Dom Caetano Ferrari
Bispo de Bauru
Esta foi a mensagem que o anjo desejou aos pastores ao anunciar a alegria do nascimento do Salvador, o Cristo e Senhor, na noite estrelada do Natal em Belém.
Pois, hoje, em que começa o ano novo civil, é Dia Mundial da Paz. A Liturgia festeja a Santa Mãe de Deus, Maria, que deu à luz o Príncipe da Paz, o rei que governa o céu e a terra, Jesus Cristo. Para este dia mundial da paz o Papa Francisco emitiu mensagem propondo a não violência como estilo de uma política para a paz. No Brasil estamos festejando os 300 anos do encontro da imagem de Aparecida.
A fim de solenizar este evento, a CNBB instituiu o Ano Mariano aprovado pelo Papa que em sua mensagem deseja que pela devoção à Mãe Aparecida e por sua maternal proteção nosso Brasil seja abençoado e cada um e todos os brasileiros sejam agraciados com toda sorte de bens espirituais, bem como de paz e prosperidade.
O Evangelho da Missa - Lc 2,16-21 - põe em destaque a figura de Maria. Conta que os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Diz que os pastores voltaram glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido. E, por fim, o Evangelho informa que, quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, Maria e José deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
Recordemos que Maria, a bendita entre todas as mulheres, cantou no Magnificat que o Senhor fez nela maravilhas e, por isso, santo é o seu nome. Por Maria, o Pai nos cumulou em Jesus com a sua paz. Em toda a extensão da terra, paz aos homens e mulheres que Deus ama, e, no mais alto dos céus, glória a Deus para sempre.
Retomemos a mensagem do Papa Francisco neste 50º Dia Mundial da Paz. Ele propõe a não violência como estilo de vida pessoal para a paz e como estilo de vida pública, isto é, como caminho e método político para a construção da paz. Seu desejo para todos nós é que “sejam a caridade e a não violência a guiar o modo como nos tratemos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais”. Numa frase, nos convida: “Façamos da não violência ativa o nosso estilo de vida”.
Papa Francisco reporta-se a Jesus, lembrando que Ele também viveu em tempos de violência. E que Ele ensinou estar no coração humano o campo de batalha onde se defrontam a violência e a paz, como está escrito no Evangelho: “Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos” (Mc 7,21). O Papa, sempre citando trechos evangélicos - amar os inimigos; oferecer a outra face; impedir apedrejar a adúltera - recorda que “Jesus traçou o caminho da não violência que Ele percorreu até ao fim, até à cruz, tendo assim estabelecido a paz e destruído a hostilidade”. Responder ao mal com o bem e à violência com o amor é o remédio cristão para a paz, afirma o Papa.
O Papa lembra alguns nomes recentes de pessoas exemplares na prática da não violência. De Madre Tereza de Calcutá, hoje santa, destaca que ela, “através do acolhimento e da defesa da vida humana, a dos nascituros e a dos abandonados e descartados..., inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes, da pobreza criada por eles mesmos”. De Mahatma Gandhi e de Khan Abdul Ghaffar Khan, na Índia, e de Martin Luther King, nos EEUU, fala também da exemplaridade da não violência praticada por eles. De São João Paulo II repete que ele atuou decididamente pela mudança epocal na vida dos povos, nações e Estados “através de uma luta pacífica, tendo lançado mão apenas das armas da verdade e da justiça”. O Papa Francisco esclarece que “Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um patrimônio exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas... Reitero-o aqui sem hesitação: ‘nenhuma religião é terrorista’”.
Papa Francisco retira da “Amoris Laetitia” o que falou sobre a alegria do amor dentro da família. Repete agora que é no seio da família que o caminho da não violência deve ser percorrido e que “A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade”. Falando também da misericórdia de Deus, relembra que o Ano Jubilar da misericórdia propiciou contemplarmos os feridos deste mundo que são também nossos irmãos, filhos e filhas de Deus. Ele diz: “Por isso, as políticas de não violência devem começar dentro das paredes de casa para, depois, se difundir para toda a família humana”.
O Papa comunica, por fim, que neste 1º de janeiro de 2017 “nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano integral, que ajudará a Igreja a promover, de maneira cada vez mais eficaz, ‘os bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação’”.
Ao final, o Papa invoca a Bem-Aventurada Virgem Maria, a Rainha da Paz, suplicando a Deus que ela nos sirva de guia nesta jornada da não violência pela paz.
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