DIOCESE
DE LIMEIRA - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - B
19
de abril de 2015
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Sou eu mesmo! Tocai em mim e vede!”
Leituras: Atos dos
Apóstolos 3, 13-15.17-19; Salmo Responsorial 4; Primeira Carta de João 2, 1-5a;
Lucas 24, 35-48.
COR LITÚRGICA: BRANCO OU DOURADO
(Que o Círio Pascal seja o grande sinal deste Tempo Pascal)
Animador:
Aleluia,
irmãos e irmãs! Cristo Ressuscitou! Como o Tempo Pascal deve ser celebrado com
alegria e exultação, como se fosse um só dia de festa, “um grande domingo”,
(cf. Normas Universais do Ano Litúrgico, 22) faremos memória da grande Vigília
Pascal, “mãe de todas as vigílias” (Sto. Agostinho). O fogo que acendeu o círio
pascal fez memória da Bênção do fogo novo. Como aconteceu com os discípulos,
hoje também custamos a acreditar que a vida nasça da morte. Mas Jesus vem
confirmar sua presença no meio de nós, alimentando nossa fé, nos encorajando a
trilhar o caminho do amor e da doação.
1. Situando-nos
O Tempo Pascal nos ajuda a aprofundar o mistério da Páscoa, a
entrar mais profundamente nele. Este já é o terceiro domingo que temos para
fazer essa verdadeira mistagogia.
Como aos discípulos reunidos, hoje o Senhor apresenta-se a nós
para mostrar a identidade entre o Crucificado e o Ressuscitado: “Vede minhas
mãos e meus pés: sou eu mesmo!” (Lc 24,39).
Uma ênfase da celebração de hoje deve ser a certeza da presença
de Deus, em Cristo, na comunidade e no mundo. “A nossa cultura perdeu a noção
desta presença concreta de Deus, da sua ação no mundo; pensamos que Deus Se
encontra só no além, em outro nível de realidade, separado das nossas relações
concretas” (“Lumen Fidei” - Carta
Encíclica do Papa Francisco sobre a fé, n.21).
No dia do Índio, entremos em comunhão com estes nossos irmãos
tão marginalizados pela nossa sociedade.
2. Recordando a Palavra
No Evangelho de Lucas (24,35-48), temos uma narrativa que ajuda
a compreender a identidade de Jesus Ressuscitado. Ela está situada após o
episódio da caminhada dos dois discípulos para Emaús, donde voltam correndo
para anunciar à comunidade reunida o encontro com o Senhor vivo.
A própria ressurreição dá a identidade nova de Jesus, que foi
difícil de ser assimilada pela comunidade de discípulos. Podem-se perceber dois
momentos dessa perícope: os versículos 35-43 tratam da identidade corporal ou
visível de Jesus; já em 44-48 temos o sentido da identidade plena de Cristo, a
partir da sua ressurreição.
Jesus mesmo é quem se revela. Aliás, as aparições do
Ressuscitado não podem ser provocadas, mas elas acontecem sempre por iniciativa
d’Ele. Há uma ênfase em mostrar que Jesus não é um fantasma, como eles
pensavam, já que Ele apareceu inesperadamente. E não esqueçamos que há pouco o
tinham visto morto e sepultado, o que torna mais difícil crer que esteja vivo e
presente ali entre eles.
Com a finalidade de esclarecer que não é um fantasma, Jesus
mostra as marcas da cruz nas mãos e nos pés, o que ainda não diminuiu as
dúvidas. Pediu, então, algo para comer. E comeu um pedaço de peixe assado que
lhe deram. Um fantasma não poderia comer.
Vamos agora ao segundo momento da perícope, onde Jesus revela-se
como cumprimento das Escrituras (Escrituras são o que nós designamos Antigo
Testamento). O que se quer mostrar aqui é que o Mistério Pascal de Cristo é
ponto alto para onde se conduz a história do Povo de Deus. Agora, pelo anúncio
da morte e Ressurreição de Cristo e pela fé em seu nome, acontecem a conversão
e o perdão dos pecados. Um elemento ainda: a destinação da salvação é
universal, para todas as nações, a começar por Jerusalém.
O discurso de Pedro, relatado nos Atos dos Apóstolos, insere-se
na mesma perspectiva. Lembremos que Lucas é o autor também desse livro.
Pedro mostra que quem agiu na Ressurreição de Jesus é o Deus de
Israel, e que sua morte e Ressurreição são cumprimento das profecias antigas.
Pedro atenua a culpa do povo, alegando a ignorância com a qual agiam. E
aproveita para o principal: chamar à conversão, donde resultará o perdão dos
pecados. Percebamos que a conclusão é semelhante à do Evangelho de hoje: todos
são chamados à conversão.
O Salmo 4 é cantado em perspectiva cristológica: “compreendei
que nosso Deus faz maravilhas por seu servo” (v. 4). Em alusão à Ressurreição
de Cristo, pede-se no refrão que o Senhor faça brilhar sobre nós o esplendor de
sua face.
A segunda leitura, da Primeira Carta de João, exorta a
comunidade a corresponder ao amor de Deus em Cristo. Mostra Cristo como
Defensor nosso junto do Pai. Ele que libertou-nos do pecado por sua morte,
intercede por nós ao Pai. O autor recorda que conhecer Deus – que é
praticamente sinônimo de “amar a Deus” – desemboca em viver os mandamentos de
Deus. A verdade está em quem guarda a palavra de Deus e, vivendo-a, realiza em
si o amor.
3. Atualizando a Palavra
Muitos já devem ter se perguntado: será que tudo o que cremos a
respeito de Jesus não é uma invenção, ilusão ou farsa? Parece que Lucas,
antevendo essa dúvida nossa, escreveu o seu Evangelho. Vale a pena retomar os
versículos 1-4 do primeiro capitulo de Lucas, onde ele deixa claro que
investigou antes de escrever, procurando encontrar solidez no que vai ensinar.
E de onde vem essa solidez? Das testemunhas oculares da vida, da morte e da
Ressurreição de Cristo.
A comunidade dos discípulos demorou a crer. Não estava esperando
Jesus aparecer. Pelo contrário, quando Jesus aparece, eles persistem na dúvida.
Esse elemento é fundamental: o anúncio do Ressuscitado não parte de uma
produção mental, de um transe coletivo dos discípulos. O anúncio do
Ressuscitado parte de uma experiência real de encontro com Ele. Esse encontro
transformou a vida dos Apóstolos e dos discípulos que estavam com eles.
Outro aspecto forte da Palavra de Deus é que Jesus Ressuscitado
não é fantasma, mas é um ser concreto, embora com uma identidade material
distinta da nossa: não está preso aos limites do tempo e do espaço e, ao mesmo
tempo, não é um fantasma, pois pode ser tocado e se alimenta, para mostrar sua
presença real.
Há muitas experiências de fé que parecem crer num Jesus fantasma,
puro espírito, não mais humano. A esse respeito, alerta-nos o Papa Francisco na
Evangelii Gaudium, n89: “Mais do que o ateísmo, o desafio que hoje se nos
apresenta é responder adequadamente à sede de Deus de muitas pessoas, para que
não tenham de ir apagá-la com propostas alienantes ou com um Jesus Cristo sem
carne e sem compromisso com o outro”.
O Evangelho e a primeira leitura terminam em perspectiva de
futuro, olhando para aqueles que vão crer em Jesus Cristo Ressuscitado que,
pela sua morte, livra-nos do pecado. Aqui cabe falar da necessidade de não
enxergar a ressurreição como um acontecimento estático, como um fato do passado.
Ela é dinâmica, é sempre atual e segue a nos tocar com a graça de Deus que nos
renova.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Nossas assembleias litúrgicas se reúnem na certeza da presença
do Cristo Ressuscitado. Contudo, não é fácil crer nessa presença. Nós a confessamos
logo ao início da celebração, bendizemos a Deus por nos ter reunido no amor de
Cristo. Dissemos, também, diversas vezes, que o Senhor está no meio de nós!
“Com a saudação de benção, mesmo a mais simples: ‘o Senhor
esteja convosco’, o celebrante ‘anuncia à comunidade reunida a presença do
Senhor’ (IGMR, n.36). A Liturgia é um mistério de recíproca presença: o Senhor
em meio a seu povo e o povo reunido perante sua face para servi-lo”. (Boselli, Gofredo. O Sentido Espiritual da
Liturgia. Brasília: Edições CNBB, 2014, p.33).
Essa presença real de Cristo precisa ser sempre reafirmada, para
não fazermos da celebração apenas um encontro nosso para lembrar de Jesus, e
celebrar a Páscoa, como se fosse algo do passado. A Eucaristia alimenta em nós
a certeza da presença do Senhor e da sua vitória sobre a morte.
Oração da Assembléia
Presidente: Que o Pai nos ajude a crescer na
certeza da Ressurreição de Jesus e testemunhá-la de modo oral e vivencial.
1.Ó Pai, que todo o clero, Papa, Bispos, Padres e Diáconos perseverem
em sua fé, guiando-os para uma vida mais santa e fraterna. Peçamos:
Todos: Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor.
2. Ó Pai, mostre o teu caminho a todos os que governam, para que
possam resgatar a vida de tantos irmãos e irmãs que vivem na miséria, na
violência e na exclusão. Peçamos:
3. Ó Pai, por todos os sofredores, para que possam ser sempre
exemplo de fé e perseverança, apesar de tantas dores. Peçamos:
4. Ó Pai, que nossa comunidade saiba manter a fé, reconhecendo
nos irmãos e irmãs a tua presença. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Aceitai, ó Pai, nossos pedidos e
derrame em nossos corações a força para sempre buscar o teu amor e assim possamos
viver iluminados pela ressurreição de teu Filho. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
Oração sobre as oferendas:
Presid.: Acolhei, ó Deus, as oferendas da vossa Igreja
em festa. Vós
que sois a causa de tão grande júbilo. Concedei-lhe também a eterna alegria.
Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
Oração depois da comunhão.
Presid.: Ó Deus, olhai com bondade o vosso povo e
concedei aos que renovastes pelos vossos sacramentos a graça de chegar um dia à
glória da ressurreição da carne. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO
Dia 15 a 24 de abril: 53ª Assembleia Geral da CNBB –
Aparecida, SP.
Dia 19 de abril – domingo: “Ressuscitou” em Araras.
Dia 23 de abril –
quinta-feira: Encontro
com atendentes paroquiais.
Dia 26 de abril – domingo: Encontro de formação da Pastoral
Familiar – Sub-Região Campinas – 08h00 ate 18h00 – Centro de Eventos Lival – Limeira
-Oração de abertura com o Bispo Vilson – Diocese de Limeira – 08h ate 09h00;
Dia 26 de abril – domingo: Dedicação da Igreja Matriz São José
Operário – Leme – Padre Johnny – 16h00.
IV. RITOS FINAIS
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Pres.: O Senhor esteja convosco. Aleluia.
Aleluia.
T.: Ele está no meio de
nós. Aleluia. Aleluia.
Pres.: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso neste
Tempo Pascal, cheio de misericórdia vos defenda de todo o perigo do pecado.
Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Pres.: E aquele que na ressurreição do seu
Unigênito vos restaura para a vida eterna vos cumule com os prêmios da
imortalidade. Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Pres.: A benção de Deus todo-poderoso Pai e
Filho + e
Espírito Santo desça sobre vós e permaneça para sempre. Aleluia. Aleluia.
T.: Amém. Aleluia.
Aleluia.
Pres.: Levai a todos a alegria de Jesus
Ressuscitado, ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
T.: Graças a Deus,
Aleluia. Aleluia.
(Despede a assembleia)