DIOCESE
DE LIMEIRA - 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM
14
de junho de 2015
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP
“Lançará ramos e dará frutos” (Ez 23)
Leituras: Ezequiel 17, 22-24; Salmo 91 (92); 2 Coríntios
5, 6-10; Marcos 4, 26-34.
COR LITÚRGICA: VERDE
ACOLHIDA
Preparar na
entrada da Igreja uma bonita cesta contendo vários tipos de sementes em forma
de “sachês” com a frase: “A Palavra de Deus é semente de vida nova”, que
poderão ser entregues no final da celebração.
1. Situando-nos:
Hoje
reiniciamos o ciclo das leituras dominicais do Tempo Comum até a solenidade de
Cristo Rei. Neste período, teremos oportunidade de acompanhar a vida de Jesus
nos aspectos não privilegiados no Ciclo de Natal e no Ciclo da Páscoa. A cada
domingo, vivendo nossa Páscoa semanal, vamos aprender com Ele, assimilar seu
mistério. Neste ano B, faremos isso com o evangelista Marcos. Tempo Comum não
significa tempo “sem importância” nem “rotina vazia”, mas significa, sim,
oportunidade para melhor conhecermos o plano de amor de nosso Deus, prenunciado
no Primeiro Testamento e anunciado no Segundo Testamento por Jesus Cristo,
Filho de Deus Pai, no amor do Espírito Santo.
Na amplitude
do Tempo Comum, há também espaço para celebrarmos as festas de Maria e as
festas daqueles que, por seu testemunho de vida, tornaram-se exemplos para nós
e são reconhecidos como santos e como santas da Igreja.
2. Recordando a Palavra
O texto de
hoje traz à tona dois elementos muito importantes para o estudo dos Evangelhos
- “o Reino de Deus” e “as parábolas”. E Jesus vai usar das parábolas para nos
falar do Reino.
Jesus tinha
uma pedagogia muito própria para transmitir ao povo seus ensinamentos. Ao se
dirigir a grupos maiores, ele gostava de falar usando comparações, fazendo
relações com elementos conhecidos da comunidade: objetos, profissões, plantas.
Este modo de
Jesus ensinar, contando pequenas histórias compreensíveis por todos,
denomina-se ‘parábolas’. As parábolas ajudam a assimilar o projeto de Deus.
Para nós, hoje, mesmo que algumas imagens não sejam fáceis de entender, podem,
no entanto, nos ajudar a compreender o que Deus nos propõe para nos
comprometermos com seu projeto.
No Evangelho
de hoje, o Mestre recorrer à imagem da semente lançada na terra pelo
agricultor, a qual, depois de cumprido seu ciclo de germinação e maturação,
será por ele colhida. Somos nós esta semente que o Pai lança aqui na Terra, no
mundo. Cumprido nosso ciclo de vida, ele virá nos colher. Em seu projeto, Deus
propõe que sejamos como a semente de mostarda, que torna-se “a maior das
plantas da horta”.
Na leitura
do Antigo Testamento, o profeta Ezequiel recorre a uma imagem semelhante a
esta, quando Deus diz: “Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num
monte muito alto (...) e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se á um cedro
majestoso”.
No contexto
de Ezequiel, ele está se referindo ao povo exilado na Babilônia e, com estas
palavras inspiradas, quer transmitir esperança àqueles que se encontram longe
de sua terra, escravizados, sofredores, sem horizontes de vida. Nesta ambiente,
Ezequiel mostra, por imagens, que Deus é fiel e que quer construir, com seu
povo, a história da salvação.
Na Carta de
Paulo aos Coríntios que hoje ouvimos, o apóstolo começa exatamente sublinhando
a confiança que inunda aqueles que creem em Jesus Cristo. Paulo também se refere
a exilados, porém não a um povo que está distante de seu país. Ele refere-se a
nós todos cristãos que peregrinamos neste mundo, visando ao retorno para junto
do Pai, ao final de nossa vida e ao final dos tempos, no reino que não terá
fim.
O salmista
lembra-nos que “é bom louvar o Senhor” e proclamar sua bondade e sua
fidelidade.
3. Atualizando a Palavra
O Evangelho
nos apresenta parábolas, contadas com poucas palavras, mas muito densas em
conteúdo. Na primeira, Jesus recorre como em outras ocasiões, à imagem do
semeador, da semeadura, da semente. O agricultor lança na terra a semente e
depois independe dele o resultado desta semeadura. Sua nova intervenção virá na
hora da colheita.
Podemos nos
identificar com a semente: Deus nos lança ao mundo (semeadura) e virá nos
colher ao final de nossa peregrinação terrena. No tempo decorrido entre estes
dois momentos, podemos nos ver como a semente sob a terra. A nós, como seres
dotados de liberdade, cabe o protagonismo de nosso crescimento e amadurecimento
na relação com Deus, na fé que professamos e que nos conduz ao irmão, para que
possamos, no dia da colheita, nós estarmos vigorosos e prontos.
Na segunda
parábola, o reino de Deus é apresentando como uma semente de mostarda, que é
muito pequena, mínima, podemos considerar. Significa isto que o reino de Deus é
mínimo? Longe disto. A pequenina mostarda nos mostra que não é preciso grandes
acontecimentos, ações resplandecentes aos olhos humanos para cultivar o reino
de Deus.
Os pequenos
atos de nosso dia-a-dia são o grão de mostarda que cresce, fica uma grande
arvore e torna-se capaz de abrigar quem a ela acorre. À medida que ampliamos
nosso compromisso com o projeto trazido por Jesus Cristo, somos a semente em
germinação. Ao crescermos na fé, na esperança e na caridade, nos tornamos
árvore capaz de abrigar com sua sombra os irmãos e irmãs que de nós necessitam,
quer por estarem sofrendo, quer por serem vítimas da violência social e
individual, quer por serem pessoas que necessitam de outras que as ajudem a obter
uma vida digna.
Tudo o que
somos e fazemos seja, no entanto, em vista da glória de nosso Deus uno e trino,
pois só ele é verdadeiramente grande. Queremos que por nosso testemunho, todos
saibam que só um, é o Senhor’ – pois, como narra Ezequiel, “disse o Senhor Deus
(...) vou plantá-lo num monte alto e ele lançará ramos e dará frutos (...) e
todas as árvores do campo hão de saber que Eu sou o Senhor”. Por isso cantamos
com o salmista: “É bom louvar o Senhor e cantar salmos ao vosso amor, ó
Altíssimo”.
A semente
lançada, que vai germinando, crescendo, expandindo-se, é nossa atuação como
discípulos missionários em meio a uma sociedade que nem sempre atende os
valores evangélicos. Eis por que nossa atuação visa, sobretudo, ao anúncio dos
ensinamentos de Jesus Cristo, para que todos possam conhecê-lo e segui-lo. “A
força desse anúncio será fecunda se fizermos com estilo adequado, com as
atitudes do Mestre, tendo sempre a Eucaristia como fonte e cume de toda a
atividade missionária”.
Seja ela a
“marca registrada” de nossa peregrinação terrestre, para que confiantes
cheguemos ao tribunal de Cristo para recebermos o que tivermos merecido (cf. 2
Cor 5).
Portanto, ao
evangelizador cabe apenas a tarefa de semear o Reino no coração e na vida das
pessoas de maneira gratuita, sem cobrança e sem exigir resultados, mas tendo a
paciência da espera, acreditando que a graça de Deus irá transformar a pessoa
no tempo certo. A semente lançada em nós no Batismo vai se desenvolvendo
sozinha porque tem em si a força da graça de Deus.
No tempo de
Jesus e das primeiras comunidades cristãs, os diversos grupos religiosos
judaicos (com a exceção dos ultraconservadores e elitistas Saduceus), esperavam
a chegada do Reino de Deus e achavam que poderiam apressar a sua chegada - os
Fariseus através da observância da Lei, os Essênios através da pureza ritual,
os Zelotas através de uma revolta armada.
(ZELOTA era um movimento político
judaico do seculo I que procurava incitar o povo da Judéia a se rebelar contra
o Imperio Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à
primeira guerra judaico-romana nos anos 66-70).
O texto de
hoje nos adverte que não é nem possível e nem necessário tentar apressar a
chegada ou o crescimento do Reino de Deus, pois ele possui uma dinâmica interna
própria de crescimento. Como a semente semeada cresce independente do semeador
e sem que ele saiba como, assim o Reino cresce onde plantado, pois também tem a
sua própria força interna que, passo por passo, vai levá-lo à maturidade.
Assim, o texto
nos ensina o que Paulo ensina de uma maneira diferente aos coríntios, quando,
referindo-se ao trabalho de evangelização desenvolvido por ele, Apolo e
outros/as missionários/as; ele afirma “Paulo planta, Apolo rega, mas é Deus que
faz crescer” (1 Cor 3, 6).
Jesus de
Nazaré e seu projeto são sementes de mostarda, pequenas, mas fecundas. Ele é o
novo ramo do cedro; é a árvore frondosa, nascida de pequena semente verde, e
onde todos podem se abrigar, principalmente os pobres e marginalizados. A luta
da comunidade cristã para a transformação do mundo não é medida pelos êxitos e
fracassos imediatos, porém, pela confiança com que contempla e adere ao seu
único Senhor e caminha fielmente sobre seus passos. Quais são os sinais de
esperança que nossa comunidade planta e ajuda a crescer?
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
Como o
apostolo Paulo, nós também manifestamos nossa confiança em Deus rezando, no
início da celebração: “força dos que esperam em vós, sede favorável ao nosso
apelo e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro de vossa
graça” (oração do dia).
Para que a
semente germine, lance ramos e dê bons frutos, ela precisa do húmus da terra
para nutri-la e sustentá-la. Assim também nós precisamos ser nutridos e
sustentados quer na vida física, quer na vida espiritual. Deste modo,
expressamos ao Pai, na oração sobre as oferendas: “pelo pão e pelo vinho,
alimentais a vida dos seres humanos, fazei que jamais falte este sustento ao
nosso corpo e à nossa alma”.
Na comunhão,
pelas sagradas espécies, nós somos alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo.
Este rito marca também a unidade da Igreja, por isto, pela voz do sacerdote,
dizemos ao Pai, na oração após a comunhão: “esta comunhão na Eucaristia
prefigura a união dos fiéis em vosso amor; fazei que realize também a comunhão
na vossa Igreja”.
Alimentados
pelo pão da Palavra e pelo pão da Eucaristia, voltamos à nossa missão, buscando
nela viver o que celebramos no mistério eucarístico.
PRECES
Pres.: Deus nos
envia sua Palavra e também escuta nossa palavra de súplica. Nesta certeza,
elevemos a Ele nossos pedidos, para que sua Palavra possa de verdade germinar
em nossa vida.
1. PARA QUE a Igreja, acolhendo a Palavra de Deus, seja no mundo anunciadora da
mensagem de salvação, roguemos com toda a fé.
— Fazei-nos, Senhor, construtores do vosso Reino!
2. A CONCRETIZAÇÃO do Reino de Deus necessita de uma profunda conversão de quem
o acolhe. Para que a Eucaristia que celebramos fortaleça cada vez mais a
presença de Cristo em nós, roguemos com toda a fé.
3. PARA QUE saibamos reconhecer a presença do Reino nos pequenos gestos de
bondade, caridade e fraternidade que germinam na vida da comunidade cristã,
roguemos com toda a fé.
4. PARA QUE o esforço da sociedade no combate à fome seja acompanhado do
empenho pela superação da injusta distribuição de riquezas em nosso país,
roguemos com toda a fé.
5. Pelo bom
êxito da Romaria Diocesana à Aparecida, agradecendo abrindo o jubileu dos 40
anos de criação de nossa Diocese, para que nossa senhora alcance das mãos de
Deus as graças que mais necessitamos, roguemos com toda a nossa fé.
(Intenções
próprias da comunidade.)
Pres.: — Pai de
bondade, vossa Palavra de vida nos ensinou a grandeza do Reino. Que possamos
viver vossos mandamentos e, assim, acolher o Reino como herança. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos: Amém.
AVISOS
Dia 13 de junho – sábado: Missa – Santo Antônio de Pádua
– Padre Pedro Leandro - Horário: 10h00 – Basílica
Santuário de Sto. Antônio de Americana; Missa na Par. Santa Rita de Cássia, Pe.
Edson Pianca, às 19h30, Limeira, SP.
Dia 14 de junho – Domingo: Missa de aniversário de ordenação dos Diáconos Permanentes às 08h00
na Par. Nossa Senhora das Dores, Pe. Edson Tagliaferro, Arthur Nogueira, SP.
Dia 17 de junho – quarta-feira: Missa solene de São Manoel, padroeiro da cidade de Leme, SP; e
participação de Dom Vilson pela Rede Século XXI no programa da Maria do
Rosário, às 20h00, Valinhos, SP.
Dia 18 de junho – quinta-feira: Missa e Crisma na Quase-Paróquia São Benedito, Pe. Paulo
Henrique Manhe, Leme, SP.
Dia 19 de junho – Sexta-feira: atendimento na residência episcopal o dia todo.
Dia 20de junho – Sábado – ROMARIA A APARECIDA DA DIOCESE
DE LIMEIRA: com missa no Santuário
Nacional às 09h00.
BÊNÇÃO
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Ó Deus,
que vossa família sempre se alegre pela celebração dos vossos mistérios e colha
os frutos de sua redenção. Por Cristo, nosso Senhor.
— Amém.
—
Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho † e Espírito Santo.
— Amém.
— Ide em
paz, e o Senhor vos acompanhe.
— Graças a Deus!