Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
DIOCESE DE LIMEIRA
“Seguir
Jesus requer despojamento e opção radical”
Leituras: Sabedoria 9, 13-18; Salmo 89 (90); Filemon 10, 12-17;
e Lucas 14, 25-33.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador Nesta
páscoa semanal, Jesus nos desafia a segui-Lo deixando de lado tudo o que não
condiz com seu projeto. Decidir-se a caminhar com Ele significa discernir e
escolher, com sabedoria os valores que fazem nascer a nova sociedade. Atentos à
proposta do Senhor, somos chamados a assumir prioridades, colaborando para a
construção do Reino de Deus. Iniciamos o mês de setembro que é o mês da Bíblia.
No próximo dia 07 de setembro lembramos o “Dia da Independência do Brasil”.
Peçamos, de um modo especial ao Pai, pela nossa Pátria, para que a
“independência” possa ser uma realidade em nosso país.
1. Situando-nos
brevemente
A vida cristã é
seguimento a Jesus Cristo. À medida que avançamos nesta caminhada, fazemos o
esforço de nos configurarmos a Cristo, de nos deixarmos moldar pela sabedoria
do Evangelho. Iniciamos o mês de setembro, mês da Bíblia, dedicado a crescermos
ainda mais na leitura, na compreensão e, sobretudo, na vivência da Palavra de
Deus. Olhamos para nossa pátria brasileira, que, no dia 07, recorda a sua
independência. Pedimos pelo Brasil, para que não negue sua raiz cristã e ande
nos caminhos do Senhor.
É mês em que inicia a
primavera. O renascer da criação, o despertar da natureza também nos fala, uma
vez que nós, humanos, somos os cuidadores deste jardim que é o universo. E
ainda seguiremos sob a inspiração do Ano Jubileu da Misericórdia que está nos
despertando para parecer-mos sempre mais com o Pai Misericordioso.
Grandes multidões
acompanhavam e ainda querem acompanhar Jesus. É preciso que não apenas o
sigamos por simpatia, por inércia, por tradição. Urge que renunciemos a tudo o
que nos impede de abraçar totalmente o seguimento. Vivemos uma crise de
sentido, alguns falam em “era do vazio”. Para suprir a carência do ser,
apelamos para o ter. Jesus pede-nos justamente o inverso.
Que a sabedoria de Deus
ilumine nossas escolhas, fortaleça nossa caminha fraterna na fé e nos dê a
coragem de carregar a cruz como seu Filho a carregou, fiel e obediente até às
últimas consequências.
2. Recordando a Palavra
Em Lucas temos uma única
ida de Jesus a Jerusalém. Essa subida é ocasião aproveitada por Jesus para uma
catequese aos que O seguem. Contrasta a observação inicial do texto “grandes
multidões acompanhavam Jesus” com a severidade das exigências do seguimento.
Jesus fala abertamente: ser seu discípulo é coisa séria, como é sério construir
uma torre ou ir para uma guerra.
Olhemos para a primeira
leitura. No livro da Sabedoria, os cap. 6 a 9 são um elogio que o autor faz à
sabedoria como um meio indispensável para que os reis e governantes da terra
implantem a justiça com equidade. Adquirir sabedoria não é uma tarefa
intelectual ou teórica, mas um dom de Deus para a vida. A grande intuição deste
texto é que o ser humano não pode, por sua própria capacidade, chegar ao pleno conhecimento
da vontade de Deus.
Na Carta a Filêmon,
Paulo rompe com os limites da legislação civil para permeá-lo com os valores de
Jesus Cristo. Paulo é amigo de Filêmon. Torna-se também próximo de Onésimo,
escravo do primeiro, agora seguidor de Cristo pela pregação do Apóstolo. Paulo
não pode abolir a escravidão no mundo, mas pede que os seres humanos sejam
irmãos e se abracem.
O Evangelho nos causa um
forte impacto. A família e a própria vida devem ser deixados, a cruz deve ser
abraçada, os bens, abandonados. Outras traduções falam de odiar a família.
Note-se que a exigência é de disponibilidade total e absoluta. O que une o
discípulo a Jesus é realmente mais forte do que o laço familiar.
Se a família for motivo
de não viver integralmente o Evangelho, ou ela deve ser abandonada, ou o
seguimento não deve ser assumido. Jesus não engana os discípulos. Ele os
poderia motivar e convencer a segui-lo para depois mostrar as dificuldades, mas
não, Ele está a caminho da Cruz e já adverte dos perigos, numa atitude de
realismo.
As parábolas aludidas
falam de uma construção que se deduz seja dispendiosa, uma torre não é algo
simples como uma casa, e de uma guerra que é desigual: dez mil guerreiros
contra vinte mil!
Jesus adverte que é
melhor não começar do que fazê-lo sem terminar, sem ter a decisão firme de ir
até o fim e condições objetivas para tal. Lucas deve ter como pano de fundo, questões
de apostasia, de abandono da fé em sua comunidade.
3. Atualizando a Palavra
Hoje ainda, como no
relato evangélico deste domingo, grandes multidões acompanham Jesus. Mas não
são grandes multidões que O seguem de fato, em todo significado desse verbo.
Não temos, ao menos em nosso país, as perseguições que os primeiros cristãos
sofriam.
Assim, é possível
dizer-se cristão, sem o ser de fato. Até criamos para isso uma expressão
contraditória em si mesma: muitos se dizem católicos não praticantes! Há que
considerar seriamente a condicional que Jesus põe no início de sua fala: se
alguém quer ser meu discípulo. Abraçar a fé é um chamado de Deus ao qual se
responde na liberdade.
O seguimento a Cristo
não pode ser uma opção entre outras tantas. Ele é a opção. Vemos pessoas que
põem sua identidade religiosa ao lado de outras escolhas. A fé não pode ser uma
“gaveta” que abrimos no domingo para participarmos da celebração. Não pode ser
mais um de meus gostos pessoas. Ela é o que dá sentido mais profundo a toda a
nossa vida. Tudo em minha vida deve ser conforme a fé que professo. Aqui cabem
algumas perguntas: a sua fé em Jesus Cristo lhe é difícil de viver em algum
aspecto? O que o Evangelho pede que você deixe de lado para seguir Jesus?
O desafio que o
Evangelho nos coloca é fundamental para não ficarmos anestesiados, adormecidos,
acomodados. Basta olhar a relação que temos com o consumo. Gabriel Marcel diz
que o ter é uma maneira de tentar ser aquilo que não se é. Grande intuição do
filósofo!
As pessoas precisam
comprar, consumir para se afirmarem como indivíduos. Os shoppings são as
catedrais modernas nos quais se cultua o deus consumo. Não é, porém, só em
shoppings, eles em si não são maus, mas em tudo nos tornamos uma sociedade
consumista
Neste contexto, soa mais
desafiadora que nunca a chamada ao desapego dos bens. Esse desapego é motivado
pela superação de todo o egoísmo e de toda autossuficiência. Ser cristão não é
apenas cumprir os mandamentos da primeira Lei (Antigo Testamento). Se assim
fosse, não haveria novidade no cristianismo.
Não podemos reduzir o
Evangelho a não fazer o mal: não matar, não roubar, não mentir etc. É preciso
colocar o seguimento a Jesus Cristo em primeiro lugar, antes dos bens, dos
apegos afetivos e familiares e, o mais difícil, até de nós mesmos. Então
olhamos para a cruz. A cruz de Jesus, em primeiro lugar.
Embora a Palavra de
Jesus seja desafiadora, sabemos que o caminho do seguimento é caminho de
felicidade plena, de realização total. O encontro com o Mestre não pode ser
condicionado nem impedido por nada. É o sentido último da existência humana.
Cuidemos para não nos ocuparmos demais com as criaturas, como dizia Agostinho,
e nos esquecermos do Criador. Que as criaturas, boas e belas, não nos impeçam
de ir ao Criador.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Toda caminhada longa
supõe que haja alimento para que consigamos chegar à meta. Temos, assim, na
Eucaristia, o alimento para o caminho. Eucaristia é ceia e sacrifício. Jesus
entregou sua vida por nossa salvação. Desapegou-se de sua própria mãe, de seus
parentes, não procurou acumular bens. Desapegou-se de sua própria vida.
Renunciou a tudo. Esvaziou-se de si mesmo, para no final abraçar a cruz.
Na ação eucarística é
importante dar-nos conta que Jesus realiza o que anunciou no Evangelho:
carregar a Cruz. Hoje pedimos de modo especial, que o Brasil, Terra da Santa
Cruz, seja espaço fecundo de seguimento ao Senhor.
Tantas realidades e nossas
ainda precisam ser encaminhadas a partir da graça que vem da cruz. Nós somos os
seguidores de Jesus hoje, missionários envidados a iluminar com a sabedoria do
Evangelho uma sociedade permeada de sinais de morte. Para isso não estamos
sozinhos. Celebremos em comunidade. Em comunidade precisamos seguir, embora a
resposta seja sempre pessoal.
Assim nos motiva o
Documento de Aparecida: “A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de
saciar a fome de vida e de felicidade... Nesse banquete feliz, participamos da
vida eterna e, assim, nossa existência cotidiana se converte em Missa
prolongada. Porém, todos os dons de Deus requerem disposição adequada para que
possam produzir frutos de mudança. Especialmente, exigem de nós espírito
comunitário, que abramos os olhos para reconhece-lo e servi-lo nos mais pobres”
(DAp, n.354).
Vivamos o seguimento na
radicalidade, com toda a liberdade. Busquemos sempre na Eucaristia o sentido
para essa caminhada, uma vez que nela já participamos sacramentalmente da vida
eterna, meta de nosso caminhar.
Preces dos fiéis
Presidente: Oremos ao Pai, que nos convida ao seguimento do seu Filho
Jesus e ilumina nossas vidas com a sabedoria do Evangelho.
1. Senhor, pela Igreja chamada a ser anunciadora leal e corajosa
do teu reino. Peçamos:
Todos:
Ouvi, Senhor, nossa prece
2. Senhor, pelos governantes que estão preocupados com a
justiça, pelos que se consagram à investigação da verdade e pelos que têm de
fazer escolhas decisivas. Peçamos:
3. Senhor, pelos doentes e pelos sofredores, para que encontrem
acolhida e solidariedade em suas casas e na comunidade. Peçamos:
4. Senhor, por nossa comunidade que neste mês da Bíblia é
convidada a valorizar a tua Palavra. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Colocamos nossas preces em tuas mãos, Senhor, e suplicamos a
graça de nos conduzir nas estradas do Evangelho, renunciando e nos desapegando
de tudo que impede o seguimento do teu Filho Jesus. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Ó Deus, fonte
da paz e da verdadeira piedade, concedei-nos por esta oferenda render-vos a
devida homenagem, e fazei que nossa participação na Eucaristia reforce entre
nós os laços da amizade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém!
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus, que nutris e fortificais vossos fiéis com o
alimento da vossa palavra e do vosso pão, concedei-nos, por estes dons do vosso
Filho, viver com ele para sempre.
Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém!
AGENDA DO
BISPO DIOCESANO:
Dias 29/30/31/agosto e 01/Setembro: Retiro do Clero da Diocese de Limeira em Itaici, município de Indaiatuba, SP.
Dia 02 de setembro (sexta-feira): Missa e Crisma na Paróquia São Benedito, Pe. Marcos Daniel Ramalho, Limeira,
SP, às 19h30.
Dia 03 de setembro (sábado): 1. Missa e
traslado dos restos mortais do padre Pedro para a Paróquia São Benedito, Pe.
Vilson Júnior, às 10h00, na cidade de Americana, SP; 2. E missa de 5 anos de pároco do
padre Ricardo Santos, às 18h00, na Paróquia São Domingos Sávio, Americana, SP.
Dia 04 de setembro (domingo): 1. Missa e Crisma na Paróquia São Judas Tadeu,
Pe. Cleiton Bugari, às 09h00, cidade de Americana, SP; 2. E Investidura dos Ministros
leigos da Região Leste, às 19h00, na paróquia N. Sra. Das Dores, Cidade de
Arthur Nogueira, SP.
Dia 06
de setembro (terça-feira):
reunião do Conselho Episcopal, às 09h00, na Residência Episcopal, em Limeira,
SP.
BÊNÇÃO E
DESPEDIDA
Presidente:
Deus os abençoe e os faça discípulos de seu Filho Jesus Cristo, para que,
caminhando nas estradas do mundo, possam viver o Evangelho em todos os momentos
de suas vidas. Por Cristo nosso Senhor.
Todos:
Amém
P. O Senhor
esteja convosco.
T. Ele está no meio de nós.
Presidente: (Dá a bênção).