Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
DIOCESE DE LIMEIRA
“Seu
Pai o avistou e foi tomado de compaixão”
Leituras:
Êxodo 32, 7-11.13-14; Salmo 50 (51); Primeira Carta a Timóteo 1,
12-17; Lucas 15, 1-32.
COR
LITÚRGICA: VERDE
Animador:
Jesus
é acusado de dar comida e atenção aos marginalizados, pobres e
pecadores de seu tempo. Sua resposta vai mostrar como Deus age em
nossa vida. Em Deus, que é misericórdia, encontramos o convite para
nossa conversão. Somos chamados a imitar Jesus, fazendo-nos irmãos
acolhedores e misericordiosos.
1.
Situando-nos brevemente
Jesus
exerce uma incrível força de atração. No domingo passado ouvíamos
que grandes multidões o seguiam. Hoje, Lucas nos narra que os
publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus. Jesus continua
atraindo multidões. O ensinamento de Jesus, porém, não agradará a
todos. As três parábolas do Evangelho, bem como as leituras e o
salmo nos farão encontrar com um Deus misericordioso, que ama além
dos limites humanos. Porque ama, Ele perdoa a quem se arrepende e
quer mudar de vida.
Que
o Ano Santo da Misericórdia ajude as comunidades cristãs, Igreja do
Senhor, a ser esse lugar da acolhida misericordiosa para os que estão
feridos, empobrecidos, machucados pelo pecado e que querem retomar o
caminho de Cristo.
As
três parábolas que ouvimos complementam o chamado incondicional ao
seguimento: deixar tudo por amor e criar um coração misericordioso
como aquele do Pai que acolhe seu Filho sem nada cobrar dele. “A
Misericórdia não está parada, vai a procura da ovelha perdida e
quando a encontra, irradia uma alegria contagiosa. A Misericórdia
sabe olhar cada pessoa nos olhos, cada uma delas é preciosa. Porque
cada uma é única” (FRANCISCO. Homilia no sábado,2 de abril de
2016).
2.
Recordando a Palavra
Depois
de ter confeccionado uma estátua de ouro e prestado culto diante
dela, o povo encontra-se frente à ira de Deus, que fala a Moisés.
Assim inicia a cena da leitura do Êxodo. Deus ameaça destruir o
povo idólatra, mas Moisés lembra a possibilidade de constituir uma
grande nação, sem o povo idólatra.
Moisés,
então, intercede usando três argumentos diante de Deus para
conseguir o perdão: 1. Lembra a história da libertação do povo da
escravidão, que não pode terminar em um massacre geral; 2. Altera
para as consequências desastrosas que a morte do povo provocaria:
que Deus é este que liberta para matar? 3. A promessa feita a
Abraão, Isaac e Jacó deve ser cumprida. De certa forma Moisés
ajuda o próprio Deus a exercitar sua misericórdia com um povo ainda
em processo de formação. A eficácia de sua intercessão está na
solidariedade que manifesta ao seu povo, apesar do pecado gravíssimo
da idolatria.
O
Salmo 50 canta o arrependimento e a vontade de conversão. Os
versículos 3 e 4 cantam como Moisés: a razão para o perdão é a
bondade de Deus, a obra por Ele criada e amada. Os v. 12 e 13 pedem
que Deus crie um coração novo. Perdoar é equiparado a criar e
criar é verbo reservado para Deus. Só Ele é criador. Os versos
finais ensinam que o sacrifício agradável a Deus é um coração
arrependido.
A
segunda leitura tem ligação direta com o Evangelho: Jesus veio
salvar os pecadores. Paulo deixou de ser pecador por graça.
Unicamente por graça de Deus, por dom não merecido. Ele não pede
que admiremos nele seu comportamento e virtudes, mas a misericórdia
de Deus manifesta nele.
As
parábolas narradas no Evangelho deste domingo têm como principais
destinatários os fariseus e os escribas, que não admitiam que
publicanos e pecadores se aproximassem de Jesus para escutá-lo. Pior
ainda era o fato de Jesus acolhê-lo e até comer com eles. Nesse
contexto Jesus conta as três parábolas.
A
primeira nos fala da ovelha perdida. Noventa e nove são deixadas no
deserto para que o dono procure a perdida, até achá-la. Quando a
encontra alegra-se muito por isso. A segunda parábola fala da mulher
que perdeu uma de suas dez moedas de prata. Procura-se até
encontra-la e é grande sua alegria por tê-la recuperado. Ambas
terminal dizendo que será grande a alegria de Deus pelo pecador que
se converte, maior até do que a alegria pelos justos que não
precisam de conversão.
A
intenção de Jesus não é dizer que Deus ama mais o pecador que o
justo. Jesus quer dizer que o pecador também é amado e procurado
por Deus. Entendiam os escribas e fariseus que os pecadores eram alvo
da ira de Deus, pois estariam afastados dele. Jesus vem anunciar que
Deus não os odeia, mas os ama e os perdoa! É de notar que, nos dois
casos, o dono procura o que está perdido. Assim Deus vem ao nosso
encontro, antes de nós nos dirigirmos a Ele. O perdido representa o
pecador. Se a alegria humana por reencontrar um bem é tão grande,
imagina a Deus por ter um filho seu de volta!
A
terceira parábola que completa a tríade da misericórdia, contém
os mesmos elementos das duas anteriores: algo que se perdeu, uma
busca, um encontro, festa e alegria. Mas vai ainda além das outras:
mostra, na figura do filho mais velho, o abismo que há entre a
gratuidade do amor divino representada na figura do Pai
Misericordioso e a mesquinhez do amor humano. O filho mais velho que
não aceita que o pai acolha de volta o irmão pecador. Podemos ver
nele os escribas e fariseus que não aceitam os pecadores ao redor do
mesmo Jesus que eles acompanham. Eles consideram o perdão ao pecador
injustiça contra o considerado justo.
“Nas
parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus revela a natureza de
Deus como a de um Pai que nunca se dá por vencido enquanto não
tiver dissolvido o pecado e superada a recusa com a compaixão e a
misericórdia”. Nestas parábolas, Deus é apresentado, sobretudo
quando perdoa. “Nelas encontramos o núcleo do Evangelho e da nossa
fé, porque a misericórdia é apresentada como a força que tudo
vence, enche o coração de amor e consola com o perdão” (MV,
n.9).
3.
Atualizando a Palavra
A
Liturgia da Palavra deste domingo parte do pecado humano para
manifestar a misericórdia divina, que tem sua expressão máxima em
Jesus. Afastar-se de Deus e converter-se às criaturas é o grande
pecado. Assim fez o povo no deserto: trocou o Deus Libertador pela
estátua de um animal, feita por mãos humanas.
Paulo
diz que seu pecado era blasfemar, perseguir e agir com violência. O
pecado do filho mais novo, no Evangelho, é afastar-se do pai e
gastar seus bens com o intuito de alcançar uma falsa felicidade,
caindo no vazio, distante do pai e sem dignidade.
Hoje
não é diferente quando idolatramos cosias feitas pelos seres
humanos, bens de consumo, achando que ao possuí-lo nos realizamos.
Pecando, esvaziamos a dignidade de nossa vida, pois nos separamos de
Deus, realização plena da vida humana. Moisés é um autêntico
líder. Vê o pecado do povo, denuncia este pecado ao próprio povo e
exige conversão, fidelidade à Aliança.
Sua
autenticidade revela-se também em outra direção: ele compartilha
da mesma sorte que o povo. Ele poderia aceitar a proposta de Deus:
destruição do povo e ser ele, sozinho, o pai de uma grande nação.
Contudo, ele é fiel intercessor, que ama o povo e também conhece o
coração de Deus e, por isso, consegue o perdão para o povo.
Olhando
para a atitude de Moisés, podemos nos perguntar: que tipo de líderes
tem o povo de hoje? Que tipo de líderes somos nós, como cristãos?
Somos como Moisés ou exigimos tratamento diferenciado, regalias,
imunidades? Nós precisamos do perdão de Deus, mas não o merecemos.
É graça!
O
salmo de hoje nos mostra que é por causa da bondade e do amor de
Deus que somos perdoados. Ao perdoar-nos, Deus nos recria, faz um
novo início conosco, renovamos a aliança. A condição para receber
o perdão é que o coração – todo o ser – esteja arrependido.
São belíssimas as imagens do dono que procura a ovelha
incansavelmente, da dona de casa que varre insistentemente até
encontrar a moeda, do pai que corre ao encontro do filho.
Quando
nos arrendemos e queremos voltar, Deus vem ao nosso encontro com o
seu perdão. Ele vem ao nosso encontro, alegra-se com nosso retorno,
cobre-nos de beijos. O filho mais velho da terceira parábola parece
tocar numa estrutura profunda de todos nós: normalmente achamos que
os maus são os outros, os pecadores são os outros, os errados são
os outros. Nós estamos certos, somos justos e bons. Cuidado! Podemos
estar nos excluindo da festa do perdão.
Jesus
não era aceito por muitos, pelo fato de amar incondicionalmente. Nós
temos muita facilidade em limitar o amor, a acolhida, o perdão.
Nunca podemos perder a coerência com as exigências cristãs, é
verdade, mas também não cabe julgar-nos, melhores que ninguém.
Este
é um dia propício para apresentar a salvação cristã como
encontro com Deus, e um encontro alegre. Longe de Deus não pode
haver alegria, porque longe dele estamos longe de nós mesmos. Santo
Agostinho afirmava: “Fizeste-nos para vós, Senhor! E inquieto está
o nosso coração enquanto não repousar em vós” (Santo Agostinho,
Confissões, n.11) Deus nos oferece a salvação. Se a aceitarmos,
sua alegria será imensa e a nossa realização será plena.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
A
ressurreição de Jesus é a máxima manifestação da misericórdia
divina, posto que nela manifesta-se a nós o amor que é mais forte
que a morte. Por este caminho, a Eucaristia segue pondo ao nosso
alcance este testemunho supremo e nos convida a dele participar.
Entra
na dinâmica da homilia deste dia destacar o caráter de festa pelo
perdão, que é próprio da Eucaristia. Também se pode explicar qual
o sentido que tem implorar a misericórdia de Deus na celebração
eucarística. A Eucaristia deve levar-nos a assumir a mesma atitude
de Deus: ir ao encontro dos que estão afastados, perdidos.
Neste
sentido o Documento 100 da CNBB, “Comunidade de Comunidades: Uma
nova paróquia”, nos fala: “Na Palavra e na Eucaristia, o
cristão, nova criatura pelo Batismo, vive numa nova dimensão, a
relação com Deus e com o próximo: a dimensão do amor como ágape.
O próprio Senhor disse que ‘ninguém tem maior amor do que aquele
que dá a vida por seus amigos’ (Jo 15, 13). A amizade torna-se,
então, expressão de ágape, centro da caridade cristã. Essa
amizade se traduz em compaixão pelos que sofrem” (CNBB.
Comunidade das Comunidades: Uma nova paróquia. Documentos da CNBB
100, 2. ed. Brasília: Edições CNBB, 2015, n.183).
Preces
dos fiéis
Presidente:
É com o desejo sincero de nos colocar no seguimento de Jesus que
fazemos nossos pedidos ao Pai, confiantes que Ele nos concederá sua
sabedoria divina.
1.
Ó Pai, que a Igreja seja sinal do teu amor e conduza as pessoas à
misericórdia. Peçamos:
Todos:
Pai,
lembrai-vos de nós em teu infinito amor.
2.
Ó Pai, que os nossos governantes busquem a justiça, investigando
todo tipo de corrupção e inverdades. Peçamos:
3.
Ó Pai, que os jovens, desde cedo, aprendam que só seu amor e
misericórdia salvam, e que combatam a corrupção e as injustiças.
Peçamos:
4.
Ó Pai, que nossa comunidade saiba viver em comunhão, sabendo
perdoar uns aos outros. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Senhor, professamos que sois nosso único Deus e Senhor, nós
prometemos que caminharemos em teus caminhos e sempre nos
alimentaremos em tua mesa. Ajudai-nos a realizar estes propósitos
acolhendo nossas preces. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas, e acolhei com bondade
as oferendas dos vossos servos e servas, para que aproveite à
salvação de todos o que cada um trouxe em vossa honra.
Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém!
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO:
Presidente:
Ó
Deus, que a ação da vossa Eucaristia penetre todo o nosso ser para
que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do
vosso sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém!
AGENDA
DO BISPO DIOCESANO...
Dia
10 de setembro (sábado):
Encontro Diocesano de Pastoral da Comunicação, início às 08h30 e
termino às 16h0. Mais informações com o padre Edson Pianca, da
Par. Santa Rita de Limeira, SP; e Missa no Setenário de Nossa
Senhora das Dores, às 18h00.
Dia
11 de setembro (domingo): Crisma
no Santuário São Sebastião, às 08h00, Porto Ferreira, SP; ; e
Missa no Setenário de Nossa Senhora das Dores, às 19h00, Arthur
Nogueira, SP.
Dia
14 de setembro (quarta-feira): Reunião
da Sub-Região Pastoral Campinas, a partir das 09h00, na Paróquia
São Benedito, Americana, SP, e Missa no Setenário de Nossa Senhora
das Dores, às 19h30, Nova Odessa, SP.
Dia
15 de setembro (quinta-feira): Missa
da Padroeira de Limeira, na Catedral N. Senhora das Dores, e
celebração do 9º. Aniversário de Posse de Dom Vilson (5º. Bispo
Diocesano de Limeira).
Dia
17 de setembro (sábado): Missa
e Crisma na Paróquia N. Senhora Aparecida, às 18h30, Conchal, SP.
Dia
18 de setembro (domingo): Missa
e Crisma na Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, às 08h30,
Santa Cruz da Conceição, SP; e Missa
e Ordenação Diaconal,
às 15h00, Catedral Nossa Senhora das Dores, Limeira, SP.
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA
Presid.:
O
Senhor esteja convosco.
T.
Ele está no meio de nós.
Presid.:
Senhor,
nosso Deus, enriquecei teus filhos e filhas com os tesouros da tua
misericórdia.
Todos:
Amém.
Presid.:
Concedei
ao teu povo a paz e a segurança para que todos possamos viver no
respeito mútuo.
Todos:
Amém.
Presid.:
E
assim, dedicando-nos a construir a civilização do amor, onde os
pobres são respeitados e acolhidos, possamos fazer de nossas vidas
uma ação de graças em teu Nome.
Todos:
Amém.
Presid.:
E
a bênção de Deus todo-poderoso +
Pai, Filho e Espírito Santo.
Todos:
Amém.
Presid.:
Ide
em paz e o Senhor vos acompanhe para sempre.
Todos:
Demos graças a Deus.