Dom Vilson Dias de Oliveira
DIOCESE DE LIMEIRA
“O
Ressuscitado nos pede amor incondicional”
Leituras:
Atos 5, 27b-32.40b-41; Salmo 29 (30), 2 e 4.5.6.11 e 12a e 13b
(R/2a); Apocalipse 5, 11-41; João 21, 1-19 ou mais breve 1-14.
COR
LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
(O
Círio Pascal será o grande sinal deste Tempo Pascal. Ele entra
aceso e alguém com uma vela apagada ao lado, durante o refrão
orante, acende a vela no Círio Pascal e acendem as velas do altar. O
Círio Pascal é colocado, com destaque, ao lado da Mesa da Palavra –
Ambão.)
Refrão
orante:
Luz da luz, infinito sol. Luz da luz, fogo abrasador. Luz da luz,
Cristo Jesus, abrasai-nos no vosso amor!
Animador:
O Senhor ressuscitou! Aleluia! Nesta páscoa semanal de Jesus, o
Evangelho vai mostrar que os apóstolos fizeram a experiência de
Cristo Ressuscitado e que nós cristãos ao celebrarmos semanalmente
a Páscoa do Senhor, fazemos esta mesma experiência, crescendo na fé
e na escuta da Palavra. Jesus convida Pedro a apascentar o seu
rebanho, a cuidar de sua Igreja. É uma contínua profissão de fé
passada pelos séculos, onde a autoridade do Papa germina no amor que
se faz serviço, pois Cristo não está morto, mas vivo e
ressuscitado.
1.
Situando-nos brevemente
O
terceiro domingo da Páscoa, domingo da pesca milagrosa, orienta-se à
experiência da companhia do Ressuscitado que s manifesta em meio aos
discípulos.
O
Tempo da Páscoa integra o Grande Dia Pascal, o Dia que o Senhor fez
para nós. Neste período, a Igreja se deixa encontrar por seu Senhor
e busca contemplá-lo e reconhece-lo mediante os mesmos gestos que
Ele já realizava enquanto estava na sua companhia. A liturgia
celebrada nos dá acesso a estes gestos de maneira que permaneçamos
unidos a Jesus corporalmente, assumindo na história humana o posto
de sacramento daquele que é Morto-Ressuscitado.
Supliquemos
ao Senhor que abra nossos olhos para percebermos sua presença em
meio às nossas labutas e nos firme na missão evangelizadora, apesar
de tantos percalços e traumas.
2.
Recordando a Palavra
A
cena do Evangelho de hoje mostra o ressuscitado aparecendo mais uma
vez a seus discípulos, às margens do mar Tiberíades (Galileia).
Tiberíades era uma cidade que havia sido construída em homenagem ao
imperador Tibério (Cf.
BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos. Ano A.B.C., Festas e
Solenidades. São Paulo: Paulus Editora, 2006, p.555).
Neste
relato, aparece a atividade de sete discípulos (v.2), o que
simbolicamente representa a totalidade. Pedro é o seu líder. Ele é
quem toma a decisão de ir lago adentro para pescar. Os outros o
seguem. É de noite, tempo propício para a pesca. Mas, eles nada
apanham. Ao que tudo indica, encontravam-se numa situação de
desânimo, tristeza, frustração e ausência de perspectivas
(Ibidem. P.556)
Ao
amanhecer, na beira do lago, veem um homem, que eles ainda não
reconhecem como Jesus. Ele pede de comer. Como os discípulos nada
têm, a ordem é que voltem a pescar. O resultado foi surpreendente:
as redes se enchem, a fartura acontece, todos matam a fome e o mestre
é reconhecido. A palavra de Jesus os reanima. Ele prepara e faz com
ele a partilha do pão e do peixe. Chegando à praia, os discípulos
veem em primeiro lugar os sinais do amor de Jesus para com eles.
Pedro se enche de tamanha energia que, sozinho arrasta a rede para a
praia com centro e cinquenta e três grandes peixes. Quer dizer: “a
comunidade, sob o mandato de Jesus, é capaz de reunir todos os povos
em torno de si, sem sofrer rupturas” (Ibidem, p.557)
Terminada
a celebração, começa um diálogo entre Jesus e o líder Pedro. O
Texto parece indicar que, nas comunidades joaninas dos anos 90, a
autoridade de Pedro estava abalada. Jesus quer que Pedro fundamente
essa autoridade (serviço às comunidades) no amor doação (ágape):
total, gratuito, com reciprocidade. Jesus não quer de Pedro apenas
uma amizade de bem querer ou coleguismo, que fraqueja facilmente. Por
isso, repete três vezes a pergunta.
Das
lideranças das comunidades Jesus exige amor até as últimas
consequências. Esse amor fiel ao projeto de Jesus deve ser
construído nas relações comunitárias, no serviço realizado pelo
Apóstolo. O texto sintomaticamente faz uma alusão à tríplice
negação de Pedro.
Observemos
a mesma intenção no livro dos Atos dos Apóstolos. Os apóstolos,
liderados por Pedro, dão testemunho do Mestre até o sofrimento e a
tortura. Pedro, que já fora pedra de tropeço, agora aprendeu o
sentido do amor. Com intrepidez, diante do sumo sacerdote, proclama:
“É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (v.29),
aconteça o que acontecer. Para os discípulos, essa foi, com
certeza, uma profunda experiência do ressuscitado. O Espírito de
Jesus lhes deu essa compreensão que não haviam captado durante a
vida pública de Jesus. Agora eles se identificam com o Senhor, a
ponto de vibrarem com os sofrimentos e a cruz (todos eles fizeram
essa experiência pós-pascal).
O
texto do Apocalipse (anos 90 d.C.) também quer reanimar a fé das
comunidades joaninas no Cordeiro imolado, que passou pela humilhação
da cruz e da morte, agora vivo e ressuscitado junto ao trono de Deus.
Apesar da situação de morte que as comunidades estão vivendo, a
visão de João aponta para uma grande liturgia no céu: miríades de
anjos entoam um hino ao Cordeiro.
Ele
recebe sete atribuições: poder, riqueza, sabedoria, força honra,
glória e louvor. É a superação de todo tipo de dor, sofrimentos,
tristeza, morte. Isto é incontestável, verdade pura. Por isso se
proclama solenemente: amém! Lembremos que essas honras, que o
Cordeiro recebeu, eram atribuídas somente a reis e imperadores, que
se autoproclamavam deuses.
3.
Atualizando a Palavra
Muitas
vezes nosso modo de agir neste mundo se parece com o dos discípulos:
vamos peregrinando nas escuridões sem contar com a luz do
ressuscitado, nos perdemos na ótica do capitalismo globalização
(consumismo, individualismo, competição, guerras, violência,
depressão). É preciso reencontrar Jesus Ressuscitado, lembrar o
Evangelho no qual Ele partilha conosco e nos pede amor incondicional
(cf.
BORTOLINI, J. op. Cit., p.557).
A
comunidade só se mantém unida, quando o centro é Jesus. Pedro é o
primeiro que toma a iniciativa de ir mar adentro pescar. A cena
parece sugerir que os discípulos estão na missão em terras de
gentios, de pagãos. Daí o símbolo do mar, cheio de desafios. Quais
são os desafios de nossa ação evangelizadora hoje? Em que
ambientes evangelizamos? (CNBB.
Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral
de paróquia. Doc. CNBB, 100, Brasília: Edições CNBB, n. 11-27).
A
cena mostra os discípulos agindo em conjunto, em grupo. No erro, nas
escuridões da vida, a presença do companheiro é muito importante.
Nosso serviço evangelizador deve ser partilhado, feito em mutirão.
Assim clareia mais, fica mais fácil enxergar Jesus. Muitas vezes é
o individualismo e a insensibilidade que não nos deixam ver Jesus.
Ele está no meio de nós na partilha, ressuscitado, e a gente não
percebe (v.5).
Olhos
e ouvidos bem abertos para a escuta da Palavra reanima o
evangelizador e possibilita que as redes se encham de peixes. A
comunidade que obedece a Jesus será certamente uma comunidade
fecunda, cheia de vida e exemplar nos gestos de misericórdia.
Quem
reconhece por primeiro Jesus é o discípulo amado (João). O amor de
Jesus por João certamente deixará marcas profundas em sua vida.
Cabe agora essa pergunta: temos intimidade com Jesus?
Pedro,
que estava nu, vestiu a roupa e pulou dentro da agua. Talvez se tenha
lembrado do manto que Jesus colocou, quando se pôs a servir no
lava-pés. Quando temos fé no ressuscitado, nosso entusiasmo pelo
serviço é facilitado: entramos no mar da vida e servimos com
alegria e facilidade.
O
grande sinal de Jesus é a comunhão, a partilha do pão e do peixe.
“Venham comer”! Quando encontramos estes gestos de solidariedade
em nosso dia a dia, sabemos que são sinais do Reino. Neles
reconhecemos Jesus, sem precisar perguntar “aquém e aquele homem
que está lá na praia”.
O
diálogo de Jesus e Pedro revela que nenhum agente de pastoral pode
apascentar o rebanho de Deus, se não se aceita ser conduzido pela
vontade de Deus mesmo para onde não queremos, se não estamos
prontos a testemunhar Cristo com o dom de nós mesmos, sem reservas
nem cálculos, por vezes à custa da nossa própria vida. Cada um
deveria interrogar-se? Como testemunho Cristo com a minha fé? Tenho
a coragem de Pedro e dos outros apóstolos para pensar, decidir e
viver como cristão, obedecendo em primeiro lugar a Deus? (Cf.
FRANCISCO. Homilia do 3º Domingo de Páscoa. Basílica de São Paulo
Fora dos muros, 14 de abril e 2013).
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
Hoje,
Jesus nos convida, uma vez mais, “venham e comam”. Somos uma
comunidade eucarística com a missão de ter uma vida conforme a
vontade do Pai.
A
oração do dia reza a exultação do povo em ser renovado pela
Páscoa de Cristo e lança aos fiéis o desafio de permanecerem na
esperança da ressurreição. Santo Atanásio afirmava: “Jesus
ressuscitado, converte a vida do ser humano em uma festa contínua”
(URTASUN,
Cornelio. Las oraciones del Misal. Escuela de espitiruallidad
cristian. Barcelona: Centro de Pastoral Litúrgica, 1995, p. 263).
E
acrescentou: “a Páscoa rejuvenesce a vida dos fiéis” (Idem). De
fato, somos “novas criaturas” que entoam o “canto novo” que
consiste na “glória de seu nome” (Cf.
Antífona de Entrada: “Aclamai a Deus, toda terra, cantai a glória
de seu nome, rendei-lhe glória e louvor, aleluia”!).
A
celebração litúrgica ao realizar a vida de Cristo, no coração da
assembleia, lhe permite irradiar a glória do Senhor que não
significa outra coisa que torná-lo manifesto ao mundo por meio da
fidelidade ao seu mandato e à sua herança: o amor. Amar os irmãos,
arriscar-se pela fraternidade universal que torna forma nos pequenos
gestos de carinho e solidariedade locais, revela o Nome de Deus em
nós, Este nome é “Cristo”: Cristo em nós, fazendo-nos
partícipes de sua ressurreição por causa de sua compaixão para
com o gênero humano (Cf.
Canto: ”Senhor vencestes a morte, fizeste trilhar a vida para
sempre” (Hinário Litúrgico da CNBB, fascículo II, Paulus
Editora).
A
vida nova que abraçamos se exprime pelos gestos típicos que dão
forma à celebração litúrgica. Gestos humanos que se tornam
divinos, porque Cristo os assume. E uma vez que os gestos são
expressão de quem somos, nós mesmos tomamos parte na eternidade,
cujas portas foram abertas a nós por Cristo uma vez por todas.
Lembrando
que a eternidade não tem a ver com “duração” da vida, mas com
a sua qualidade. Ao darmos corpo ao amor de Cristo, tornando-nos
memória perigosa d’Ele, permitimos que Ele em nós se manifeste e
– arriscando-nos uns pelos outros – adentramos no céu.
Preces
dos fiéis
Presidente:
Ao
Pai que é bondade e misericórdia elevemos nossas preces, por meio
de seu Filho Jesus Cristo Ressuscitado.
1.
Pai, que os pastores da Igreja sempre possam dar seu testemunho de
serviço e sejam sempre sinal de teu amor por nós. Peçamos:
Todos:
Senhor, atendei-nos.
2.
Pai, que os governantes implantem políticas justas, favorecendo os
que mais necessitam. Peçamos:
3.
Pai, que o esplendor de tua luz brilhe sobre os que semeiam a Palavra
e lançam suas redes. Peçamos:
4.
Pai, que nossa comunidade, seguindo o exemplo de Cristo, saiba
partilhar a vida com os irmãos. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Ó Pai, nós agradecemos tua bondade infinita que nos concede viver e
não permite que a morte nos vença. Te louvamos com o coração
agradecido porque nos concedeis a vida nova da ressurreição e
atendeis os pedidos que em nossas necessidades suplicamos. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Acolhei, ó Deus, as oferendas da vossa igreja em festa. Vós que
sois a causa de tão grande júbilo, concedei-lhe também a eterna
alegria. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO:
Presidente:
Ó Deus, olhai com bondade o vosso povo e concedei aos que renovastes
pelos vossos sacramentos a graça de chegar um dia à glória da
ressurreição da carne. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
AVISOS
- Benção Final
Presidente:
O Senhor esteja convosco. Aleluia. Aleluia.
Todos:
Ele está no meio de nós. Aleluia. Aleluia.
Presidente:
Abençoe-vos o Deus todo-poderoso +
Pai, Filho e Espírito Santo.
Todos:
Amém. Aleluia. Aleluia.
Presidente:
Vamos em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Todos:
graças a Deus, Aleluia, Aleluia!