Dom Vilson Dias de Oliveira
“Quantas vezes eu devo perdoar?”
Leituras:
Livro do Eclesiástico 27, 33-28,9; Salmo 102 (103), 1-2.3-4.9-10.11-12 (R/8); Carta
de São Paulo aos Romanos 14, 7-9; e Mateus 18, 21-35.
COR
LITÚRGICA: VERDE
Animador: Nesta
páscoa semanal de Jesus somos convidados a refletir sobre o perdão. Devemos
aprender a perdoar e a pedir perdão. Para isso o importante é que exista a
sinceridade. Não há perdão se não existir uma verdadeira vontade de perdoar, de
deixar de lado a mágoa e o rancor.
1. Situando-nos brevemente:
Como membros do Corpo de Cristo,
estamos reunidos para escutar a Palavra que nos fortalece na missão. “Ninguém
vive para si mesmo e nem morre para si mesmo. Pois, se vivemos, é para o
Senhor, e se morremos, é para o Senhor”, afirma São Paulo aos Romanos.
No cotidiano presenciamos muitos atos
de violência em todas as instâncias da sociedade. A violência está presente em
nossas comunidades, bairros e cidades. Muitos irmãos sofrem na pele as suas
consequências.
Neste domingo, o Pai, o mais juto e
bom “patrão”, nos chama a viver o sentido profundo de sua Aliança conosco. Essa
Aliança é dom gratuito de seu amor, selada em Jesus Cristo, por sua morte e
ressurreição.
No Ano Mariano somos convidados a
ter bem presente a Bem-Aventurança Virgem Maria, Mãe da Reconciliação. Os
escritores eclesiásticos da Idade Média a chama de “caminho da reconciliação’,
‘causa geral da reconciliação’ e também ‘mãe da reconciliação’” (SANTA SÉ, op.
Cit., n.14).
2. Recordando a Palavra
A imagem que perpassa o Evangelho
de Mateus é Jesus como o mestre da justiça. Ele traz para a sociedade um
ensinamento e práticas centradas na justiça que gera relações novas e,
consequentemente, constrói o mundo novo.
Pedro com a sua pergunta coloca uma
situação delicada: Senhor, quantas vezes devo perdoar? Jesus mostra a seus
seguidores que, para entrar no Reino do Céu, é preciso superar a justiça dos
doutores da lei e dos fariseus. O Apóstolo imagina que sete vezes seria o
limite. Depois viria a indiferença, o ódio, a vingança.
Jesus vai mostrar que não se trata
de números. O perdão é questão de qualidade e se não for total e contínuo não é
perdão. O perdão deve ser dado sempre. Não devemos ter metros para medir o
perdão. O perdão é gesto nobre do ser humano e benção de Deus, mas ele sempre
tem compaixão de nós, o perdão e nos liberta de todas as amarras do pecado. O
que seria de nós se Deus não soubesse perdoar? O que seria uma sociedade na
qual fosse suprimido radicalmente o perdão?
O Livro do Eclesiástico vem ao
nosso encontro com uma mensagem consoladora: O rancor e a raiva são coisas
detestáveis; até o pecador procura dominá-las. Quem se vingar encontrará a
vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados.
O autor ajuda a tomar consciência
de que a religião é a síntese das relações humanas na sociedade. O ódio para
com as pessoas é ruptura com Deus, e ele dará a cada um de nós segundo a medida
de nossos sentimentos em relação às pessoas. Mexer com elas é mexer com Deus. E
a melhor coisa a ser feita é perdoar as injustiças que os outros cometem contra
nós, a fim de que Deus perdoe as nossas. O perdão é sempre mais forte que a
vingança.
Por isso, é importante pensar nos
mandamentos que são a síntese de um projeto em que todos podem usufruir da vida
fundada na liberdade e no respeito mútuos. Importa não esquecer que Deus se
aliou a um povo não porque ele fosse perfeito e santo. Mas ele fez aliança por
causa da opressão sofrida. Ser aliado Dele é acima de tudo aprender a ter
compaixão e ajudar as pessoas. Pensar e viver a Aliança é ser misericordioso e
bom à semelhança da bondade e misericórdia de Deus.
O Salmo Responsorial 102 (103)
reza: Ele [o Senhor] te perdoa de toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da
sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. O salmista
contempla todos os benefícios de Deus na história do povo. E nessa história
Deus tem-se mostrado cheio de “amor e compaixão”. O salmista canta e exalta o
carinho de Deus pelo seu povo.
Na Carta aos Romanos é lembrada a
história da comunidade com muitos problemas de convivência fraterna, dividida
entre fracos e fortes. Os fortes eram pessoas esclarecidas que, diante de
certas questões, como a das cartas, não se deixavam levar pelos escrúpulos. Os
fracos faziam exatamente o contrário, e diante da questão das carnes preferiram
viver como vegetarianos. Paulo intervém querendo ajudar a comunidade. Para ele,
o importante é que ambas as partes acreditem em Deus e, quando à mesa, todos
rendam graças pelo alimento. E o decisivo nisso tudo é as pessoas se acolherem,
saberem se unir no essencial e se respeitar na diversidade.
3. Atualizando a Palavra
Na sociedade nos é dado viver, o Livro
do Eclesiástico propõe a superação da lei do “olho por olho e dente por dente”.
Ele sintoniza com as bem-aventuranças e com o que Jesus ensina no Pai-Nosso
(BORTOLINI, op. Cit., p.221).
Rezar e viver o Pai-Nosso rompe com
preconceitos e nos introduz na prática do Reino. E a melhor coisa mesmo é
perdoar as injustiças a fim de que Deus perdoe os nossos pecados. E o autor é
muito prático dizendo que acima de tudo, é necessário pensar no fim, na
destruição e na morte que nivelam a todos. Aí cessam o rancor e a raiva. E o Eclesiástico
ainda aconselha a seguir os mandamentos, síntese do projeto onde todos podem
usufruir da vida fundada na liberdade e no respeito mútuo.
Jesus no Evangelho de hoje parte de
um fato corriqueiro do seu tempo, em que as pessoas podiam ser vendidas como
escravas em troca de suas dívidas. Adverte severamente a Pedro, fazendo-o
perceber que o perdão fraterno se apoia na misericórdia do Pai, que é gratuita
e sem limites. É graças a isso que Pedro e cada um de nós podemos fazer parte
da nova comunidade dos que creem.
Os cristãos são filhos de Deus.
Também no que se refere ao perdão das ofensas eles precisam se assemelhar ao
Pai que está nos céus. Devem ter um coração grande como o dele e manifestar e
viver um amor sem limites.
Jesus ensina: “Pai, perdoa as
nossas ofensas, como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”. Na cruz,
perdoando os que o matam, mostra que o seu amor é imenso como o do Pai. Quando,
com toda a sinceridade, rezamos como ele nos ensinou, quando cultivamos os seus
sentimentos em relação a quem nos prejudicou, então, poderemos considerar-nos
filhos de Deus.
Somente o perdão pode salvar uma
comunidade da ruína e esse perdão precisa ser contínuo e total. Se pusermos
limites, já não seremos capazes de perdoar nem teremos “entranhas de
misericórdia”. “A Virgem Maria é rainha clemente, isto é, conhecedora singular
da misericórdia de Deus, acolhe a todos os que junto dela se refugiam. Por isso
e saudada, com justiça, consoladora dos penitentes e esperança dos aflitos”
(SANTA SÉ, op. Cit., n.39)
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Toda a celebração litúrgica na sua
totalidade é sinal e presença da misericórdia de Deus e da misericórdia que, em
nome de Deus, exercemos uns com os outros e que desejamos que seja instituída
na sociedade.
Aquele que nos reúne e une em
comunidade é infinitamente superior às questões que nos separam ou dividem nas
comunidades ou nas famílias. Mesmo que não realizemos ritualmente o ato
penitencial em algumas celebrações, há uma dimensão de perdão e reconciliação
que faz parte da própria essência da assembleia litúrgica.
Na celebração, Deus manifesta a sua
misericórdia, realiza o seu perdão quando transforma a pessoa e a conduz à
conversão, quando provoca uma mudança interior, quando do egoísmo a conduz ao
amor efetivo e a atitude digna dos filhos de Deus.
O Pai, justo e fiel, cheio de
bondade e misericórdia, renova conosco a Aliança, dom gratuito de seu amor. Ele
não nos trata mesquinhamente, conforme nossa eficiência, mas na proporção da
imensa ternura de seu coração. Por isso, todos indistintamente, somos convidados
a ouvir sua Palavra e à participação do banquete da vida, por Ele preparado e
oferecido generosamente.
“Dai-nos, Senhor, nós vos rogamos,
exaltar sempre, com a Virgem Maria, a vossa misericórdia e a experimentar a sua
proteção, pois a proclamamos Rainha clemente para com os pecadores e
misericordiosa para com os pobres” (Ibidem, n.39, Oração depois da Comunhão).
Oração dos fiéis
Presidente: Dirijamos
ao Senhor, nosso Deus, rico em misericórdia, e que realiza os desejos de teus
filhos e filhas, as nossas preces.
1. Senhor, que a Igreja conduza
toda a humanidade ao Coração de Jesus. Peçamos.
Todos: Senhor, ensina-nos a perdoar.
2. Senhor, convertei os governantes
para que guiem o povo com retidão e justiça. Peçamos:
3. Senhor, por aqueles que sofrem
violência e injustiças, para que saibam vencer o mal com o bem. Peçamos:
4. Senhor, infundi em nossa
comunidade o amor que liberta e consolida a comunhão. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente:
Ouve, Deus de amor, a prece de teus filhos e filhas para que possam viver a
partilha e o perdão. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Sede
propício, ó Deus, às nossas súplicas, e acolhei com bondade as oferendas dos
vossos servos e servas para que aproveite à salvação de todos o que cada um
trouxe em vossa honra. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Ó
Deus, que a ação da vossa Eucaristia penetre todo o nosso ser para que não
sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso sacramento. Por
Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA
Presid.: O
Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no meio de nós.
Presid.: Que
o Senhor os abençoe e os dê um coração misericordioso semelhante ao dele. Por
Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
Presid.:
Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo.
T.: Amém.
Presid.:
Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
T.: Graças a Deus.
ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO
Dia 15 de
setembro – sexta-feira: Missa – Catedral Nossa Senhora das Dores, 10h00, Limeira,
SP.
Dia 16 de
setembro – sábado: Missa da padroeira N. Sra. Dores e celebração dos 10 anos de
episcopado de Dom Vilson – Catedral, às 10h00, seguida de almoço no Centro
Diocesano de Limeira (CDL).
Dia 22 de
setembro – sexta-feira: Atendimento na residência episcopal – 09h até 11h00,
em Limeira e Crisma – Nossa Senhora Aparecida – Conchal – 19h30min – Padre
Luciano.
Dia 23 de
setembro – sábado: Missa – Novena Santa Terezinha do Menino Jesus – Limeira – Padre
Israel – 19h00 – 2º dia da Novena.
Dia 24 de
setembro – domingo: Ordenação Diaconal: Alexander, Bruno, Elton e Jhonatan, na Catedral
– 14h30min.