(Pe.
Henry Vargas Holguín)
"Com
espírito contrito, (os fiéis) submetam seus pecados à Igreja no
sacramento da penitência" (Vaticano II, Presbyterorum Ordinis,
5).
Antes
de mais nada, dois esclarecimentos:
1.
Os pecados não são perdoados pelo padre em si. Os pecados são
perdoados por Deus, mediante a absolvição do ministro
ordenado: bispo ou padre.(João 20,23).
2.
Todos os pecados têm perdão em Deus, menos um: o pecado contra o
Espírito Santo (cf. Mt 12, 31). O único pecado que nem Deus e nem a
Igreja perdoa é a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Em
que consiste o pecado contra o Espírito Santo?
A
blasfêmia não é somente com palavras, mas também com fatos, e
intenções determinadas, conscientes , públicas e sem
arrependimento.Quem blasfema? Quem não se sente necessitado de Deus,
quem não se sente pecador ou se considera sem pecado. Trata-se de
fechar-se ao convite de Deus à conversão, endurecer o coração, a
tal ponto que a pessoa não se interessa mais por Deus.
É
pecado propositalmente ao Crente endurecer o coração e dizer a
Deus:
“Você
não me interessa, estou bem sem você, não preciso de você.”
ATENÇÃO
!!! É pecado considerar que Deus não pode perdoar, ou sacerdote
negar o perdão de Deus na confissão.
Diante
desta circunstância, o que Deus pode fazer?
Aqui
Deus não tem espaço e liberdade para agir na vida da pessoa, pois
Deus respeita nosso livre arbítrio, portanto, não tem nada a se
fazer, não tem nada para perdoar, não se perdoa nada,pois só
existe perdão onde há reconhecimento, arrependimento, e confissão
da culpa pelo pecado cometido.
A
Bíblia nos dá mais luz:
"Quem
oculta seus pecados não prosperará, mas quem os confessa e se
afasta deles alcançará misericórdia" (Prov 28, 13).
Catequese
sobre o sacramento da confissão:
Só
Deus perdoa os pecados (cf. Mc 2, 7). Porque Jesus é o Filho de
Deus, e diz de si mesmo:
"O
Filho do homem tem poder de perdoar os pecados na terra" (Mc 2,
10) e exerce esse poder divino: "Teus pecados estão perdoados"
(Mc 2, 5; Lc 7, 48).
Mais
ainda: em virtude da sua autoridade divina, Jesus confere este poder
aos homens (cf. Jo 20, 21-23) para que o exerçam em seu nome
(Catecismo da Igreja Católica, 1441). Todos os pecados submetidos e
confessados ao "poder das chaves" (Mt 16, 19) têm perdão.
Portanto,
tenhamos cuidado ao dizer:
"Deus
perdoa este pecado, mas este outro Ele não perdoa"
Uma
coisa é o julgamento social, e outra muito diferente, é o que Deus
pensa, e o poder que Ele tem de perdoar o pecado, bem como o poder
delegado por Ele mesmo aos seus apóstolos (João 20,23).Cristo deu
poder de perdoar somente aos apóstolos, e não a todos os seus
discípulos, ou seja somente aos bispos como seus legítimos
sucessores dele, e aos presbíteros que colaboram com os bispos. Eles
são os ministros do sacramento da penitência (Cânon 965).Os bispo,
que possuem em plenitude o sacramento da Ordem e têm todos os
poderes que Cristo deu aos apóstolos, delegam aos presbíteros
(padres) sua missão ministerial, fazendo parte deste ministério a
capacidade de poder perdoar os pecados.
Isso
foi definido pelo Concílio de Trento como verdade de fé, contra a
postura de Lutero, que dizia que qualquer batizado tinha a potestade
para perdoar os pecados. Cristo só deu este poder aos apóstolos
(cf. Mt.18, 18; Jo 20, 23).
O
sacerdote é muito importante, porque, ainda que seja Jesus Cristo
quem perdoe os pecados, ele é seu representante e possui a
autoridade de Cristo. O sacerdote deve ter a faculdade de perdoar os
pecados, ou seja, por ofício e porque isso lhe foi autorizado pela
autoridade competente. Nem todos os padres têm a
faculdade de exercê-la: para poder exercer, é preciso estar
capacitado para emitir um juízo sobre o pecador.
Para
obter as faculdades, deve-se superar um exame chamado "ad
audiendas confessionis". Diz o cânon 970:
"A
faculdade de ouvir confissões só pode ser concedida aos presbíteros
que tenham sido considerados aptos mediante um exame, ou cuja
idoneidade conste de outro modo".
Tais
faculdades são concedidas por escrito; são também as chamadas
"licenças ministeriais" (cânon 973). Ou seja, um
sacerdote recém-ordenado não pode absolver enquanto não receber as
licenças ministeriais. Em muitos casos, o exame "ad audiendas
confessionis" é feito justamente antes da ordenação.
Observações
sobre o ministério sacerdotal:
O
sacramento da confissão é regulamentado pelo Direito Canônico.
Portanto, para administrar este sacramento, é preciso levar em
consideração certas situações:
1.
Para absolver validamente, é preciso, além da ordem sagrada, a
faculdade (cânon 966).
2.
Os sacerdotes não podem confessar em qualquer âmbito ou território
(cânon 968).
3.
Em caso de cumplicidade na qual um padre estiver envolvido direta ou
indiretamente, ele não pode absolver seu(s) cúmplice(s). Por
exemplo, quando o cúmplice é o próprio sacerdote confessor, em
questões relativas ao 6º mandamento, sua absolvição é nula
(cânon 977).
4.
Em perigo de morte, o âmbito se amplia totalmente, de maneira que
qualquer sacerdote pode absolver qualquer fiel de
qualquer pecado e de qualquer censura (cânon 976).
5.
Na confissão, é preciso levar em consideração as censuras,
porque, caso existam, não se pode dar a absolvição. As
censuras, "penas medicinais" dirigidas à emenda do
cristão, são: a excomunhão, o interdito e a suspensão. Seu
principal efeito é a privação de determinados bens espirituais (ou
materiais anexos), com fins de: punição, reflexão e verdadeira
conversão. Sua eliminação depende do cessar da contumácia do fiel
(cânon 1358).
Condições
por parte dos penitentes
A
contrição dos fiéis é tão importante, que o Código a exige
rotundamente:"sem contrição, não há perdão dos
pecados".
Para
receber o remédio do sacramento da penitência, o fiel precisa estar
de tal maneira disposto que, consciente e rejeitando os pecados
cometidos e tendo o propósito de emenda, se converta a Deus (cânon
987). Por isso, na impossibilidade física ou moral de confessar-se,
porém, "a reconciliação pode ser obtida por outros meios"
(cânon 960).
Pecados
reservados
São
pecados que geram excomunhão. A excomunhão é a pena eclesiástica
mais severa, que impede de receber os sacramentos. O termo
"excomunhão" significa exclusão de um membro da COMUNHÃO
com a Igreja. O excomungado fica separado daqueles com quem
compartilhava sua fé, bem como de suas autoridades competentes, e
dos direitos aos quais fazia jus(Receber os sacramentos).
Quem
comete determinados pecados que ferem gravemente a comunhão
eclesial, se autoexclui; ele mesmo se marginaliza da unidade com a
Igreja. Logicamente, ainda que possa assistir à missa,
não pode comungar, pois justamente a Eucaristia é o sacramento que
expressa e causa a comunhão e unidade com Deus e com a Igreja.
É
necessário ser precisos: o que se castiga não é o pecado, mas o
delito. E, no Direito Canônico, "delito canônico" não é
a mesma coisa que "pecado". Os delitos que são castigados
com a excomunhão e que, portanto, não podem ser absolvidos por um
sacerdote, são os seguintes:
Pecados
absolvidos somente pelo bispo:
Excomunhões
"Latae sententie": É a excomunhão automática
que se produz ainda que não exista uma declaração formal e escrita
de excomunhão por parte da Igreja contra uma pessoa concreta, ou
seja,cometer o delito já leva à excomunhão automática.
1.
Heresia (negação pública e pertinaz de uma verdade da fé
católica), cisma (rejeição da submissão ao Papa) e apostasia
(renúncia da fé).
2.
Aborto provocado, quando ele de fato acontece. E colaboração com
esse aborto.
Excomunhões
"Ferende sententiae" (excomunhão declarada):
3.
Fingir ser padre e, assim, celebrar missa ou ouvir confissões (cânon
1378).
4.
Gravação ou divulgação, por meios técnicos, do que se diz em
confissão.
Pecados
que geram interdito ("Latae sententiae" - Excomunhão
automática):
1.
Violência física a um bispo.
2.
Atentado de celebrar missa sem permissão legal.
3.
Atentado de absolver ou ouvir em confissão por parte de um fiel.
4.
Falsa denúncia de solicitação (Ex.: acusar falsamente um padre de
aproveitar a intimidade da confissão para fazer pedidos sexuais ou
toques desonestos).
5.
Religioso com votos perpétuos, não clérigo, que atenta matrimônio
(cânon 1394, 4).
Pecados
que geram interdito e suspensão (somente se for clérigo):
1.
Violência física a um bispo.
2.
Atentado de celebrar missa estando suspenso.
3.
Atentado de absolver e ouvir em confissão (quem não pode fazê-lo
validamente).
4.
Falsa denúncia de solicitação.
5.
Clérigo que atenta matrimônio: suspensão "latae sententiae".
Com
relação a quem pode absolver estes pecados, como regra geral, é o
bispo diocesano. Em alguns casos, ele pode delegar esta
função a vigários gerais e ao clérigo penitenciário.
Pecados
absolvidos somente pela Santa Sé (Penitenciaria Apostólica):
Excomunhões "latae sententiae" (Automáticas):
1.
Sacrilégios: profanação de espécies consagradas.
2.
Atentados contra a vida do Papa.
3.
Absolver o cúmplice de pecado contra o 6º mandamento(Contra a
Castidade).
4.
Sendo bispo, consagrar outro bispo sem mandato pontifício.
5.
Para o sacerdote, violar o sigilo da confissão.
6.
Atentado de ordenação sacerdotal de uma mulher.
Fonte:
Aleteia