Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)
Ao terminar sua missão na terra, Cristo Ressuscitado deu aos discípulos suas últimas instruções. Narra São Mateus em seu evangelho que, após as aparições em Jerusalém, ele lhes indicou retorno à Galileia e lá, numa determinada montanha, dirigiu-lhes sua última mensagem: “Foi-me dada toda autoridade no céu e na terra. Ide, pois fazer discípulos meus entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 18-20)
Tal ordem perdura na Igreja que continua procurando escutar a cada dia o Mestre, com a certeza de sua presença viva e eficaz, proclamando, no correr da história, tudo o que ele ensinou e formando novos amigos seus. As maneiras de evangelizar são variadas e formam hoje, depois de dois mil anos, uma constelação de iniciativas e instrumentais, entre os quais a arte, sobretudo a música e o canto, tem espaço privilegiado. Além da liturgia como culto principal a Deus e a seus santos, muitas outras expressões da arte se revelam como veículo eficaz para o cumprimento da última ordem do Senhor. Os dons artísticos, na verdade, são reflexos da beleza de Deus, o maravilhoso, o inominável, o inimaginável. De fato, tudo o que pensarmos a respeito de Deus será ínfimo diante da beleza celestial. São Paulo disse aos coríntios: “Os olhos humanos jamais viram, os ouvidos jamais ouviram, os corações jamais pressentiram o que Deus preparou para os que o amam” (I Cor 2, 9).
O Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) deu grande valor à arte como elemento importante para o culto e a evangelização, demonstrando que há muitas formas artísticas, e gostos variados, que podem ser adaptados ao trabalho missionário, e ensinou: "A Igreja nunca considerou como próprio nenhum estilo artístico, mas, acomodando-se ao caráter e às condições dos povos e às necessidades dos diversos ritos, aceitou as formas de cada tempo, criando no curso dos séculos um tesouro artístico digno de ser conservado cuidadosamente”. (Sacrosanctum Concilium 123)
São João Paulo II, escrevendo aos artistas em abril de 1999, afirmou: “Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo do pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra de suas mãos”.
Na Arquidiocese de Juiz de Fora, a Igreja tem investido em muitos elementos, incluindo os artísticos, para cumprir o mandado do Senhor Ressuscitado. O Sínodo Arquidiocesano, celebrado no período de 2009 a 2011, escolheu como lema a palavra de Jesus expressa naquele momento decisivo com os apóstolos: “Fazei discípulos meus” (Mt 28,18). Além de tantas iniciativas no campo da formação, da catequese, da ação pastoral, da liturgia e tantas outras, no corrente ano dá início a mais uma atividade: cria a festa popular, que deverá ser realizada todos os anos no sábado que precede o 5º Domingo da Páscoa, valorizando o tempo pascal como ocasião de alegria, de exultação, de celebração da vitória do Senhor sobre a morte e sobre tudo mais que possa ser negativo.
Para o evento foi escolhido o sugestivo nome “QUERO DEUS ” como expressão do coração da pessoa que crê, espera e exulta de alegria por saber que Deus é tudo, é superior a tudo, e que, aqui na terra, as ações e as obras só têm sentido se forem para conduzir-nos a ele, alfa e ômega, princípio de fim de todas as coisas.
O primeiro “QUERO DEUS” será realizado dia 23 de abril, no Parque das Exposições de Juiz de Fora, com show de várias bandas, incluindo a de Eros Biondini, da Comunidade Resgate, Ministério Ruah, Projeto Exaltai, Arte e Louvor, culminando como a apresentação da Banda Rosa de Saron, uma das mais apreciadas entre os católicos e evangélicos em todo o Brasil. Os ingressos podem ser adquiridos na Catedral, na Cúria Metropolitana, na Livraria Catedral, da Loja Zé Kodac e nas seguintes paróquias: São José (do Pe. Pierre), Santa Rita (do Pe. Camilo), Nossa Senhora de Lourdes ( do Pe. Gil) e Nossa Senhora da Conceição de Benfica (do Pe. Anchieta). Terá ainda como moto as palavras de Papa Francisco aos jovens: “Não deixe que lhes roubem a esperança”.
Este primeiro evento inclui o objetivo de possibilitar a presença de jovens de Arquidiocese de Juiz de Fora na Jornada Mundial da Juventude com o Papa Francisco, em Cracóvia, como outra iniciativa evangelizadora da Igreja que nunca se cansará de ouvir e cumprir o que o Senhor Ressuscitado continua nos pedindo: “Ide por todo o mundo, fazei discípulos meus entre todas as nações” (Mt 28, 18).
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