Pe. Edinei Evaldo Batista, Pároco da paróquia Santa Teresinha
| Artigo publicado no Jornal O Vale (14 de maio de 2016)
A Liturgia católica celebra neste final de semana a solenidade de Pentecostes, ou seja, o 50º dia depois da Páscoa, quando os apóstolos de Jesus receberam o Espírito Santo. Trata-se de uma festa cristã derivada, porém, da tradição judaica, primeiramente num contexto agrário, como ocasião da semeadura e depois num contexto religioso, comemorando a chegada do povo de Israel no Monte Sinai, onde Moisés recebeu a Lei divina para transmitir ao povo.
Esta solenidade conclui o Tempo Pascal e, para os que participam da sua celebração, atualiza o envio do Espírito Santo, como primeiro e maior fruto da ressurreição de Jesus. É Ele que semeia nos corações a sabedoria e a graça vindas de Deus para que todas as pessoas produzam os frutos do amor. É Ele, também, a Nova Lei, inscrita no íntimo de cada ser humano em vista de seu crescimento e de sua fecundidade evangelizadora.
A obra redentora realizada por Jesus Cristo com sua vida, morte e ressurreição se completa com a chegada do Espírito Santo como garantia de que a vida nova oferecida pelo Filho de Deus à humanidade vai se realizar, nem tanto pelo esforço humano, mas como dom divino.
Conhecendo a limitação daqueles frágeis pescadores da Galiléia para levarem à frente a missão que lhes confiara, Jesus lhes dá o mais precioso dos presentes para que possam compreender mais profundamente a sua mensagem, ser fiéis ao seu projeto e testemunhar a sua vida.
O tempo passou e as suas características mudaram, mas é o Espírito Santo que continua favorecendo às pessoas crer, viver, perseverar e anunciar o Evangelho. O Espírito Santo é a presença divina em cada ser humano, graças aos sacramentos do Batismo e da Crisma, para recordar as palavras e os ensinamentos de Jesus, levando ao testemunho do Evangelho, que promove o crescimento pessoal e renova a sociedade.
A solenidade de Pentecostes deve encher os cristãos de alegria, pois declara que para a vivência da fé, para o seguimento de Jesus e para o cumprimento de sua missão têm o auxílio divino na pessoa do Espírito Santo. Quem acompanha os cristãos e os faz capazes de ser discípulos-missionários de Jesus Cristo é o próprio Deus.
O Espírito Santo trabalha silenciosamente no interior dos corações, movendo-os para ser e agir como Jesus, impulsionando-os a amar e a servir, iluminando-os para reconhecer os próprios pecados, deles se arrepender e pedir perdão, fortalecendo-os para vencer os obstáculos que atrapalham as pessoas de ser sal da terra e luz do mundo com suas boas obras.
Ele é a fecundidade que favorece às pessoas produzir frutos que permanecem, encontrar a alegria e a paz que não se acabam e contribuir para a história ser diferente, renovando-a com os seu dons, apresentados pela Sagrada Escritura como Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor (cf. Is 11, 2-3) e como Amor, Alegria, Paz, Paciência, Delicadeza, Bondade, Fidelidade, Mansidão, Domínio de si (cf. Gl 5, 22-23).
A sensibilidade popular para com a pessoa e a ação do Espírito Santo é muito profunda e significativa, expressando-se nas tradicionais festas do Divino, caracterizadas pela alegria, pelas danças e pela distribuição de comida, sobretudo doces.
A simplicidade aliada à criatividade por parte do povo testemunha uma fé profunda e verdadeira: O Espírito de Deus age na Igreja e na história, conduzindo a humanidade pelos caminhos determinados pela sabedoria e o poder divinos. Mesmo sem ter estudado teologia, em sua fé autêntica o povo sabe reconhecer as maravilhas de Deus em seu favor.
A celebração da vinda do Espírito Santo torne cada cristão mais consciente do quanto é ajudado por Deus para ir sempre na direção indicada pela sua vontade e o faça sempre mais amigo do grande presente que o Senhor deu aos seus amigos: o seu Espírito.
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