Bem-aventurado Pe. César de Bus: 41 anos de comunhão entre a
Igreja do céu e da terra
Na celebração dos 41 anos da beatificação do Padre César de
Bus, fundador da Congregação dos Padres da Doutrina Cristã, elevamos uma
prece de gratidão a Deus pela vida deste virtuoso e destemido sacerdote
catequista, seguidor de Jesus Cristo que com fidelidade viveu e anunciou o
Evangelho, e com amor e esperança catequizou os povos das comunidades mais simples
da região de Lisle na França.
César de Bus nasceu no dia 03 de fevereiro do ano de 1544 e
desde a sua juventude nutria aspiração em seguir a carreira militar. Após ser
acometido por uma enfermidade, contou com o auxílio e o testemunho cristão dos
Jesuítas de Avignon e do bispo de Cavaillon que mudou radicalmente a sua vida.
Logo em seguida de alcançar a cura, ele converteu-se a fé cristã católica que
tinha se afastado e ingressou nos estudos para se tornar sacerdote. Fundou, com seu primo Romillon, centros de educação e instrução
religiosa, cujo objetivo era atingir a população rural e de lugares remotos,
aplicando a catequese nas mais variadas modalidades, tendo por prioridade a
evangelização por meio da catequese às crianças.
Aos 38 anos de idade, César de Bus foi ordenado sacerdote e nessa
ocasião, já reunia em torno de si muitos jovens. Morreu em decorrência de uma
longa e sofrida enfermidade, entregando a alma a Deus no dia 15 de abril de
1607. O Papa Pio VII declarou-o Venerável em 1821, tendo sido beatificado em
1975 pelo Papa Paulo VI.
Assim sendo, César de Bus com seu profícuo ministério sacerdotal deixou
marcas indeléveis e significativas na vida da Igreja, da sociedade e de todos
nós que o temos como autêntico e fiel seguidor de Jesus Cristo. Nós bispos, “em
comunhão com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, somos chamados pelo “múnus”
que exercemos a sermos o princípio e o fundamento visível da unidade em nossa
Igreja Particular, formada à imagem da Igreja universal: nas quais e a partir
das quais resulta a Igreja católica una e única” (Lumen Gentium, n. 23). Com a missão de santificar, governar e de
promover a comunhão eclesial, nós bispos, revestidos da plenitude do sacramento
da Ordem, também somos chamados a continuar a presença de Cristo no mundo de
hoje, pregando, efetivamente, o Evangelho, como arautos da fé, que levam ao
Senhor novos discípulos pela força do Espírito Santo (Lumen Gentium, n. 25).
Além de presidir a vida pastoral e sacramental da Igreja Particular, nós
bispos, somos os primeiros catequistas do povo a nós confiado. Nestes 7 anos e
6 meses de ministério episcopal vividos na Diocese de Limeira, sou grato a Deus
por caminhar conosco de maneira tão amorosa e misericordiosa. Pelas orações
incessantes do povo de Deus, e pela intercessão de Nossa Sra. das Dores e do
Bem-Aventurado César de Bus, fundador da Congregação a qual fiz parte, nossa
Diocese é hoje um celeiro de vocações e dinamismo pastoral. Atualmente,
contamos com 113 padres diocesanos, 15 padres religiosos, 80
religiosas (irmãs consagradas), e um total de 87 paróquias. Durante o meu
episcopado frente a esta referida Igreja Particular de Limeira, ordenei 51
sacerdotes e abrimos novas frentes de trabalho nas comunidades presentes
nas cinco regiões pastorais, sendo que criamos nesse período 37 novas
paróquias. Com isso, ampliamos nosso atendimento pastoral às paróquias,
pastorais e movimentos acompanhando de perto todas as ações desenvolvidas.
Recentemente, nos alegramos com a inauguração do Centro Diocesano de
Limeira para uso pastoral, catequético, social, educacional e de
espiritualidade numa área de 52 mil m², com secretaria, 40 apartamentos,
refeitório com cozinha industrial para 160 refeições. Além do prédio da Escola
de Teologia que possui 4 salas de aula com a capacidade para atender um total
de 500 alunos, cantina, biblioteca, salas de reunião, banheiros, saguão coberto
e amplo estacionamento. Contudo, a construção da Igreja espiritual e física tem
acontecido graças à força motriz e eficaz do Espírito Santo e o empenho de
nossos padres, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, e o povo santo
de Deus que formam a Diocese de Limeira, uma só Igreja, corpo místico de
Cristo, sacramento salvação para a
humanidade.
O Beato Padre César de Bus soube compreender os sinais dos tempos e
responder aos desafios do mundo moderno como um exímio sacerdote e catequista,
defendendo a fé e os ensinamentos da doutrina cristã. A sua vida e seu
testemunho, inspira-nos a continuar a nossa missão com zelo apostólico e ardor
missionário para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas,
especialmente, nas “periferias existenciais” como nos pede o Papa Francisco na
sua exortação apostólica “Evangelii Gaudium”.
Seguindo os passos do “Patrono dos Catequistas” somos chamados a
edificar uma “Igreja em saída” de portas abertas que promove a cultura do
encontro, preferencialmente, acolhendo os mais pobres e humildes que são e
sempre serão os destinatários do Evangelho de Jesus Cristo.
Painel colocado neste final de semana (23
a 25/setembro/2016) no Vaticano alusivo a missão do fundador da Congregação dos
Padre Doutrinários: Beato Pe. César de Bus (catequista e evangelizador: 1544 -
1607).
Na celebração dos 40 anos de nossa Igreja Particular de Limeira, rogamos a Deus pela intercessão de nossa excelsa padroeira, Nossa
Senhora das Dores, que derrame sobre toda a Congregação dos Padres
Doutrinários, que celebram os 41 anos da Beatificação do seu Fundador Pe.
César de Bus, muitas bênçãos e graças, e pedimos ao Espírito Santo que continue
nos guiando em nossa caminhada de discípulos missionários do Senhor! Com estima e minha eterna gratidão à
Congregação dos Padres Doutrinários. “Cristo
é nossa Paz”.
Dom
Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, São
Paulo
Brasil
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
AOS CATEQUISTAS: INSENSIBILIDADE DE HOJE ESCAVA ABISMOS
Papa durante a missa do Jubileu dos Catequistas –
AP - 25/09/2016 11:10
PARTILHA:
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa
Francisco presidiu, neste domingo (25/09), na Praça São Pedro, a celebração
eucarística pelo Jubileu dos Catequistas que teve início na última sexta-feira
(23/09), e prosseguiu no sábado com momentos de reflexão e oração em várias
igrejas romanas. Participaram da missa cerca de 15 mil catequistas provenientes
de várias partes do mundo.
Em sua homilia, o Pontífice sublinhou que o Apóstolo Paulo
dirige a Timóteo, e a nós também, algumas recomendações. Pede para guardar o
“mandamento íntegro e sem mancha”. Fala apenas de um mandamento a fim de que o
nosso olhar se mantenha fixo no que é essencial para a fé.
Anúncio pascal
“São Paulo não recomenda uma multidão de pontos e aspectos, mas
sublinha o centro da fé. Este centro em torno do qual tudo gira, este coração
pulsante que dá vida a tudo é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor
Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus nos ama e deu a vida por nós. Ressuscitado e
vivo, está ao nosso lado e se interessa por nós todos os dias. Nunca devemos
nos esquecer disso”.
“Neste Jubileu dos Catequistas, nos é pedido para não nos
cansarmos de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o Senhor
ressuscitou. Não existem conteúdos mais importantes, nada é mais firme e atual.
Todo conteúdo da fé torna-se perfeito se estiver ligado a este centro, se for
permeado pelo anúncio pascal. Se ficar isolado, perde sentido e força. Somos
chamados continuamente a viver e anunciar a Boa Nova do amor do Senhor”.
O mandamento de que fala São Paulo faz-nos pensar também no
mandamento novo de Jesus: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei». “É
amando que se anuncia o Deus-Amor: nunca impondo a verdade e nem obstinando-se
em torno de alguma obrigação religiosa ou moral”.
Pessoa viva
“Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua
história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa
viva: a sua mensagem se comunica através do testemunho simples e verdadeiro, da
escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus,
quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a
fazer sermões bonitos. O Deus da esperança se anuncia vivendo no dia-a-dia o
Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de
anúncio”.
O Papa disse ainda que “o Evangelho deste domingo nos ajuda a
compreender o que significa amar, especialmente a evitar alguns riscos. Na
parábola, há um homem rico que não se dá conta de Lázaro, um pobre que «jazia
ao seu portão». Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é
mau; e, todavia, tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este estar
«coberto de chagas»: Este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue
olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupas finas. Não vê além da
porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece
fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No seu coração,
entrou a mundanidade que anestesia a alma”.
Buraco negro
“A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que
apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e
não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem
sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamentos «estrábicos»:
olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e
afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são
os prediletos do Senhor”.
“Mas o Senhor olha para quem é transcurado e rejeitado pelo
mundo. Lázaro é o único personagem, em todas as parábolas de Jesus, a ser chamado
pelo nome. O seu nome significa «Deus ajuda». Deus não o esquece, o acolherá no
banquete de seu Reino, juntamente com Abraão, numa comunhão rica de afetos. Ao
contrário, na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai
esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a história. A insensibilidade
de hoje escava abismos intransponíveis para sempre”, disse ainda o Santo Padre.
Pobreza e dignidade
O Papa frisou que “há outro detalhe na parábola: um contraste. A
vida opulenta deste homem sem nome é descrita com ostentação: tudo nele são
carências e direitos, tudo é espalhafatoso. Mesmo na morte, insiste em ser
ajudado e pretende os seus interesses. Ao invés, a pobreza de Lázaro é expressa
com grande dignidade: da sua boca não saem lamentações, protestos nem palavras
de desprezo. É uma válida lição”.
“Como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência,
nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos. Não sejamos
profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não
sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos
amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo
de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna com quem vive
familiarizado com a Palavra de Deus”.
Esperança
Segundo o Papa Francisco, “quem anuncia a esperança de Jesus é
portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos
problemas. Ao mesmo tempo, vê bem de perto, porque está atento ao próximo e às
suas necessidades. Hoje o Senhor nos pede isso: diante dos inúmeros Lázaros que
vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e
ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudo você amanhã». O tempo
gasto socorrendo é tempo doado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro
no céu, que nos asseguramos aqui na terra”.
O Santo Padre concluiu a homilia pedindo a Deus para que “nos dê
a força de viver e anunciar o mandamento do amor, vencendo a cegueira da
aparência e as tristezas mundanas. Que Ele nos torne sensíveis aos pobres, que
não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre aberta diante de
nós”.
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Vaticana: