SEX, 26 DE AGOSTO DE 2011
09:24POR: CNBB
Dom Redovino Rizzardo,
cs
Bispo de Dourados - MS
Dinheiro
que se ganha fácil, também se gasta fácil! Quem enriquece de uma hora para
outra – pior ainda se for por meios ilícitos – cedo ou tarde compreenderá que o
dinheiro, mais do que a felicidade, o que traz é o medo, a insegurança e a
violência.
É o
que acontece com dezenas de jogadores de futebol, alguns deles de renome
internacional. Um exemplo concreto é Luís Antônio Corrêa da Costa, mais
conhecido como Müller. Jogando no “São Paulo”, foi campeão brasileiro em 1986 e
em 1991, bicampeão da “Libertadores” e do “Mundial Interclubes” em 1992 e 1993.
Ainda pelo “São Paulo”, foi campeão paulista em 1985, 1987, 1991 e 1992. Pela
seleção brasileira, disputou três “Copas do Mundo”: no México, em 1986, na
Itália, em 1990 e nos Estados Unidos, em 1994.
Apesar
da arte, da técnica e da inteligência que o tornaram um dos grandes ídolos do
futebol brasileiro, em poucos anos Müller perdeu tudo o que acumulou e hoje
vive um momento particularmente sofrido e dramático. Morando de favor em casa
de um colega de seus tempos felizes, o ex-atacante admite que tudo o que
ganhou, gastou com mulheres e em festas. Sua situação ficou tão ruim, que
chegou a vender até mesmo a igreja da qual se tornara pastor, numa tentativa de
conversão.
Em
maio deste ano, em entrevista que concedeu a alguns órgãos da imprensa
brasileira, Müller revelou seu drama e se apresentou como “um exemplo a não ser
seguido”: «Errei muito na vida. Tive bons momentos financeiros, mas fiz muita
bobagem. Gastei tudo com besteira: mulheres, carros, vaidades pessoais, amigos
de ocasião. Por ser uma pessoa generosa, muita gente se aproveitou de mim».
Indagado
se tinha algum bem material, respondeu: «Comprei vários imóveis ao longo da
minha vida. Mas fui perdendo, perdendo, perdendo... Nem sei calcular quanto
perdi. Joguei fora o que construí ao longo de 20 anos. Hoje não tenho nada: nem
carro (tive mais de 20) nem plano de saúde».
Contudo,
apesar de tantas perdas – ou, talvez, graças a elas, já que, em geral, se
aprende mais dos erros do que dos acertos – sempre há uma esperança para quem
conta com Deus e... com a própria boa vontade. É o que também Müller procura
fazer: «Posso dizer que não sou exemplo para ninguém. Espero que os jovens que
estão começando, não repitam os meus erros. O que agora eu quero é que Deus me
dê força para recomeçar do zero. E ele está dando. Tenho caráter, e isso
não tem preço. Deus me concede a alegria de possuir o básico de que preciso:
casa, roupa e comida. Tenho o que se requer para viver. Não sinto saudade do
futebol, nem da vida de rico que levei. Agora, tudo passou!».
Se a
vida começa aos 40, então Müller tem razão: sempre é possível iniciar e
aprender. Nascido em Campo Grande no dia 31 de janeiro de 1966, é ainda jovem
e, querendo, pode mudar tanto a sua vida, que se tornará, diferentemente do que
falou, um “exemplo a ser seguido”.
Para
quem é iluminado pelo Espírito Santo, porém, não é necessário esperar tanto
tempo, nem dar muitas cabeçadas, para aprender. Os nossos “pais na fé”
descobriram o caminho a seguir desde o Antigo Testamento. Folheando
superficialmente o livro dos “Provérbios”, encontrei passagens altamente
significativas. Eis algumas delas.
Primeiramente,
jamais se deve esquecer que, «quem confia nas riquezas», cedo ou tarde «murchará»
(11,28). Outra coisa: cuidado com a decepção em que caem os que acumulam bens:
«A riqueza multiplica os amigos, mas quem empobrece é abandonado por todos»
(19,4). Eis, então, o conselho que brota da sabedoria: «Não te afanes em
adquirir riquezas, nem gastes a tua inteligência com isso, pois basta um olhar
e ela desaparece; baterá asas como águia e voará pelo céu» (23,4-5. Por isso, a
oração a ser feita só pode ser esta: «Duas coisas, eu te peço, ó meu Deus!
Afasta de mim a falsidade e a mentira! Não me dês riqueza nem pobreza!
Concede-me apenas o meu pedaço de pão, para que, saciado, eu não te renegue,
dizendo: “Quem é Deus?”. Ou, então, reduzido à miséria, eu comece a roubar e a
profanar o teu nome!» (30, 7-9).
Para
Jesus, a única “lavagem de dinheiro” correta é empregá-lo no serviço aos
necessitados: «Fazei-vos amigos com o dinheiro sujo, para que, quando acabar,
eles vos recebam nas moradas eternas» (Lc 16,9).