Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Eles
têm Moisés e os profetas, que os escutem”!
Leituras:
Amós 6, 1a.4-7; Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10 (R. 1); Primeira
Carta de São Paulo a Timóteo 6, 11-16; Lucas 16, 19-31.
COR
LITÚRGICA: VERDE
Animador:
A
liturgia de hoje, nos faz refletir sobre a nossa relação com os
bens deste mundo e nos convida a vê-los, não como algo que nos
pertence exclusivamente, mas como dons que Deus colocou em nossas
mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e
amor, com nossos irmãos necessitados.
Negar-nos a isso acarretaria
nosso isolamento de Deus e do próximo. Neste “Dia da Bíblia”, o
Senhor quer abrir nossos ouvidos e nosso coração para acolher a
“Palavra VIVA e eficaz” que brota da situação sofrida dos
empobrecidos, nos desperta da alienação
e
da indiferença e nos indica a solidariedade como verdadeiro caminho
da SALVAÇÃO.
1.
Situando-nos
Continuamos
na mesma temática do domingo passado: a relação do ser humano com
as riquezas, à luz do ensinamento de Jesus com vistas à salvação.
Se Jesus volta a esse assunto e Lucas lhe dá tanto destaque,
significa que temos dificuldades de nos situar bem diante desta
questão. Jesus fala desse assunto porque conhece profundamente o ser
humano. Ele conhece o poder de fascínio que o dinheiro tem sobre
nós.
Concluindo
o Mês da Bíblia, a Igreja no Brasil considera este domingo como o
dia especialmente dedicado a Bíblia em homenagem a São Jerônimo,
grande estudioso da Palavra de Deus, cuja memória se celebra nesta
semana, no dia 30/09. Que isto ajude a todos a se manter sempre mais
atentos à Palavra de Deus e na ação de graças, tenhamos presente
os grupos de famílias e a Animação Bíblica de nossas palavras.
2.
Recordando a Palavra
O
profeta Amós, na Primeira Leitura de hoje continua a descrever a
situação do povo de seu tempo: na Samaria, alguns de seus
habitantes enriquecem à custa de outros, que permanecem pobres. O
profeta denuncia o luxo de alguns: o que sobra para estes, falta para
outros. Tocam harpa como Davi: mas com finalidade diversa –
divertir-se. As taças destinadas aio cubo, bem como os instrumentos
musicais não estão servindo para louvar a Deus, mas para celebrar a
própria riqueza. A ruina de José remete às calamidades que padecem
os pobres de Israel. Sempre há alguém que paga o luxo da classe
dominante. O “por isso” do versículo 7 introduz o oráculo de
condenação: a iminência de um juízo divino cairá como um balde
de água fria sobre as ilusões alienantes.
A
parábola evangélica é dirigida aos fariseus, preocupados com a
pureza cultual e a observância rigorista da Lei. A parábola tem
dois pontos altos. O primeiro (v.19-23) tem por objetivo a inversão
da sorte no além; o segundo (v.24-31) mostra a rejeição dos dois
pedidos do rico para que Abraão envie Lázaro a seus cinco irmãos.
A parábola é afirmação de que o dinheiro pode alienar o ser
humano, romper a possibilidade de comunicação com Deus. Lázaro não
está na parábola como tipo de mendigo sofredor, mas como pessoa a
quem o rico deveria ter ajudado a sair da miséria e da dor.
Não
há um juízo moral por parte de Jesus sobre os personagens: Ele não
diz que o rico é mau, ladrão, desonesto, injusto, nem faz elogios
ao pobre Lázaro como bom. Eles são apresentados simplesmente com os
qualificadores rico e pobre, com a diferença de o segundo ter nome,
Lázaro, que significa: Deus ajuda. Lázaro vive à porta da casa do
rico, à espera de comida, uma vez que aí se davam festas
esplêndidas diariamente. Além de pobre, Lázaro é doente, tem
feridas que cobrem seu corpo.
A
morte iguala os dois personagens: rico e pobre morrem. Mas seus
destinos são diversos: Lázaro vai para junto de Abraão e o rico
para um lugar de tormentos. Esses tormentos são tão atrozes que
aponta do dedo de Lázaro, molhada em água, seria um alívio! Vale
notar que o rico chama Abraão de pai e este chama o rico de filho. O
rico apela para a pertença ao povo de Abraão, chamando-o de pai,
mas Abraão mostra que não basta a filiação, é preciso viver a
lei de Moisés e dar ouvidos aos profetas.
Temos,
então, o segundo pedido, também negado: o envio de Lázaro aos
irmãos do homem rico. Que escutem Moisés e os Profetas! (Assim era
chamada a Bíblia naquele tempo). ´´E o que responde Abraão.
Traduzido significa: que escutem a Palavra de Deus que está na
Bíblia! O último argumento do rico: em um ressuscitado eles crerão!
Abraão, porém, não arreda pé, insiste que é a Moisés e os
Profetas, ou seja, a Palavra de Deus que eles precisam ouvir.
3.
Atualizando a Palavra
O
juízo de Deus não é arbitrário. É a fidelidade de Deus a si
mesmo, à Palavra que Ele deu aos homens Deus nos ensina que a
história é maior que o tempo presente, de onde deriva a necessidade
de vivermos com dimensões de eternidade. Todos corremos o risco de
deixar-nos dominar pelo dinheiro. O pecado em questão não é a
riqueza, mas a indiferença para com o próximo e o esquecimento de
Deus, decorrência do envolvimento com o dinheiro. O mundo
capitalista fomente em nós a ambição, a avareza, o poder, o
orgulho de dominarmos pelo dinheiro; da idolatria ao dinheiro, nascem
a vaidade e o orgulho que oprimem as nações.
O
ideal cristão para este mundo é superar o abismo entre ricos e
pobres. Este abismo não está alicerçado apenas sobre um problema
econômico, mas sobre o egoísmo. Esse é o maior abismo a superar.
Nele se forma o abismo econômico. Pôr-se a serviço do dinheiro não
dá outro resultado que, ao morrer, encontrar-se sem dinheiro e só
consigo mesmo, na penosa tristeza da distância da comunhão com
Deus. Este Evangelho faz uma severa admoestação a quantos buscam a
felicidade nas riquezas e creem que estas podem salvar. A eternidade
é um dom, em duplo sentido: sabe ver os bens como procedentes de
Deus e saber partilhar com os mais necessitados os bens que
recebemos.
A
conclusão do Evangelho é para nos acordar: não basta conhecer
Moisés e os Profetas (a Bíblia). É preciso viver o que Deus nela
nos ensina. A fé não provém da contemplação de nenhum prodígio
sobrenatural –a aparecer alguém de entre os mortos para nos falar
- , mas da aceitação humilde da revelação de Deus. Há um pecado
que é muito atual: a negação da eternidade, da ressurreição, da
necessidade de Cristo para a nossa salvação. Somos talvez nós os
cinco irmãos do rico que não acreditamos? O que nos fala para crer
e viver conforme nossa fé?
Paulo
nos fala, na segunda leitura, do testemunho que devemos dar, a
exemplo de Cristo, que deu testemunho da Verdade. Hoje não somos
chamados normalmente ao testemunho máximo do martírio, como no
período da Igreja nascente, mas há também outro testemunho, talvez
até mais difícil: a fidelidade na prática cotidiana das virtudes
em relação a Deus – fé, esperança, amor – e em relação a
próximo – justiça, misericórdia, paciência, atenção,
delicadeza, cuidado.
O
essencial do cristianismo é o amor; quem ama, conhece a Deus. Como
Amós, precisamos gritar para uma sociedade que se refugia numa falsa
tranquilidade. É urgente abrirmos os olhos para José e sua ruína,
para Lázaro e sua feridas. O desterro é o ponto de chegada de quem
vive como se Deus não existisse. Afastar-se de Deus é afastar-se de
si mesmo. Não ver o pobre é não crer em Deus.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
É
difícil não sentir certo estremecimento ao considerar a última
frase de parábola, à luz da celebração da Eucaristia. Nós, que a
celebramos, escutamos Moisés, os Profetas, Jesus Cristo e temos
entre nós a presença do Ressuscitado. Isto nos leva a aderir de
fato ao projeto de Deus? Celebrar a Eucaristia é algo comprometedor,
é realmente um juízo de Deus sobre nós.
“O
discípulo missionário é consciente que o distanciamento em relação
a Jesus Cristo e ao Reino de Deus traz graves consequências para
toda a humanidade. Essas consequências são sentidas principalmente
nas inúmeras formas de desrespeito e destruição da vida. O cristão
sabe que não lhe cabe a exclusividade na construção da nova época
que está para surgir. Esta consciência, no entanto, não o exime da
responsabilidade por testemunhar e anunciar, oportuna ou
inoportunamente (2Tm 4,2), Jesus Cristo e o Reino de Deus, que é
vida, paz, justiça, concórdia e reconciliação (Gl 5,22ss)”
(Ibidem, n.39)
Por
fim, o grande dom, a maior riqueza que temos e poder nos alimentar da
Palavra e do Corpo do Senhor. Se Ele escolheu uma refeição como
modo de perpetuar sua presença entre nós e esta ceia é sacrifício
de Cristo por nós na Cruz, há de que brotar da Eucaristia um novo
jeito de viver, em que não consideremos normal uma pessoa passar
fome à nossa porta.
Preces
dos fiéis
Presidente:
Diante de Deus, que tem predileção e cuidado especial para com os
pobres, com espírito de pobreza e desapego façamos nossos pedidos.
1.
Senhor, neste dia da Bíblia, ajude a tua Igreja a cumprir sua missão
de anunciar o Evangelho, levando todos os povos ao conhecimento da
tua palavra. Peçamos:
Todos:
Senhor, rico em misericórdia, atendei a nossa prece.
2.
Senhor, neste dia da Bíblia, desperte os nossos governantes, para
que possam atuar sempre com integridade, honra e amor à verdade e à
justiça. Peçamos:
3.
Senhor, neste dia da Bíblia, faça com que nossa comunidade se
comprometa com a leitura assídua e a vivência coerente de tua
Palavra. Peçamos:
4.
Senhor, neste dia da Bíblia, nos ensine a aprender que a presença
dos pobres nos evangeliza e nos desperta da alienação e da
indiferença. Peçamos:
5.
Senhor, neste dia da Bíblia, acolha com carinho os nossos dizimistas
que fazem suas ofertas com alegria. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Senhor, que nos faz conhecer a tua vontade através da Bíblia,
acolhe com carinho a nossa prece. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
Oração
das oferendas:
Presidente:
Ó Deus de misericórdia, que esta oferenda vos seja agradável e
possa abrir para nós a fonte de toda bênção. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos:
Amém.
Oração
após a comunhão:
Presidente:
Ó Deus, que a comunhão nesta Eucaristia renove a nossa vida para
que, participando da paixão de Cristo neste mistério, e anunciando
a sua morte, sejamos herdeiros da sua glória. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos:
Amém.
AGENDA
DO BISPO DIOCESANO:
Dia
24 de setembro (sábado): Missa
– 08h00 – Paróquia Santa Rita de Cássia – Limeira – Padre
Edson Pianca – Encontro de Formação Pastoral da Comunicação com
Padre Marcos Regional Sul 1.
Dia
25 de setembro (sábado): Missa
– 4º. Dia da Novena de Santa Terezinha do Menino Jesus – Padre
Israel – Limeira – 18h00.
Dia
28 de setembro (quarta-feira): Atendimento
residência episcopal – 10h30min; Missa na Comunidade de Vida –
“Cristo te Chama” – Limeira – Padre Deivison – 19h30min.
Dia
29 de setembro (quinta-feira): Gravar
mensagem Pastoral da Comunicação Santa Luzia – 09h00 –
Residência Episcopal de Limeira.
Dia
30 de setembro (sexta-feira): Reunião
Pastoral da Comunicação Regional Sul 1 – residência episcopal; e
Crisma – na Paróquia São João Bosco – Americana – 19h30min.
Dia
01 de outubro (sábado): Crisma
– São Judas Tadeu – Araras – Padre João Bosco – presidente
da celebração vigário episcopal Padre João Luiz – 18h00;
Instalação – Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus – Araras
– 19h00 – Padre Marcos Vieira das Neves – presidente da
celebração dom Vilson.
Dia
02 de outubro (domingo): Eleição
Municipal; e Crisma – Sagrada Família – 18h30min – Padre
Reginaldo Schivo.
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA
P.
O
Senhor esteja convosco.
T.
Ele está no meio de nós.
P:
Deus
todo-poderoso, os abençoe com sua bondade e infunda em vocês a
sabedoria da salvação que está presente no Livro Sagrado da
Bíblia.
T.
Amém.
Presidente:
Sempre os alimente com os ensinamentos da fé, contidos na Bíblia
Sagrada, e os faça perseverar nas boas obras que valoriza a pessoa
humana.
T.
Amém.
Presidente:
Oriente para Ele os seus passos, e os mostre o caminho da caridade e
da paz, através da sensibilidade fraterna. Deus derrame suas bênçãos
e faça de cada um de vocês vigilantes, hábeis na prática do bem e
os abençoe hoje e sempre.
T.
Amém.
Presidente:
Abençoe-vos o Deus todo poderoso: Pai, +
Filho e Espírito Santo.
T.
Amém.
Pres.
ou Diácono: Ide
em paz e o Senhor dos acompanhe para sempre.
T.
Graças a Deus.