Eu me encontro há dois meses na pequenina cidade de Lourdes, na França, não por acaso, mas pela ação providencial do Senhor, que tudo faz para o bem dos que O amam. Essa história teve início em abril de 2016 quando fui convidado pelo casal Becky e diácono Manoel, da Filadélfia, Estados Unidos, onde eu estava desde 2013. Prontamente aceitei o convite e nossa viagem foi paga pelos diáconos daquela diocese que, num gesto de solidariedade para com o colega de apenas um ano de ordenação (ele também havia sido diagnosticado com câncer uma semana antes), se quotizaram e nos incentivaram a orar em Lourdes, onde Nossa Senhora, a Imaculada Conceição, aparecera a Bernadette em 1858.
E lá fomos nós para os Altos Pirineus, no sul da França, em maio, próximo ao dia das mães e me recordei que, coincidentemente, estava completando 10 anos do falecimento de minha querida mãe Terezinha e eu ali, convidado para estar na casa da Mãe. Devido à debilidade em que o diácono Manoel se encontrava, quando chegamos alugamos uma cadeira de rodas e em 3 dias percorremos os lugares sagrados do Santuário, a saber: Via-Sacra no morro, onde ele se levantou da cadeira e começou com muito esforço a empurrá-la; igrejas, capela das confissões; e participamos de celebrações, de procissões, da adoração ao Santíssimo, dentre outros.
No terceiro dia, ele disse que entraria na água que nasce de uma fonte natural dentro da Gruta que, a princípio, era barrenta e a pedido de Maria, Bernadette tomou desta água e pela terceira vez, a água surgiu limpa e potável e jorra até hoje e é canalizada para várias torneiras e também para as banheiras onde os doentes são colocados ou nelas entram. A água, na tradição judaico-cristã, tem um forte simbolismo e desde 1858, em Lourdes, os enfermos se utilizam com fé da mesma. Ao sair da banheira, o diácono voltou-se para mim e exclamou: “
eu me sinto diferente!”
Conversamos um pouco e dali saímos e nos dirigimos à Gruta das Aparições onde um grupo estava rezando o terço e quando terminou, me dirigi para falar com aquele padre que eu não conhecia e que fora para a sacristia. Apresentei-me e disse-lhe que gostaria de saber com quem eu deveria falar para ficar algumas semanas no Santuário no mês de outubro, fim do meu trabalho nos EUA, para um momento de retiro pessoal e para atender confissões, pois eu não havia visto padre atendendo na língua portuguesa nos confessionários. Ouvindo-me atentamente, apresentou-se dizendo que era com ele mesmo que eu deveria falar, pois era o padre responsável pela Pastoral Internacional no Santuário e que eu poderia ficar com eles no mês outubro e, caso gostasse, poderia ficar durante o ano de 2017 porque eles estavam mesmo buscando um padre que falasse português para elaborar e executar o projeto de colocar a língua portuguesa como sétimo idioma oficial do Santuário. Surpreso pela resposta afirmativa e vendo nisto a ação divina, eu disse que viria em outubro, porém que, a respeito do ano 2017, não dependeria de mim, pois que eu deveria retornar à diocese de São José dos Campos, mas ele falou que eu não me preocupasse.
De volta à Philadelphia, duas semanas depois, o diácono foi fazer o exame de sangue para verificar qual era a taxa dos marcadores tumorais sendo, que antes da nossa viagem, estava em 30.000. Desta vez, após a viagem, a taxa daqueles marcadores estava em 1.670 e assim foi caindo mês a mês, até chegar a 20 ( o nível considerado normal é 35). É bom dizer que, segundo os médicos, a quimioterapia que ele estava fazendo era somente paliativa.
O diácono Manoel retomou a sua vida e missão, porque o prognóstico dos médicos havia falhado (sim! Ele recebera prognóstico de vida até o mês de setembro), pois ele não morreu naquele mês dado como último; ele está vivo, com 54 anos de idade, voltou a ajudar na igreja, retomando suas atividades. Inúmeros tumores pequenos já desapareceram, inclusive os cinco tumores grandes e partes de tecidos internos foram refeitas de acordo com a imagem dos exames. Estamos rezando e convido você a fazer o mesmo, para que o nosso Bom Deus complete a sua obra (cf. Sl 137), na intercessão materna de Maria, de quem o diácono é muito devoto. Para nós, ficou evidente a ação do Senhor naquele seu servidor.
Com a anuência de nossa Diocese, fui nomeado pelo bispo de Tarbes e Lourdes, D. Nicolàs Brouwet, capelão do Santuário de Lourdes para língua portuguesa e agradeço este belíssimo presente de Nossa Senhora, sem mérito de minha parte, de estar neste lugar durante este ano Mariano celebrado no Brasil.
A cada dia tenho testemunhado o Magnificat, as maravilhas de Deus pelas mãos de Maria, a serva do Senhor. Muitos irmãos são tocados interiormente pela graça de Deus, curando seus corações, recebendo os dons da fé e do perdão, dentre outros, até mesmo a cura física em alguns casos, retornando com alegria e esperança ao seio de suas comunidades eclesiais. Peço as orações de todos pelo trabalho que estamos realizando no Santuário, procurando acolher de modo fraterno os peregrinos dos países de língua portuguesa e de outras nações e convido-os para fazerem uma experiência de fé nesse especial lugar onde a vida, que vem do Poder de Deus, é renovada a cada istantante.
Deixo-lhes a minha benção e as referências de contato em Lourdes para uma possível programação proposta por nós, para as famílias ou os grupos que desejarem peregrinar ou até as pessoas que intencionarem voluntariar por uma ou duas semanas no Santuário. E aproveitando a oportunidade convido para rezarem o terço conosco, todas as terças-feiras, diretamente da Gruta, pela internet (às 9h30 da manhã no Brasil e às 14h30 na França). A partir do mês de maio, será gentilmente transmitido uma vez por semana pela TV Aparecida.
Um grande abraço.
Padre Rodolfo Domingues de Vasconcelos.
http://www.diocese-sjc.org.br/uma-experiencia-de-fe-e-de-vida-na-gruta-de-lourdes/