Paciência é uma palavra de etimologia grega, que apresenta duas ideias: perseverança e submissão. Em conjunto significam espera submissa. Ser paciente é ter um espírito conformado e tranquilo, porque sabe que desta forma serve a Deus e confia Nele, que possui uma vontade não caprichosa, mas boa, perfeita e agradável, que tem um único propósito: o nosso bem. Aquele que não crê em coisa alguma para além deste mundo é impaciente, porque conta com um tempo escasso para satisfazer seus desejos inferiores, fúteis e passageiros. Quanto mais materialista for uma civilização, tanto mais apressada será. Nós, ocidentais, somos maratonistas, vivemos correndo, ao contrário dos orientais que sabem esperar séculos porque as suas necessidades não estão circunscritas apenas a uma geração. Talvez, por isso, eles valorizem tanto os idosos.
A paciência não nasce conosco, é algo que se desenvolve e se completa com o passar dos anos, assim como a visão, a audição, o paladar e tantos outros sentidos e sentimentos em nós. A visão, por exemplo, é um presente do Criador para nós, mas o ver é uma faculdade que se conquista ao longo da vida. Quando Jesus curou o cego, ele teve ainda que aprender a ver, pois segundo as suas palavras, ele via os homens como árvores que caminhavam (Cf. Mc 8,24).
Sucede o mesmo com o autodomínio e a paciência, ainda que sejam frutos do nosso espírito, trabalhado pelo Espírito de Deus. A paciência, em particular, é uma virtude desenvolvida por meio da resistência e do autocontrole. O ser humano precisa descobrir o propósito de sua vida, o “porquê” mais essencial do existir, se não descobrir a razão da vida, com certeza, substituirá por desejos insignificantes e rasteiros.
Alguém disse: “Todos morrem, mas nem todos vivem” e viver sem saber o porquê é como não viver ou viver como zumbis, daqueles das séries, que mostram mortos vivos, buscando devorar a carne de seus semelhantes, uma maldição!
O ser humano considera como fatores principais da luta do viver a frustração, as guerras, as enfermidades, as catástrofes e as crises. No meio de tudo isso, o destino da alma é que sofre as consequências da confusão.
Ganhar a batalha da vida nada representa; o que importa é salvar as nossas almas e as almas só podem conquistar a sua salvação sofrendo as tribulações com paciência.
Sim, a paciência é daquelas virtudes indispensáveis à paz de espírito. Mas é bom saber que não somos senhores de nós mesmos. Em ambientes de provação somos capazes de não nos reconhecermos. Os desapontamentos, os atrasos, aquele feriado prolongado chuvoso, o aumento ou a promoção que não vêm são situações de provação que alteram não só o humor. A arrogância ao volante, a chave que emperra, o pneu que fura, o telefone celular que não mantém a ligação ou não conecta, sem falar nas situações do dia a dia, dos aborrecimentos domésticos… O que dizer das injúrias e das críticas injustas? Quanto mais alto estamos, melhor alvo nos tornamos para as pedradas. Mas perder a calma ou culpar o outro não resolve. Esbravejar ou perder a paciência só agrava os males que devemos suportar e demora encontrar a solução.
Finalizo dizendo que as tribulações experimentam a alma e desenvolvem a paciência, que por sua vez produz a esperança e desta, finalmente, brota o respeito com todos. É preciso dizer que a paciência não é falta de ação para resolver o que precisa ser resolvido. Paciência não é fraqueza. Paciência é força, é “ganhar tempo”, é esperar o momento certo para atuar de acordo com a justiça e a retidão. A partir da calma interior conseguimos utilizar o raciocínio e com determinação encontramos o equilíbrio e as respostas. Jesus disse: “aprendei de mim que sou manso (paciente) e humilde de coração e encontrareis repouso para as vossas almas porque meu jugo é leve” (Mt 11, 28-30). A canga assenta melhor no pescoço do boi paciente. O seu jugo torna-se mais leve porque ele não o arrasta, transporta-o.
Padre Luis Fernando Soares
Pároco da Paróquia Espírito Santo – Jardim Satélite, em São José dos Campos
http://www.diocese-sjc.org.br/uma-virtude-atual-a-paciencia/