Dom Vilson Dias de Oliveira
DIOCESE DE LIMEIRA
Exultai
com a glória da vossa vocação dando graças a Deus que vos chamou
ao seu reino, aleluia.
Leituras:
Atos dos Apóstolos 5, 12-16; Salmo 117 (118), 2-4, 22-24.25-27a
(R/1); Apocalipse 1, 9-13, 17-19; e João 20, 19-31.
COR
LITÚRGICA: BRANCO
OU DOURADO
I.
RITOS INICIAIS
(Que
o Círio Pascal seja o grande sinal deste Tempo Pascal)
Preparar
um lugar de destaque para o Círio Pascal próximo à pia batismal ou
um recipiente com água benta na Vigília Pascal. Colocar em lugar de
destaque a imagem ou quadro de Jesus Ressuscitado. Antes de iniciar a
celebração, cantar de forma orante o refrão abaixo.
Refrão
orante:
Ressuscitou
de verdade! Aleluia! Aleluia! Cristo Ressuscitou! Aleluia! Aleluia! O
Senhor ressuscitou! Aleluia!
Animador:
Jesus: vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã. É de
Jesus ressuscitado que a comunidade cristã recebe vida, amor e paz.
Assim como Tomé fez a experiência com o Ressuscitado no interior da
comunidade, nós também a cada domingo “Dia do Senhor” fazemos
um grande encontro de amor fraterno e de vivência comunitária. Este
domingo é chamado de “Domingo Branco” lembrando o dia em que os
novos batizados depunham suas vestes brancas e eram introduzidos na
comunidade. Hoje, comemoramos também o “Domingo da Divina
Misericórdia”, pois Cristo nos salvou e santificou no mais puro
amor.
1.
Situando-nos
No
tempo da Páscoa, a comunidade cristã tem a oportunidade de
aprofundar o evento da salvação, cuja memória desponta de modo
pungente na liturgia desse tempo.
O
Domingo é, para nós, cristãos, momento privilegiado de encontro
com o Senhor ressuscitado para fazer memória de sua Páscoa e
receber d’Ele os dons da vida nova, sua paz e o Espírito Santo.
Ausente da comunidade, Tomé não fez a experiência de fé na
ressurreição. Só participando da comunidade de fé que podemos
experimentar a verdadeira paz e alegria pascais.
O
2º Domingo da Páscoa é conhecido como o “Domingo da Divina
Misericórdia” (São João Paulo II institui o 2º Domingo de
Páscoa como Domingo da Misericórdia. Cf. Decreto da Penitenciaria
apostólica, com o qual são anexadas indulgências aos atos de
culto, realizados em honra da Misericórdia Divina, 29 de junho de
2002). “Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do
vosso povo na renovação da festa pascal” (oração do dia). Como
o Apóstolo São Tomé, somos convidados a renovar a nossa fé na
misericórdia divina que se revela no Mistério Pascal: paixão,
morte e ressurreição (Cf. MV, n.22).
Tenhamos
também presente o tempo pascal como “Tempo da Mistagogia”, no
qual os mistérios (sacramentos) celebrados na vigília Pascal têm
seu prolongamento nas celebrações dominicais.
2.
Recordando a Palavra
O
Evangelho narra a manifestação de Jesus ressuscitado aos
discípulos. Alguns elementos compõem um cenário pascal que indica
o clima vivido pela comunidade de fé: primeiro dia da semana
(Domingo), comunidade reunida, alegria e paz da parte de Cristo aos
discípulos.
Mas
outros elementos entrecruzam essa experiência, fazendo um inegável
contraste: o anoitecer como sinal das dificuldades vividas, o medo
dos judeus, as portas fechadas, a descrença de alguns membros
simbolizada pela falta de fé de Tomé e, igualmente, o
distanciamento da comunidade por parte do discípulo, o que gerou
dúvida e descrédito sobre os irmãos. Todos esses elementos giram
em torno de duas figuras: Jesus que se manifesta aos seus e Tomé que
descrê no testemunho da comunidade.
A
narrativa de João, no final, chama atenção sobre os sinais
realizados por Jesus (cf. v.30-31) que são escritos para suscitar a
fé da comunidade. Os sinais não são milagres, são símbolos:
realizações sensíveis que remetem às dimensões invisíveis e
superiores (Cf. LÉON-DUFOUR, Xavier. Leitura do Evangelho segundo
João – IV (Capítulos 18-20). Col. Bíblia Loyola. 16. Ed. São
Paulo: Edições Loyola, 1998. P. 183-184,39). Nota-se certa
insistência no relato nos sinais da paixão: com forte negação,
Tomé exige tocar os ferimentos das mãos e o lado de Cristo, a fim
de crer.
Na
segunda manifestação, Jesus o convida a tocar, tal qual exigido,
apontando, contudo, o caminho inverso para a fé: crer sem ver. As
chagas são os sinais em questão: marcas da morte no corpo do
Vivente.
A
dúvida pode assim ser compreendida: “o judeu Tomé não ignora que
algum dia se dará a ressurreição escatológica de todos os seres
humanos, mas como admitir que o Crucificado tenha entrada desde já
na Vida? Seria preciso verificar isso tocando suas chagas!” (Cf.
Ibidem, p.186).
Jesus
não lhe nega o desejo de tocar os sinais da paixão, convidando-o a
estender as mãos, mas o exorta a uma fé mais madura. Por trás, se
entrevê o drama das comunidades que já viam morrer as testemunhas
oculares, os que conviveram com Jesus.
É
possível fazer a experiência da ressurreição sem ter convivido
com Jesus? A resposta é sim, mas assumindo irrupção da vida nova
em meio aos conflitos do tempo presente. O Ressuscitado ser tocado e
reconhecido nas feridas de cruz que remetem à experiência mais
dolorosa e desacreditada. Porém, a experiência da cruz, pela fé,
se torna translúcida, transparente, fazendo ir além de si mesma.
O
Apocalipse nos apresenta a primeira revelação de João, durante um
êxtase, em dia de domingo. Ela a descreve acentuando as
características do Ressuscitado. Jesus é o Primeiro e o Último;
Ele é o Vivente. Nosso libertador não está morto, mas vivo!
Esta
constatação leva-nos ao louvor e à glorificação de Deus, com as
palavras alentadoras do Salmo 117 (118). Vamos louvar e glorificar ao
Senhor, pois é eterna sua misericórdia e seu amor dura para sempre.
3.
Atualizando a Palavra
Celebrar
a Páscoa a cada ano sempre tem sabor de desafiante novidade, pois
impede a descobrir, na existência, razões para prosseguir adiante,
olhando com a fé e atentamente os acontecimentos mais dolorosos e
desacreditados como sinais da Páscoa.
O
grande sinal da manifestação de Jesus Ressuscitado à comunidade
tem em vista a fé. Mas a fé, que foi transmitida pela Igreja, não
nega a existência, os obstáculos, os desafios. E estes, longe de
obscurecer a percepção da Páscoa, devem servir para fortalecer a
convicção da ressurreição.
Todavia
tal caminho não se faz no isolamento e sim na comunhão. A fé tem a
ver com a Igreja, reunião daqueles que foram escolhidos para o
testemunho e para a vida nova. Distante da comunidade só restará a
dúvida e a incapacidade de reconhecer nas coisas mais humanas e
quotidianas a manifestação do Senhor ressuscitado.
“No
Evangelho de João, o apóstolo Tomé experimenta precisamente a
misericórdia de Deus, que tem um rosto concreto: o de Jesus, de
Jesus Ressuscitado. Tomé não confia nos demais apóstolos, quando
lhe dizem: ‘vimos o Senhor’; para ele, não é suficiente a
promessa que Jesus havia anunciado: ‘ao terceiro dia
ressuscitarei’. Tomé quer ver quer colocar a sua mão no sinal dos
cravos e no peito. E qual é a reação de Jesus? A paciência: Jesus
não abandona Tomé relutante na sua incredulidade; dá-lhe uma
semana de tempo, não fecha a porta, espera. E Tomé acaba por
reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé. ‘Meu Senhor e
meu Deus’: com essa invocação simples, mas cheia de fé, responde
à paciência de Jesus. Deixa-se envolver pela misericórdia divina,
vê-se a sua frente, nas feridas das mãos e dos pés, no peito
aberto, e readquire a confiança; é um homem novo, já não
incrédulo, mas crente. (...) Jesus mostra-nos a paciência
misericordiosa de Deus, para sempre encontrarmos confiança,
esperança! O grande teólogo Romano Guardini, dizia que Deus
responde à nossa fraqueza com sua paciência e isso é o motivo da
nossa confiança, da nossa esperança” (FRANCISCO.
O abraço da misericórdia de Deus. In: A Igreja da Misericórdia,
minha visão para a Igreja. São Paulo: Editora Paralela/ Companhia
das Letras, 2014, p. 11-13).
Outra
marca acentuada pela Liturgia da Palavra é a vida em comunidade. Os
cristãos das gerações primitivas se reuniam no primeiro dia da
semana e celebravam o “partir o pão”. Nessas ocasiões a
comunidade vivia a experiência da presença do Ressuscitado. Quem
participava e vivia em comunhão com a comunidade não tinha dúvida
de que Jesus estava no meio deles. A fé é, sobretudo, vivida em
comunidade. A comunidade cristã é comunidade de fé, de celebração,
de serviço na prática da caridade.
Assim,
na e em comunidade de fé fazemos a experiência do amor
misericordioso do Pai revelado em Jesus Cristo. Ser misericordioso é
próprio de Deus e é pela misericórdia que Ele principalmente
manifesta a força do seu amor.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
O
rito da comunhão é bem mais que o alimentar-se do pão e do vinho.
Implica movimento, deslocamento do seu lugar para o lugar de Cristo,
o altar. É canto que explicita o gesto de entrega amorosa. Realiza o
corpo eclesial, a união com Cristo, a Deus. O Senhor nos une em um
só coração e uma só alma.
A
antífona de comunhão deste domingo, que deveria ser assumida como
refrão do canto de comunhão, retoma a ordem de Jesus para Tomé:
“Estende a tua mão, toca o lugar dos cravos, e não sejas
incrédulo, mas fiel, aleluia!”.
É
exatamente isso que realiza cada fiel que toma parte na comunhão
eucarística: estende a mão, não para tocar o lugar dos cravos, mas
os sinais da paixão: pão e vinho. Não apenas os tocam,
recebendo-os, mas deles se nutrem.
Na
alimentação, os sentidos do paladar e do tato estão intimamente
ligados: toma-se pelas mãos e leva-se a boca para comer ou beber.
Tomai e comei é ordem explícita de Jesus. Os sinais da paixão
fizeram-se alimento na celebração da Eucaristia. São assimilados
para nutrir a fé.
O
Evangelho narrado se prolonga no rito da comunhão. Tomé é cada
cristão que obedientemente cumpre o mandado do Senhor, fazendo sua
memória: “façam isto”.
Profissão
de Fé
Oração
da Assembleia
Pres.:
Ao
Deus da vida que ressuscitou seu Filho para nossa salvação elevemos
nossas preces.
1.
Senhor, que a Igreja, pedra fundamental de seu evangelho e de seu
amor, continue na evangelização, testemunhando teu amor e tua
misericórdia. Peçamos:
T.:
(cantado)
Ó
Senhor, Senhor neste dia, escutai nossa prece!
2.
Senhor, infundi coragem em todos os governantes para que criem
estruturas e caminhos para levarem todos ao caminho do bem e da paz.
Peçamos:
3.
Senhor, proteja todo o clero para que fortalecido na fé da
Ressurreição leve a cada dia a grande mensagem de paz e
misericórdia para todos os que estão carentes de sua Palavra.
Peçamos:
4.
Senhor, por todos nós aqui reunidos, que alimentados pela Palavra e
pela Eucaristia tenhamos coragem de testemunhar nossa fé neste mundo
tão marcado pela falta de esperança e ética. Peçamos:
(Outras
intenções)
Pres.:
Deus de misericórdia, ouça com carinho as preces que apresentamos e
que pedimos por Cristo, nosso Senhor.
T.:
Amém!
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
Oração
sobre as oferendas:
Acolhei,
ó Deus, as oferendas do vosso povo (e dos que renasceram nesta
Páscoa), para que, renovados pela profissão de fé e pelo batismo,
consigamos a eterna felicidade. Por Cristo, nosso Senhor.
T.:
Amém
IV.
RITO DA COMUNHÃO
Oração
depois da comunhão.
Concedei,
ó Deus onipotente, que conservemos em nossa vida o sacramento pascal
que recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
T.:
Amém.
IV.
RITOS FINAIS
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Pres.:
O Senhor esteja convosco. Aleluia. Aleluia.
T.:
Ele está no meio de nós. Aleluia. Aleluia.
Pres.:
Abençoe-vos o Deus todo-poderoso nesta solenidade da Páscoa, cheio
de misericórdia vos defenda de todo o perigo do pecado. Aleluia.
Aleluia.
T.:
Amém. Aleluia. Aleluia.
Pres.:
E aquele que na ressurreição do seu Unigênito vos restaura para a
vida eterna vos cumule com os prêmios da imortalidade. Aleluia.
Aleluia.
T.:
Amém. Aleluia. Aleluia.
Pres.:
A benção de Deus todo-poderoso Pai e Filho + e Espírito Santo
desça sobre vós e permaneça para sempre. Aleluia. Aleluia.
T.:
Amém. Aleluia. Aleluia.
Pres.:
Levai a todos a alegria de Jesus Ressuscitado, ide em paz e o Senhor
vos acompanhe.
T.:
Graças a Deus, Aleluia. Aleluia.
(Despede
a assembleia).