alto.
1. Senhor, que a Igreja sempre dê testemunho da fé que
professa nas opções que faz pelos menos favorecidos do mundo. Peçamos:
Todos: Senhor, ensina-nos a ser discípulos no amor e na fé.
2. Senhor, que os que governam tenham sempre diante de
si os valores da vida e que se lembrem das promessas feitas ao povo. Peçamos:
3. Senhor por aqueles que carregam a cruz da miséria, da
fome, da discriminação e do preconceito, para que não desanimem da caminhada.
Peçamos:
4. Senhor, por todos nós aqui reunidos, para que sempre
vivenciemos a verdadeira fé, e possamos segui-Lo, carregando cada dia nossa
cruz, até nos reunirmos em tua casa. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Nós te amamos, Senhor, porque ouvis nossas súplicas e atendeis
com solicitude nossas invocações. Sede propício aos pedidos que te dirigimos
nesta celebração e colocai em nossos corações teu Espírito de Amor para que
pensemos com teus pensamentos divinos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS
OFERENDAS:
Presidente:
Sede propício, ó Deus, às
nossas súplicas, e acolhei com bondade as oferendas dos vossos servos e servas para
que aproveite à salvação de todos o que cada um trouxe em vossa honra. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A
COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus, que a ação da vossa Eucaristia penetre todo o nosso
ser para que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso
sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ATIVIDADES DA SEMANA
Dia 12 de setembro – sábado:
Missa – Setenário Nossa
Senhora das Dores – Padre Edson – Artur Nogueira – 18h30min.
Dia 13 de setembro – domingo:
Crisma – São Benedito-
Americana - Padre Vilson – 09h00.
Dia 14 de setembro – segunda-feira:
Missa – Divino Salvador
– Padre Gilson – 20h00 (Vig. Episcopal).
Dia 15 de setembro – terça-feira:
Missa Padroeira Nossa
Senhora das Dores – 10h00 – Catedral; Almoço – 12h00 – CDL; e lançamento da Pedra
fundamental em Americana, no terreno da Diocese, ao lado da Rod. Luís de
Queiroz – 16h30min.
Dia 17 de setembro – quinta-feira:
Investidura de
Ministros – Catedral N. Sra. das Dores – 19h30min
BÊNÇÃO E
DESPEDIDA
Presid.: O Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no
meio de nós.
Presid.: Que o Senhor os abençoe e os dê um coração misericordioso
semelhante ao dele. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
Presid.: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito
Santo.
T.: Amém.
Presid.: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
T.: Graças a Deus.