12ª
Semana do Tempo Comum - 4ª Semana do Saltério
Solenidade:
Natividade de São João Batista
Prefácio
próprio - Ofício da Solenidade – Glória e Creio
Cor:
Branco - Ano Litúrgico “B” - São Marcos
Antífona:
João 1,6-7; Lucas 1,17 - Houve um homem enviado por Deus: o seu nome
era João. Veio dar testemunho da luz e preparar para o Senhor
um povo bem disposto a recebê-lo.
Oração
do Dia: Ó Deus, que suscitastes são João Batista a fim de
preparar para o Senhor um povo perfeito, concedei á vossa Igreja as
alegrias espirituais e dirigi nossos passos no caminho da salvação
e da paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém!
Primeira
Leitura: Livro do Profeta Isaías 49,1-6
Nações
marinhas, ouvi-me, povos distantes, prestai atenção: o Senhor
chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha
na mente o meu nome; fez de minha palavra uma espada afiada,
protegeu-me à sombra de sua mão e fez de mim uma flecha aguçada,
escondida em sua aljava, e disse-me: “Tu és o meu servo, Israel,
em quem serei glorificado". E eu disse: “Trabalhei em vão,
gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me
fará justiça e o meu Deus me dará recompensa".
E
agora diz-me o Senhor - ele que me preparou desde o nascimento para
ser seu servo - que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se
a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. Disse ele: "Não
basta seres meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir
os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que
minha salvação chegue até aos confins da terra". -
Palavra do Senhor.
Comentário: Estamos
diante do segundo canto do servo de Javé, poema que fala de uma
personagem dificilmente identificável à primeira vista. O trecho,
sobretudo nos vv. 1-2, tem muitas semelhanças com a vocação de
Jeremias (Jr 1,4-10). É um texto de missão. Inicia com um apelo às
ilhas e aos povos distantes para que prestem atenção ao que vai ser
dito (v. 1a). Com essa indicação Isaías mostra o horizonte da
missão do servo: seu anúncio abrange o mundo inteiro. Em seguida,
adotando o esquema da vocação profética, o servo dá a conhecer o
plano que Deus tem para ele: “O Senhor me chamou desde o ventre
materno, desde as entranhas de minha mãe pronunciou meu nome” (v.
1b). A ligação desse versículo com a vocação de Jeremias é
evidente. Em ambos os casos, salienta-se a ideia de que o carinho de
Deus precede a capacidade de amar das pessoas. Deus nos ama antes
mesmo que tenhamos consciência disso. Salienta-se também que o
projeto de Deus é anterior à capacidade de nos comprometermos com
resposta madura. Deus preparou seu servo como o guerreiro põe em
ordem suas armas de ataque, reservando sua flecha pontiaguda para os
momentos difíceis (v. 2). Este versículo mostra por um lado, em que
consiste a missão do servo: sua boca é como espada afiada.
Trata-se, portanto, de mensagem cortante. O texto não especifica,
mas podemos supor que o anúncio irá pôr fim a uma situação de
injustiça. O servo é uma flecha de ponta fina e afiada, reservada
para os momentos decisivos da luta. Por outro lado, o v. 2 continua
mostrando o carinho que Deus tem para com o servo, escondendo-o na
sombra de sua mão e guardando-o no estojo das flechas. O servo,
portanto, é alguém que Deus ama desde sempre, escolhido como
defensor da justiça para tempos difíceis. O v. 3 confere cores mais
vivas à missão do servo: “Em ti manifestarei minha glória”. O
servo é chamado de “Israel”. Trata-se, provavelmente, da
comunidade que voltou do exílio encarregada de reconstruir o país.
Eram, em sua maioria, pessoas pobres e despreparadas. Mediante essas
pessoas Deus irá manifestar sua glória. Fraqueza, dúvidas e
dificuldades sem conta ameaçam o servo-comunidade dos pobres: “Foi
em vão que trabalhei, de nada valeu ter consumido minhas forças”
(v. 4a). Mesmo assim, encontra forças para lutar: “Meu direito,
porém, está nas mãos do Senhor e no meu Deus a minha recompensa”
(v. 4b). O v. 6 amplia em dimensões universais a missão do
servo-comunidade dos pobres: “Não basta que sejas meu servo… Vou
fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação possa
chegar até os confins da terra”. Reconstruindo o país sobre os
alicerces da justiça os pobres se tornam luz para o mundo inteiro. O
servo de Javé é personagem misteriosa. O fato de não ser
facilmente identificável mostra que sua missão é proposta aberta.
Os que são sensíveis à causa dos empobrecidos dos nossos tempos
saberão identificar-se com ele e sua missão, pois o Deus no qual
acreditamos escolheu desde sempre os pobres e para sempre os
protegerá, fazendo deles a base para uma sociedade justa e fraterna.
(Vida Pastoral, Paulus)
Salmo: 138(139),1-3.13-14ab.14c-15
(R. 14a) Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo
admirável me formastes!
Senhor,
vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de
longe penetrais meus pensamentos; percebeis quando me deito e quando
eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos.
Fostes
vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me
tecestes. Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo
admirável me formastes!
Até
o mais íntimo, Senhor, me conheceis; nenhuma sequer de minhas fibras
ignoráveis, quando eu era modelado ocultamente, era formado nas
entranhas subterrâneas.
Segunda
Leitura: Atos dos Apóstolos 13,22-26
Naqueles
dias, Paulo disse: Deus fez surgir Davi como rei e assim testemunhou
a seu respeito: 'Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo
o meu coração, que vai fazer em tudo a minha vontade'. Conforme
prometera, da descendência de Davi Deus fez surgir para Israel um
salvador, que é Jesus.
Antes
que ele chegasse, 'João pregou um batismo de conversão para todo o
povo de Israel. Estando para terminar sua missão, João declarou:
'Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Mas vede: depois de mim
vem aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias'. Irmãos,
descendentes de Abraão, e todos vós que temeis a Deus, a nós foi
enviada esta mensagem de salvação. - Palavra do Senhor.
Comentário: Os
versículos da segunda leitura de hoje pertencem ao discurso de Paulo
na sinagoga de Antioquia da Pisídia, durante a primeira viagem
missionária. Lucas, autor de Atos dos Apóstolos, condensou nesse
discurso a catequese básica de Paulo, centrada em Jesus morto,
ressuscitado e glorificado. Paulo está falando a judeus reunidos na
sinagoga. E o modo mais adequado para o momento é recordar os fatos
passados e as promessas do Deus fiel. O fio condutor da homilia de
Paulo é a fidelidade de Deus às suas promessas, culminando na
pessoa de Jesus. Paulo abrevia a história do povo, saltando de Davi
para seu descendente mais importante, que é Jesus: “Da
descendência dele, conforme prometera, Deus fez surgir um Salvador a
Israel, Jesus” (v. 23). Os judeus daquele tempo gostavam de
examinar as Escrituras para ver se descobriam nelas alguns sinais de
esperança para seus dias. Paulo tem grande apreço por essas
expectativas e arremata sua catequese mostrando que as promessas se
realizaram na pessoa de Jesus: “Irmãos, filhos da mesma raça de
Abraão! E vós aqui presentes que temeis a Deus! É a vós que se
dirige esta mensagem de salvação” (v. 26). O próprio precursor –
que se situa no final das promessas – preparou a chegada daquele
que é a resposta definitiva de Deus às expectativas humanas:
“Estando para terminar sua carreira, João declarou: ‘Eu sou
aquele por quem me tomais; mas eis que depois de mim vem aquele de
quem não sou digno de desatar as sandálias’” (v. 25). (Vida
Pastoral, Paulus)
Evangelho
de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,57-66
Completou-se
o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos
e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para
com Isabel, e alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar
o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe,
porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João". Os outros
disseram: "Não existe nenhum parente teu com esse nome!"
Então
fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se
chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: "João é o
seu nome". E todos ficaram admirados. No mesmo instante, a boca
de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar
a Deus.
Todos
os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a
região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia,
ficavam pensando: "O que virá a ser este menino?" De fato,
a mão do Senhor estava com ele. E o menino crescia e se fortalecia
em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se
apresentou publicamente a Israel. - Palavra da Salvação.
Comentários:
O
nascimento de João Batista nos mostra a atuação de Deus na
história e que nem sempre entendemos esta atuação ou os nossos
projetos são os mesmos dele. Quando existe discordância entre a
vontade de Deus e a nossa vontade, nós nos tornamos limitados e
incapazes de viver plenamente na graça divina e de comunicar esta
graça aos nossos irmãos e irmãs, mas quando a nossa vida é
conforme a vontade de Deus, a graça divina atua em nós, a mão do
Senhor está conosco e a nossa boca se abre para anunciar suas
maravilhas e proclamar os seus louvores. (CNBB)
A
Igreja, desde seus primórdios, reconheceu a grandeza da figura de
João Batista, dada sua estreita ligação com a pessoa de Jesus.
Aliás, a importância do Batista provém da pessoa de Jesus: sua
missão consistiu em ser precursor do Messias. O nascimento de João
Batista foi todo envolto de mistério divino. A notícia de sua
concepção foi dada pelo Anjo do Senhor a seu pai Zacarias, quando
este desempenhava suas funções sacerdotais, no templo. Tratava-se
de um fato formidável, pois Zacarias e sua esposa eram de idade
avançada, com o agravante de Isabel ser estéril. A incredulidade de
Zacarias foi punida com a privação da fala, até que a Palavra de
Deus se cumprisse. Tudo se realizou conforme fora anunciado pelo
Anjo. Os próprios vizinhos e parentes reconheceram que Deus havia
cumulado de misericórdia aquela família. Quando se tratou de dar um
nome ao menino, novamente aconteceu um fato maravilhoso. Muitos
queriam que se chamasse Zacarias, como o pai. Todavia, em
conformidade com a ordem do Anjo, Isabel recusou. Seu nome seria
João, que significa "Deus é favorável". Quando Zacarias
confirmou o nome dado por Isabel, sua língua se soltou e ele começou
a falar normalmente. Então, os parentes e vizinhos, tomados de temor
sagrado, reconheceram que a mão de Deus estava com aquele menino.
(Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
O
relato do nascimento do precursor tem muitos traços em comum com o
do nascimento do Messias. Com isso Lucas quer destacar a importância
do último profeta do Antigo Testamento, aquele que preparou os
caminhos para a inauguração da nova história, o nascimento do
Salvador.
Deus
é misericórdia para os pobres (vv. 57-64)
Há
muita alegria na serra de Judá. Isabel, incapaz de gerar filhos,
porque estéril, não consegue esconder sua gravidez, completando-se
para ela o tempo de dar à luz. Ela e Zacarias, seu marido, eram
pessoas de idade e sem esperanças de ver sua vida prolongada na
descendência. A situação desse casal recorda a de outros no
passado do povo de Deus, particularmente Abraão e Sara.
A
pobreza de Isabel e Zacarias transparece também de outros ângulos:
ela não tem quem lhe esteja próximo no período da gravidez a não
ser Maria; ele tem emprego garantido no templo de Jerusalém somente
uma semana por ano. Assim, esse casal é símbolo dos empobrecidos de
todos os tempos esperando a história tomar novo rumo.
A
história vai tomar rumo novo porque Deus é misericórdia para os
pobres. O nascimento de João Batista, filho de uma estéril e de
anciãos, não é pura casualidade biológica. É, isso sim, dom de
Deus que favorece os empobrecidos. A alegria dos vizinhos e parentes
do casal se fundamenta no fato de Deus cumular Isabel com sua
misericórdia (v. 58).
Zacarias
ficou mudo (e surdo) a partir do momento que realizava as cerimônias
no templo. Com isso Lucas quer sublinhar a novidade contida no nome
do filho. Os parentes sugeriam que o menino se chamasse Zacarias,
como o pai (v. 59). Mas a mãe insiste em caracterizar o fato como
uma intervenção extraordinária do Deus que é misericórdia para
os pobres. De fato, o nome João – ausente em toda a parentela do
casal – significa “Deus é misericórdia”. E com isso concorda
o pai que, sem poder ouvir nem falar, escreve numa tabuinha: “Seu
nome é João” (v. 63). Lendo os fatos com os olhos da fé, podemos
garantir que Deus constrói com os pobres nova história. A geração
dos pobres não carrega mais os estigmas do passado (discriminação
das pessoas e suspeitas de serem castigados por Deus). São
portadores do amor misericordioso do Deus fiel. E as primeiras
palavras de Zacarias são louvores a esse Deus (v. 64).
Os
pobres preparam a vinda do Reino (vv. 65-66.80)
Há
muita expectativa na serra de Judá. Os pobres comentam os fatos. Vão
reconstruindo o tecido da história sob a ótica dos despossuídos e
percebendo, através do nome dado ao menino, que o Deus no qual
acreditam é o mesmo parceiro aliado do Abraão, dos empobrecidos e
marginalizados de todos os tempos: “O temor apoderou-se então de
todos os seus vizinhos, e por toda a região montanhosa da Judéia
comentavam-se esses fatos. E todos os que os ouviam gravavam-nos no
coração” (vv. 65-66a). Aí, longe dos centros de poder político
e religioso (nos morros de nossas favelas) nasce e cresce a história
da fidelidade de Deus aos seus pobres.
O
pessoal da serra se anima: “Que virá a ser deste menino?” (v.
66b). Para os semitas, o nome sela o programa de vida das pessoas.
João será o anunciador da misericórdia de Deus. De fato, em seu
programa Jesus vai dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia
aos pobres” (v. 4,18a). Os pobres preparam a vinda do Reino.
João
Batista crescia e se fortalecia em espírito. E habitava nos
desertos, até o dia em que se manifestou a Israel (v. 80; cf. 3,2).
A história dos pobres recomeça no deserto, como no passado, longe
dos centros de decisão. É para lá que mais tarde se dirige o povo
ansioso por mudanças radicais na sociedade (cf. 3,3-17). (Vida
Pastoral, Paulus)
TEMPO
LITÚRGICO:
Tempo
Comum: O Tempo Comum começa no dia seguinte à Celebração
da Festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes
da Quaresma. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de
Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1º Domingo do
Advento NALC 44.
Cor
Litúrgica: VERDE - Simboliza a esperança que todo
cristão deve professar. Usada nas missas do Tempo Comum.
Fonte:
CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
http://catequesecristacatolica.blogspot.com.br/2015/06/evangelho-do-dia-24062015-quarta-feira.html