Alguns
Milagres:
Santo
Antônio é sem dúvida o "Santo dos Milagres". A sua
taumaturgia – relação de milagres - iniciada em vida com uma
pluralidade de milagres que lhe valeram a canonização em menos de
um ano, é, na história da Igreja, a mais vasta e variada.
De
Santo casamenteiro a santo restituidor do desaparecido, passando por
livrador das tentações demoníacas, a Santo Antônio tudo se pede.
Citaremos abaixo alguns dos milagres operados por ele.
1
- Santo Antonio prega aos peixes. Reza a lenda que estando a pregar
aos hereges em Rimini, estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as
costas. Sem desanimar, Santo Antônio vai até à beira da água,
onde o rio conflui com o mar, e chama os peixes a escutá-lo, já que
os homens não o querem ouvir. Dá-se então o milagre: multidões de
peixes aproximam-se com a cabeça fora de água em atitude de escuta.
Os hereges ficaram tão impressionados que logo se converteram. Este
milagre encontra-se citado por diversos autores, tendo sido mesmo
objeto de um sermão do Padre Antônio Vieira que é considerado uma
das obras-primas da literatura portuguesa.
2
- Santo Antônio livra o pai da forca. Tinha havido um crime de morte
em Portugal, onde nascera Santo Antônio. Todas as suspeitas do crime
recaíam sobre o pai do santo. Chegou o dia do julgamento. Os juízes
estavam reunidos para proferir a sentença condenatória.
Assentado
ali no banco dos réus, seu pai não podia se defender. Nesse momento
Santo Antônio estava fazendo um sermão numa igreja da Itália.
Conta-se que, em dado instante, ele interrompeu o sermão e ficou
imóvel, como se estivesse dormindo em pé. Durante esse mesmo tempo
foi visto na sala do júri, em Portugal, conversando com os juízes.
Entre outras coisas, disse-Ihe o santo: Por que tanta precipitação?
Posso provar a inocência do meu pai. Venham comigo até o cemitério.
Aceitaram o convite. Frei Antônio mandou abrir a cova do homem
assassinado e perguntou ao defunto: "Meu irmão, diga perante
todos, se foi meu pai quem matou você". Para espanto dos juízes
e de todos que ali estavam, o defunto abriu a boca e disse devagar,
como se estivesse medindo as palavras:
"Não
foi Martinho de Bulhões quem me matou". E tornou a calar-se.
Estava provada de maneira milagrosa a inocência do seu pai. Mais uma
vez a verdade triunfou sobre a mentira e a calúnia. Operou-se aí
dois fatos milagrosos, a bilocação, ou ato de uma pessoa estar (por
milagre) em dois locais ao mesmo tempo, e o poder de reanimar os
mortos.
3
- Com o Menino Jesus nos braços: Outro milagre, também reportado na
crônica do Santo, ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo
conde Tiso aos confrades de Santo Antônio após sua morte. Estando o
Santo em casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto
em oração, o conde, curioso, espreita pelas frinchas de uma porta a
atitude de Frei Antônio; depara-se então uma cena miraculosa: a
Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo Antônio. O
menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do pescoço do frade
conversava com ele amigavelmente, arrebatando-o em doce contemplação.
Sentindo-se observado, faz conde Tiso jurar que só contaria o visto
após a sua morte.
4
- Alguns hereges resolveram matar Santo Antônio, envenenando-o.
Convidaram-no certo dia a comer com eles, dando como pretexto debater
alguns artigos da Fé. Santo Antônio nunca se negava a comparecer a
essas disputas e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre
outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse,
Deus revelou-lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma,
repreendeu os hereges pela traição que lhe faziam. Vendo descoberto
seu intento perverso, não se abalaram e responderam cinicamente: "É
verdade que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque
desejamos fazer uma experiência: no Evangelho está escrito que
Jesus Cristo disse aos seus discípulos que ainda que tomassem veneno
mortal nenhum mal sofreriam, e estamos querendo saber se és de fato
discípulo de Cristo". Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre
aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada
como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma
vez os hereges confusos e assombrados.
5
- No domingo de Páscoa, enquanto pregava na Catedral, Santo Antônio
lembrou-se de que fora designado para entoar a Aleluia, na Missa que
se celebrava naquele momento na Igreja do Convento franciscano. Não
querendo faltar com a obediência e não podendo descer do púlpito,
parou um pouco, calou-se como se estivesse retomando a respiração
e, nesse momento foi milagrosamente visto no Coro de seu convento,
entoando a Aleluia. Esse prodigioso milagre de bi-locação foi visto
e certificado por testemunhas, e logo se divulgou, aumentando em
todos os locais a veneração pelo grande taumaturgo. Isso,
evidentemente, resultou em ainda maior proveito para seu trabalho
apostólico.
6
- Num dia de festa, em Limoges, Santo Antônio pediu licença para
pregar numa igreja paroquial. Como era imensa a sua fama, juntou-se
tanto povo que não cabia no recinto, e foi obrigado a pregar em
praça pública. Mal havia começado o sermão, os céus se
escureceram, e principiaram relâmpagos e trovões, anunciando
tempestade próxima. O povo, atemorizado, começou a murmurar e já
se dispunha a sair dali em busca de abrigo. Mas Santo Antônio pediu
silêncio e, em nome de Deus, assegurou que não choveria naquele
local, recomendando a todos que ficassem atentos à pregação.
Tranqüilizados, os fiéis ouviram o sermão até o fim. Quando se
retiravam para suas casas verificaram, com muita admiração, que
embora estivesse perfeitamente seco o local da pregação, todas as
redondezas estavam completamente alagadas pela tempestade.
7
- Em meio a um sermão de Santo Antônio, entrou um louco que, com
vozes e gestos desordenados, perturbava os ouvintes, que não
conseguiam prestar atenção nas palavras do pregador. De repente, em
meio à agitação, o louco disse: "Não sossegarei enquanto
aquele homem (e apontou para Santo Antônio) não me der o cordão
que usa na cintura". O Santo retirou o cordão e com ele
envolveu o louco, que foi imediatamente curado e adquiriu juízo
perfeito.
8
- Quando pregava em Briba, uma senhora, na pressa de ir ouvi-lo,
deixou sobre o fogo um caldeirão com água, sem se lembrar que seu
filho pequeno ficava sozinho em casa. Ao chegar da pregação, viu
com horror que o menino havia caído dentro do caldeirão e que a
água estava fervendo. Bem se pode imaginar os gritos de desespero
que deu a pobre mãe! Nem se atrevia a se aproximar, certa de se
encontrar a inocente vítima horrivelmente queimada e morta. Mas,
cheia de fé em Santo Antônio, invocou-o e quando chegou o filho
estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que
esta lhe fizesse mal.
9
- Vinha Frei Antônio de uma aldeia, carregado e muito cansado,
quando encontrou no caminho um carroceiro que levava no veículo um
homem adormecido. O Santo pediu-lhe por amor de Deus que levasse nele
alguns víveres que ele e seu companheiro haviam recebido de esmola
para o sustento da comunidade e que traziam penosamente às costas. O
carroceiro respondeu de modo rude que não podia, porque estava
conduzindo um defunto no carro. O Santo acreditou, rezou pelo
descanso eterno da alma do falecido e continuou seu caminho. Qual não
foi o espanto do carroceiro quando, mais tarde, foi acordar o amigo
que supunha adormecido e o encontrou realmente morto! Cheio de
confusão e arrependimento, foi em busca de Santo Antônio e
prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe humildemente perdão. Frei
Antônio se compadeceu do homem, aproximou-se da carroça e, depois
de uma curta oração, fez o sinal da Cruz sobre o cadáver e o
restituiu milagrosamente à vida.
10
- Aproximou-se dele uma mulher, trazendo nos braços um filho
paralítico de nascença, e rogando em altos brados que o curasse. O
Santo manifestou certo desagrado por aquela forma ruidosa de pedir
algo que o repugnava a sua humildade, mas a mulher não se calou.
Tanto ela pediu e suplicou, auxiliada por Frei Lucas, que na ocasião
acompanhava o Santo, que este, afinal, se deixou vencer e fez sobre o
menino paralítico o sinal da cruz, curando-o imediatamente. Com
modéstia, atribuiu o milagre não à sua virtude, mas à fé da boa
mulher e recomendou-lhe que não contasse o ocorrido à ninguém
enquanto ele fosse vivo.
11
- Um jovem chamado Leonardo confessou-se com o Santo e acusou-se de
ter, levado pela cólera, dado um pontapé em sua mãe. Frei Antônio,
para fazê-lo compreender a gravidade do pecado que cometera,
disse-lhe: "Teu pé bem merecia ser cortado". Essas
palavras impressionaram tão fortemente o jovem, que este,chegando a
sua casa, aterrado com o que fizera, cortou fora o pé, o qual,
caindo com ruído no chão, fez com que sua mãe acorresse para ver o
que estava acontecendo. Horrorizada com a cena e por saber as razões
pelas quais o filho assim procedera, correu logo a procurar Frei
Antônio, que foi à casa do rapaz. Comovido pelo estado em que o
encontrou, quase à beira da morte pelo sangue perdido, animou-o a
ter confiança em Deus. O rapaz se reanimou e o Santo, pegando o pé
cortado, recolocou-o no lugar. Imediatamente se reuniram na perfeição
os ossos, os nervos, as artérias, os músculos, a carne e a pele. O
sangue voltou a circular, cessaram as dores e só ficou um sinal do
golpe, em testemunho do grande milagre sucedido.
12
- Em Arezzo vivia um homem nobre, mas tão colérico que quando se
irritava parecia ter perdido o juízo. A esposa, senhora de muito
siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas
palavras que encolerizaram o marido, a tal ponto que ele se atirou
sobre ela a maltratou cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos.
Aos gritos da infeliz acorreram os vizinhos, socorrendo-a e
deixando-a quase morta na cama. O marido, depois de serenar,
envergonhou-se do que tinha feito. Lembrando-se da fama de Santo
Antônio, foi procurá-lo e, arrependido, pediu que o ajudasse. O
piedoso Santo foi logo procurar a senhora, abençoou-a, e fez-lhe o
sinal da Cruz e se pôs a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o
antigo vigor e, por milagre insigne, quando se ajoelhou aos pés do
Santo reapareceu-lhe todo o cabelo.
13
- D. Inácio Manrique, Bispo de Córdoba e Inquisidor Geral da
Espanha, muito devoto de Santo Antônio, possuía um anel que
estimava grandemente. Certo dia notou a falta dele: ou o tinha
perdido, ou o tinham furtado. Passou-se muito tempo sem que o anel
aparecesse. Um dia, estava o Prelado à mesa com alguns senhores seus
parentes, quando casualmente se falou no poder de Santo Antônio para
encontrar bens perdidos. Disse então o Bispo: "Tenho recebido
grandes favores do Santo, mas ele ainda não ouviu as súplicas que
lhe tenho feito para achar um anel que perdi". Mal tinha acabado
de proferir essas palavras quando o anel desaparecido caiu no meio da
mesa, à vista de todos, sem que ninguém soubesse explicar de onde
vinha…
Protetor
dos Matrimônios
No
tempo em que Santo Antonio viveu, a organização política era muito
diferente da que temos hoje. Vivia-se a Idade Média, e a divisão
política não era formada de países soberanos. Cada cidade tinha
seus líderes e eles exerciam esta autoridade naquela cidade e nas
redondezas. Algumas cidades estavam ligadas à autoridade do Papa,
enquanto outras estavam ligadas ao Imperador do Sacro Império.
Frei
Antonio não se interessava muito por tudo isso, mas ficava
preocupado quando via injustiças. De uma atitude de frei Antonio
numa situação dessas é que vem a sua fama de Casamenteiro, ou
Protetor dos Matrimônios.
Havia em Pádua, um tirano de nome
Ezzelino, que baixara um decreto, pelo qual as pessoas, para se
casar, deveriam levar idêntico dote. Assim, rico sempre casaria com
rico, e pobre com pobre. Casava-se mais com a "carteira" do
que com o coração. A população da cidade revoltou-se e frei
Antonio enfrentou o tirano em praça pública. E tal foi a força de
sua argumentação que Ezzelino foi obrigado a revogar o estapafúrdio
decreto.
Dizem que frei Antonio foi carregado em triunfo e,
desde então, é aclamado como o “Santo
Casamenteiro”
ou “Protetor
dos Matrimônios”.
Fonte: aascj.org.br - paroquiasantoantonio.org/
Conheça a vida, as obras e as devoções de Santo Antonio.