Estamos em um ano privilegiado, um Ano Mariano. Celebramos os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima e também os 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Por isso, neste artigo, escolhi tratar de um aspecto da vida de Maria, a Mãe do Senhor, que é a fé.
Maria, a Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe é sem dúvida uma mulher de fé. A Sagrada Escritura nos ensina que: “Bem aventurada és tu que acreditaste”. Na anunciação, pela fé, Maria pôs o Seu corpo e todo o Seu ser à disposição do projeto de Deus, para acolher a Sua santa presença em Seu ventre. Após a anunciação, onde Ela se tornou de fato Mãe de Deus, Maria continuou sua missão sempre movida pela fé. Não podemos supor que Maria tenha demonstrado Sua extraordinária fé somente no momento da concepção. Maria viveu da fé e, certamente, tinha clareza de que Seu alimento, a exemplo de Seu filho, era fazer a vontade do Seu Senhor. Sabemos que sem a fé é impossível agradar a Deus. Aprendemos na Sagrada Escritura que “o Justo vive pela fé” (Cf. Hab 2,4), por isso, certamente podemos dizer, que o justo vive como Maria a Mãe de Jesus.
Ao contemplarmos a vida de Maria aprendemos que, somente com a plenitude da obediência da fé, demonstrada por Ela, se pode gerar a plenitude da graça de Deus que é Jesus. Sua entrega sem reservas à vontade do Seu criador, nos revela que em Maria aconteceu uma verdadeira Kênosis. Ela esvaziou-se de si mesma, de seu projeto de vida, e pode, pela fé, encher-Se da vontade do Senhor. A espiritualidade dos padres do deserto, desde Santo Antão, nos ensinam que o esvaziamento de si, sempre foi uma atitude dos pobres de Deus, que desejam se configurar radicalmente a Cristo. Maria pertence aos pobres de Deus, aos pequeninos que esperam a vinda do Senhor e se colocam pela fé e obediência a seu serviço. Em São Mateus (11,25), lemos que Jesus demonstra profunda alegria porque o Pai escondeu estas coisas aos sábios e as revelou aos pequenos. Podemos dizer que na plenitude dos tempos,aprouve a Deus revelar-se de modo pleno a uma pequena Serva chamada Maria.
Todos nós podemos e devemos buscar imitar Maria na Sua Fé. Ao meditarmos sobre o Seu modo de agir, somos contagiados pela sua atitude de entrega ao projeto de Deus. Foi uma doação sem medidas. Ela foi a primeira, de modo incomparável, a ser toda de Deus.
Em Maria cheia de fé, a incredulidade demonstrada por Eva foi totalmente revertida em bênçãos para o povo de Deus. O que Eva havia atado ao mal com sua incredulidade, Maria desatou e nos uniu a Cristo pela sua fé. A maternidade de Maria, conforme nos ensinam as escrituras, é entendida não só de forma corporal, mas também, de forma espiritual, pois, pela fé, Maria foi inserida no novo povo de Deus, povo que crê e que acolhe Jesus. Na vida de Maria, a plenitude da fé que Ela nutre e demonstra por Deus, se encontra com a plenitude da Graça que nos é dada por Ele, a partir do seu ventre. A fé de Maria é autêntica, pois, Ela se apoia apenas na certeza do que não se vê e diz “Sim”, diariamente, à vontade soberana do Senhor. Em relação ao Filho de Deus, e ao povo da nova aliança, Ela foi a primeira pessoa feliz, foi a primeira que acreditou sem ter visto. O Papa emérito Bento XVI ensina que, do mesmo modo que a fé de Abraão esta na raiz do povo da antiga aliança, a fé de Maria, a Mãe no seu Senhor, esta na origem do povo da nova aliança. Tanto em Maria como em Abraão a fé tem seu pleno sentido na obediência sem medidas e sem reservas à vontade de Deus. Eles, pela fé, se entregaram totalmente ao do Criador. Em relação ao Novo Testamento, o Sim de Maria é o pleno consentimento da esposa para o Esposo, é o início das núpcias do Cordeiro, da nova e eterna aliança celebrada pela fé.
Ao concluir este artigo, quero desejar a todos, que porventura venham a ler este texto, que apesar da imensa crise que estamos vivendo em nosso país, não percam a fé em dias melhores. Que unidos a Maria, todos possamos redobrar as orações e o compromisso fraterno, principalmente com aqueles que mais sofrem pela atual situação. Anseio que, a exemplo do Papa Francisco, possamos, cada vez mais, fazer de nossas comunidades um lugar de acolhimento, de colaboração e de esperança para todos.
Que o Bom Deus, por intercessão de Maria, nos abençoe.
Pe. Luiz Alberto Conde
Pároco da Paróquia de Sant’Ana do Parnaíba/SJC
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