Dom Vilson Dias de Oliveira
Bispo Diocesano de Limeira
“Jesus é o Filho Amado de
Deus!”
Leituras: Gênesis 12, 1-4a; Salmo 32,4-5.18-19.20
e 22 (R. Cf. 22); Segunda Carta de São Paulo a Timóteo 1, 8b-10; e Mateus 17,
1-9.
COR LITÚRGICA: ROXA
Animador: Nesta páscoa semanal, Jesus nos chama a subir a montanha. É um
convite para que deixemos nossa vida do dia-a-dia para nos aproximar de Deus.
Ele, com sua Palavra, nos dá a oportunidade constante de reforçar nossa fé e
segui-Lo. Queremos olhar para a nossa natureza e vê-la como nossa casa, um
local criado por Deus para ser o nosso berço, o nosso lar.
1. Situando-nos
Neste segundo domingo da Quaresma,
somos convidados a subir a montanha com Jesus e três dos seus discípulos para
contemplarmos o mistério da glória de sua transfiguração. Por instantes, a eles
é relevado que Jesus glorificado é o Salvador esperado e que transformará nossa
condição humana em realidade glorificada.
A visão da transfiguração de
Cristo, através da voz que vem do alto, nos revela: “Este é o meu Filho amado,
que muito me agrada. Escutem o que Ele diz”. É a sua acolhida e escuta que nos
dará forças no discernimento das ações que edificam o mundo segundo o projeto
do Pai. A Palavra de Deus, nesse dia, nos desvela o grandioso plano salvador de
Deus.
A Palavra de Deus deste domingo,
nos oferece uma mensagem convergente, que abre para os olhos da nossa fé o
sentido profundo do caminho quaresmal e da grande celebração da Páscoa, que já
deixa vislumbrar de longe. A Páscoa é o evento central da história de amor em
que Deus transfigura e renova a existência e toda pessoa. Jesus passando
através da paixão, morte e ressurreição, primeiro cumpre em si mesmo esta
“transfiguração radical”.
Cada ano e cada dia, o cristão é
chamado a interiorizar o caminho de transfiguração de si mesmo junto com Jesus,
até deixar-se conformar plenamente a Ele. Pois Jesus nos revela, mediante a
transfiguração, a plena realização daquilo que o Pai planejou para o ser
humano. Escutar o Filho amado é, na Quaresma, criar espaço para que o clamor de
tantos seres humanos e da obra da criação, seja atendido. Na celebração
comunitária prestemos atenção ao convite: “Escutem o que meu Filho amado diz, e
aprendamos a nos solidarizar com os sofredores, a fim de que a Boa-Nova do
Reino fermente um novo céu e uma nova terra.
2. Recordando a Palavra
As três leituras destacam que a
iniciativa no processo de transfiguração e de renovação é fruto da livre e
gratuita escolha e do chamado de Deus. Não é resultado dos nossos esforços.
Somos filhos e filhas da graça do Pai!
Deus, por livre escolha de amor,
chama Abraão e lhe pede para abandonar sua família e sua terra. Revela-lhe que
será abençoado e fecundo, sinal de esperança para todos os povos. Abraão acolhe
o chamado de Deus. Inicia a caminhada na fé que o faz “pai de todos os que
acreditam no Senhor e se entregam a Ele” (Cf. Rm 4,11). Abrão, passando do
abandono das suas raízes vitais para a fecundidade que vem de Deus, vive
primeiro a “páscoa” de morte de si mesmo e de adesão a Deus. Experiência que
cada um de nós, na Quaresma, é chamado a viver para aderir a Cristo (Gn 12,
1-4).
O Salmo responsorial (Sl 32),
destaca a confiança que, como Abraão, somos chamados a pôr na fidelidade de
Deus. Nele estão nossa força e nossa paz. “No Senhor nós esperamos confiantes
porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!”.
Paulo lembra a Timóteo (2Tm 1,
8b-10), que Deus nos chamou à salvação e à santidade não por nossos méritos,
mas por sua livre e gratuita escolha, manifestada em Cristo. É Deus que, na sua
liberdade e condescendência, escolhe e chama as pessoas para fazê-las seus
parceiros na aventura da história. É ele que inicia e permanece o primeiro
protagonista do caminho de renovação pascal em que o cristão entrou, por graça,
através do Batismo.
No Evangelho (Mt 17, 1-9), Jesus,
por livre escolha de amor, chama os apóstolos Pedro, Tiago e João. Sobe com
eles a uma alta montanha, para que se tornem testemunhas da sua realidade de
messias sofredor e glorioso, que haverá de transformar o mundo através do amor
crucificado. Jesus antecipa, assim, diante dos discípulos, antecipa sua Páscoa.
Eles são introduzidos no mistério de Jesus, e são iniciados no caminho que não
será diferente da sorte do mestre.
Mateus ressalta que Jesus atua como
“novo Moisés”. Moisés guiou o povo de Israel rumo à terra prometida e mediou a Aliança
entre Deus e o povo. Jesus guia o novo povo de Deus, peregrino na história,
para uma relação com Deus mais autêntica na fidelidade e na liberdade,
estabelecendo no sacrifício de si mesmo a Aliança nova e definitiva.
A presença, ao lado de Jesus, de
Moisés e de Elias, o legislador e o primeiro dos profetas de Israel, está a
indicar que o Antigo Testamento agora encontra seu cumprimento em Jesus morto e
ressuscitado.
A voz do Pai proclama Jesus “O
Filho amado no qual eu pus todo o meu agrado”. A ele é preciso “escutar” (Mt
17,5) e seguir. A voz do Pai confirma a proclamação da condição divina de Jesus
feita no batismo no Jordão (cf. Mt 3,17), e antecipa a glorificação de Jesus
através da cruz na ressurreição e sua vinda gloriosa no fim dos tempos. Jesus é
o primeiro a percorrer o caminho que todos os discípulos são chamados a
percorrer. A narração de sua transfiguração nos faz vislumbrar a meta para a
qual nos está conduzindo o caminho da Quaresma.
3. Atualizando a Palavra
O evento da transfiguração se
encontra no centro da vicissitude humana e messiânica de Jesus, quase síntese
do dinamismo de seu mistério pascal. Define a sua identidade de filho amado do
Pai e de Messias sofredor, solidário com a condição humana, que derrama a vida
nova na ressurreição. Desta maneira, indica e abre também para nós o caminho a
seguir. Ao discípulo não é dado um caminho diferente daquele do mestre, seja no
desafio da fé, seja na partilha da glória.
A Igreja se põe diante de Jesus
transfigurado na atitude de adoração e de temor, como os três discípulos, e nos
convida a permanecer nesta mesma atitude desde o início do caminho quaresmal,
que nos conduzirá a entrar mais profundamente, junto com o próprio Jesus, na
graça da nossa transfiguração pascal.
Este processo de transfiguração nos
acompanhará até a morte, alimentado pela dupla mesa da Palavra e da Eucaristia,
pela oração confiante, pela purificação de nosso coração, pela esperança
suscitada pelo Espírito Santo.
São Leão Magno observa que a
principal finalidade da transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo
da cruz: “Segundo um desígnio não menos previdente, dava-se um fundamento sólido
à esperança da santa Igreja, de modo que todo o corpo de Cristo pudesse
conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus
membros pudessem contar com a promessa da participação naquela glória que
primeiro resplandecera na cabeça” (Sermão 51, 3; LH, 2º Domingo da Quaresma).
O convite de Jesus aos discípulos a
levantarem-se, a tomarem novamente o caminho da vida sem medo – embora não
consigam ainda entender – embora não consiga ainda entender – e a guardarem, em
silêncio no próprio coração a excepcional experiência, sublinha a fragilidade
humana escolhida por Deus como hábito cotidiano para si e pelos seus.
É a exigência do silêncio adorante
diante do mistério de Deus, que penetra nossas vidas, e nos doa uma capacitação
de ver, de julgar e de escolher, diferente da mentalidade comum. O que nos é
doado por graça é inexprimível, fruto de sabedoria divina e loucura para o
mundo. “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está
aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17, 20-21).
Pelo contrário, ao viver na
mentalidade da imagem e da aparência, muitas vezes temos urgência para que o
que apenas iniciamos a descobrir ou a operar pela graça de Deus, alcance logo
seu cumprimento. Temos pressa de fazer que “todo mundo veja” o que estamos
fazendo. Essa inquietação é verdadeiro desejo de crescer no Senhor e autêntico
zelo apostólico? Deixemos a Palavra de Jesus e esta pergunta descerem a nossa
consciência!
Os tempos de Deus não são os tempos
dos homens. A inquietação dos homens para esclarecer o que acontece, dominar,
possuir, acaba por empurrá-lo a queimar etapas, a acelerar os tempos. As
irrupções de Deus na vida de Abraão, de Moisés, de Elias, de Jesus, de Maria,
surpreendem com suas novidades, abrem gestações que amadurecem segundo os tempos
e passagens escolhidos pelo próprio Deus, até chegar à plena entrega na
liberdade do amor.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A antífona de entrada da missa
exprime esta tensão que marca o coração de cada pessoa, consciente ou
inconscientemente à procura do sentido profundo da vida, através da fé ou
através de outras formas de busca espiritual. “Meu coração se lembra de ti:
‘Buscai minha face!’ Tua face, Senhor, eu busco. Não me escondas teu rosto!”
(Sl 2/267, 8-9). Esta antífona dá o tom profundo da celebração do domingo e de
toda a Quaresma. O canto de entrada de hoje deve valorizar esta tensão interior
que caracteriza a liturgia e o caminho espiritual cristão.
Igual anseio constitui a alma
central da invocação da Igreja, na Oração do dia: “Ó Deus, que nos mandastes
ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para
que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória”
(Missal Romano. Oração do dia do Segundo Domingo da Quaresma, p. 118).
A atitude de escuta é constitutiva
da vida do cristão, enquanto “discípulos de Jesus”, Palavra vivente que o Pai
nos convida a escutar e seguir: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!”. O
cuidado de aplicar-se com abertura de coração e perseverança, deve ser elemento
ainda mais fundamental no tempo da Quaresma. Este anseio assinala a proximidade
de Deus a seu povo peregrino na fé, antecipa, profeticamente, sua sorte final
de plena participação na glória eterna do Senhor.
A celebração eucarística é encontro
de irmãos que caminham pela fé, a exemplo de Abraão, para a posse das promessas
de Deus. Essas promessas cumpriram-se em Jesus, Messias, Servo, Profeta e Filho
amado do Pai.
Com o apóstolo, cantemos nossa
esperança: “Todos nós, porém, com o rosto descoberto, refletimos a glória do
Senhor e, segundo esta imagem, somos transformados, de glória em glória, pelo
Espírito do Senhor” (2Cor 3,18).
Oração dos fiéis:
Presidente: Senhor, com tua ajuda podemos transfigurar este mundo,
ajudando a combater o mal que traz a morte a tantas pessoas e à natureza.
Rezemos a Oração da CF 2017.
(Repartidos entre lado 1 e lado 2)
1. Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, por
vossa infinita bondade.
2. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas
frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor.
1. Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.
2. Cresça, em nosso imenso Brasil, desejo e o empenho de cuidar
mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando
o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes.
Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Ó Deus, que estas oferendas lavem os nossos pecados e nos santifiquem
inteiramente para celebrarmos a Páscoa. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Nós comungamos, Senhor Deus, no mistério da vossa glória, e nos
empenhamos em render-vos graças, porque nos concedeis, ainda na terra,
participar das coisas do céu. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ATIVIDADES
DO BISPO DIOCESANO
Dia
10 de março – sexta-feira: Reunião – Pastoral da Comunicação
(PASCOM) – Sul 1 – 09h00, na residência episcopal em Limeira, encerrando com
almoço; Missa – posse Padre Felipe – Santa Isabel de Portugal – 20h00.
Dia
11 de março – sábado: Missa – Encontro de leigos – Sul 1 – na Casa de Encontro Emaús,
Araras, SP, às 20h00.
Dia
12 de março – domingo: Missa – posse Padre Antônio Carlos
Almeida, na Paróquia Santa Ana, Limeira, SP, às 10h00; Almoço – 12h00 -
Aniversário do Padre Felipe – Santa Isabel de Portugal; Crisma – Sagado Coração
de Jesus, Padre Marcos Theodoro, Conchal, SP, às 19h00.
Dia 13
de março – segunda-feira: Aniversário de
eleição do Papa Francisco: rezemos pelo Santo Padre o Papa.
Dia 14
de março – terça-feira: Descalvado –
assinatura de Escritura no Cartório local (Pe. Élcio Medeiros).
Dia 17
de março – sexta-feira: Atendimento na
Residência Episcopal às 09h00; entrega da colaboração da CF/2016 às 11h00;
Missa e novena de São José em Perus, São Paulo, com Padre Cilto, às 20h00.
Dia 18
de março – sábado: Missa de criação da
Quase-Paróquia São José, e posse de seu primeiro Administrador Paroquial: Pe.
Júnior dos Santos, em Conchal, SP, às 19h30.
Dia 19
de março – domingo: Missa de criação da
Quase-Paróquia São José, e posse de seu primeiro Administrador Paroquial: Pe.
Evandro Lopes, em Americana, SP, às 09h00; e Missa e posse de Pároco do Pe. Diego
Miquelotto – Paróquia Menino Jesus, Limeira, SP, 19h00.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos vocês como
concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno a casa.
Todos: Amém.
Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os
guie nesta caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.
Todos: Amém.
Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta
contra o mal para poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa.
Todos: Amém.
Presidente: (Dá a bênção e despede a assembleia).