DIOCESE DE LIMEIRA
DOMINGO
DO BATISMO DO SENHOR – 11 de janeiro de 2015
“Batizado por João no rio Jordão (...) ao sair da água, viu o céu se abrindo”
Leituras: Isaías 42, 1-4.6-7;
Salmo 28 (29) 1.2.3ab-4.9b-10 (R/ 11b); Atos dos Apóstolos 10, 34-38; Marcos 1,
7-11.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: A
celebração de hoje nos conduz ao Batismo de Jesus, o Filho bem amado do Pai.
Com esta festa, encerra-se o ciclo do Natal, tempo em que recordamos a vinda de
Deus até nós. O Batismo de Jesus nos remete a considerar nosso próprio batismo
e os compromissos que dele assumimos. O Papa Francisco em sua exortação Apostólica
“Evangelli Gaudium” diz que somos “‘Evangelizadores com espírito’ quer dizer
evangelizadores que rezam e trabalham. Do ponto de vista da evangelização, não
servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e
missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma
espiritualidade que transforme o coração” (EG 262).
1. Situando-nos
brevemente
Recordamos, neste domingo, o dia em que Jesus foi
batizado no Jordão, revelando para nós outro aspecto de sua encarnação, de sua
epifania: a manifestação pública de sua adesão ao Pai e a missão que lhe foi
confiada como Filho amado e fiel.
Este fato contém todo o itinerário que Jesus deverá
percorrer, como Servo, como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Expressa toda sua disposição de mergulhar, assumindo profundamente nossa
humanidade, numa inacreditável ato de solidariedade que o leva até a cruz.
A festa do Batismo do Senhor, revela, ao mesmo tempo,
quem é Jesus e o que Ele fez, quem são os seus seguidores e o que são chamados
a realizar na sociedade. Não é suficiente belas celebrações. O que se requer é
um compromisso com a justiça que cria novas relações na comunidade e fora dela.
Ao celebrar o Batismo de Jesus poderemos recordar o
Batismo que recebemos, que nos fez seguidores de Jesus e participantes de sua
missão.
2. Recordando a
Palavra
O texto segundo Isaías é o primeiro cântico do Servo do
Senhor, descrevendo sua vocação profética, sua missão, a escolha divina. É Deus
mesmo que o apresenta como eleito. O servo é descrito como aquele que possui o
Espírito de Deus e nisso se assemelha aos juízes do passado do povo de Deus. O
povo gostaria de juízes e afirmava que eram movidos pelo Espírito do Senhor. Na
mesma perspectiva dos juízes, a tarefa do Servo é implantar o direito, a
justiça e o desígnio de Deus.
Sua missão é universal: nações terra, ilhas, todos os
que estão à espera do estabelecimento do Reinado da justiça. O Servo não
realizará sua missão através de armas ou violência. Seu estilo de ação e novo:
suavidade e mansidão com o fraco e o vacilante; firmeza no sofrimento e
perseverança na realização da missão. Não quebrará o fraco, nem se deixará
quebrar.
Deus o formou e o chamou para ser mediador da Aliança e
seu revelador aos estrangeiros: luz para as nações. A cegueira e a prisão são
alusões ao exílio na Babilônia, onde o povo perdeu a liberdade, tornou-se
escravo e perdeu sua raiz mais profunda: a fé em Deus, em si próprio e na vida.
O Salmo 29 (28) é um hino de louvor. O povo todo é
convidado a aclamar o Senhor, que manifesta sua glória em uma tempestade. O
povo o reconhece como Senhor da natureza, mais forte do que todos os elementos.
Deus é o aliado que abençoa o seu povo com a paz. Sete vezes se repte a
expressão “voz de Deus”: Jesus Cristo é a voz de Deus. O Verbo que se fez
gente!
Ouvimos hoje nos Atos dos Apóstolos a afirmação de que
Deus não faz acepção de pessoas. É o início do discurso de Pedro na da do
centurião Cornélio, quando Pedro sanciona a admissão dos “pagãos” ao Evangelho
sem obrigá-los aos costumes judaicos. Ele começa com um fato básico da fé: Deus
não faz diferença entre as pessoas; não distingue nem privilegia um povo ou uma
raça, mas aceita a todos e a cada um que o reconhece como Senhor e pratica a
justiça.
Pedro fala de Jesus de Nazaré como acontecimento que
trouxe a Boa-Nova da paz e “Como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o
Espírito Santo e com poder. Por toda a parte, ele andou fazendo o bem e curando
a todos que estavam dominados pelo diabo; pois Deus estava com ele” (10,38).
O Batismo de Jesus no Jordão, narrado pelo Evangelista
Marcos tem como base Isaías 63, 11.19, onde se evoca a figura de Moisés, dia da
páscoa judaica, e a abertura do céu como imagem da desejada ação divina em
favor do seu povo. Em Marcos, Jesus é apresentado como o novo Moisés e pastor
que vai conduzir o povo na nova páscoa a ser realizada co o seu verdadeiro
Batismo: a cruz e a ressurreição.
Neste sentido, o evangelista chama atenção aos dois
movimentos. Jesus que se faz batizar (mergulhar submergir como sinal da sua
glorificação, a ressurreição). Os céus se abrem com a proclamação da filiação
divina de Jesus. É o testemunho maior de que fala a segunda leitura. Por um
lado, eles e mais que o servo Moisés e mais que o rei. E o contraste com o
homem de Nazaré da Galileia, que se solidariza com os demais ao submeter ao
Batismo de João, reforça o caráter pascal do evento narrado.
São as duas faces do mesmo acontecimento salvífico:
aprofundamento da encarnação (Natal) que aponta na direção da Páscoa que aqui
se anunciar nas imagens batismais. A inspiração de Isaías 63,19 dada ao trecho
evangélico ressoa na primeira leitura: os céus se abriram e Deus enviou sua
Palavra para a missão de fecundar a terra. A Palavra que desceu e se encarnou,
cumpriu a sua missão e voltou ao seio do Pai na glorificação.
3. Atualizando a
Palavra
“Tu és meu Filho
bem amado, eu hoje, te gerei!” (Lc 3,22). São
para nós essas palavras confortadoras que só podemos ouvir quando estamos em
profunda oração! Em Cristo somos filhos e filhas muito amados, gerados a cada
dia pela misericórdia e bondade do Pai!
Não foi por razões humanas, como o sucesso ou competição
que Jesus assume a missão messiânica, mas disponibilidade à vontade do Pai.
Sobre Ele repousa o “dinamismo” de Deus. No Batismo, Ele mergulha mais
profundamente em nossa humanidade, para que em sua ressurreição todos nós nos
ergamos plenificados nele.
O seu Batismo consagrou-o na missão do Servo do Senhor.
Em Jesus, o Pai reafirma a aliança com toda a humanidade. De modo semelhante a
Jesus, pelo nosso Batismo fomos habilitados pelo Espírito para a missão e
adotados como filhos de Deus.
Em Jesus, no Jordão, termina todo o exílio da
humanidade, e inicia a missão sacerdotal, profética e régia do Ungido e essa
missão nos foi transmitida. Unidos a Jesus, nos tornamos, com Ele, sacerdotes,
profetas e reis. Jesus passou a vida “fazendo o bem e curando a todos os que
dominados pelo diabo” (At 10,38). Sua razão de viver era a proclamação do Reino
de Deus.
Como seguidores e seguidoras de Jesus Cristo, fomos
convocados, não apenas para repetir os ritos do Batismo, mas seguir seu
exemplo, divulgar sua mensagem, sua obra, continuando sua missão. “Banhados em Cristo, somos uma nova
criatura! As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo!”
(Hinário Litúrgico CNBB – Tríduo Pascal II – faixa 11). Tal comunhão, concedida
pelo sacramento primordial que recebemos, faz a comunidade ouvir junto a ele a
solene proclamação: “Tu és o meu Filho amado, em ti está o meu agrado” (Mc 1,11).
Os cristãos são filhos amados de Deus, pois em Jesus são
contemplados pelo Pai com o mesmo amor e bem-querer. Os cristãos são filhos de
Deus no Filho Jesus. Sobre eles também se abrem os céus: Deus continua sua ação
salvadora na vida da comunidade e por meio dela. No exercício do amor
comunitário prolonga-se o bem-querer divino pelo mundo.
Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas
assumiu as consequências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a
Ressurreição! (Cf. Fl. 2,6-11). Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o
compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no
esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a
justiça e a verdadeira paz. O nosso
batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação,
fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (Cf. Mc 1,14).
4. Ligando a Palavra
com ação litúrgica
Como povo sacerdotal, assembléia de batizados,
proclamamos pela Eucaristia, as maravilhas daquele que nos chamou das trevas à
sua luz e aceitamos ser mergulhados com Cristo no mistério de sua entrega
filial ao Pai.
Acolhemos em oração, o Espírito que nos é entregue e, na
voz do Pai, recebemos a confirmação de sermos seus filhos e amados com a missão
de ser luz para as nações e alegres anunciadores da Boa-Nova do Reino.
Celebrando a Eucaristia, vivemos o núcleo da vida
batismal, entrando em comunhão com Deus, com os irmãos, com os cosmos, dando
sentido pascal à vida. Ouvindo Jesus, o Filho amado, prolongamos no mundo sua
missão, de serviço à justiça com suavidade e mansidão, “fazendo o bem e curando
a todos” para que todos vivam, de fato, como filhos amados de Deus, concluímos
na ração após a comunhão.
No rito da aspersão temos a oportunidade de retomar a
descida de Jesus no Jordão (sua morte) e sua subida do Jordão (glorificação).
Mas não só isso. Recordamos também a nossa própria morte e ressurreição como
processo que se iniciou no nosso Batismo. O cristão, renascido das águas, é
chamado a viver sob o signo pascal por toda a sua existência.
Ele deve reconhecer não somente na água, no círio, na
cruz, nos cantos e na liturgia o núcleo da sua fé, a morte e ressurreição do
Senhor. Deve também reconhecer na sua história pessoal, familiar e comunitária
o prolongamento da morte e ressurreição de Jesus: sua descida e mergulho na
vida humana e sua subida e emersão para a vida divina.
Em cada sofrimento, angústia, dor e limitação que se
vive, é o Cristo que prolonga sua paixão e morte em nós e em nossos irmãos. Em
cada vitória, conquista e superação é a sua ressurreição que continua a
arrancar dos sepulcros as nossas vidas e as vidas daqueles que se encontram
ameaçados pela violência, fome, doenças e pelo pecado. Esse processo pascal é a
afirmação contínua do amor e bem-querer que Deus nos tem. No rito da aspersão
esse amor se faz manifesto e acessível a todos.
Oração dos fiéis:
Presidente: Depois de feita a nossa renovação das promessas batismais
peçamos a graça de Deus para testemunhar, com a força da voz e sem medo, a boa
nova da salvação.
1. Senhor que tua Igreja possa sempre oferecer o
Sacramento do Batismo a todos que dela se aproximam. Peçamos:
Todos: Ajudai-nos
sempre a fazer o bem, Senhor!
2. Senhor que os governantes possam reconhecer que a
criação é obra de tua bondade e sabedoria e que sois o Deus único e verdadeiro.
Peçamos:
3. Senhor, que nossa comunidade viva autenticamente o
Evangelho e promova os valores do teu Reino. Peçamos:
4. Senhor, que possamos viver na mesma identidade de
Jesus Cristo, como filhos amados, deixando-nos conduzir pelo Espírito Santo que
mora em nós. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presid.: Ó Deus, ouvi as preces de teus filhos e filhas que batizados
na água em nome da Trindade foram imersos em sua graça. Por Cristo, nosso
Senhor.
T.: Amém.
III. LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS
OFERENDAS:
Presid.: Recebei, ó Pai, as
oferendas que vos apresentamos no dia em que revelastes vosso Filho, para que
se tornem o sacrifício do Cordeiro que lavou em sua misericórdia os pecados do
mundo. Por Cristo, nosso Senhor.
T.:
Amém.
ORAÇÃO APÓS A
COMUNHÃO:
Presid.: Nutridos pelo vosso
sacramento, dai-nos, ó Pai, a graça de ouvir fielmente o vosso Filho amado,
para que, chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato. Por Cristo, nosso
Senhor.
T.:
Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presid.: O Senhor esteja convosco.
T.: Ele está no
meio de nós.
Presid.: Deus, que vos concedeu a graça de celebrar o Batismo de seu
Filho Jesus Cristo, derrame sobre vós a paz e a alegria.
T.: Amém.
Presid.: Cristo, que depois do seu batismo iniciou sua obra
evangelizadora, vos conceda a graça de serem evangelizadores em nossa
comunidade.
T.: Amém.
Presid.: O Espírito Santo, que ungiu Jesus Cristo neste dia do Batismo
do Senhor, ilumine vossos passos e vos faça dignos da filiação divina.
T.: Amém.
Presid.: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo.
T.: Amém.
Presid.: Ide em
paz e o Senhor vos acompanhe para sempre.
T.: Graças a Deus.