Dom Genival Saraiva
Administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba
No Brasil, o mês de agosto é celebrado, liturgicamente, e vivido, pastoralmente, como Mês Vocacional que, em si, já evidencia a pluralidade da vocação. Na verdade, antes de tudo, a vocação é assumida por cada pessoa, uma vez que diz respeito a sua forma de responder ao plano de Deus a seu respeito. Por sua natureza, qualquer vocação contém a linguagem da autorrealização e, ao mesmo tempo, traz consigo a exigência do serviço. De fato, nenhuma vocação vai na direção contrária à da realização da pessoa, todavia não considera apenas essa dimensão pessoal, dado que tem o serviço ao próximo como sua razão de ser, como sua missão.
No primeiro domingo de agosto, a Igreja comemorou, durante muito tempo, o Dia do Padre, por estar próximo do dia 4 de agosto, data litúrgica da memória de São João Maria Vianey, o Cura d’Ars, Padroeiro dos Párocos. Atualmente, nesse domingo, é celebrado o Dia dos Ministros Ordenados - diácono, padre e bispo. Ministro ordenado é o homem que recebeu o Sacramento da Ordem. O diácono recebeu este Sacramento no primeiro grau - diaconado. O sacerdote recebe o Sacramento no primeiro e no segundo graus - diaconado e presbiterado. O bispo recebe-o nos três graus - diaconado, presbiterado e episcopado. Sempre em vista de sua santificação e do bem dos fiéis, cada grau é portador de graça especial para aquele que o recebe, enquanto lhe confere o poder de exercer ofício próprio. Na realidade, essa graça é chamada “graça de estado” porque é própria de cada vocação.
No tocante à sua etiologia, vocação difere de profissão. Esta é uma escolha da pessoa, que se explicita em variados contextos, em razão de seus planos e projetos de vida. Em relação à vocação, qualquer que seja a sua natureza, sabe-se que tem Deus na sua origem. Assim aconteceu com personagens bíblicos do Antigo e do Novo Testamento, em contextos peculiares, assim aconteceu e continua acontecendo na vida da Igreja, ao se ler a história de vocacionados de todos os tempos. De início, pode ocorrer que a pessoa não tenha uma exata compreensão de sua vocação, exatamente por se tratar de uma iniciativa divina e não de um projeto alimentado como causa própria. O discernimento vai se dando através de compreensões que são fruto da oração, da própria análise e da leitura de muitos formadores.
Compreende a natureza da origem divina de sua vocação aquela pessoa que está, efetivamente, identificada com ela e se sente plenamente realizada por realizar a missão que recebeu, através da mediação da Igreja. Em se tratando do ministro ordenado, a teologia da vocação sempre identifica sua origem em Deus e a missão, que lhe é inerente, é assumida como serviço ao povo. A propósito da vocação e da missão, afirma-se: “A missão é a concretização histórica desse chamado. Enquanto tal, ela deriva da vocação. Devido a sua relação com a história, a missão nem sempre é permanente. Pode acontecer que, mudando a realidade, mudando a história, deva-se também mudar a missão ou, pelo menos, sua metodologia. O chamamento, por sua vez, dura para sempre. Nunca muda. É sempre o mesmo ‘porque são irrevogáveis os dons e a vocação de Deus’ (Rm 11, 29)”. Em síntese, a vocação é “necessariamente eclesial, destinada ao serviço, ao bem da comunidade”.
No Dia do Ministro Ordenado, as comunidades católicas testemunham seu apreço por esses seus servidores - diácono, padre e bispo, apoiando-os com sua oração e com muitos gestos de amizade fraterna.
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